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Adoção de uma perspetiva multidisciplinar

Como demonstrado, a discussão mais alargada que pretendo fazer não é de que a teorização abstrata e normativa devia ser evitada, mas antes a de que ela resulta melhor quando se usa igualmente uma abor- dagem mais pluralista, historicizada e sensível ao contexto. Uma questão paralela é a de que deveríamos ser mais interdisciplinares.

Nesta secção final, apresento alguns elementos básicos da visão pro- posta por Ken Wilber (1998; 2001),9que creio ser um bom instrumento

para utilizar em várias perspetivas no estudo de qualquer assunto especí-

9 Não aceito na íntegra a perspetiva integral de Wilber e desagrada-me francamente a

sua extrapolação para a sociedade e a política, sob a forma de estados e graus de desen- volvimento e da teoria dos «memes», dos seus estudos da consciência. Contudo, consi- dero o seu modelo tripartido e os seus «quadrantes» instrumentos muito úteis para pensar um assunto de modo mais lato e a partir de uma diversidade de ângulos.

fico. Wilber leva a cabo duas tarefas importantes que têm interesse neste contexto.

Primeiro, identifica três importantes esferas de valores e pretensões de validade e reclama análises que integrem as três. As três principais esferas de valores são as da moral (o domínio intersubjetivo do «nós»), da ciência (o domínio impessoal objetivo do «isto») e da arte (o domínio subjetivo do «eu»), que espelham os três mundos de Karl Popper (o cultural, o ob- jetivo e o subjetivo), o Bom, o Verdadeiro e o Belo em Platão, a Crítica da Razão Prática (moral), a Crítica da Razão Pura (ciência) e a Crítica da Faculdade de Juízo (juízo estético) de Kant e os conceitos de Buda, Dharma e Sangha do Budismo. O domínio do «nós» diz respeito à qua- lidade do que é justo, à ética e a como as pessoas podem interagir de um modo correto e decente. O domínio do «isto» tem a ver com verdade objetiva, verdade empírica e reproduzível. O domínio do «eu» reflete as correntes estéticas e expressivas de cada pessoa subjetiva. Cada esfera tem associada a sua pretensão de validade. No domínio do «eu» na primeira pessoa, que se refere a pensamentos, emoções, memórias, estados de es- pírito e sensações individuais, a pretensão apropriada de validade ou pa- drão de verdade é a sinceridade subjetiva. No domínio do «nós» na ter- ceira pessoa, que se refere a valores, linguagem e cultura comuns, a pretensão apropriada de validade é a adequação ou correção intersubje- tiva. Para a esfera do «isto» da ciência, que se refere a entidades observá- veis ou corpos com locação simples, a pretensão apropriada de validade é a verdade objetiva.

Segundo, Wilber argumenta que domínios de conhecimento ou abor- dagens diferentes terão muito a dizer sobre uma coisa, mas nada sobre outra. Por exemplo, podemos estudar o cérebro (domínio do «isto»), a consciência (o domínio do «eu») e a linguagem e comunicação (o domí- nio do «nós») e cada um requer a aplicação de diferentes disciplinas e pre- tensões de validade. Isto deve-se a que cada domínio tem uma dimensão interior e uma exterior (há o cérebro visto de fora e experimentado por dentro como consciência, há a consciência como é observada do exterior [por exemplo, na imagem por ressonância magnética (IRM)] e sentida por dentro e há a linguagem e comunicação como é experimentada pelo falante e como é examinada na Linguística).10Para transpor o exemplo de

10 No seguimento de Habermas e de outros, Wilber defende que a característica que

define a modernidade é que esta diferencia as três esferas de modo que cada uma pode perseguir a sua «verdade» separadamente, sem ser dominada pelas outras. Separa o «nós» do «isto» (libertando a ciência da Igreja) e o «eu» do «nós» (libertando os indivíduos do coletivo). Isto constitui «a dignidade da modernidade». O seu contraponto é a «catástrofe

Wilber para as ciências sociais, a psicanálise tenta chegar à experiência individual interior, o behaviourismo oferece um olhar exterior sobre o comportamento dos indivíduos, a hermenêutica explora a dimensão co- letiva interior (Gadamer, digamos), ao passo que a teoria marxista olha para o comportamento exterior da dimensão coletiva (Wilber 1998; 2001).

A questão-chave é que a perspetiva de cada esfera proporciona uma visão parcial do todo (uma IRM não pode apanhar a qualidade da nossa irritação, mas a poesia não ajudará a mapear o cérebro), que cada disci- plina olha para um aspeto diferente de uma coisa – nomeadamente do interior ou do exterior – e que cada disciplina, ou maneira de ver, tem diferentes pretensões de validade que apurarão coisas diferentes (não se pode usar sinceridade subjetiva como meio de descobrir a velocidade da luz, nem se pode usar a ciência objetiva para descortinar compaixão ou misericórdia). Portanto, estas duas perspetivas são complementares e não antagónicas, desde que os seus proponentes não tomem a parte pelo todo.

