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Aferições da distribuição da educação na RM Goiânia expressa pelas UDH

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4.2 Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH) no eixo central de

4.2.1 Aferições da distribuição da educação na RM Goiânia expressa pelas UDH

Os dados que se seguem mostram como se distribui os resultados do desenvolvimento social, em termos de escolarização da população da RM de Goiânia, na primeira década do século em curso.

Tabela 20: UDH representativas dos menores IDHM educação Goiás em 2000 e 2010

Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2010).

A tabela apresenta um conjunto de Unidades de Desenvolvimento Humano, que se constituem em unidades espaciais concebidas pelas diretrizes de homogeneidade socioeconômica, contiguidade e identidade, e se referem ao espaço territorial da RM de Goiânia. As 20 UDH listadas compõem o extremo de menores indicadores do IDHM educação e seus subíndices, para os anos de 2000 e 2010, de uma totalidade de 256 delas distribuídas pelos municípios que integram a RM.

Os índices encontram-se ordenados pela primeira coluna, relativa ao IDHM educação para o ano de 2000, e apresenta o destaque para a UDH Vila Matinha/Parque Alvorada I e II/Jardim Liberdade, situada no município de Senador Canedo, com população de 16.099 habitantes. Esta UDH é a que melhor corresponde à média do grupo dos 20 com os menores índices educacionais no início do século XXI, representando menos de 62% da média nacional brasileira com seu indicador 0,456. A figura a seguir ilustra a UDH em questão.

Figura 14: UDH Vila Matinha/Parque Alvorada/Jardim Liberdade (IDHM educação)

Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2014).

Por sua vez, as três UDH de menores indicadores encontram-se em Aparecida de Goiânia e necessitam praticamente dobrar seus índices para alcançar o escore do país. Fato que vale para os dois subíndices do IDHM educação para o ano 2000, o que reflete uma longa distância na distribuição da educação goiana na virada do milênio, não deixando dúvidas de que pouco se caminhou até então no quesito expansão e redução de desigualdades.

Ao contrário, um olhar para os indicadores de frequência e escolaridade, agora para o ano de 2010, permite verificar que o longo abismo separando as médias entre Goiás e o Brasil praticamente desaparecem em apenas uma década. O IDHM educação da UDH em destaque salta de 0,279 para seus atuais 0,627, com incremento da ordem de 125%. É possível ver que eles decorrem de um crescimento do subíndice frequência escolar em 103% e de um crescimento na escolaridade adulta em 143%.

Finalmente, mesmo que se argumente que a UDH tomada como média não venha expressar a totalidade das transformações da população localizada no extremo dos menores indicadores educacionais, a sua vizinha de tabela, com a mesma pontuação IDHM educação, apresenta comparativos muito semelhantes. Assim, não se pode olvidar que a nova realidade do ano de 2010 se mostra alvissareira, pelo menos em relação a este estremo, quando se

levam em conta recortes espaciais de maior resolutividade na aferição de desigualdades na distribuição de educação.

Para a continuidade dos trabalhos é oportuna a apreciação do que se encontra no outro extremo das UDH, representativas dos melhores desempenhos em indicadores IDHM educação para a RM de Goiânia. Os dados a seguir mostram o grupo das 20 UDH que a compõem e apresenta a UDH Marista: Avenida 136, Goiânia, como destaque de melhor média entre elas, com seu índice IDHM de 0,920 e uma população de 4.264 habitantes, para o ano de 2010.

A Tabela 21que se segue tem como referência a segunda coluna, que representa o IDHM educação de 2010, cujos dados se encontram distribuídos em ordem decrescente, onde a UDH Setor Bela Vista: Estádio Serrinha/Pedro Ludovico: Parque Areião/Terminal Isidória, Goiânia, lidera a relação das 256 UDH da RM Goiânia nesse quesito.

Tabela 21: UDH representativas maiores IDHM educação (RM Goiânia 2000 e 2010)

Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2014).

Vale o registro de que em relação aos componentes renda e longevidade, quando se considera a mesmas UDH, o quadro apresenta outra realidade. Dados ordenados pelo indicador renda mostram que 8 unidades atingem o índice máximo (1,000) nessa componente e se referem, em sua maioria, aos condomínios fechados da capital goiana. O indicador IDHM

renda em relação à média nacional, em 2010 (0,739), apresenta um hiato de 261 milésimos em relação às maiores UDH RM Goiânia.

O fato é que à exceção das UDH Marista: Avenida 136; Oeste: Praça Tamandaré/Marista: Shopping Bougainville e Bueno: Avenida T63/Parque Vaca Brava, todos em Goiânia, as outras cinco UDH estão nos citados condomínios. São eles as UDH Alphaville Flamboyant/Jardim Munique/Portal do Sol; Aldeia do Vale/Monte Verde; Jardim Europa/Jardins Florença; Jardim Milão/Paris/Atenas/Verona, em Goiânia, e a UDH Região Garavelo: Condomínio Jardim Viena/Jardim Mônaco, em Aparecida de Goiânia.

Em relação à longevidade, seguindo a mesma ordenação anterior, os dados sofrem apenas uma alteração em relação às melhores unidades em renda. Significa dizer que as sete melhores UDH em esperança de vida ao nascer, da ordem de 81,41 anos, estão entre as 8 melhores unidades em renda. Fato curioso é que apenas a UDH Oeste: Praça Tamandaré/Marista: Shopping Bougainville, situada na 6ª posição em renda, agora ocupa a 30ª em longevidade, na ordem de 79,85 anos. Ressalte-se que a média nacional se encontra em 73,94 anos e o hiato médio superior44 em relação às UDH em 7,47 anos.

