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A Responsabilidade Civil dos Provedores de Internet pelo Conteúdo

11 PRECEDENTES DO STJ E TJ/SP SOBRE A LEGITIMIDADE

11.3 A Responsabilidade Civil dos Provedores de Internet pelo Conteúdo

Passemos a analisar os precedentes judiciais firmados pelo Superior Tribunal de Justiça referentes às relações jurídicas decorrentes das informações postadas na rede mundial de computadores, especialmente no que tange à responsabilidade civil dos provedores de internet.

Por oportuno, saliente-se que os provedores disponibilizam espaços na rede mundial de computadores para que outras pessoas os utilizem, sempre se valendo da escusa, no caso de ilícito contra a honra e a imagem, de que não podem ser responsabilizados por eventual informação ofensiva direcionada a outrem por não terem controle do conteúdo postado.

Noutros termos, os denominados “provedores de internet” são pessoas físicas ou jurídicas que exercem diversas funções no âmbito da rede mundial de computadores, e a partir do tipo de atividade desenvolvida podem ser divididos em provedores de acesso, provedores de serviços e provedores de conteúdo.

Os provedores de serviços são responsáveis, por exemplo, pelos serviços de correio eletrônico, hospedagem de páginas eletrônicas e chave de busca. Dentre esses, o que nos interessa para a compreensão do tema em debate é a hospedagem de páginas eletrônicas, que inclui, no mais das vezes, a disponibilização de ferramentas para o usuário produzir uma página e o fornecimento de espaço para armazenamento dos dados criados.

No Superior Tribunal de Justiça instalou-se, em princípio, certa dúvida a respeito da responsabilidade civil dos provedores de internet nestas situações de ofensas postadas por terceiros usuários.

Por um lado, já se negou a responsabilidade nestes casos ao argumento de que as provedoras não têm controle prévio sobre as informações postadas e que sua atividade não poderia ser considerarada de risco a ponto de imputar-lhes a responsabilização civil objetiva do parágrafo único do art. 927 do Código Civil:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.193.764-SP (2010/0084512-0); RELATORA:

MINISTRA NANCY ANDRIGHI. EMENTA: DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. INDIFERENÇA. PROVEDOR DE CONTEÚDO. FISCALIZAÇÃO PRÉVIA DO TEOR DAS INFORMAÇÕES POSTADAS NO SITE PELOS USUÁRIOS. DESNECESSIDADE. MENSAGEM DE CONTEÚDO OFENSIVO. DANO MORAL. RISCO INERENTE AO NEGÓCIO. INEXISTÊNCIA. CIÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE CONTEÚDO ILÍCITO. RETIRADA IMEDIATA DO AR. DEVER. DISPONIBILIZAÇÃO DE MEIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CADA USUÁRIO. DEVER. REGISTRO DO NÚMERO DE IP. SUFICIÊNCIA. 1. A exploração comercial da internet sujeita às relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo “mediante remuneração” contido no art. 3º, § 2º, do CDC deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. A fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não examina e filtra os dados e imagens nele inseridos. 4. O dano moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo inseridas no site pelo usuário não constitui risco inerente à atividade dos provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02. Por outro lado, pela simples aplicação do Código de Defesa do Consumidor, reconhecendo-se como defeito na prestação de serviço a inserção de dados difamatórios na internet, já foi uma provedora condenada ao pagamento de indenização por danos morais a uma vítima de ofensas postadas por terceiros:

DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL - RECURSO ESPECIAL - INDENIZAÇÃO - ART. 159 DO CC/16 E ARTS. 6º, VI, E 14,

