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A Mulher no Rio Grande do Sul: Políticas Públicas e Violência

PÚBLICA: UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO INOVADOR PARA O AVANÇO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

3. AÇÕES AFIRMATIVAS E MEDIDAS PROTETIVAS E O COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

3.1 A Mulher no Rio Grande do Sul: Políticas Públicas e Violência

Com o intuito de combater a violência ou estabelecer medidas protetivas foi criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (SPM-RS) através da Lei nº. 13.601.5 Como missão o devido órgão

tem a tarefa de atuar nos programas de governo, visando à promoção dos direitos da mulher para a eliminação das discriminações que as atingem, bem como à sua plena integração social, política, econômica e cultural.

É relevante assinalar que diversos e emergenciais eram os problemas na atuação das delegacias no atendimento e processamento das denúncias de violência doméstica e sexual contra as mulheres. Devido a uma visão de desvalorização da violência doméstica e sexual, havia grande dificuldade, por parte dos Inspetores, policiais e delegados, em reconhecer esse tipo de conflito como crime passível de penalidade. Agressões entre marido e mulher não eram consideradas como questões de polícia, mas incidentes meramente familiares. O cotidiano feminino era permeado por humilhação e constrangimento. Essas, geralmente eram desencorajadas a prosseguir com o registro policial e não raro aconselhadas a pensar se não haviam provocado a agressão, principalmente nos casos de violência sexual. 6

Além de sua missão e fundamentação pode-se apontar enquanto competências da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo do Estado do Rio Grande do Sul seis eixos:

5 Diário Oficial - 1º de janeiro de 2011 - Art. 40, Seção XI, pág. 7.

6 De acordo com o Mapa da Violência (2012) elaborado pelo Instituto Sangari, as mortes de mulheres decorrentes de homicídio comumente acontecem na esfera doméstica (em 68,8% dos atendimentos a mulheres vítimas de violência, a agressão aconteceu na residência da vítima). Quanto à relação entre a mulher e seu agressor, 65% das agressões tiveram autoria do parceiro ou ex-parceiro das vítimas na faixa dos 20 aos 49 anos. E, apesar de as armas de fogo continuar a ser o principal meio de cometimento dos homicídios, o fator gênero diversifica marcadamente a proporção de armas utilizadas: nos casos de vítimas do gênero masculino, as armas de fogo somam 75,5% dos incidentes, enquanto nos de vítimas do gênero feminino somam pouco mais da metade. Já os meios que exigem contato direto, como objetos cortantes, penetrantes, contundentes, sufocação etc., são mais expressivos quando se trata de violência contra as mulheres, que em 26% são mortas com objetos cortantes ou penetrantes. É nítido o uso desses índices por parte das mídias - produção de programas televisivos e reportagens jornalísticas - ‘utilizando-se’ da situação para exploração enquanto condição de gênero.

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I - assessorar a Administração Pública na formulação, coordenação e articulação de políticas para as mulheres;

II - elaborar e implementar campanhas educativas de combate a todo tipo de discriminação contra a mulher no âmbito estadual;

III - elaborar o planejamento de gênero que contribua na ação do governo estadual com vista à promoção da igualdade entre os sexos;

IV - articular, promover e executar programas de cooperação entre organismos públicos e privados, voltados à implementação de políticas para as mulheres;

V - articular as políticas transversais de gênero do Governo; VI - implementar e coordenar políticas de proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade.7

Superando a lógica de se tornar obrigatório ao poder público a devida Secretaria também buscou minimante dar suporte a instalação das Delegacias das Mulheres e as prover com recursos humanos para reconhecer e incorporar as mulheres no complexo contexto de inclusão ao desenvolvimento de múltiplas estratégias para enfrentar a violência com práticas eficazes e fundamentais para a preservação e garantia dos Direitos Humanos.

