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4.5. Tratamento dos Dados

4.5.1. Análise de Conteúdo

O tratamento dos dados qualitativos fez-se segundo a técnica de análise de conteúdo. Esta entendida como “uma técnica que consiste em avaliar de forma sistemática um corpo de texto (ou material audiovisual), por forma a desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases/temas considerados ‘chave’ que possibilitem uma comparação posterior (…)” (Coutinho, 2011, p. 193), foi tomada como unidade de análise um conjunto de palavras / frase(s) com significação para as categorias do modelo construído.

As categorias não surgiram como um produto final, antes porém foram emergindo, num primeiro momento, a partir do interesse pelo tema em estudo e dos conhecimentos adquiridos durante a

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revisão bibliográfica, e posteriormente foram evoluindo à medida que se avançava a investigação, o que permitiu através de sucessivos ensaios, estabelecer um plano de categorias que resulta, simultaneamente, da problemática teórica e das características concretas dos materiais em análise. Neste processo foi determinante a “leitura flutuante” do corpus de dados recolhido. Assim, sendo a análise de conteúdo de tipo exploratório, foram definidas três categorias para o Processo de

Formação e outras três para os Elementos de Concretização de orientação PC/TIC para a

compreensão alargada do Desenvolvimento Profissional dos Professores ao longo da Oficina de Formação. Concretamente, para a definição das categorias da dimensão Processo de Formação, seguiu-se a postura “ideográfica” – as categorias foram construídas a partir dos próprios dados – e quanto aos Elementos de Concretização de orientação PC/TIC, o conjunto de categorias decorreu da adaptação do quadro teórico previamente estabelecido no estudo de Vieira (2003) ao contexto EFA-NS. Cada categoria foi subdividida num conjunto de indicadores que explicitam as características a abranger nessa mesma categoria e, consequentemente, os descritores inerentes às competências a mobilizar pela Oficina de Formação. Os quadros que se seguem apresentam o sistema de categorias construído no presente estudo.

Dimensão Categorias Indicadores Descritores

P R O C E SS O D E F O R MA Ç Ã O

Reflexão sobre as práticas anteriores à Oficina

Descreve ou apresenta

características e/ou

experiências da… (i) utilização das TIC (em EFA-NS)

(ii) mobilização das capacidades do PC (em EFA-NS)

Reconhece e partilha deficit

na… Reflexão sobre as

competências adquiridas / em desenvolvimento na Oficina

Expõe dúvidas e/ou procura

explicações para aspetos da…

Integra novos conhecimentos

teórico/práticos no contexto EFA-NS e reequaciona-o na… Reflexão sobre a

implementação das práticas desenvolvidas na Oficina

Sugere formas/propostas

concretas para…

Reformula prioridades e assume compromisso com…

Quadro 4.7. Sistema de Categorias Construído para Avaliar os Impactes da Oficina no Desenvolvimento Profissional dos Professores – Processo de Formação

113 Dimensão Categorias Indicadores

E L E M E N T O S D E C O N C R E T IZ A Ç Ã O D A O R IE N T A Ç Ã O P C /T IC

Estratégias Utilização de estratégias diversificadas como pesquisa, painéis de discussão, debate, inquérito, tempestade de ideias, escrita de ensaios argumentativos e mapa de conceitos.

Opção pelo trabalho em grupo tipo colaborativo suportado por diferentes ferramentas colaborativas. Eleição de algumas questões da taxonomia de Ennis, no questionamento orientado, para o desenvolvimento das capacidades de PC.

Recursos/materiais Utilização de taxonomia de Ennis (PC) para desenvolver materiais ou orientar a exploração de artigos de jornais, revistas, vídeos (documentários, entrevistas, blocos noticiosos) e imagens relacionadas com questões de dimensão social, económico, tecnológico e científico. Seleção de ferramentas colaborativas para o desenvolvimento da(s) proposta(s) de trabalho.

Aplicação de proposta(s) de trabalho intencionalmente (re)construída, como guiões de atividade, para o desenvolvimento das capacidades de PC em articulação com a integração de ferramentas colaborativas.

Ambiente Espaço de cooperação, interatividade, empatia e aceitação das diferenças e dificuldades dos alunos/formandos no trabalho/aprendizagem com TIC. Momento(s) de reflexão e questionamento, onde os formandos são encorajados a trabalhar com as ferramentas colaborativas e a desenvolver as capacidades de PC nas propostas de trabalho.

Para a validação do modelo construído a Investigadora contou com as sugestões de outros investigadores e da análise dos orientadores para o confronto das categorias de análise, serem (ou não) representativas, dos aspetos do problema em estudo (Bardin, 1991; Coutinho, 2010).

Relativamente à exploração do material – momento de codificação – o corpus de dados foi analisado pela Investigadora, tendo em conta os indicadores definidos, extraindo-se diferentes unidades de registo (recorte) de acordo com o grau de concordância com as categorias. Neste trabalho recorremos ao programa de análise de dados qualitativos WebQDA - software de análise

Quadro 4.8. Sistema de Categorias Construído para Avaliar os Impactes da Oficina no Desenvolvimento Profissional dos Professores – Elementos de Concretização da Orientação PC/TIC

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de dados qualitativos num ambiente colaborativo distribuído, desenvolvido pela Universidade de Aveiro. Este programa permite desenvolver projetos criando uma base de dados (multimédia) com categorias organizadas em forma de árvore ou categorias livres, através das quais se podem guardar, codificar, indexar e classificar segmentos de informação (textual, imagem ou vídeo) com a possibilidade de recuperar e recodificar essa informação. Cada projeto é um ficheiro eletrónico

online que contém todos os documentos, anotações, categorias, questionamentos e resultados

relativos a uma investigação. Para cada documento (fonte) podemos anexar um conjunto de atributos que o caracterizam (por exemplo: tempo de recolha, intervenientes, idade, tipo de documento) e indexar cada segmento de informação (texto, áudio ou vídeo) a uma categoria, por exemplo: reflexão sobre as práticas anteriores à Oficina, reflexão sobre as competências adquiridas na Oficina e reflexão sobre a implementação das práticas desenvolvidas na Oficina. No nosso estudo os sistemas de categorias foram construídos em nós em árvore, sendo a(s) categoria(s) o nó aglutinador (principal) a partir do qual se estruturaram sub nós (gerações) indexados aos indicadores e aos descritores definidos. Neste sentido, foram codificadas 283 unidades de análise na dimensão Processo de Formação e 189 unidades de análise na dimensão

Elementos de Concretização da Orientação PC/TIC.

Também, usamos da possibilidade da construção de nós livres no WebQDA, à medida que da leitura das fontes de informação emergiam outras categorias importantes para a análise de conteúdo. São exemplo: trabalho colaborativo entre os professores, primeiras impressões sobre a Oficina, papel da formadora, ambiente de formação da Oficina, entre outras.

Numa primeira fase a frequência de unidades de registo em cada categoria e respetivos indicadores (enumeração) foram tomados na análise global de cada dimensão, tendo sido posteriormente adotada a busca dos significados que se ocultam no texto – hermenêutica – constituindo-se uma dialética entre os componentes, enumeração, e o texto em si, interpretação (Coutinho, 2011). No sentido de aumentar a credibilidade do estudo de caso, as sínteses que foram elaboradas, bem como as inferências e interpretações efetuadas, foram objeto de revisão de pares (peer debriefing), no nosso caso Doutor Rui Vieira e Doutor António Moreira, e são apresentadas ao longo do próximo capítulo.