DA LEI Nº 8.078/90 - DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO - SÚMULA 284/STF - PROVEDOR DA INTERNET - DIVULGAÇÃO DE MATÉRIA NÃO AUTORIZADA - RESPONSABILIDADE DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO - RELAÇÃO DE CONSUMO - REMUNERAÇÃO INDIRETA - DANOS MORAIS - QUANTUM RAZOÁVEL - VALOR MANTIDO. 1 - Não tendo a recorrente explicitado de que forma o v. acórdão recorrido teria violado determinados dispositivos legais (art. 159 do Código Civil de 1916 e arts. 6º, VI, e 14, ambos da Lei nº 8.078/90), não se conhece do Recurso Especial, neste aspecto, porquanto deficiente a sua fundamentação. Incidência da Súmula 284/STF. 2 - Inexiste violação ao art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor, porquanto, para a caracterização da relação de consumo, o serviço pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneração obtida de forma indireta. 3 - Quanto ao dissídio jurisprudencial, consideradas as peculiaridades do caso em questão, quais sejam, psicóloga, funcionária de empresa comercial de porte, inserida, equivocadamente e sem sua autorização, em site de encontros na internet, pertencente à empresa-recorrente, como “pessoa que se propõe a participar de programas de caráter afetivo e sexual”, inclusive com indicação de seu nome completo e número de telefone do trabalho, o valor fixado pelo Tribunal a quo a título de danos morais mostra-se razoável, limitando-se à compensação do sofrimento advindo do evento danoso. Valor indenizatório mantido em 200 (duzentos) salários-mínimos, passível de correção monetária a contar desta data. 4 - Recurso não conhecido. REsp 566468/RJ; Relator(a): Ministro JORGE SCARTEZZINI; Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do Julgamento: 23/11/2004; Data da Publicação: DJ, 17/12/2004, p. 561.

Gize-se que referido debate, até recentemente, ainda não havia aportado na instância especial da justiça nacional para uma análise mais perfunctória. Podia-se dizer que tais questões encontravam-se abertas à fixação de precedentes judiciais que as regulassem, e podia-se citar como principal vetor diretivo das futuras decisões que se seguiriam o quanto fundamentado pelo Ministro Herman Benjamin ao relatar o REsp 1.117.633/RO, no sentido de que:

A internet é o espaço por excelência da liberdade, o que não significa dizer que seja um universo sem lei e sem responsabilidade pelos abusos que lá venham a ocorrer. No mundo real, como no virtual, o valor da dignidade da pessoa humana é um só, pois nem o meio em que os agressores transitam nem as ferramentas tecnológicas que utilizam conseguem transmudar ou enfraquecer a natureza de sobreprincípio irrenunciável, intransferível e imprescritível que lhe confere o Direito brasileiro. Quem viabiliza tecnicamente, quem se beneficia economicamente e, ativamente, estimula a criação de comunidades e páginas de relacionamento na internet é tão responsável pelo controle de eventuais abusos e pela garantia dos direitos da personalidade de internautas e terceiros como os próprios internautas que geram e disseminam informações ofensivas aos valores mais comezinhos da vida em comunidade, seja ela real ou virtual. Essa coresponsabilidade é parte do compromisso social da empresa com a sociedade, sob o manto da excelência dos serviços que presta e da merecida admiração que conta em todo mundo é aceita pelo Google, tanto que atuou, de forma decisiva, no sentido de excluir páginas e identificar os gângsteres virtuais. Tais medidas, por óbvio, não bastam, já que reprimir certas páginas ofensivas já criadas, mas nada fazer para impedir o surgimento e multiplicação de outras tantas, com conteúdo igual ou assemelhado, é, em tese, estimular um jogo de Tom e Jerry, que em nada

remedia, mas só prolonga, a situação de exposição, de angústia e de impotência das vítimas das ofensas.

Posteriormente, o C. STJ, por meio de sua 3ª Turma, ao decidir o REsp 1.186.616/MG, relatado pela Ministra Nancy Andrighi, em recentíssima decisão do mês de agosto de 2011, acabou por se manifestar decisivamente quanto à imposição da responsabilidade civil dos provedores de conteúdo de internet apenas se, devidamente notificados, não providenciarem a exclusão das informações injuriosas, assentando-se que:

Ao ser comunicado de que determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, deve o provedor agir de forma enérgica, retirando o material do ar imediatamente, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omissão praticada. Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita que os usuários externem livremente sua opinião, deve o provedor de conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usuários, coibindo o anonimato e atribuindo a cada manifestação uma autoria certa e determinada. Sob a ótica da diligência média que se espera do provedor, deve este adotar as providências que, conforme as circunstâncias específicas de cada caso, estiverem ao seu alcance para a individualização dos usuários do site, sob pena de responsabilização subjetiva por culpa in omittendo. Ainda que não exija os dados pessoais dos seus usuários, o provedor de conteúdo que registra o número de protocolo (IP) na internet dos computadores utilizados para o cadastramento de cada conta mantém um meio razoavelmente eficiente de rastreamento dos seus usuários, medida de segurança que corresponde à diligência média esperada dessa modalidade de provedor de serviço de internet.

