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O Simbolismo Básico

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 34-36)

Logo no começo de sua vida maçônica o Iniciado é colocado em contato com o simbolismo da Maçonaria Simbólica. Conforme a prática inglesa, qualquer que tenha sido o significado da Cerimônia de Iniciação, o neófito não poderá fazer nenhum progresso sem, realmente, afirmar que a Maçonaria é "um sistema de moral idade, velado em alegorias e ilustrado por símbolos". Essas palavras não devem ser simplesmente repetidas ao serem ditadas por alguém. Elas estão entre as primeiras que o candidato deve saber de cor. Sendo ouvidas com tanta freqüência por aqueles que freqüentam as sessões maçônicas, essas palavras ficam gravadas na mente e na consciência de cada maçom. Mais uma vez em conformidade à prática inglesa, exatamente essas palavras - qualquer que seja a Loja apenas entraram em uso ritualístico formal como parte do ritual estabelecido pela Lodge of Reconciliation (Loja de Reconciliação) entre 1814 e 1816, para aplicação, nas Lojas, sob a jurisdição da nova Grande Loja Unida da Inglaterra. Tais palavras, ou sinônimos que produzem o mesmo efeito, podem ser encontradas nas preleções maçônicas anteriores à citada época, . representando os conceitos de nossos predecessores e incluídas na prática básica ao longo do desenvolvimento da Maçonaria Especulativa.

Em nossos dias, a "alegoria" é geralmente tida como uma "descrição narrativa de um assunto sob o disfarce de outra narrativa sugestivamente parecida". Essa é a definição que consta do Concise Oxford Dictionary, no qual também aparece como sinônimo a palavra "emblema", que também significa "símbolo". George Savage, em seu Dictionary of Antiques (1970), vai mais além ao considerar o uso dessa palavra nos séculos XVII e XVIII, qual seja, o período em que os procedimentos maçônicos estavam em desenvolvimento:

"Alegoria" - um assunto que lembra outro, em função de seu contexto análogo. Por exemplo, um cacho de uvas, em razão da época do ano em que ele é colhido, é simbólico ou alegórico do outono. Os temas alegóricos eram bastante populares durante os séculos XVII e XVIII. Todas as deidades da mitologia clássica tinham objetos a elas sagrados. Os louros eram sagrados a ApoIo (Hélios); a vinha a Baco (Dionísio); o raio e a águia a Júpiter (Zeus); a pele de leão e a clava a Hércules (Heracles); e o caduceu a Mercúrio (Hermes) - nomes de deuses romanos e, entre parêntesis, seus correspondentes na mitologia grega. Estes atributos, por si, eram símbolos das deidades que as portavam. Na arte cristã, tanto o cordeiro quanto o peixe simbolizavam Jesus Cristo. Grupos desse tipo eram denominados troféus. O simbolismo foi levado a grandes distâncias, particularmente no século XVIII, quando as coleções de imagens em porcelana e bronze representando as estações, os continentes, os elementos (Terra, Fogo, Ar e Água), etc., somente podiam ter o seu significado deduzido pelos símbolos que mostravam. Assim, flores representavam a primavera; uma espiga de milho, o verão; uvas, o outono; e um braseiro, o inverno. Esperava-se que todos estivessem suficientemente familiarizados com esse tipo de simbolismo para que fosse possível identificar o seu significado

Além de realçar que o significado de "alegoria" no século XVIII permite que ela seja classificada junto a "símbolo" sob o aspecto genérico de "simbolismo", depreende-se uma postura mental em relação a esse assunto em nossos antepassados do século XVIII, que foram os responsáveis pela maior parte do desenvolvimento maçônico no ritual, nos procedimentos e formas de Loja. Essa postura mental deve ser sempre levada em consideração quando analisamos o crescimento do muito que temos de simbolismo na Maçonaria Simbólica de hoje.

Se o ritual das cerimônias contém alguma explicação formal do simbolismo pretendido, denota-se ter passado por alguma forma de sanção. Isso se aplica, particularmente, nas cerimônias realizadas antigamente, até a época da aprovação formal pela Grande Loja, em 1816. Até então, as preleções explicativas representavam uma parte essencial da cerimônia, embora fossem apresentadas à mesa de refeições, logo após uma breve cerimônia ritual. As explanações contidas nas preleções tratavam do simbolismo daquela breve cerimônia que acabara de se realizar, da estrutura simbólica da própria Loja e dos princípios e ensinamentos da Ordem. Embora as cerimônias atuais, segundo a prática inglesa, não incluam, necessariamente, tais preleções, existem certas preleções-padrão ainda em uso e

que descendem diretamente daquelas utilizadas na Inglaterra antes da União das Grandes Lojas em 1813.

Assim, é a partir do estudo das antigas formas ritualísticas e preleções que poderão ser encontrados os indícios acerca do simbolismo originalmente introduzido na cerimônia e na Loja, embora, no que tange às atuais práticas realizadas na Inglaterra, seja bom ter em mente a considerável mudança nos detalhes da Loja em resultado das cerimônias e preleções terem sido renovadas após a fusão de 1813. As duas Grandes Lojas que se uniram: a Grande Loja original, de 1717, algumas vezes conhecida de forma irrisória como "Modernos", derivada da acusação de terem eles abandonado os antigos princípios; e a Grande Loja formada, em 1751, em grande parte por Irmãos com ligações irlandesas, e algumas vezes conhecida como "Atholl" (por seus sucessivos duques de Atholl como Grão-Mestres) ou "Antigos", tinham algumas diferenças em suas práticas, procedimentos e simbolismo. Na reestruturação seguinte, muito daquele simbolismo antigo foi mantido, seja de qualquer lado que tenha vindo. No entanto, alguns simbolismos foram descartados e onde havia divergências ou diferenças de interpretação, soluções foram encontradas. Os ajustes necessários para adequar os novos procedimentos, algumas vezes, resultavam em novas referências morais nas cerimônias - tal como, por exemplo, a inclusão dos instrumentos de trabalho nas cerimônias dos três Graus, na forma que é geralmente apresentada atualmente nas Lojas inglesas, e que remontam ao ano de 1816. Algumas mudanças passaram sem alteração e não houve nenhuma análise completa quanto à referência simbólica, dando origem a situações não totalmente explicáveis, sem que se faça referência ao que fora anteriormente feito.

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 34-36)