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Quando ficou estabelecida a posição dos Vigilantes na Loja, estabelecendo- os, finalmente, no oeste e no Sul, aportando alguma mudança no Simbolismo do Primeiro Grau, William Preston ficou preocupado com a estrutura do simbolismo no Segundo Grau. O seu conjunto de preleções mostra um diagrama da Loja do Segundo Grau com o Segundo Vigilante posicionado de volta a seu lugar primitivo no oeste, alinhado ao Primeiro Vigilante, de forma tal que o candidato pudesse agora, simbolicamente, entrar no Templo por entre os Vigilantes que representam as duas grandes colunas, para em seguida prosseguir até a escada que leva à Câmara do Meio do Templo. Essa prática deixou de ser adotada na Inglaterra co~ a reestruturação das cerimônias dos Graus depois da União das duas antigas Grandes Lojas em 1813. Todo o Segundo Grau é parte do avançO geral do Candidato e, nesse caso, partindo de fora do próprio Templo, ainda conforme a rota sugerida pelo método de Preston, em direção a um lugar central. Ali se descobre algo que o candidato vinha, sem saber, procurando - a manifestação de Deus como o Grande Geômetra do Universo. ASSIm, com a descoberta inicial Dele e maior familiaridade com a Sua obra noS arredores externos do Templo e, a partir daí, ganhando acesso a ele, começa a surgir maior apreciação e reconhecimento de Sua Onipotência como Criador e Controlador do Universo.

O destaque no Primeiro Grau é dado sobre as coisas da "esquerda" e no Segundo Grau, sobre as da "direita", enfatizando a antiga conexão entre estes dois Graus como complementar. Nos tempos antigos, o lado direito era considerado, em termos de força, superior ao esquerdo e, assim sendo, o "direito" simbolizava um Grau mais elevado. O Esquadro, a segunda das Grandes Luzes da Maçonaria, é o símbolo especial deste Grau, pois todo ele se baseia no uso do Esquadro. Mesmo o tríplice sinal deste Grau é uma combinação de vários "Esquadros" e é possível perceber que este Sinal tenta formar a letra "G", simbolizando a Geometria, que é o principal estudo deste Grau, do qual o Esquadro é de suprema importância. A importância e o significado desta letra e da Geometria em relação à Maçonaria, bem como a do Esquadro, são apresentados em outros capítulos; mas é neste Grau que o candidato é introduzido ao uso desses princípios e Instrumentos na construção do Templo.

O desenvolvimento deste Grau ao longo dos anos significou que, em alguns aspectos, o seu simbolismo ficou um tanto quanto misturado. Isso está fadado a acontecer em circunstâncias de desenvolvimento independente em diversos lugares, seguidos pela reestruturação, provavelmente baseado numa medida de compromisso e afetado pelas mudanças posteriores estabelecidas por outros motivos. Por tudo isso, o Segundo Grau tem um especial significado próprio e mostra o candidato como um artífice na metade de seu caminho. Trata-se de um Grau tranqüilo, cheio de paz e sossego, com algum sentimento de realização. Em seu avanço pela Loja, saindo do oeste indo para o leste, ele chegou ao centro desta, a meio caminho entre o Primeiro Vigilante e o Mestre da Loja, onde, antigamente, estava exposta a letra "G". Em muitas delas, no Centro do Pavimento Mosaico, havia uma estrela de cinco pontas no interior da qual esta letra era colocada quando a Loja era aberta neste Grau - e isso tendia a enfatizar que o número "cinco" poderia ter alguma associação com ele. Embora diversos números de importância maçônica apareçam nela, o "cinco" aparece mais do que os demais (seria a hipotenusa do triângulo retângulo?) como que ressaltando ser este número particularmente relacionado ao Companheiro.

Se tomarmos o ponto central da planta-padrão de uma Loja e, usando-o como um centro, descrevermos um arco de círculo com um raio igual à metade do comprimento dela (isto é, a distância tomada do centro ao Pedestal do Mestre da Loja ou do Primeiro Vigilante), este arco, ao lado sul, deverá passar pelo Pedestal do Segundo Vigilante. Euclides nos diz que duas linhas são desenhadas tocando as extremidades do diâmetro de um círculo - digamos, entre os Pedestais do Mestre da Loja e do Primeiro Vigilante - encontrando-se em qualquer ponto da circunferência daquele círculo - digamos, o Pedestal do Segundo Vigilante - o ângulo formado por estas duas linhas será de 90°, um ângulo reto. Assim, deve ser a verdadeira configuração da planta da Loja no que diz respeito às posições dos Principais Oficiais, formando um triângulo reto, com o Segundo Vigilante

no ângulo reto. Esta parece ser uma mudança introduzida deliberadamente em algum momento, talvez por este motivo e, no que tange ao Segundo Grau, quem melhor do que o Segundo Vigilante, sentado exatamente onde este ângulo é formado, para nos dizer na Abertura da Loja que ele será examinado pelo Esquadro, que é um ângulo de 90°? O arco do círculo que descrevemos vai do leste para o oeste, passando pelo Sul, e representa a trajetória diária do Sol. Todos os presentes sentados em volta deste arco estão na ponta de um ângulo reto em relação ao eixo central da Loja.