A Delegacia das Mulheres tem suas atribuições e competências atualmente estabelecidas pelo decreto nº 42.082, de 12.08.97, e atendem mulheres, crianças e adolescentes de ambos os sexos. Sua maior atuação pode-se dizer que são as de lesões corporais leves, ameaças e injúrias, e as menos notificadas são as de natureza sexual.

Assinala-se também que em 2014, com base no reordenamento da estrutura de governo do Estado do Rio Grande do Sul a Secretaria de Políticas para Mulheres foi incorporada a Secretaria do Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos através do Departamento de Políticas para Mulheres a qual estruturou-se em Divisão de Promoção e Autonomia da Mulher, e Divisão de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres da qual faz parte o Centro Estadual de Referência da Mulher – Vânia Araújo Machado.8

Enquanto políticas públicas a Secretaria do Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos através do Departamento de Políticas para Mulheres. Informa possuir:

A Rede Lilás: instituída para articular serviços públicos e ações coordenadas junto às instituições de acesso à segurança, à saúde, à educação, à assistência social, à justiça e ao mundo do trabalho levando as mulheres e as meninas gaúchas a saírem do ciclo de violência.

7 Diário Oficial - 1º de janeiro de 2011 - Art. 40, Seção XI, pág. 7.

8 O Centro Estadual de Referência da Mulher – Vânia Araújo Machado mantém os serviços de assistência social, psicologia e jurídico para atendimento das mulheres. É a principal porta de entrada na rede de enfrentamento a violência contra a mulher e de promoção da emancipação da mulher.

103 O telefone lilás 0800 541 0803: central de apoio gratuito. Compreende a principal ferramenta responsável por integrar as mulheres à rede, mantido pelo CRM - Vânia Araújo Machado acolhe e orienta as mulheres em situação de violência em relações heterossexuais, homossexuais, mulheres com deficiência, em situação de tráfico e de prisão, monitorando o atendimento e acionando os organismos públicos em diálogo com a Patrulha Maria da Penha, a Sala Lilás de perícias, as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), a Defensoria Pública, o Ministério Público e os Juizados Especializados, com vistas a garantir um atendimento adequado e humanizado. O atendimento ocorre de segunda a sexta, das 08h30 às 18h, ou durante 24 horas através do Ligue 180, da SPM Nacional. As unidades móveis “ônibus lilás": estes fazem o atendimento especializado as mulheres do campo, regiões rurais, pescadoras, indígenas, quilombolas, levando os serviços às populações que não tem acesso a eles.

Patrulha Maria da Penha: composta por policiais militares capacitados fiscalizam o cumprimento das medidas protetivas.

IGP – Instituto-Geral de Perícias: Sala Lilás que oferece atendimento médico, psicossocial as mulheres vítimas de violência logo após o crime. SUSEPE – Projeto Metendo a Colher: visa o combate aos casos de reincidência da prática de crimes.

DEAMs: Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. (SDSTJDH/RS, 2018).

Além das políticas e ações que existiam foram mantidas, as seguintes:  Retomada e Posse do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher;  Capacitação das DEAMs (Delegacias Especializadas de atendimento da Mulher);

 Instalação de salas lilás;

 Instalação de mais patrulhas Maria da Penha;

 Ampliação da rede agregando novos parceiros que, através da transversalidade entre as diversas secretarias, órgãos do governo e demais poderes, busca romper com o ciclo de violência, retirando a mulher da dependência econômica do companheiro/agressor (maioridade dos casos), através da capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho possibilitando a promoção de sua autonomia financeira;

 Formalização do Termo de Cooperação entre os poderes, garantindo sua sustentabilidade e transformando-a em Política de Estado;

 Assinatura do primeiro termo aditivo da Rede Lilás com a inclusão de novos parceiros;

 Lançamento do Programa Mulher: Vida e Direitos que visa, principalmente, fortalecer ações direcionadas a promoção da autonomia da mulher. (SDSTJDH/RS, 2018).

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