• Nenhum resultado encontrado

Ambas as gestoras das escolas conveniadas concordam com a questão da formação continuada dos professores com relação às tecnologias educacionais. Concordam com a presença dos cursos sugeridos pelo governo para a formação dos professores, mas a maioria das escolas municipais de Salvador funciona em casarões adaptados, onde os espaços são pequenos, as instalações elétricas precárias, como é o caso das escolas municipais Vivaldo da Costa Lima e Ruy de Lima Maltez. Assim, ainda que as professoras recebam essa formação, a escola não dispõe de espaço e equipamentos para a prática pedagógica cotidiana. As duas escolas possuem computadores na secretaria, com acesso à internet, para uso prioritário dos profissionais da escola, e as crianças não têm acesso.

A Escola Municipal Ruy de Lima Maltez recebeu vinte computadores através do projeto Cidade Educadora, que objetivou informatizar as escolas municipais. Contudo, a diretora da escola e supervisora Patrícia Sierpinska julgou adequado devolver as máquinas, uma vez que a escola não possui espaço físico para sua instalação.

Há uma queixa muito grande, por parte das gestoras e professoras das escolas, por conta do descaso com que é tratado o uso dessas tecnologias no espaço escolar público, pois reco- nhecem que atualmente um espaço escolar que desconsidera o avanço tecnológico se torna

pouco atraente; nas palavras da supervisora supracitada: “Hoje apenas o quadro e o professor não são atraentes para as crianças [...]” e analisa que “infelizmente o acesso às tecnologias não é democrático”. Isto se dá pelo fato de que estas ainda são vistas como instrumentos à parte da educação. Não atuam no âmbito da complementaridade e sim como substitutivas, o que é um grande engano.

Assim, quando há formação para o uso e a aplicação dos equipamentos, não há meios materiais para a sua realização. Não fica claro que a execução das atividades curriculares tem de estar em concomitância com o uso dessas novas tecnologias, ou seja, que elas devem caminhar no processo de ensino-aprendizagem, como complementares ao processo, jamais como substitutivas.

Conclusão

A construção deste artigo é resultado de vivências teóricas e práticas tecidas no âmbito do PIBID – Pedagogia e conhecimentos correlatos ao curso. No trabalho com o tema das tec- nologias educacionais, percebemos a gama de recursos que elas englobam, e como podem melhorar, estratificar ou desorganizar o fazer pedagógico. Portanto, é de extrema importância que os profissionais de educação estejam atentos a tal uso, tanto quanto ao domínio crítico desses conhecimentos, tendo em vista, individual e coletivamente, quais impactos o uso dessas tecnologias pode exercer socialmente.

Não se trata aqui de virtualizar o ensino tradicional e achar que ingressamos numa nova era. A ênfase é dada ao fato de que a tecnologia, como apoio ao ensino, é limitada e até desnecessária. Ela perfaz um caminho muito mais longo do que é apresentado. O que se pretende é que a tecnologia seja usada como uma ferramenta para a aprendizagem. A postura pedagógica dos professores e professoras define qual utilização será feita. É necessário investir na formação continuada desses profissionais para o uso pedagógico das tecnologias disponí- veis, e não limitar a dimensão da tecnologia educacional a cursos de informática básica, por exemplo. A informática instrumental é apenas um fim em si mesmo, seu uso não se valida por si só, enquanto a informática pedagógica é um meio para a aprendizagem dos alunos.

Referências

BONILLA, Maria Helena. O Brasil e a alfabetização digital. Jornal da Ciência. Rio de Janeiro, p. 7, 13 abr. 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva. Brasília, 2008.

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-014/2011/Decreto/D7611.htm#art11>. Acesso em: 14 dez. 2011. BUZATO, Marcelo E. K. Letramento digital abre portas para o conhecimento. EducaRede, 2003. Entrevista por Olivia Rangel Joffily. <www.educarede.org.br>. Acesso em: 18 de agos. 2011. CARVALHO NETO, Cassiano Zeferino de; MELO, Maria Taís de. E agora professor? Por uma

pedagogia vivencial. São Paulo. Laborciência Editora, 1997.

CUNHA, A. G. Dicionário etimológico nova fronteira da língua portuguesa. São Paulo. Nova Fronteira, 1982.

FERRARI, Márcio. Lawrence Stenhouse: o defensor da pesquisa no dia-a-dia. Grandes pensadores. São Paulo, n. 19, p.119 -121, 2008.

LEITE, Lígia Silva. (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. Colaboração de Cláudia Lopes Pocho, Márcia de Medeiros Aguiar, Marisa Narcizo Sampaio. 2. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004.

LÉVy, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro. Editora 34, 1999.

LUCENA, Simone de. A internet como espaço de construção no conhecimento. In: NOVA, Cristiane; ALVES, Lynn. (Org.). Educação e Tecnologia: Trilhando Caminhos. Salvador. Editora da UNEB, 2003. p. 236 – 250.

MADJAROF, Rosana. Sócrates. (2005). Disponível em: <http://www.mundodosfilosofos.com.br/ socrates.htm>. Acesso em: 15 jun. 2011.

MELO NETO, José Augusto de. Tecnologia educacional: formação de professores no labirinto de ciberespaço. Rio de Janeiro. Editora Memvavmem, 2007.

RADABAUGH, Mary Pat. Study on the Financing of Assistive Technology Devices of Services for

Individuals with Disabilities - a report to the president and the congress of the United State, National

Council on Disability. Washington, DC: National Council on Disability, 1993.

RAMOS, Menandro. As tecnologias contemporâneas e os desafios para a escola com futuro. Revista

FACED. Salvador, n. 6, 2002. Disponível em: <http://www.portalseer.ufba.br/index.php/rfaced/ article/view/2780/1958>.

SILVA, Helena et al. Inclusão digital e educação para a competência informacional: uma questão de ética e cidadania. Ci. Inf., Brasília, v. 34, n. 1, p.28-36, jan./abr. 2005. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/ci/v34n1/a04v34n1.pdf>. Acesso: em 15 de junho de 2011.

VALENTE, José Armando. Por que o computador na educação. In: ______. Computadores e

conhecimento: repensando a educação. Campinas: Unicamp, 1993.

XAVIER, Antonio C. dos Santos. Letramento digital e ensino. [2007]. Disponível em: <http://www. ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2011.

CAPÍTULO 6

Memórias de uma experiência