Os hieróglifos ou a Tábua de Delinear deste Grau ilustram agora os detalhes do Templo em seu acesso à Câmara do Meio, com especial referência às duas grandes colunas situadas à entrada e à escada que conduzem à Câmara do Meio. Em certos trabalhos ritualísticos, vez ou outra surge alguma confusão quanto à justaposição dessas duas características: sobre as quais o ritual inclui palavras tais como:

... Os Companheiros recebiam os seus salários em espécie, iam receber na Câmara do Meio do Templo. Eles chegavam até lá pelo pórtico ou entrada do lado Sul. Depois que os nossos antigos Irmãos passavam pelo pórtico, chegavam ao pé da escada em caracol que conduzia à Câmara do Meio.

Nesta versão, não fica completamente claro se "do lado Sul" se refere: a) uma entrada separada no lado Sul do Templo, enquanto a entrada principal, com suas duas Grandes Colunas, estava situada no leste, ou; b) ao lado Sul do pórtico na entrada principal, depois de passar por este. Os desenhos das Tábuas de Delinear nunca tiveram um caráter oficial, e os responsáveis por sua concepção sempre tiveram liberdade para aplicar a sua própria interpretação, e alguns têm duas ilustrações separadas mostrando as duas entradas, indicando que eles leram a passagem em conformidade ao significado descrito na opção "a)" acima. Nas antigas preleções e na Bíblia, podemos encontrar alguma ajuda para saber de onde nossos antepassados obtiveram as informações básicas e como eles as interpretaram. Eles não tinham dúvida de que o significado mencionado na opção "b)" (acima), era a que pretendiam. Para eles, uma Escada em Caracol era, geralmente, muito estreita, apertada e encostada numa parede (muitas escadas assim ainda podem ser encontradas em prédios antigos), e esta era ampla, logo depois do pórtico, cujo acesso era logo após passar as duas grandes colunas. Em I Reis, 6:8, assim consta:

A porta para a câmara do meio estava do lado direito da casa e por escadas espirais subia-se ao andar do meio, e deste ao terceiro.

Uma das versões das antigas preleções nos diz que:

Depois que os nossos antigos Irmãos passavam por aquelas duas grandes colunas, onde chegavam?

- Chegavam ao pé de uma escada em caracol.

Nas Preleções de Preston, o Companheiro, após passar pelas Colunas situadas no Pórtico, chegava à Entrada ou pé da Escada em Caracol que levava à Câmara do Meio. Outra citação extraída de uma diferente antiga Preleção confirma isto e também relaciona o lado direito com o Sul, tal como mencionado no trecho bíblico:

Disseste terdes chegado à Câmara do Meio do Templo subindo por uma escada em caracol; dizei como chegaste a esta.

- Passando pelo pórtico.

Vistes algo notável ao chegardes ao pórtico?

- Sim, vi dois grandes Pilares ocos de bronze, um à direita do Pórtico, e outro à esquerda.

O que significa "à direita"? - O Sul. O que significa "à esquerda"? - O Norte. Por que isto?

- Porque os hebreus expressam o leste como "à frente", o oeste como "atrás", o Norte "à esquerda" e o Sul "à direita", em conformidade à posição de um homem que tem o rosto voltado ao Sol nascente.

Assim, os maçons do século XVIII entendiam que a escada em caracol deveria estar logo após ter passado pelas grandes colunas, à esquerda daquele que entra (ou seja, no lado Sul - e à direita de quem sai). Muitas Tábuas de Delinear que têm duas ilustrações mostram no desenho principal a imagem de uma Escada ou o acesso a ela, logo após as colunas no lado Sul. Isso deve ter causado, àqueles que gostariam de dar uma explicação mais clara, alguma dificuldade em traçar a ilustração de uma escada em caracol com a apropriada entrada em seu topo. A segunda parte do desenho parece, então, ser uma representação estilizada de uma escada em caracol, embora algumas Lojas tentem reproduzir os degraus tal como ilustrados neste segundo desenho.

