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Alegações Finais por Memorial – Justiça Militar

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA-AUDITORA DA AUDITORIA DA ...º CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR.

Processo

..., já qualificado nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a Justiça Militar desta CJM, via de seu Advogado, in fine assinado, premissa máxima vênia vem, tempestivamente, perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 428 CPPM., apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos seguintes fatos, razões e fundamentos:

PRELIMINARMENTE

Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, ou seja: a) possibilidade jurídica da pretensão (consistente na previsão legal do pretendido através dela); b) o interesse de agir ou processual (que se traduz na adequada necessidade de se ir a juízo para obtenção da devida providência ou solução da lide); c) a legitimatio ad causam que corresponde a legitimação subjetiva a sua titularidade ativa (autor/MPM) e passiva (réu)1, a presente ação penal deve ser

submetida ao crivo jurisdicional, com a análise do meritum causae.

A priori não se vislumbra a presença de eventual nulidade ou mácula processual.

SÚMULA DOS FATOS

“O Ministério Público editou denúncia em desfavor do Acusado ..., ora defendente, por ter, em co-autoria com os soldados ..., supostamente infringido a norma incriminadora insculpida no art. 195 do Código Penal Militar, ns seguintes termos;

“No dia ..., durante o período compreendido entre as ... e a ... HS, o soldados ..., mesmo estando de serviço, conforme escala publicada no Boletim Interno Ostensivo ..., de ... (fls...), ausentaram-se da Base Aérea de ... para comprar bebidas alcoólicas na cidade de ..., sem autorização do Oficial –de-dia e com a anuência do Comandante-da-Guarda, 3o Sargento ...,

que participava da conduta delituosa.

Cumpre esclarecer que os militares Denunciados se cotizaram e, durante os serviços para os quais escalados, organizaram um “churrasco”, contando com a presença, inclusive, de pessoas que pertenciam aquela Unidade Militar.

As condutas delituosas acima descritas e confessadas pelos ora denunciados (fls...), subsumem-se ao tipo penal previsto no art. 195 – Abandono de posto, do Código Penal Militar, pois esses militares, agindo e em co-autoria, abandonaram, sem ordem superior os serviços que lhes cumpria antes de termina-lo, sendo que o Sargento ... possibilitou esse abandono.

Durante a instrução os Denunciados foram interrogados e inquiridas ... testemunhas arroladas pela Acusação, cujas declarações confirmaram os fatos ventilados na denuncia, acrescentando ainda que a conduta delituosa atribuída aos denunciados, não provocou prejuízo à ordem administrativa militar, dano ou perigo apta a configurar o crime capitulado no art. 195 do CPM.

Instado a emitir suas alegações derradeiras, as fls. ..., o ilustre e zeloso representante do Ministério Público Militar, em bem lançadas argumentações pugnou pela absolvição dos Acusados, reconhecendo que os fatos narrados na denúncia possuem feição e adequação nitidamente de transgressão disciplinar, fora da órbita jurisdicional desta Egrégia Corte castrense, posicionamento ao qual se comunga e adere integralmente a defesa técnica do Acusado, ora defendente.

DO DIREITO

“Um momento da conduta humana não revela o conhecimento de um homem.“

A escassa doutrina penal castrense define o crime militar, (art. 9o. CPM), como sendo a

grave e acentuada violação ao dever militar e aos valores das instituições militares.Distingue-se da transgressão disciplinar porque esta embora constitua a mesma violação, sua manifestação elementar é mais simples2 e sua ofensividade aos bens juridicamente tutelados de menor

gravidade.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,

dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável, atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno, Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.).

De forma mais singela, a concepção de crime exige uma conduta violadora da norma penal que atente de forma significativa e suficiente para repercutir contra a ordem social ou administrativa. O que vale dizer comprometa de tal forma que exija a aplicação da pena correspondente.

No ordenamento jurídico norteador da legislação militar, surge para mesma conduta increpada, diferentes interpretações no plano de aplicação da norma in abstrato, ao caso concreto, como no presente feito, onde o abandono do local de serviço tanto poderá corporificar o delito previsto no art. 195, do Código Penal Milita,r como as transgressões disciplinares previstas nos itens 17 e 19, do Regulamento Disciplinar Aeronáutica (RDAER), aprovado pelo Decreto 76.322/75, porém, como bem salientou o ilustre Representante do Ministério Público em suas alegações escritas de fls. 251/254, “o abandono do serviço praticado pelos acusados não corresponde ao fato típico, ilícito e culpável”,ou seja, não teve a gravidade suficiente para atingir o patamar de um crime militar, mas tão só, de eventual transgressão disciplinar.

As condutas atribuídas e confessadas pelos acusados violaram o dever militar, sem contudo colocar em perigo a segurança ou administração da OM3, estando, portanto, dentro da esferas das

transgressões disciplinares previstas no Decreto supracitado, e não a tipificação como o crime militar insculpido no art. 195, do CPM, que exigiria maior gravidade

Pelo Exposto, espera o Acusado _________, sejam as presentes alegações recebidas, vez que próprias e tempestivas, final acatando perecer do Ministério Público Militar, exarado as fls. ..., Este Egrégio Conselho Permanente de Justiça para a Aeronáutica, julgue improcedente a denúncia de fls. ..., para absolve-lo, pois desta forma estará restabelecendo o império do direito, da Lei e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________ OAB

Alegações Finais por Memorial – Porte Ilegal de Arma de Uso

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