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3 DA DIDÁTICA VIVA À PEDAGOGIA UNIVERSITÁRIA: VISLUMBRANDO

5.1 Dados gerais sobre os participantes da pesquisa

5.1.7 Além da profissão docente, exerce outra atividade profissional?

Concernente a essa questão, houve unanimidade nas respostas, uma vez que os 40 participantes da pesquisa afirmaram não exercer outra atividade profissional além da docência, conforme demonstrado na Tabela 7.

Tabela 7: Distribuição de frequência – Além da profissão docente, exerce outra atividade profissional? Qual?

Além da profissão docente, exerce

outra atividade profissional? Qual? Frequência Percentagem

Não 40 100,0

Total 40 100,0

Fonte: Instrumento de pesquisa (2020)..

Os modelos de contrato em tempo integral ou dedicação exclusiva acompanharam a dinâmica da política desenvolvimentista e a modernização do ensino superior, cuja criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, em 1947, seguindo o padrão das universidades americanas, representou um marco de inovação, ao não adotar o regime de cátedras vitalícias, pela adoção da organização departamental, pelo regime de dedicação exclusiva dos docentes ao ensino e à pesquisa, dentre outros.

Constatamos que o regime de dedicação exclusiva no ensino superior traduz tanto a inovação, quanto uma forma de beneficiar aqueles professores que se dedicassem integralmente às atividades de ensino e pesquisa, estando assim presente no contexto das reformas educacionais que passam a vigorar como indicadoras do desenvolvimento social cultural e econômico.

Nesse viés, a reforma universitária implementada através das leis nº 5.540 e 5.539 de 1968, aprovadas durante o regime ditatorial, selam dentre outras medidas, a institucionalização da profissão docente, mediante o regime de tempo integral e de dedicação exclusiva. Os referidos documentos legais e os que os antecederam, propiciaram a efetiva institucionalização da universidade brasileira que englobaram as faculdades isoladas. Para Cunha (2010, p. 178):

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[...] sem desconsiderar as danosas consequências que a ditadura militar teve na vida acadêmica, deve-se levar em conta que nesse período, o processo tardio da formação da universidade brasileira teve o maior impulso. Para tanto, é preciso considerar os efeitos contraditórios que o regime autoritário provocou nas instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica.

Na tentativa de evitar a criação de quadros de docentes diferentes de pesquisadores, é estabelecida a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, com a implementação de programa de incentivo ao tempo integral e dedicação exclusiva, aliados às vantagens salariais.

Da posição de tempo integral e dedicação exclusiva para quem a almejasse, as universidades federais evoluíram para a exigência de tal regime para todos os docentes nelas ingressantes (CUNHA, 2010, p. 188).

Essas mudanças advindas da reforma universitária dos anos ditatoriais refletiram também nas reformas da educação empreendidas na década de 1990, no elucidar de Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003, p. 18):

Na maioria dos países, o novo século vem acompanhado por reformas educacionais orientadas para adequar a educação às exigências dos novos tempos e contextos, tais como a globalização das economias, as atuais políticas públicas e especialmente os impactos das novas tecnologias e comunicações.

Dessa maneira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - lei nº 9394/96 designa que ao menos um terço do corpo docente das universidades deverá ter pós-graduação, e deverão ser contratados em regime de tempo integral cujo acesso ao magistério deverá ocorrer através de concurso de provas e títulos (BRASIL, 2018).

Por conseguinte, a presente pesquisa constata que em consonância com a lei supracitada, os professores participantes do estudo dedicam-se exclusivamente à docência como atividade profissional, embora esse não seja o único modelo de contratação para a composição do quadro docente.

A forma de contratação de professores no Brasil apresenta-se de forma variada, sendo determinada de acordo com a legislação em vigor nos âmbitos federal, estadual e municipal. Assim, observa-se a divergência entre o regime de trabalho dos docentes do ensino superior e da educação básica. Tardif e Lessard (2014) registram que:

A maioria dos professores não tem contrato de horário integral, mas, dois ou três contratos de 16 e 20 horas semanais cada um. Além disso, por conta desses contratos de meio período, diversos professores brasileiros têm que ensinar ao menos em dois estabelecimentos escolares para obter um salário minimamente decente (TARDIF e LESSARD, 2014, p. 120).

Tardif e Lessard (2014), referem ainda que, como reflexo, o professor tem que se adaptar a diversas situações, estabelecimentos e grupos de colegas, além de diversas

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disciplinas, concluindo que a carga de trabalho dos professores brasileiros provavelmente é mais pesada que a dos docentes da maioria dos países componentes da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico – OECD.

Através da análise de dados do Censo do Ensino Superior (BRASIL, 2018) referentes à evolução do número de funções docentes em exercício nas instituições públicas, de acordo com o regime de trabalho, no interstício 2014/2016, pode-se dizer que no ano de 2016 manteve-se a tendência de crescimento do número de funções docentes em exercício em tempo integral, assim como de diminuição de “horistas”. Quanto ao vínculo em tempo parcial, os percentuais de participação nesse mesmo período são praticamente estáveis.

Em análise, acreditamos que o regime de tempo integral contribui significativamente para profissionalização docente, aqui interpretada na seguinte acepção:

A profissionalização é entendida como o desenvolvimento sistemático da profissão, fundamentado na prática e na mobilização/atualização de conhecimentos especializados e no aperfeiçoamento das competências para a atividade profissional. É um processo não apenas de racionalização de conhecimentos, e sim de crescimento na perspectiva do desenvolvimento profissional (IMBERNÓN, 2000, p. 22).

Zabalza (2004) reforça essa ideia ao considerar que:

A profissionalização do formador permite dar maior sistematicidade, estabilidade e dedicação a seu trabalho (incluindo a possibilidade de abrir linhas de pesquisa específicas sobre temas de formação); as pessoas dedicadas a isso, podem se especializar, ir gerando seu próprio material e acumulando experiência e, dessa maneira, melhorariam as suas condições de trabalho, reforçariam a sua identidade profissional e estariam em condições mais favoráveis para se unir, para trocar experiências e para otimizar seus serviços (ZABALZA, 2004, p. 163).

Portanto, percebemos claramente, que o modelo de contratação em tempo integral favorece não apenas o profissional docente, mas também a instituição, refletindo-se na melhoria da qualidade do ensino e da sociedade como um todo.