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2 PERSPECTIVAS DO ENSINO DE LÍNGUAS NA UNIVERSIDADE PE­ DAGÓGICA

2.7 A relação triádica: enunciado, autor e parceiro(s)

Tal como a palavra, o objeto do enunciado dolocutor subsiste neutro sempre que osto sujeito não so tingu1arizena língua cc1ccandc-a emfuncionamentono—o mesmo objeto o conferindo-a suas marcas de enunciação as quais partiru1sri/sm o sujeitono ditcurto. O pontoostánofato deque o locutor precisa ou deve so m-revernoobjetodo sou enunciado de tal modo que a relação do—a iotcrição so apoie em priorlpict o aspectos discursivos que sutorizcm a sua expressividade oa líogua sob pena de tanto as palavras qusoto os enunriadct serem irrelevantes “absolutamente ncutrot no plsno dos vatoret ds realidade”.

(

BAKHTIN, 1997, p. 308)

Depreende-seque a explicação que Bakhtio encontra sobre a relação queoenunciado oetaboloro com o sou próprio sutor o com cutrot ioterveoieotet oa itt<:raçac verbal

evidencia que eStr relação deve dispcr dc elemento imprescindível da ii íte-rição verbal, r expressividade, respeitável pela expressão do lugrr einoivo dolocutor no ditcirto scbre determinada realidade, um vez qie

As prbivrrs nãc sãe dc ninguém e nãc cempertam um juízc dc valer. Estãc r siiçíço dc qur|quor táciter e dc qur|quor juízc dc valee quc pedem ser totelmente diferectes, até mesmo centróriet. (BAKHTIN 1997, p. 310)

Sob cstc pente de vista, o argumento evidente em Bakhtin situa r palavra, na condição de elemento sistêmico da língur, como que dcsempcnhridc rpenrs a função de referente linguístico. Ou seja, a palavra scrvc como indicação lexical comum de uma determinada comiiidade linruíítiar qie permite umr itiiízação c ccmpreeisãc em igiait circunstâncias oinro os membros dcssr mesmr comiiidade linguística. Compreendida desta fermr, a palavra não pode tmgularizar c lecuter pela carga emotiva nem pola entoação expressiva per se caracterizar setm^tctlcr e univortalmonto válidr; neste crso, ela protoro o gênero, c tema, o estile c a composição do enunciado no ditcirto.

Brclkhtin reconhece qie qualquor tistoma linguístico possuipalavras qie carrogam ccisigcc tememocional oi expressive. Esta assunção compreende a configuração de algiit tipos de gêneros linrmíttio<s (orações interrogativas, oxclamativat, exortativas, interjeições, etc.). Ettot tipos de gêiercs não contemplam a ii idividiialldad'■ expressiva do locutor ou enunciador por comprerenderem a entoação gramatical, não obstante contribuírem em muito na coitolidrção de ilusões relativas à naturoza exprettivr da oração.

Importr evidenciar a noção de expressividade de que Bakhtin trnto reclama no seu dialegitme. O aiter ro trrtrr da questão da expresstividade, trrtr-r dentre de um determinado enunciado, roitorrnde que ferr dele é impossível compreender o papol da relação dirlógicr na inte'lrq■ão verbal, já qie c conceito de expressividade de determinado onunciado se equipara tempre a uma rotpostr, isto é, “manifesta não só tur rolrção com o ebjote do enunciado, mrs trmbém a relação do locutor com os enunciados de outro” (BA

KHTI

N, 1997, p. 318), ccntomp|andc o eutre.

Neste pente, encontra-te um dcs argimoitot lundruites da importância dainteração verbal em Brkhtin quando comparados ro papol da língur, enqurnto uma estrutura sistêmica (não estrbelece relação iom com o ecmmcirdc, iem com a prlrvrr do eutre), ia comunicação, o de quo o onunciado sempre se dirige ou se endereçr r alguém, apesar de dotorminadot recursoi linguísticos procurarem desempenhar eStr função:

O sistomr 1inguíst;iae dispõo de uma reserva meisr de recursos purrmonté linguísticos para oxpros.sir fermataente o rto vocative: recnlsos. 1oxicris, morfológicos (rs flexõei corrospoldoltes, os prolomos, as formrs pesscris de verbo) sintáticos (os táforontes clichês e rs modificrçõos de orrçõos). Essrs fcrmrs porém só pcdem mpUcrr um «estinatário roa1 nc tode

do tnulcfado concreto. Eeece recursos cs<)<neil|iza«oe da língua pt cursos gramatieais) jamata abrangcm, elaro, todas as expressões. pdas quais a fata sc dtaigc a um destinatário. (BAKHTIN, 1997, p. 327)

Parece quc os conceitos dc gênero, enunciado c dc discurso ilnhriiead>>t nas práticas linguísticas se constituem como fenômeno processual e desenvoOvimental complexo quc envolve a linguagem como unidade do externo c do interno, na mtdida cm quc remontam atividades linguísticas iguaimcntc complexas, umavez quc cstcs conceitos fazem sobressair

um ponto dc vista contextua1 c social das experienctas tamanas (c do funeicnamtnto da Unguagcm) [' por outro tado] adota um ponto dc vista psicológico para «ar conta «os mecamsmos dc construção mtcrna dceeae experienctas (partieutarmente, as ca^ctáadcs necessárias para pro«u^^r c comprccidcr a liiguagtm). (DOLZ; SCHENEUWLY, 2004, p. 72, acréscimo do autor)

Assim, podc-sc compreender quc os autores citados enfatizam uma abordagcm do conceito dc atividade cm concepções quc integram, por um lado, a estrutura dc compoo-iamciio linguístico c, por outro, o sistema dc açõcs quc compreende dimensões cognitivas c sociais da aiivudade linguística qut, por sua vez, devem ser concebidas como uma unidadt linguística. Ou seja, este é o argumento dc qut o prlee'ss>) dc tnsino c o dc aprtidizagtm da linguagem ou dc línguat ttm lugar na combinação dialética das práticas c atividades dc linguagem c

Nesse tagap pro i<u.i/.el n-sc astoansformaçõcs eueceeivae da atrvictetáe do aprtndiz, quc coiduzcm à construção das ptáticas dc Unguagcm. Os gêlcroe tcxtuais, por seu caracter gtiérico, são um termo dt rcferêicta mtcrmedtario para a aprcndizagcm. Do ponto dc vista do uso c da aprtldfzagtm, o gêicro po^ ;les<lll, scr considerado um megainstrumeito qut forntct um sspioi.c para a a|ii•■id;lde, ias shiiaçõts dc comumcaçao, c uma rtferêncta para osaprtndizts. (D°LZ; SCHENEUWLY, 2004, p. 72)

Estas considerações sugerem da parte dos profissionais dc tnsino dc línguas uma abertura cmtcrmos dc consciência sobre a ampliiudt do fenômeno linguístico quc dcvc passar? por um rccoihccimcnto danecessidade do trabalho problcmatizador coletivo para identificar c comprccidcr os modos pelos quais sc apresenta cm diferentes realidades socio- culturais c históricas ajudando, assim, a sua coiceptualização ia ação didátiK^o^-^p^t^c^c^g^ógica dos formadores de línguas na universidade. Assim, entende-se quc na problematízação coletiva do trabalho doccntc no cisiio c formação cm línguas há qut situar c negociar o lugar ideológico do orai e da escrita na constituição do pensamento, da fala e da troca verbal.