A partir de então, a referida orientação vem sendo sistematicamente adotada pelo STJ, somente remanescendo como dever dos provedores de acesso a obrigação de retirada do conteúdo ofensivo tão logo sejam notificados ou em prazo judicialmente fixado. Apenas quando infringido este dever de retirada é que se tem por ocorrente o abalo moral indenizável, na modalidade omissão do provedor. Veja- se outro julgado nesse sentido do ano de 2012, Relator Ministro Sidnei Benetti:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PROVEDOR. MENSAGEM DE CONTEÚDO OFENSIVO. RETIRADA. REGISTRO DE NÚMERO DO IP. DANO MORAL. AUSÊNCIA. PROVIMENTO. 1 - No caso de mensagens moralmente ofensivas, inseridas no site de provedor de conteúdo por usuário, não incide a regra de responsabilidade objetiva, prevista no art. 927, parágrafo único, do Cód. Civil/2002, pois não se configura risco inerente à atividade do provedor. Precedentes. 2 - É o provedor de conteúdo obrigado a retirar imediatamente o conteúdo ofensivo, pena de responsabilidade solidária com o autor direto do dano. 3 - O provedor de conteúdo é obrigado a viabilizar a identificação de usuários, coibindo o anonimato; o registro do número de protocolo (IP) dos computadores utilizados para cadastramento de contas na internet constitui meio de rastreamento de usuários, que ao provedor compete,

necessariamente, providenciar. 4 - Recurso Especial provido. Ação de indenização por danos morais julgada improcedente. Processo: REsp 1306066/MT; RECURSO ESPECIAL 2011/0127121-0; Relator(a): Ministro SIDNEI BENETI; Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA; Data do Julgamento: 17/04/2012; Data da Publicação: DJe, 02/05/2012.

E no mesmo sentido trilha a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

Apelação nº 0003610-89.2008.8.26.0294; Relator(a): Percival Nogueira; Comarca: Jacupiranga; Órgão julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 08/03/2012. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

Ação julgada improcedente. Alegação de que ficou exposto a humilhações em razão da não fiscalização da ré das mensagens postadas com sua autorização. Inadmissibilidade. Ausência de qualquer ilicitude na conduta da apelada que, após receber a denúncia, excluiu as ofensas do site de relacionamento. Impossibilidade de vigilância prévia. Sentença mantida. Recurso desprovido.

Por fim, anote-se que, em consonância com o entendimento jurisprudencial acima alinhavado, verifica-se a tramitação do denominado Marco Civil da Internet no Congresso Nacional, acolhendo a tese de que a responsabilidade da provedora somente se deflagra por omissão, após a notificação para a retirada do conteúdo difamatório, desde que não tome tal providência, in verbis:

Art. 15 do Projeto de Lei nº 2.126/11 da Câmara dos Deputados:

Salvo disposição legal em contrário, com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e evitar a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.

Vale dizer que, segundo a última notícia que se tem, do final do ano de 2012, o projeto de lei em comento teve sua votação adiada por mais de seis vezes na Câmara dos Deputados, a demonstrar a completa ausência de vontade política para a disciplina de questões de fundamental importância para os brasileiros, como é o caso da internet, hoje essencial para a vida das pessoas e das empresas nacionais.

Diferente dos casos acima foi a situação julgada neste ano de 2013 pela 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça, reformando decisão que concedia tutela antecipada para que o site Google Brasil Internet Ltda. suprimisse veiculação de matéria referente à prisão ou indiciamento de uma advogada na conhecida Operação Durkheim que se referia a espionagem de políticos.

O relator do processo, Desembargador Alvaro Passos, afirmou em seu voto que “por primeiro, há que se fixar a natureza da atividade operacional do agravante (Google)”, já que “em se tratando de um site de busca, e não de hospedagem de conteúdo ou de redes sociais, o seu operador não detém controle sobre o conteúdo indexado”, reconhecendo que “as páginas para as quais direciona a pesquisa dos usuários são de autoria e responsabilidade exclusiva de quem as postou”.

A respeito da natureza jurídica do serviço prestado neste caso – e é este o elemento de diferenciação desta situação das demais acima tratadas pela jurisprudência – o relator disse que “inicialmente, é preciso determinar a natureza jurídica dos provedores de serviços de internet, em especial dos sites de busca, pois somente assim será possível definir os limites de sua responsabilidade”.

