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Nesta secção pretende-se apresentar o trabalho que foi desenvolvido em cada etapa do estudo. Este pressupôs a escrita e apresentação pública do pré projeto que traçou, ainda que de modo transigente, o enquadramento teórico, a seleção dos sujeitos, as técnicas e os instrumentos de recolha de dados. Ainda assim, foi relevante esse trabalho inicial, pois possibilitou refletir e (re)construir alguns aspetos relacionados com as questões de investigação, assim como as estratégias de formação na Oficina.

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Neste contexto, descreve-se, em linhas gerais, as quatro etapas do estudo seguidas, tendo em conta o desenvolvimento da Oficina de Formação para professores (de cursos EFA-NS), bem como a aplicação do Teste de Pensamento Crítico de Cornell (Nível X), no quadro da recolha de dados. Assim, a tabela que se segue apresenta as etapas do estudo com relação aos objetivos estabelecidos e respetiva calendarização.

Etapas Objetivos Calendarização

1ª Etapa A. Caracterizar as conceções dos professores ao nível da utilização

das ferramentas da Web 2.0 em contexto EFA-NS

setembro a dezembro de 2011

2ª Etapa B. Caracterizar o (pré) nível de capacidades de PC de

adultos/formandos de cursos EFA-NS

novembro a dezembro de 2011

3ª Etapa

C. Desenvolver uma Oficina de Formação para a infusão do PC em articulação com a utilização /integração de ferramentas da Web 2.0 no desenvolvimento de materiais/atividades em contexto EFA-NS;

D. Moderar e participar na comunidade EF@ - discussão de questões ligadas aos desafios (oportunidades e obstáculos TIC/PC) ao alcance da Educação e Formação de Adultos;

E. Acompanhar e apoiar a implementação dos materiais/atividades desenvolvidos na Oficina

outubro de 2010 a junho de 2011

4ª Etapa F. Caracterizar o (pós) nível de capacidades de PC de

adultos/formandos de cursos EFA-NS

junho a julho de 2011

Uma vez que o estudo desenvolvido pressupôs o desenvolvimento de uma Oficina de Formação para professores, considerou-se necessário, não só estudar o caso dos professores que frequentaram a referida Oficina, como também, determinar o seu impacte no nível do Pensamento Crítico dos alunos, através da sua medição antes (pré teste) e depois (pós teste) da Oficina de Formação. Para tal, foi necessário decidir qual o instrumento adequado para a recolha dos dados necessários para o efeito, tendo recaído a opção da Investigadora no Teste de Pensamento Crítico de Cornell (Nível X), instrumento detalhado na subsecção 4.3.1. Tendo em conta que, por uma lado, existia uma bateria de teste disponíveis na Universidade de Aveiro e, por outro, as turmas de cursos EFA-NS são instáveis2 nos primeiros meses do primeiro período, a Investigadora decidiu

2Esta instabilidade advém por exemplo do facto dos alunos poderem fazer a sua matrícula até dezembro, e por isso entrarem mais

tarde nas turmas. Ou no caso inverso, desistirem da formação e abandonarem a turma. Deste modo, o número de alunos nas turmas dos cursos EFA-NS só adquire uma estrutura definitiva após dois a três meses do início da formação.

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focalizar-se na caracterização das conceções e práticas dos professores na utilização das TIC nos cursos EFA-NS – 1ª Etapa. Para o efeito, elaborou e aplicou um questionário (subsecção 4.3.2.1.) aos professores da escola A. Enquanto decorria a aplicação do questionário online, avançou-se para a 2ª Etapa - caracterizar o (pré) nível de capacidades de Pensamento Crítico dos alunos de cursos EFA-NS. Como o modelo de investigação adotado para o estudo foi de natureza misto, exigindo para a avaliação do nível de capacidades de PC dos alunos um grupo de controlo, a Investigadora encetou alguns contatos, com outras escolas, para obter destas a anuência para aplicação do Teste de Pensamento Crítico de Cornell (Nível X), já que, quando um estudo envolve a análise de mudanças entre a fase da pré e pós testagem, é geralmente importante usar um grupo de controlo (Baron & Sternberg, 1987 apud Ramos, 2005, p. 38). O grupo de controlo foi, então, disponibilizado na escola B, e a 9 de Dezembro de 2010, concluía-se a pré testagem. A 3ª Etapa teve início no mês de outubro, com a elaboração dos formulários (apêndice A e B) para acreditação da Oficina de Formação junto do CCPFC. Desde então, e tendo por base os dados obtidos no questionário 1, foi elaborado o plano das sessões de formação da Oficina (apêndice C) com enfoque nos objetivos da sessão, metodologia a implementar e apresentação das tarefas a desenvolver pelos professores em formação.

