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Tecnologias da comunicação e da informação

A era das tecnologias da comunicação e da informação parece não findar. A cada ano, um avanço é lançado e apresentado aos espectadores deste grande espetáculo de larga escala. Neste mundo globalizado, onde as tecnologias encantam, e em ocasiões desencantam, muitas realidades e explicações são mantidas debaixo do pano e suscitam perguntas que geram o desejo de respostas rápidas. São apenas estas novíssimas tecnologias que fazem a diferen- ça? Qual é o grau de importância que elas apresentam, atualmente, para os indivíduos? São todos que possuem o direito de acesso? Como ensinar o uso destas tecnologias que tendem apenas ao avanço? É claro que o bombardeio de questões não leva a uma resposta pronta e veloz, mas o exercício da reflexão proporciona a revisão de ações e mudanças, a partir da vida singular do indivíduo e sua participação na sociedade.

Ao longo da história, foram observados diversos meios de inovação por parte do ser humano. Lugares inalcançáveis, sabores distintos, armamentos pesados, conquistas imen- suráveis, batalhas derradeiras, comunicação mais rápida, informação compartilhada em velocidades absurdas, acesso ao mundo com simples cliques, todos estes exemplos e milha- res de outros foram alcançados pelo homem, com apenas uma necessidade: facilitar a sua vida. Entretanto, estas tecnologias vistas no cotidiano não são, em sua grande maioria, as mesmas que facilitaram a vida dos antepassados. Alguns estudiosos deste tema propõem a divisão de cinco gerações que classificam e organizam a evolução dos tipos de tecnologia da comunicação e da informação.

A primeira geração é marcada pelos suportes mais simples. Para propagar as teorias e pensamentos do seu líder Sócrates, Platão foi um dos únicos que registraram os diálogos de aprendizagem e reflexão que são tão conhecidos pelo mundo. Utilizando-se apenas da voz do seu mestre e da sua capacidade de escrever desenvolveu, segundo Madjarof(2005), a grande

história do pensamento de Sócrates, bem como a sua biografia. Não se estendendo muito na história, pode-se perceber a utilização de mapas para definições de territórios e como meio de conquista de outras nações.

A segunda geração, por sua vez, introduz um material tão utilizado por todo o mundo, o livro impresso. Com a cultura letrada, que começava a apreciar a literatura clássica, o belo das poesias e poemas, a graça do teatro, e as letras que envolviam as melodias das músicas, os povos se interessaram em gravar essas conquistas humanas em materiais impressos, com o objetivo de torná-las sólidas e difundi-las por gerações.

A cultura audiovisual abrange a terceira geração, que se apresenta munida de recursos visuais em questões de chamar a atenção e divulgar a informação e o conhecimento de diversos meios. A fotografia, o rádio, o vídeo, o cinema e a televisão aparecem em cena por- tando o poder da imagem e do som, pelas casas, estabelecimentos, ruas, escolas, invadindo a sociedade por completo.

Com o processo contínuo de inovações, a quarta geração expõe a vivacidade do compu- tador. O objetivo de sua construção e operação era auxiliar em assuntos de guerra, porém seu desempenho foi tão bem apresentado que, sob os olhos do poderio capitalista, ampliou seus limites e alcançou as centenas de casas do globo. Juntamente com o computador, a internet se integra a esta geração, possibilitando uma conexão mais veloz entre pontos geograficamente separados, unindo o planeta em questões de bytes.

Para encerrar as divisões de gerações, a quinta e atual, volta-se para as tecnologias com aspectos e tamanhos compactos, mostrando o quanto podem evoluir e suas proporções dimi- nuir, propondo o uso fácil e de portabilidade acessível para todos que as desfrutam. A linha dos “i”: iPod, iPad, iPhone, e a outra linha dos “m” Mp3, mp4, mp5, são exemplos desta geração.

Analisando as gerações que permeiam a história das tecnologias, é notório perceber quanto o ser humano buscou a facilidade e a criação de pontes que o auxiliassem em seus avanços. Tais atividades tornaram-se essenciais na vida das pessoas que, atualmente, não param de produzir novas tecnologias e melhorar outras. Em algumas nações, o pensar na vida sem as novas tecnologias revela-se como um mito, desvendando o fator dependência

que as tecnologias guardam, e muitos conseguem se prender a ponto de não conseguirem vislumbrar o mundo sem as tecnologias inovadoras.

O lema apresentado no cartaz das novas tecnologias da comunicação e da informação remete ao poder de conectar todas as partes do globo em um único mundo. A capacidade de unir diversas nações, linguagens desconhecidas, visões opostas, pensamentos divergentes e colocá-los em um mesmo cesto é dedicada a estes avanços. Porém, é correto afirmar que todas as nações recebem este aparato tecnológico e conseguem realizar essas articulações com os seus vizinhos globais? Não. Existe um ponto que deve ser revisto na questão da acessibilidade às inovações. Mesmo percebendo o barateamento das máquinas e o fácil acesso às bandas largas da internet, ainda há muito que ser feito para as nações consideradas subdesenvolvi- das, que não possuem capital suficiente e acabam sendo marginalizadas, perdendo o acesso a este novo mundo.

A partir desta situação, como a escola deve proceder em suas ações? Sabe-se que o ponto de partida do contato de um indivíduo com a sociedade em que ele está inserido se dá, na maioria das vezes, nas instituições formais de ensino. Os governos mundiais estão interessa- dos em apresentar as tecnologias na escola, como uma forma de proximidade do instrumento novo ou uma forma de criar novos clientes? Muito se vê em propostas de aplicar o ensino da informática, a compra de computadores e instrumentos audiovisuais para escolas, mas será que todas estas promessas são uma forma de criar mais um espaço na instituição formal, sem o trabalho do professor?

É inevitável pensar em trabalhar com as tecnologias na sala de aula, porém o que precisa ser revisto é o objetivo central deste trabalho. Ramos (2002) propõe em seu artigo que “[...] precisamos ter coragem para propor o inusitado, para ousar, para transgredir, para construir coletivamente novas regras”. E ainda conclui que “[...] não tem sentido [...] a educação num mundo de comunicação como este a que chegamos prender-se às soluções legitimadas apenas em outros contextos históricos”. O inovar é preciso, mas o refletir faz parte do exercício do docente. Compreendendo o mundo em que participa e atua, o educador saberá que a alfa- betização digital deve ser realidade em sua instituição, para que seu aluno, o outro cidadão, se insira neste mundo cada vez mais globalizado.