Retomando à componente educação, verifica-se que o hiato médio em relação ao extremo superior das UDH encontra-se no patamar de 283 milésimos, o que representa aproximados 45% da porção educacional em relação à média do IDHM educação (0,637) nacional e 39% da média do IDHM educação (0,735) para o Estado de Goiás em 2010. Contudo, uma verificação mais acurada expressa informações de maior relevo, imprescindíveis para a concepção e formulação de políticas públicas educacionais, quando apreciados em sua totalidade e de forma aprofundada.

Pode se dizer que a partir das análises individualizadas dos extremos propostos, que em relação ao conjunto das 256 UDH representam, em cada momento, algo em torno de um duodécimo45 da amostra, as condições possíveis de se estabelecer correlações estão postas. Este é o contexto em que a totalidade das informações, apreendidas e dialeticamente contrapostas, revela contradições essenciais no seio do processo de expansão e desenvolvimento da educação em Goiás, em especial na primeira década do século XXI, pela via das UDH.

44 Considerado superior por aferir a distância entre a média e a máxima expectativa de vida ao nascer do grupo

em estudo. Nesse caso, o hiato médio inferior situa-se em 4,93 anos, em função da UDH de menor índice situar-se na faixa dos 69,01 anos ao nascer, de expectativa de vida.

45 O fator duodécimo remete ao fato de as tabelas apresentadas, que se referem aos extremos maiores e menores

nos índices UDH, serem constituídas exatamente de 20 unidades. Como o universo das UDH para a RM Goiânia se compõe de 256 UDH, o número expresso pelas tabelas se aproxima da fração 1/12. Em síntese significa que cada extremo detém uma amostra representativa de aproximados um doze avos da amostra geral, por isso o termo duodecimal.

Uma das contradições que se apresenta está conectada aos dois subíndices que integram o componente sintético da educação. No extremo dos maiores IDHM educação, os índices de frequência escolar e escolaridade não apresentam a desigualdade que aflora no extremo inferior, então representado pelos menores indicadores.

Em uma linguagem mais clara, por um lado é possível visualizar que os dois subíndices do duodécimo superior se encontram, para todas as UDH em referência, acima do patamar dos 90 pontos percentuais. E, por outro, da mesma forma que a média extrema inferior da frequência situa-se em 0,575, a da escolaridade alcança apenas 0,375, o que implica na necessidade de um crescimento em torno de 53%, para que a escolaridade dos adultos alcance o fluxo escolar das crianças e jovens.

Ao se desmembrar o indicar da frequência, que se distribui entre crianças, jovens e adultos, a distância entre a frequência de crianças e jovens, em relação à necessidade de universalizar a educação dos adultos, a desigualdade se amplia ainda mais. Os dados revelam que quanto melhores os indicadores IDHM educação, em relação às UDH espacialmente distribuídas na RM, menos ganhos se têm essas comunidades em relação a políticas educacionais igualitárias, que tomem como base o acesso a todos ao patrimônio da educação. Talvez se encontre aí um forte nicho de resistência a todo e qualquer processo de expansão, sempre contraposto pelo discurso da qualidade pura, quase sempre protagonizados pelos que a detém.

Ainda uma contradição mais antes do término da abordagem da RM Goiânia, e que parece esclarecer e reforçar a anterior. Nesse caso ela diz respeito aos avanços verificados ao longo do período da primeira década do século XXI, que, como demonstrados anteriormente, superaram em muito a década imediatamente anterior. O que salta aos olhos revela que as velocidades das melhorias, que se manifestam em frequência escolar e escolaridade, apresentam movimentos distintos entre os duodécimos superior e inferior, quando aferidas pelas 256 UDH dessa região.

O mapa do IDH educação para as UDH da RM Goiânia, a seguir, confere um visual para o cenário de 2010.

Como se pode ver na Figura 15, o território compreendido pelo município de Goiânia concentra UDH nas maiores faixas de IDHM educação, consideradas muito altas. Algumas exceções podem ser identificadas, como o Condomínio Alto Vista, localizado em Senador Canedo, na saída de Bela Vista; o Jardim Primavera/Lago Municipal de Trindade; Setor Bancário/Centro, em Inhumas, que se aproxima deles. Os demais níveis de maior frequência

das UDH localizam-se nas faixas médio e alto, patamares onde a mobilidade foi intensa na primeira década do século XXI.

Figura 15: Mapa da distribuição da educação pelas IDH na RM Goiânia em 2010

Fonte: PNUD, Ipea e FJP (2014).

O movimento de superação imposto pelas UDH no extremo inferior, relatado em alvissareiros ganhos na primeira década do século XXI, em nada se assemelham ao lento deslocamento dos indicadores educacionais no duodécimo superior. Não é exagero dizer que grande parte do grupo, que antes se encontrava no porão da residência, deslocou-se para a sala de estar, bem como que alguns desse ambiente subiram para o sótão, e que os que lá já estavam, continuam com algumas melhorias mais. Transcorridos os 10 primeiros anos do século XXI, esse é o diálogo que se opera diante dos dados apresentadas.

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