Todo o trabalho desenvolvido nesta etapa do estudo centrou-se na conceção, produção, implementação e avaliação da Oficina de Formação. Estes momentos foram apresentados com maior detalhe no capítulo anterior. Relembramos que a produção da Oficina de Formação contemplou o estabelecimento de vertentes e fases de formação, as estratégias de formação, o ambiente de formação, assim como os recursos produzidos e usados. Na sequência dos trabalhos de formação seguiu-se a implementação das atividades, construídas na Oficina, nas sessões de formação dos cursos EFA-NS da escola A. Estas atividades, foram desenvolvidas dentro Núcleo Gerador que cada professor estava a trabalhar e tiveram como tema de desenvolvimento os definidos por cada Domínio de Referência (DR) de acordo com o Referencial de Competências- Chave. O quadro que segue (na página seguinte) mostra o conjunto de temas que foram alvo de desenvolvimento de atividades na Oficina de Formação e consequentemente implementadas nas turmas de alunos EFA-NS dos professores.

Como instrumentos de recolha de dados, foi utilizado o Diário da Investigadora composto pela observação das sessões de grupo, observação das sessões de acompanhamento e reflexões da Investigadora/Formadora, anteriormente apresentado na secção 4.3.3. A par deste instrumento aplicou-se um questionário de avaliação da Oficina na última sessão (subsecção 4.3.2.2.). Ainda se considerou como fonte de dados relevante para o estudo, as reflexões dos professores durante e após a Oficina, e os posts referentes ao fórum e blogs na comunidade EF@.

Findo o trabalho da Oficina de Formação de professores, procedeu-se de novo à aplicação do Teste de Pensamento Crítico de Cornell (Nível X) ao grupo de controlo e ao grupo experimental – 4ª Etapa. Por razões anteriormente explicadas na subsecção 4.3.1, a administração do teste ao grupo de controlo teve que ser realizada em dois momentos diferentes.

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Formação

de Base Núcleo Gerador Domínio de Referência Tema

CLC NG 3: Saúde DR43 Patologias e Prevenção

CLC NG 5: Tecnologias de Informação e Comunicação

DR44 Redes e Tecnologias

CLC NG 6: Urbanismo e Mobilidades DR45 Mobilidades Locais e Globais CP NG 4: Identidade e Alteridade DR36 Políticas Públicas

STC NG 5: Tecnologias de Informação e Comunicação

DR47 A internet

STC NG 6: Urbanismo e Mobilidades DR48 As migrações

STC NG 7: Saberes Fundamentais DR49 Leis e Modelos Científicos

Em geral, os alunos do grupo experimental tinham, pelo menos, realizado uma a duas atividades construídas na Oficina, para além de outras pequenas tarefas que os professores foram realizando e experimentando com os seus alunos, logo após as primeiras sessões da Oficina. Por exemplo, alguns professores passaram a pedir textos escritos na forma colaborativa no GoogleDocs em vez de trabalhos individuais em Word, ou construção de frisos cronológicos na ferramenta colaborativa Dipity. Outros, reformularam algumas questões e/ou enriqueceram as atividades tendo em atenção a taxonomia de Ennis. E ainda, outros professores passaram a diversificar as estratégias de formação, pedindo aos alunos outro tipo de trabalhos, como por exemplo: mapas de conceitos, inquérito, pesquisa, apresentações no Prezi com inclusão de vídeos e/ou fotos.

Em síntese, o estudo apresentado tem como foco o processo de formação dos professores na Oficina, na qual a infusão do Pensamento Crítico, as ferramentas da Web 2.0 e o trabalho colaborativo ampliado pela comunidade EF@, guiaram a tarefa de proporcionar aos professores o conhecimento e consciencialização das suas práticas educativas e formativas ao nível dos cursos EFA-NS, assim como, a (re)construção de conhecimentos sobre Pensamento Crítico e ferramentas da Web 2.0 que viabilizassem a construção e implementação de atividades com orientação PC/TIC nas suas turmas. A fim de reconhecer a influência das referidas atividades,

3Mobilizar saberes culturais, linguísticos e comunicacionais para lidar com patologias e cuidados preventivos relacionados com o

envelhecimento e o aumento da esperança de vida.

4 Perceber os impactos das redes de internet nos hábitos percetivos, desenvolvendo uma atitude crítica face aos conteúdos aí disponibilizados.

5 Relacionar mobilidades e fluxos migratórios com a disseminação de patrimónios linguísticos e culturais e seus impactos. 6 Identificar e avaliar políticas públicas de acolhimento face à diversidade de identidades.

7 Relacionar a evolução das redes tecnológicas com as redes sociais.

8 Reconhecer diferentes formas de mobilidade territorial – local e global – e sua evolução.

9 Mobilizar o saber formal na interpretação de leis e modelos científicos num contexto de coexistência de estabilidade e mudança. Quadro 4.6. Temas de Desenvolvimento nas Atividades Produzidas na Oficina de Formação

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nomeadamente ao nível das capacidades do Pensamento Crítico, considerou-se pertinente aplicar o Teste de Pensamento Crítico de Cornell (Nível X). Pelo referido, e atendendo aos critérios de aplicação do teste, este foi administrado antes (pré testagem) e depois (pós testagem) da Oficina num grupo experimental e outro de controlo de alunos. Como tratamento experimental reconhecem-se as atividades com orientação PC/TIC implementadas pelos professores com os seus alunos. Neste sentido, procuram-se impactes da Oficina, não só no desenvolvimento profissional dos professores ao nível da relação PC/TIC no contexto EFA-NS, como também, e de forma complementar, no nível de capacidades de Pensamento Crítico dos alunos.