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BREVES APONTAMENTOS SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA

ABORDAGEM BASEADA NO MODELO DA PIRÂMIDE DO EMPREGO DA FORÇA E OS ASPECTOS SUBJETIVOS DAS

2. BREVES APONTAMENTOS SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA

Na contextualização do estudo, cabe destacar alguns pontos importantes, dentre eles, o conceito de segurança pública, tendo em vista que este é o foco do projeto desenvolvido como Projeto de Extensão que envolve as duas referidas instituições. Nesse sentido, cabe fazer uma análise dos principais dispositivos legais que tratam disso, assim como apresentar a doutrina especializada que aborda o tema da segurança pública. Dessa forma, será possível identificar qual é o conceito aceito atualmente e utilizado para definir segurança pública, além de indicar quais são os atores responsáveis pela sua manutenção, assim como a competência e circunscrição de trabalho.

2.1 Definição de Segurança Pública

Esse tema não é nenhuma novidade dentro do mundo jurídico brasileiro, uma vez que, desde o século XIX, o termo já estava presente na Carta Magna da época (FONTOURA; RIVERO; RODRIGUES; 2009, p. 137). É de se esclarecer que após todos esses anos, em virtude do desenvolvimento dos ideais jurídicos e

149 daquilo que a sociedade passou a debater e defender, os ditames referentes à temática foram evoluindo, chegando aos contornos hoje aceitos e explícitos na Constituição Federal de 1988.

É nesse documento que a Constituinte acabou destinando um capítulo inteiro para tratar dessa matéria, além de fazer menção a ela em outros dispositivos constitucionais. Os juristas, à época, decidiram determinar que a segurança faz parte do rol de direitos individuais e também sociais, conforme se pode depreender da leitura dos artigos relacionados a seguir:

Art. 5º, caput - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos seguintes termos[...]

Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Como consequência desse reconhecimento, é esperado que o Estado tome as medidas necessárias para garantir aos seus cidadãos o acesso a esse direito, assim como a outros destacados como importantes nos referidos dispositivos legais. Portanto, ele se aproxima de um serviço público do qual o cidadão se torna o destinatário, e também se conclui que ele deve “ser garantido pela máquina estatal, direito inalienável de todos” (FONTOURA; RIVERO; RODRIGUES; 2009, p. 143). Isso também explica o motivo pela qual as forças de segurança - que serão apresentadas mais a frente - são um braço do Estado.

Trabalhar um conceito de segurança pública somente com o que é apresentado pela Constituição se torna um pouco complicado. O referido documento não traz informações suficientes que deixam clara a delimitação do assunto. Dessa forma, a doutrina especializada tornou-se de grande valia. Destaca-se, a seguir, uma definição que se julga adequada sobre o tema:

Problematizamos o conceito de segurança em dois sentidos: pública e pessoal. Segurança Pública, segundo Silva, constitui a garantia que o Estado oferece aos cidadãos contra todo o perigo que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade dos cidadãos: é a essência da missão dos policiais e deriva do campo jurídico. (MINAYO; SOUZA; CONSTANTINO; 2007). Observe-se que nesse trecho fica clara a existência de uma ligação entre ordem pública e segurança pública. O que se entende é que aquela é uma definição macro, da qual esta faz parte, juntamente com a “salubridade pública” e a “tranquilidade pública” (LAZZARINI, Alvaro, p. 11). Outro ponto importante é que esse texto se refere aos policiais como aqueles que têm como função manter

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a segurança dos cidadãos. Sendo assim, a seguir, apresenta-se quem faz parte desses grupos de proteção.

2.2 Órgãos Responsáveis pela Manutenção da Segurança Pública

Um dos principais objetivos do art. 144 da Constituição Federal de 1988 foi o de elencar os órgãos competência para promover a manutenção da ordem pública, com suas respectivas circunscrições de atuação. Para entender melhor, relaciona-se parte do referido dispositivo:

Art. 144 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares”

Entretanto, a constituição se limita a afirmar o que a segurança pública faz, mas não fornece uma melhor definição do conceito. (BRASIL, 1988 p.1, grifo nosso).

Cabe aqui, fazer algumas considerações breves sobre esses órgãos: a) todos são vinculados à União (que é o caso dos incisos I a III) e aos Estados (incisos IV e V); b) o rol apresentado é taxativo, ou seja, não será possível a criação de nenhum outro órgão além desse (LAZZARINI, 1989); c) não há hierarquia entre eles (apenas hierarquia funcional dentro dos próprios órgãos, mas não há qualquer vínculo entre um ou outro) (LAZZARINI, 1989). Destaca-se que, no presente artigo, não se pretende analisar profundamente todos esses itens, porque não é, de fato, o objeto deste trabalho.

De todos esses órgãos, aquele que interessa apresentar neste Projeto é a Polícia Militar. Esta entidade, como já informado anteriormente, é vinculada ao Estado. Portanto, em cada um dos estados que existem no Brasil há uma polícia militar. Isso se dá pelo fato de que a própria Constituição, em seu art. 144, § 5º, incumbe à PM o dever de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, ou seja, se alguma infração ocorrer, a tarefa da polícia militar é a de ajustar a situação para que a ordem volte a existir.

Mesmo sendo o órgão que está mais próximo da população, pouco se conhece de fato sobre o seu funcionamento e as suas atividades. A pesquisa científica também acabou sendo muito restrita, referindo-se apenas àqueles que trabalham no meio. E é esse cenário que está começando a se alterar. Tem-se a

151 pretensão de enriquecer mais o meio da segurança com o desenvolvimento de pesquisa. É pensando nisso que a Polícia Militar de Santa Catarina decidiu se aproximar do meio acadêmico. Na sequência, se mostrará como isso foi feito.