Qual a relevância disto para a discussão da justiça transicional e dos estudos da memória? A amplitude e os objetivos de Wilber são muito mais ambiciosos do que os meus. Neste ensaio, a discussão, muito mais modesta, é: (1) que podemos beneficiar de uma comunicação interdisci- plinar (justiça transicional e estudos da memória); (2) que a historicização e a sensibilidade ao contexto contrabalançam as armadilhas da abstração normativa; e (3) que, nas perspetivas relativista e universalizante nos de- bates sobre direitos humanos, tais abordagens não têm de ser antagónicas, mas, na verdade, resultam melhor quando aplicadas em conjunto, se houver o reconhecimento da sua parcialidade. O esquema de Wilber abre o campo muito para além destas pretensões, mas a perspetiva é útil porque forçosamente destaca as vantagens do tratamento interdisciplinar, do estudo de um assunto a partir de diferentes pontos de vista e usando diferentes pretensões de validade, e a necessidade de considerar os fenó- menos não só do exterior, mas também do interior. Assim, por exemplo, o ponto de vista da escolha racional (perspetiva exterior na terceira pes- soa) pode ser complementado examinando a literatura da Psicologia

da modernidade», a tendência para reduzir as dimensões interiores do «eu» e do «nós» a superfícies exteriores do «isto» objetivo, de modo que objetos sem uma locação simples (A. N. Whitehead) se tornam invisíveis. Esta redução de profundidade a superfícies pro- duziu o que Wilber denomina como uma visão das coisas de «terra plana» e apela a uma visão baseada numa integração das três esferas e utilizando os três tipos de pretensões de validade (Wilber 1998).

(perspetiva interior na primeira e terceira pessoas) para lhe conferir maior profundidade; o ponto de vista normativo liberal (outro tipo de perspetiva «exterior» na terceira pessoa) pode tornar-se mais sensível às variações lo- cais olhando para visões mais hermenêuticas, formulações normativas locais e estudos específicos de caso encontrados em trabalhos sobre me- mória, sociologia e antropologia (perspetivas, em diversos graus – con- soante a abordagem –, mais «interiores» e na terceira pessoa).

Aqui limitei-me a defender o diálogo entre os estudos da justiça tran- sicional e os estudos da memória da Ciência Política, mas há, obvia- mente, outras áreas frutuosas para o diálogo, tal como com várias disci- plinas da Psicologia (existe uma vasta literatura sobre trauma associado com a experiência de repressão do Estado, por exemplo). O quadro 2.1 foi adaptado de Wilber para ilustrar de um modo geral como estas ideias podiam ser aplicadas em relação à justiça transicional e à política da me- mória.

Um esquema como este também tem a utilidade de lembrar aos ana- listas que a sua perspetiva é sempre parcial. Sofremos de «cegueira não intencional» (Simons e Rensink 2005) e tendemos a ver apenas aquilo

Quadro 2.1 – O interior e o exterior dos domínios subjetivos

Interior/ Domínio do «eu» Domínio do «nós»

exterior

Fonte: Adaptado de Wilber (1998; 2001). Interior: subjetivo/ intersubje- tivo; inter- pretativo; hermenêu- tico Exterior: forma mo- nológica, empírica, positivista.

O que olhamos: indivíduo interior (como

é para mim; como o sinto)

pensamentos, emoções, memórias, esta- dos de espírito, sensações

Padrão de verdade: interior: veracidade

expressiva ou subjetiva (sinceridade, in- tegridade, probidade)

Abordagens/disciplinas: autobiografias e

outros relatos em primeira mão, traba- lhos artísticos, literatura, poesia

O que olhamos: aspeto exteriormente ob-

servável do indivíduo

Padrão de verdade: verdade, correspon-

dência, representação, proposicional).

Abordagens/disciplinas: várias abordagens

de psicologia

O que olhamos: coletivo interior (como é

para nós ou como as coisas deviam ser para nós); valores, língua, relações, cul- tura comuns

Padrão de verdade: interior: justeza

(adequação cultural, correção, com- preensão mútua)

Abordagens/disciplinas: estudos da me-

mória, psicologia, perspetivas normati- vas/éticas.

O que olhamos: aspetos exteriormente ob-

serváveis do coletivo

Padrão de verdade: adequação funcional

(rede de teoria de sistemas, funciona- lismo estrutural, teia de sistemas sociais)

Abordagens/disciplinas: várias perspetivas

em que nos concentramos, e o que vemos é colorido pelo nosso ponto de vista. Sofremos da tendência de atribuir ao nosso modelo de análise preferido a capacidade de explicar tudo, de modo que tomamos partes pelo todo e reificamos a nossa visão seletiva. Ficamos enamorados dos nossos esquemas analíticos; tendemos a confundir o mapa com o terri- tório (Korzybski 1995). A consciência disto pode permitir-nos adotar um modelo que seja mais flexível, pluralista, e mais capaz de integrar várias perspetivas diferentes. Quando admitimos a parcialidade da perspetiva que adotamos, fica aberto o caminho para o diálogo e síntese entre pon- tos de vista diferentes. Tratando os domínios subjetivo e intersubjetivo, podemos também reconhecer que a linha que separa observador e ob- servado é pouco nítida e há uma relação de influência mútua entre os dois. Tudo isto pode ampliar o nosso alcance, tornar explícito o que in- cluímos e excluímos e levar-nos a admitir que, embora tenhamos visões preferidas e antipatias por outras, talvez, ao nível adequado, cada pers- petiva tenha as suas vantagens. Modelos, incluindo o de Wilber, são mapas que nos aproximam do «território»; mas, tal como há um mar de diferenças entre as imagens num mapa e a realidade, existe um abismo igualmente inimaginável entre a realidade que estamos a observar e os modelos que criamos para a definir. No mínimo, podemos tomar cons- ciência disto quando examinamos as nossas realidades preferidas: neste caso, a justiça transicional.

Agradecimento

Agradeço a Jennifer Dixon por me chamar a atenção para alguns es- tudos que combinam teoria internacional com estudos de memória.

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