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A consagração do Templo do rei Salomão a Deus está relatada em I Reis, 8, por conseguinte uma Loja maçônica deve ser igualmente consagrada a Deus. Conforme as antigas preleções, a Loja também era dedicada ao

rei Salomão, enquanto nos registros acerca dos juramentos usados até 1816 consta o seguinte trecho: "Consagrado a Deus e ao Santo Apóstolo São João". Essa consagração a São João é bastante antiga e referências a ela podem ser encontradas em alguns dos mais antigos documentos. Disso decorre, os Graus da Maçonaria Simbólica eram conhecidos como "Maçonaria de São João" e um maçom independente (algo que ocorria com bastante freqüência antigamente) era chamado de "maçom de São João". Se uma Loja era consagrada a Deus, então ela deveria estar situada sobre solo consagrado ou sagrado. Existem muitas referências e razões nas antigas Preleções relativas a Lojas estarem sobre solo sagrado. Estas se relacionam à passagem bíblica de Moisés e a Sarça Ardente (Êxodo, 3), Josué e o Anjo (Josué, 5), a consagração da primeira Loja e do Templo de Salomão, e a simbólica propriedade de Lojas em terrenos elevados (tal como o monte Moriá) ou em vales. Este levando a um simbólico Vale de Josafá, ao qual se refere William Hutchinson em 1775:

Nós colocamos a Loja Espiritual no Vale de Josafá, assim implicando que os princípios da Maçonaria advêm da Sabedoria de Deus e são estabelecidos conforme o Julgamento do Senhor (a tradução literal da palavra "Josafá", no idioma hebraico, é expressa por essas palavras). As mais altas montanhas e os mais baixos vales eram, desde os tempos mais remotos, considerados sagrados e supunha-se que o Espírito de Deus era peculiarmente prolixo naqueles locais: (Ezequiel, 43: 12) "Sobre o cume do monte todo o seu contorno em redor será santíssimo ... ". Está dito no Velho Testamento que o Espírito de Deus sepultou Moisés num vale na terra de Moab, implicando que por influência Divina ele foi enterrado num local tão santificado. Sobre a translação de Elias, os filhos dos Profetas disseram a Eliseu:

"Eis que entre os teus servos há cinqüenta homens valentes. Deixai-os ir, pedimos-te, em busca de seu senhor; pode ser que o Espírito do Senhor o tenha arrebatado e lançado em algum monte, ou vale"; daí se origina a veneração prestada, na Antiguidade, a tais lugares.

A entrada

Com a cadeira da Sabedoria e do rei Salomão no leste de uma Loja, e o progresso do neófito iniciado pela entrada no oeste, podemos perceber uma imediata analogia no progresso do Templo do rei Salomão, desde a entrada ou Pórtico de um lado, passando por uma Câmara de Meio (simbolizada no Segundo Grau), até o Santo dos Santos, no outro lado. As características mais importantes nesse progresso eram as duas Grandes Colunas situadas na entrada. Depois do Mestre da Loja, os dois Oficiais mais impor-

tantes eram os seus Vigilantes; assim, nada mais natural do que os Vigilantes serem identificados com essas duas Colunas. Antes de 1810, muitas Lojas, e particularmente as jurisdicionadas à Grande Loja formada em 1717 (a dos Modernos) postavam ambos os Vigilantes na parte oeste (Ocidente), com a entrada simbólica à Loja entre ambos. Assim, ao adentrarem à Loja, uma representação do Templo do rei Salomão, os candidatos, de forma bastante autêntica, passavam entre as simbólicas Colunas da Entrada ou Pórtico, representadas pelos Vigilantes, com o Mestre simbolizando o próprio Rei Salomão, situado no leste (Oriente). Essa disposição ainda é conservada em algumas formações.

Na primeira metade do século XVIII, existiam diversas referências feitas às procissões de maçons: cada um dos Vigilantes portando uma coluneta - uma vez que essas colunetas eram os símbolos do ofício, as duas Colunas do Templo do rei Salomão. Até perto do final do século XVIII, elas eram as únicas Colunas numa Loja maçônica e vistas como o repositório daqueles essenciais atributos de uma Loja: Sabedoria, Força e Beleza, sendo as colunas "cuja base é a Sabedoria, cujo corpo é a Força, e cujo capitel é a Beleza". Tradicionalmente, o Segundo Vigilante é o responsável pelos Aprendizes e o Primeiro Vigilante, pelos Companheiros. Talvez seja esta a razão pela qual, em alguns ritos decorrentes do antigo sistema francês dos primórdios do século XVIII, os salários são pagos aos Obreiros ao pé da respectiva coluna. Na Maçonaria inglesa, essa era uma das características do sistema de William Presto nos dias que antecederam a União das Grandes Lojas, mas que não foram adiante.

O dr. Oliver era um colecionador de obras de antigos autores, quase tão grande quanto fora William Preston e assim escreve sobre as duas colunas à entrada do Templo:

A tradição antiga nos dá conta de que as colunas eram cobertas de adornos, figuras, caracteres e cálculos astronômicos e maçônicos e que o espaço oco em seu interior servia de arquivos da Maçonaria e guardava todos os registros e documentos. Cada uma delas tinha "um vaso que se elevava acima do corpo cilíndrico e era ornamentado por flores de lótus. A base do vaso era parcialmente ocultada pelas flores, o seu bojo estava revestido por uma rede, enfeitada por sete grinaldas - o número hebraico para felicidade". Elas ainda eram adornadas com capitéis de 5 côvados de altura, enriquecidos com redes, grinaldas, lírios e romãs, emblemas de união, fortaleza, força moral, paz e fartura. Uma dupla volta de romãs ali estava, cada volta composta de cem romãs, e em seu cimo estavam colocados dois globos, representando o céu e a terra, como símbolos da universalidade da Maçonaria. Conforme consta das preleções, é difícil, depois de tanto tempo, afirmar com precisão quais eram exatamente os

ornamentos e combinações desses emblemas. Porém, as tradições nos levam a entender que os capitéis representavam, respectivamente, todo o sistema da Criação celestial e terrestre. Essa suposição é possível a partir da referência simbólica desses ornamentos, os quais, por mais descritivos que possam ser da união, da força, da paz e muito do que o povo de Israel apreciava sob a suave influência daquele que era o melhor e mais sábio dos reis, são emblemas de significado muito maior. A rede se refere à forte e linda textura do Universo. As grinaldas denotam as órbitas que os corpos planetários descrevem ao redor do Sol e suas revoluções em diversos eixos. As flores abertas destacam a suave irradiação das estrelas e as romãs eram, invariavelmente, usadas em toda Antiguidade para denotar aquele secreto poder pelo qual as obras da Natureza nasceram e amadureceram.

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 78-81)