Para ele, “a world wide web (www) é uma rede mundial composta pelo somatório de todos os servidores a ela conectados”, e “esses servidores são bancos de dados que concentram toda a informação disponível na internet, divulgadas por intermédio das incontáveis páginas de acesso (webpages)”.

O Desembargador Alvaro Passos destacou que o Google é um desses sites que “não incluem, hospedam, organizam ou de qualquer outra forma gerenciam as páginas virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem ser encontrados os termos de busca fornecidos”.

Assim, segundo o julgado, impor ao Google “a obrigação de bloquear toda e qualquer consulta da qual resulte o direcionamento do usuário à prisão e/ou indiciamento da agravada é de todo impossível”, resultando a seguinte ementa:

OBRIGAÇÃO DE FAZER. Antecipação dos efeitos da tutela visando à abstenção de veiculação de resultado de pesquisa na internet relativa à matéria jornalística criminal envolvendo a autora. Não concessão Impossibilidade técnica de cumprimento da obrigação pelo provedor de pesquisa, que não detém controle sobre o conteúdo indexado, direcionando apenas os usuários para as páginas que contenham palavras que, por exatidão ou semelhança, estejam contidas nos artigos publicados e disponibilizados na rede. Inviabilidade do bloqueio pretendido. Precedente do E. Superior Tribunal de Justiça. Decisão reformada. Agravo provido. Agravo de Instrumento nº 0274787-02.2012.8.26.0000.

Vê-se, assim, que a solução para estas demandas relativas aos provedores de internet não conta com orientação tranquila da jurisprudência, sendo necessário, logo no início do exame do caso, que se determine qual o tipo da prestação de serviço eletrônico que está sendo oferecida, disso dependendo o decisório a ser

proferido, daí a importância da aprovação de uma vez por todas do Marco Civil da Internet, que viria a regulementar todas essas modernas nuances.

E, como sustentado durante todo o trabalho, é de fundamental importância que esta legislação atenda aos preceitos ditados pelo Superior Tribunal de Justiça quando teve a oportunidade de enfrentar litígios envolvendo os provedores de internet, momentos em que fez a devida diferenciação entre os provedores de serviço e de conteúdo, especialmente podendo ser citada a decisão na qual a apresentadora Xuxa requereu, sem sucesso, que todas as informações a respeito de um filme que estrelou há alguns anos não fossem reveladas nas buscas perante o Google (Recurso Especial nº 1.316.921/RJ):

1. A exploração comercial da Internet sujeita as relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo “mediante remuneração”, contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. O provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois não inclui, hospeda, organiza ou de qualquer outra forma gerencia as páginas virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem ser encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário. 4. A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada usuário não constitui atividade intrínseca ao serviço prestado pelos provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os resultados das buscas. 5. Os provedores de pesquisa realizam suas buscas dentro de um universo virtual, cujo acesso é público e irrestrito, ou seja, seu papel se restringe à identificação de páginas na web onde determinado dado ou informação, ainda que ilícito, estão sendo livremente veiculados. Dessa forma, ainda que seus mecanismos de busca facilitem o acesso e a consequente divulgação de páginas cujo conteúdo seja potencialmente ilegal, fato é que essas páginas são públicas e compõem a rede mundial de computadores e, por isso, aparecem no resultado dos sites de pesquisa. 6. Os provedores de pesquisa não podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou texto específico, independentemente da indicação do URL da página onde este estiver inserido. 7. Não se pode, sob o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o direito da coletividade à informação. Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violação de cada um deles, o fiel da balança deve pender para a garantia da liberdade de informação assegurada pelo art. 220, § 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet representa, hoje, importante veículo de comunicação social de massa. 8. Preenchidos os requisitos indispensáveis à exclusão, da web, de uma determinada página virtual, sob a alegação de veicular conteúdo ilícito ou ofensivo – notadamente a identificação do URL dessa página – a vítima carecerá de interesse de agir contra o provedor de pesquisa, por absoluta falta de utilidade da jurisdição. Se a vítima identificou, via URL, o autor do ato ilícito, não tem motivo para demandar contra aquele que apenas facilita o acesso a esse ato que, até então, se encontra publicamente disponível na rede para divulgação. 9. Recurso especial provido.