• Nenhum resultado encontrado

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA

4.1 A pesquisa qualitativa e o estudo de caso

Neste projeto de dissertação, segundo os objetivos pretendidos, foi realizada uma abordagem qualitativa que, de acordo com Minayo (1994), considera o fenômeno social nas transformações dadas pelo sujeito, ou seja, julga que os fatos não podem ser considerados sem historicidade, fora de um contexto social, político, econômico.

Diante disso, ponderamos que o trabalho com a pesquisa de cunho qualitativo melhor atendeu aos objetivos planeados para este trabalho, uma vez que lidamos “com um o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1994, p. 21).

Logo, essa opção justifica-se pelo interesse desta pesquisa em investigar quais os elementos que caracterizam a formação contínua em um Centro de Educação Infantil, na perspectiva dos professores de bebês. Para isso, buscamos apreender os significados atribuídos por esses agentes sociais, o que se supõe adentrar no campo dos desejos, aspirações e expectativas daqueles que foram os sujeitos deste objeto de estudo. Portanto, esta pesquisa teve como preocupação identificar os saberes que as professoras de bebês consideram pertinentes e necessários às suas práticas, bem como analisar como essas professoras avaliam as estratégias formativas utilizadas no CEI para sua formação.

O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada de um sujeito, grupo de pessoas, de uma comunidade (FREITAS; PRODANOV, 2013). Também se justifica o estudo de caso uma vez que esta pesquisa se propôs a trabalhar em condições contextuais.

Yin (2015), para definir estudo de caso, o divide em duas partes. A primeira está relacionada ao escopo deste método de pesquisa, e assim o define:

O estudo de caso é uma investigação empírica que Investiga um fenômeno contemporâneo (o caso) em profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto puderem não ser claramente evidentes (YIN, 2015, p. 17).

Foi, também, intenção desta pesquisa, entender as variáveis envolvidas no processo de formação no CEI pesquisado, embora tivéssemos a clareza da difícil definição da causalidade de um fenômeno, visto que eles são influenciados por uma série de fatores. Ainda assim, vislumbrávamos caracterizá-los, revelando estes fenômenos e os fatos que os influenciavam.

A segunda parte da definição de estudos de caso está relacionada à dificuldade de clareza entre o fenômeno e o contexto, posto que não é tão simples distingui-los, exatamente por pertencerem ao mundo real e que, por isso, necessitam de outras características metodológicas de um estudo de caso.

A investigação do estudo de caso enfrenta situação tecnicamente diferenciada em que existirão muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e como resultado conta com muito mais fonte de evidências, com os dados precisando convergir de maneira triangular, e com outro resultado. Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e a análise dos dados (YIN, 2015, p. 18).

Gil (2009) corrobora com esse posicionamento, pois destaca que o estudo de caso possui um delineamento pluralista. Não se opõe a outros delineamentos, pelo contrário, os complementa.

Dessa forma, adotamos os pressupostos de Yin (2015) que afirmam que o estudo de caso é usado em muitas situações, e contribui para o conhecimento acerca dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados. Assim, a escolha por este método de pesquisa justificou-se pelo seu objeto de estudo, a formação de professores de bebês, em um Centro de Educação Infantil. Portanto, enquadrava-se perfeitamente no conceito de estudo de caso para este autor, que afirma ser uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo (o caso) em profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto puderem não ser claramente evidentes.

Laville e Dionne (1999) apontam como uma das vantagens mais marcantes deste método de pesquisa a possibilidade de aprofundamento ligado ao caso particular. Apesar das muitas vantagens, o estudo de caso recebe críticas, cuja censura recai sobre a prerrogativa de suas conclusões de difícil generalização. Quanto a isso, os referidos autores destacam:

É verdade que as conclusões de tal investigação valem de início para o caso considerado, e nada assegura, a priori, que possa se aplicar a outros casos. Mas também nada o contradiz: pode-se crer que, se um pesquisador se dedica a um determinado caso, é muitas vezes porque ele tem razões para considera-lo como típico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante, que ele pensa que esse caso pode, por exemplo, ajudar a melhor compreender uma situação ou um fenômeno complexo, até mesmo um meio, uma época (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 156).

Percebe-se assim, de acordo com os autores, que a profundidade ligada ao caso particular não exclui, contudo, toda forma de generalização, dado que o pesquisador tem uma ideia clara e precisa sobre o que pesquisa, bem como escolhe casos exemplares que lhe ajude a compreender os fenômenos envolvidos no caso particular.

Uma característica do estudo de caso que reafirmaram sua utilização nesta pesquisa é sua natureza holística ao investigar o caso como um todo, considerando a relação entre as partes que o compõem, pois a crença é de que os sistemas humanos apresentam uma característica de totalidade e integridade e não apenas uma coleção de traços, o que exige do pesquisador competência para análise e interpretação de dados, conforme Gil (2009).