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Algumas propostas metodológicas para o uso de canções no ensino de EFL e ESL

Nesta seção, são descritas e comentadas algumas experiências e metodologias para o uso de canções no ensino de EFL sem objetivos cul- turais sistemáticos, com os respectivos créditos das fontes.

Suzanne L. Medina, da Escola de Educação da California State University, em um artigo intitulado “Using music to enhance second language

vocabulary acquisition”, compara os benefícios do uso de canções na apren- dizagem de vocabulário às histórias orais. Na sua parte teórica, o artigo explora os aspectos psicológicos da atividade com música em sala de aula, pelo aspecto propiciatório à memorização e levanta questiona- mentos sobre a interação de atividades lingüísticas e não-lingüísticas (como ilustrações). Em seguida, ela descreve a sua pesquisa de campo, realizada com um grupo de estudantes das séries iniciais do ensino fun- damental, possuidor de limitado vocabulário em inglês, formado por imigrantes hispânicos na Califórnia.

Foi apresentada uma mesma história a grupos diferentes, com vocabulário apropriado, em duas versões em fita de áudio: uma falada e outra cantada. No pós-teste, verificou-se uma maior eficiência da histó- ria em forma de canção como recurso didático para aquisição de novo vocabulário. A autora, então, recomenda que o uso de canções passe a fazer parte do núcleo dos currículos dos cursos de ESL, em vez de figura- rem como atividade recreativa.

Em outro artigo de Suzanne L. Medina, intitulado “Songs + techniques = enhanced language acquisition”, publicado no MEXTESOL Journal, são apresentadas descrições de algumas atividades com o uso de canções no ensino de ESL, sendo algumas delas inovadoras, as quais re- sumo a seguir:

a) Dance to the music: com o fundo musical da canção a ser apren- dida, os alunos discutem as coreografias para dançá-la. O objetivo desta atividade é proporcionar o aprendizado da melodia antes da letra, através de uma metodologia que não apresenta instruções explícitas pelo professor.

b) Antecipation: o professor distribui previamente uma pequena lista com vocábulos que estarão na letra da canção a ser apresen- tada. Os estudantes, em grupos de três, utilizam técnicas variadas de aprendizagem de vocabulário, como consulta a dicionários, con-

sulta aos colegas etc. Os grupos apresentam os resultados dos tra- balhos em um rápido painel, de preferência expressando-se ape- nas em inglês, ou com a ajuda de figuras, realia, mímica, gestos, role play etc.

c) Musical drama: a letra da canção é previamente distribuída aos grupos de três ou quatro alunos (de preferência na aula anterior) com os vocábulos a serem introduzidos, sublinhados. Cada grupo explicará um dado número de palavras à classe, apresentando-se. Após rápida reunião entre seus membros, para definição das es- tratégias, os grupos se apresentarão, explicando o significado das palavras através de dramatização. Enquanto os “atores” se exi- bem, a canção é tocada ao fundo.

Brian Cullen e Kazuyoshi Sato, respectivamente do Instituto de Tecnologia de Nagoia e do Nagoya College of Foreign Studies, no Japão, em “Practical techniques for teaching culture in the EFL classroom”, ensaio veicu- lado pela Internet, buscam atingir o que eles denominam de cultural texture, ou seja, o somatório de aspectos culturais necessários no ensino de EFL. Pode-se observar, aqui, que existem diferenças no distanciamento cultural entre o Japão e os países de língua inglesa, e entre o Brasil e esses mesmos países. As técnicas de imersão cultural nas aulas de EFL inclu- em, por exemplo, recursos como vídeo, CD, TV, leituras, Internet, histó- rias, jornais, realia, trabalhos de campo, entrevistas, palestrantes convi- dados, anedotas, fotografias, pesquisas de opinião, ilustrações, literatu- ra e, o que nos interessa mais especificamente, canções.

A proposta geral do trabalho, que não é descrita em detalhes, dei- xando assim o espaço para a criatividade do professor, baseia-se nos cha- mados selling points, fundamentados em aspectos/valores contrastantes entre a cultura do estudante e a dos diversos povos de língua inglesa, como por exemplo: atrativo versus chocante, similaridades versus diferenças, aspectos sombrios versus aspectos alegres, fatos versus comportamentos,

tradição versus modernidade, idosos versus jovens, vida no campo versus vida na cidade, crenças arraigadas versus comportamento atual.

Os autores chamam a atenção para o fato de que, sem motivação e materiais eficientes, os estudantes não serão capazes de discutir ou emitir opinião sobre aspectos culturais de outros povos. Sugere-se aqui, com base nos parâmetros do artigo em apreço, a escolha prévia dos obje- tivos culturais para o trabalho com canções e uma prévia motivação, através de material informativo, dando suporte ao aspecto cultural a ser abordado na letra, melodia, interpretação, arranjo e efeitos especiais da canção a ser introduzida.

Um breve artigo de Duane P. Flowers, “Teaching English with songs and music”, apresenta técnicas simples para o trabalho com canções, al- gumas já amplamente utilizadas por professores brasileiros, como:

a) Blanks – após a escolha prévia das canções, pelos próprios alu- nos, as letras são distribuídas com lacunas, para que os estudan- tes, durante a audição da canção, completem corretamente. Esta metodologia é ideal como auxiliar no estudo dos tempos verbais. Pode ser utilizada como atividade extra-classe.

b) Strips of paper – Recortar a letra da canção em tiras (um verso cada). Dois grupos de estudantes tentarão montar o mais rapida- mente possível a letra, após uma ou duas audições.

c) Relaxation – Canções suaves como fundo musical. Apenas para relaxar e propiciar um bom clima de aprendizagem em sala de aula.

d) Guided fantasy – Os estudantes estarão de olhos fechados. Co- locar a canção como fundo musical e ler em voz alta a sua letra, que deve ser bem imaginativa. Os estudantes deverão expressar o que imaginaram com a apresentação da canção, livremente. Esta é uma atividade recomendável para um primeiro dia de aula. Isaiah Wonho Yoo, do Centro Americano de Línguas, da Universi-

dade da Califórnia, no seu artigo “Focused listening with songs”, sugere que a atividade com canções deve partir de uma avaliação do grau de complexidade da letra em relação ao nível dos estudantes, em termos gramaticais e fonológicos. Ressalta, entretanto, que as letras das canções devem apresentar expressões relevantes e motivadoras, do tipo you should have known better (você deveria conhecer melhor) ou although it may seem impossible (embora pareça impossível). Presume-se, assim, que, embora enfocando conteúdos lingüísticos, o autor acredita que os significados positivos apresentados nas letras são altamente relevantes para estimu- lar a dimensão humanística que a aula de EFL pode assumir.

Vários procedimentos metodológicos, como os que foram aqui ci- tados são encontrados em sites atualizados disponíveis na Internet, sen- do que, em alguns casos, os autores dos artigos fornecem seus e-mails para troca de correspondência.

O uso de canções no ensino de EFL: