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Alfabetização digital – formação do alfabetizador

Para que o trabalho com as tecnologias da comunicação e da informação nas instituições formais de ensino seja exercido de maneira satisfatória para todos os envolvidos, é necessário realizar e investir na formação do alfabetizador. Grande parte da população dos adultos ha- bitantes deste planeta tem consciência da necessidade de ter proximidade e saber manusear as inovações tecnológicas. Isso porque eles sabem como o mercado exclui aqueles que não respondem a suas condições necessárias, tornando a corrida competitiva, para ambos os lados, o mercado que almeja crescer sem limites, e os empregados que precisam do trabalho para a sobrevivência em sociedade.

Trabalhar com as crianças que serão inseridas neste mundo capitalista e globalizado, mergulhado na mais pura inovação tecnológica, é um grande desafio para os educadores. Antes de ensinar ao aluno como portar-se diante dessas tecnologias, devem primeiro se capacitar nestes avanços e sempre renovando e percebendo as evoluções ao seu redor.

Na década de 1970, segundo Lucena (2003), o Brasil tomou suas primeiras iniciativas para informatizar as escolas públicas, através da criação da Secretaria Especial de Informática (SEI), que era responsável pela coordenação e execução da Política Nacional de Informática. Retirando as falácias da defesa pela informatização do ensino público, o real motivo para tal motivação inovadora era a presença majoritária das empresas estrangeiras no Brasil, que apareciam dotadas de tecnologias comuns, para eles, e incomuns, para os brasileiros. Por um lado, estas tecnologias eram instaladas e promovidas no país, por outro, a escola estava se tornando no mais novo curso para preparar o trabalhador futuro da multinacional a se envolver com as novas tecnologias. A partir deste início pouco amedrontador, apareciam em cena, várias políticas em prol das tecnologias da comunicação e da informação no ambiente escolar. Porém, como é possível inserir as inovações, sem saber se os mediadores do conhe- cimento estão preparados para exercer esta função?

Além da preparação inicial, em seu curso de graduação, o educador precisa da formação continuada como uma realidade em sua vivência. Comparando com a velocidade das inova- ções atuais, não é possível a um educador se preparar para a utilização de tais tecnologias e pensar que estará pronto para trabalhar a vida inteira com elas. Estes cursos de formação

continuada propostos pelas secretarias municipais, estaduais, ou realizados pela iniciativa do próprio alfabetizador, não podem apresentar um caráter apenas de treinamento na utilização de tal tecnologia. Eles também devem buscar ampliar os horizontes e refletir sobre o material inovador que será um meio pedagógico de discutir, investigar e aprender.

O educador precisa saber trabalhar com as tecnologias, para não ser um mero reprodutor, como um manual de instruções. Ele pode encaminhar o aluno a fazer reflexões sobre o uso, a consequência e o conteúdo das tecnologias, propondo uma proximidade mais real e que- brando os limites das funções básicas e superficiais que rodeiam as inovações tecnológicas. Trabalhar com tecnologias, comuns aos alunos e ao professor, como a televisão, o rádio e o jornal impresso, é uma maneira de apresentar as inovações tecnológicas próximas e pro- mover a reflexão sobre estes meios de comunicação. Entretanto, este exercício de reflexão pode parecer difícil pelo contato quase que diário que os alunos mantêm. Assim, Leite (2004, p. 107) propõe:

Trata-se, então, de formar o leitor crítico (alunos e professores) ao aprender a conviver, ler e en- tender melhor os significados, mecanismos de ação e resultados práticos da influência dos meios de comunicação de massa na vida das pessoas.

Então, o educador precisa fazer com que a articulação ocorra e auxilie os alunos a viverem nesta era digital. Mais à frente, Leite (2003, p. 108) apresenta uma das funções da escola na sua relação aos meios de comunicação: “a escola reveja sua relação com os meios de comunicação, consciente da relevância dessa opção política para a sociedade”. Ou seja, investir nestes meios tão próximos das crianças, do alunado, é trabalhar com a ação política dele, desde o seu primeiro contato com a sociedade.

Após serem apresentadas as tecnologias e como elas podem ajudar no fazer pedagógico, na inserção de indivíduos na sociedade inovadora, o educador deve tomar o seu caminho. É claro que as faltas do Estado com as instituições existirão, por isso ele deve estar preocupado em desenvolver a mediação do conhecimento, de forma conectiva, onde as ligações entre o real, o imaginário, o atual, o passado, o presente, a visualização, possam ser percebidas

e a partir disto, uma concepção possa ser construída. Lucena (2003, p. 242) classifica esta atuação como um meio hipertextual; em seu texto, ela defende este termo:

Pensar na educação de forma hipertextual é pensar de forma interativa, onde a comunicação entre professor e aluno acontece bidirecionalmente e não apenas na transmissão de informações por meio de um único emissor. Desta forma, ao modificar a comunicação, o professor redimensiona a sala de aula, convidando o aluno a ser autor e co-autor das produções.

Permitindo-se atuar neste campo, comprometendo-se em continuar estudando e ino- vando, acompanhar os avanços, praticando a reflexão em sala e antes do encontro diário, são alguns passos que o alfabetizador pode realizar para que a sua prática seja estabelecida e consiga envolver seus alunos.