Há pouca dúvida de que os nossos antepassados viram, conforme citado na passagem em I Reis, a terceira câmara como a ascensão do Segundo para o Terceiro Grau. W. L. Wilmshurst vê um importante significado da Escada no Segundo Grau. Ele considerava que, simbolicamente, o progresso, num sentido moral, deve ser para cima, Assim, esta subida pela Escada até a Câmara do Meio e, continuando, à Terceira, representava especial avanço moral. A quantidade de degraus da escada, à qual o texto bíblico não faz referência, tem sido engenhosamente usada por aqueles que, ao longo dos anos, têm escrito sobre a história dos hieróglifos de uma "Loja" de Companheiro, destacando algumas questões significativas naquilo que o Dr. Oliver chama de "Geometria Moral".

Em um sistema em que quase todos os iniciados automaticamente continuam sua caminhada pelos outros dois Graus da Maçonaria Simbólica, a Passagem parece ter perdido boa parte e sua Importância original No sistema de dois Graus, que existia até provavelmente o final da década de 1720, o Segundo Degrau, na Maçonaria da Inglaterra era o de "Companheiro ou Mestre e como este ultimo pode ter tendido a se tornar uma prerrogativa dos Mestres de Loja,. um Grau intermediário começou a tomar forma, originado daquele da Iniciação, pois esta claro que os segredos desses dois Graus tal como apareceram mais adiante naquele século, eram dados no Primeiro Grau na década de 1720. Pode ser que os Cinco Pontos de Fraternidade de grande antiguidade, possuam este nome por terem sido, originalmente, 'encontrados no Grau mais alto do sistema de dois Graus, mas mantiveram o mesmo nome quando aquele Grau se tomou um Terceiro Degrau, conhecido como o Grau de Mestre. Mais tarde, o Segundo Degrau deixou de ter a mesma importância e significado que possui a estrutura e a solenidade do Terceiro que, quando todos a ele chegaram, tomou o candidato em igualdade de nível com a maioria da Loja, Mas é um Grau necessário e deveria ter um especial significado como parte do avanço maçônico para todos os maçons conscientes, Ele representa realização, se refere à recompensa pelo trabalho - uma preparação necessária para o passo seguinte. Ele demonstra que aqueles que foram tão longe pela preparação por meio do Aprendizado e maior sabedoria pela sua entrada no Templo podem, pela conduta reta, passos equilibrados e pelas elevadas intenções, encontrar seus semelhantes com a cabeça erguida e aceitar seu justo dever sem escrúpulo ou hesitação. Um sentido de pertinência e de trabalho bem feito.

W. L. Wilmshurst assim resume a sua opinião sobre o simbolismo do Segundo Grau:

O trabalho do Segundo Grau é... um trabalho puramente filosófico, envolvendo uma profunda auto-análise psicológica, experiência de fenômenos incomuns, na medida em que as faculdades psíquicas da alma começam a se revelar e a percepção da Verdade abstrata (antes chamada de Matemática). Todo este trabalho está bem além do horizonte mental e a capacidade do mediano maçom moderno, embora nos mistérios da antigüidade a Mathesis (ou disciplina mental) fosse uma singular característica e produzisse os gigantes da filosofia grega. Daí é que hoje o Grau é visto como tedioso, insosso e pouco atraente; uma vez que a experiência psíquica e os princípios intelectuais não podem se fazer espetaculares e dramáticos,

O ritual diz que os nossos antigos Irmãos deste Grau se reuniam junto ao pórtico do Templo do rei Salomão, Esta é a maneira e dizer que a filosofia natural é o pórtico da realização da Sabedoria

Divina; que o estudo do homem conduz ao conhecimento de Deus, revelando ao homem a divindade máxima que existe na base da natureza humana. Platão chamava este estudo ou esta auto-análise de Geometria, mensuração da terra, a investigação, a sondagem e a determinação dos limites, as proporções e as potencialidades de nosso organismo pessoal em seus aspectos físicos e psíquicos. A consciência natural normalmente é direcionada para fora; percebe apenas os objetos exteriores; pensa apenas numa Deidade externa, separada e distante de nós. Ela pode tão- somente perceber sombras, imagens e ilusões. A Ciência dos Mistérios determina que aquele processo deve ser revertido. Ela diz: "Assim como simbolicamente fechou a porta de sua Loja e impediu a entrada de todos os forasteiros e intrusos, você deve impedir a entrada de todas as percepções de imagens externas, todos os anseios por coisas exteriores e conforto material, voltando toda a sua consciência e aspirações para dentro. Pois o Princípio Vital e Imortal- o Reino do Céu - está dentro de você e ele não será encontrado fora."

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 156-161)