III – Formulação do Estudo
3.1.3 Análise de precedentes ao estudo.
Facilmente se compreende o crescente impacto que os sistemas tecnológicos sociais e abertos estão a ter na formação de novos contextos de aprendizagem. As plataformas sociais como o Facebook e o Twitter estão a atuar como agentes de mudança em diversas áreas, do mundo dos negócios ao governo, das grandes organizações internacionais às pequenas escolas longe das cidades, todos estamos a ser diariamente afetados na forma como partilhamos informação e até como nos relacionamos como os nossos pares.
Não é de estranhar por isso que o domínio da educação e da aprendizagem se tenha tornado num campo fértil onde educadores e teóricos começam a reconhecer a importância incontornável destes sistemas na implementação de novas metodologias de comunicação, aprendizagem e educação. Depois do boom da procura das plataformas de gestão das aprendizagens, os wikis, blogs, microblogs, os podcast, sites que incluem Mashups40, os mundos virtuais, os sistemas de recomendação/avaliação, os repositórios sociais e os sistemas tecnológicos sociais destinados ao taggig/bookmarking, estão a revolucionar o comportamento das pessoas na Web habituando-as a um espaço educativo aberto onde é natural pedir suporte na aquisição de conhecimento, aceder a informação atualizada, manipular e processar informação de diversas origens, organizar e partilhar novos conhecimentos gratuitamente.
O sentido social da educação é hoje entendido como um fenómeno dinâmico, ubíquo, distribuído, em tempo real, colaborativo, intuitivo, de muitos para muitos, baseado no valor e personalizado. E enquanto as pessoas mais resistentes à mudança se preocupam com questões como a privacidade, o risco e a segurança, os sistemas tecnológicos sociais não param e continuam a evoluir revelando-se num fator determinante no suporte à aprendizagem formal e informal.
As potencialidades dos contextos sociais vêm reforçar as vantagens oferecidas pelas estratégias de “aprendizagem coletiva” defendidas por investigadores como Agarwal (2011, p. 37). À medida que o paradigma “aprender fazendo” ganha popularidade, um pouco por todo o mundo, estabelecem-se as condições ideais para a redescoberta e consolidação do conceito de “aprendizagem ativa” lançado por Bonwell e Eison (1991) e que ainda assume, nos dias de hoje, um relevo importante nos trabalhos de
investigadores como McKinney (2010). Estes investigadores popularizam as vantagens deste conceito enfatizando o aumento da responsabilidade dos alunos pelas suas próprias aprendizagens e a vantagem de os incentivar a participar ativamente enquanto desenvolvem ações de interajuda. O efeito destas práticas capacita os alunos com a possibilidade de reterem conhecimentos com maior facilidade e conservá-los durante muito tempo.
A aprendizagem coletiva favorece, simultaneamente, um maior envolvimento cognitivo e comportamental. No entanto, Agarwal (2011) argumenta que, apesar dos benefícios evidentes deste tipo de estratégia baseada na aprendizagem ativa, é importante que o suporte tecnológico e a presença do professor contribuam para a manutenção da motivação dos alunos face aos trabalhos de grupo. O estabelecimento da confiança entre pares, o sentido de pertença à comunidade, o desenvolvimento do espírito crítico, o favorecimento da capacidade técnica, o amadurecimento da experiência e o desenvolvimento da autonomia são fatores determinantes na sustentação do sucesso de comunidades de aprendizagem colaborativa deste tipo. Exige-se por isso que os sistemas tecnológicos on-line que garantem esse suporte se configurem numa resposta direta a cada um desses fatores.
Para facilitar um melhor entendimento do contexto que delimita a realidade do nosso estudo e se compreender melhor a aplicabilidade dos atuais sistemas de gestão das aprendizagens e as possibilidades oferecidas pelo amadurecimento dos sistemas tecnológicos móveis e sociais, estruturámos dois diagramas de análise SWOT que sintetizam informações relativas ao posicionamento estratégico das duas famílias tecnológicas no domínio do suporte on-line à aprendizagem de projeto em Design.
As informações descritas em cada parcela de ambos os diagramas decorrem da convergência de informações recolhidas por altura do levantamento bibliográfico que fundamenta o capítulo II desta tese, com outras informações resultantes de entrevistas informais no terreno e de trabalhos de investigação que cristalizam os resultados da nossa experiência anterior com comunidades on-line de aprendizagem colaborativa (Mateus Filipe, 2007).
Figura 22 – Análise SWOT sobre os
“Pontos Fracos” das LMS
3.1.3.1 Análise SWOT dos atuais sistemas tecnológicos on-line de gestão das
aprendizagens (LMS).
a) Análise das questões internas das LMS que as diferenciam da restante família das CMS:
Pontos Fortes:
. Disponibilizam ferramentas especializadas no suporte à avaliação on-line de alunos;
. Facilitam a monitorização e gestão das atividades de aprendizagem individual e de grupo;
. Facilitam a gestão de cursos inteiros, subdivididos em disciplinas e grupos de trabalho;
. Disponibilizam ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona; . Privilegiam a segurança de conteúdos e acessos ao sistema;
. São sistemas especializados na categorização e tracking de conteúdos produzidos, consultados, modificados e atualizados por todos os intervenientes;
. Centralizam todas as atividades de aprendizagem de forma a preservar a consistência das metodologias de e-learning adotadas;
. Sintetizam, de forma quase imediata, relatórios relativos à avaliação das atividades desenvolvidas dentro do sistema.
Pontos Fracos:
. Focalizam-se mais no controlo e na gestão de conteúdos e atividades do que na experiência da aprendizagem;
. Disponibilizam um único canal de acesso às informações no sistema e privilegiam o papel do professor;
. São pouco flexíveis nas possibilidades de interoperabilidade com outros tipos de sistemas tecnológicos da Web;
. Focalizam-se mais nas atividades de aprendizagem formal, retirando muito pouco partido das vantagens das interações informais que caraterizam a experiência da Web 2.0;
. Assumem uma estrutura rígida de regras de utilização dando pouca margem à personalização dos diferentes estilos de aprendizagem dos alunos;
. São demasiado dependentes dos navegadores da Web para aceder ao sistema, inviabilizando a integração de dispositivos de comunicação móvel na estratégia de e-learning;
. Disponibilizam interfaces muito complexas que nem sempre correspondem às necessidades básicas dos utilizadores.
Figura 21 – Análise SWOT sobre
os “Pontos Fortes” das LMS
Figura 23 – Análise SWOT sobre as
“Oportunidades” potenciadas pelas LMS