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LITORÂNEA DO PARANÁ

Foi delineado, ao longo deste estudo, um caminho dirigido a verificar se a hipótese de pesquisa suscitada inicialmente é ou não sustentável dentro do contexto de produção do conhecimento científico na esfera das ciências sociais.

Isto porque, a resposta ao problema de pesquisa depende, basicamente, da confirmação ou refuta da hipótese na qual foi desdobrado.

Neste tópico, será testada a hipótese suscitada inicialmente, com a busca de sua comprovação ou refuta, tomando por base os elementos teóricos e empíricos colhidos ao longo da pesquisa.

A proposição adotada pelo pesquisador para dar encaminhamento a seu problema de pesquisa foi a seguinte: Não se encontra implementada a gestão democrática e participativa dos recursos hídricos na bacia litorânea do Estado do Paraná, sendo que as grandes geradoras hidrelétricas instaladas na região, de modo geral, exercem influência neste sentido, além de promover a geração de externalidades econômicas à sociedade e causar impactos negativos ao meio ambiente.

Para facilitar a compreensão e discussão, optou-se por dividir a hipótese em três partes para fins de análise, a saber:

– Não se encontra implementada a gestão democrática e participativa dos recursos hídricos na bacia litorânea do Estado do Paraná, sendo que as grandes geradoras hidrelétricas instaladas na região, de modo geral, exercem influência neste sentido; – as grandes geradoras hidrelétricas da região, via de regra, geram externalidades econômicas negativas à sociedade;

– as grandes geradoras hidrelétricas instaladas na região, de modo geral, causam impactos negativos ao meio ambiente.

Com relação à primeira parte da hipótese, propôs-se inicialmente proceder a constatação da existência ou não de instância participativa para gestão hídrica (Comitê de Bacia Hidrográfica), implementada na forma da lei no local investigado, mediante verificação da existência ou não de ato normativo instituidor do Comitê de Bacia.

Admitiu-se que a partir da verificação desta variável, seria possível aferir, de modo relativamente seguro, mediante adoção de critério objetivo, se há ou não gestão participativa com relação aos recursos hídricos na respectiva bacia hidrográfica, já que os Comitês de Bacia Hidrográfica, na visão da grande maioria dos estudiosos, constituem-se na instância identificada como adequada para este tipo de gestão das águas (em que pese na visão do pesquisador a mera constituição do Comitê de Bacia não tenha como resultado a gestão democrática dos recursos hídricos, como salientado anteriormente).

Após investigação nos atos normativos estaduais e dos órgãos que compõem o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Meio Ambiente, não foi identificada a criação de Comitê de Bacia na região litorânea do Estado do Paraná, o que, tratando-se de corpos hídricos estaduais, deveria ser autorizado por Decreto Estadual, conforme disposição do art. 35, parágrafo único, da Lei Estadual nº 12726/1999 e implementado por Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (na forma do art. 36, §§ 1º e 2º, da Lei Estadual 12726/1999).

Além disso, colheu-se em duas oportunidades informação junto à SUDERHSA, através de representante da autarquia no Conselho Estadual de Recursos Hídricos, no sentido de que a tramitação necessária à implementação do Comitê da Bacia Litorânea encontra-se sem atividades, haja vista a dificuldade de agregar disponibilidade financeira entre os usuários de recursos hídricos para o custeio das atividades do órgão.

A única instituição concebida por representante da sociedade civil entrevistado como palco da gestão hídrica na região foi o COLIT, mas mesmo assim sem reconhecer no mesmo qualquer viés de participação democrática. Ademais, foram apontadas as dificuldades para que se possa conceber o COLIT como centro de gestão participativa do ordenamento do litoral paranaense, já que a maioria de votos da instituição é garantida ao Poder Público (estadual e municipal) e há completa carência de sinergia, necessária ao desenrolar de seus trabalhos.

Diga-se ainda que a ausência do Comitê de Bacia na região acarreta um encolhimento da esfera pública no litoral paranaense, que tem a gestão de recursos hídricos dissociada dos dispositivos legais pertinentes e das concepções de participação, pluralismo, descentralização e democracia exploradas na pesquisa, especialmente ao longo do Capítulo II do trabalho.

Verificada a ausência do Comitê de Bacia e de outras instâncias participativas, cabe ao pesquisador entender como confirmada a primeira parte da hipótese suscitada, para afirmar que, em geral, não se encontra implementada a gestão democrática e participativa dos recursos hídricos na bacia litorânea do Estado do Paraná.

Para apurar a influência da atividade de geração hidrelétrica no viés democrático e participativo da gestão hídrica, foi sugerido revelar, como indicador objetivo, se a controladora das centrais hidrelétricas tem atuação nas frentes de trabalho que discutem a criação do Comitê de Bacia Hidrográfica da Bacia Litorânea do Paraná, e de que forma esta atuação se exterioriza.

A este respeito, pode-se afirmar com relevante grau de objetividade que não houve participação de nenhum representante do grupo COPEL neste foro, razão pela qual se pode concluir que a atuação das geradoras, neste caso, foi evasiva.

Em outras frentes, a atuação da Companhia não contempla a mesma conduta, já que, exemplificativamente, tem participado de modo ativo das deliberações no Comitê da Bacia do Alto Iguaçu e Afluentes do Ribeira – especialmente da 9ª e 10ª reuniões da Câmara Técnica de Acompanhamento do Plano (CTPLAN), realizadas nos meses de maio e junho de 2009, na sede da SUDERHSA.

Neste mesmo sentido, cabe ressaltar na forma relatada por Bandeira (2007) a omissão da COPEL no procedimento de licenciamento ambiental em relação à área de influência do empreendimento UHE Gov. Parigot de Souza, já que simplesmente desconsiderou os usos da água à jusante da usina, o que foi acolhido e ratificado pelo poder público quando da análise dos estudos ambientais, sem pedido de complementações, na forma viabilizada pelo art. 10, IV, da Resolução nº 237/1997, do CONAMA e do art. 4º, V, da Resolução nº 65/2008, do Conselho Estadual de Meio Ambiente.

Ao proceder desta maneira, a COPEL (contando com a conduta omissiva do órgão ambiental estadual) excluiu as comunidades que vivem no entorno da área de influência do empreendimento (Rio Cachoeira) da discussão acerca da gestão das águas na região, impondo seu interesse sobre todos os demais.

E os dados colhidos em relação à visão de mundo das comunidades ribeirinhas influenciadas pela Usina Gov. Parigot de Souza apontam para o fato de que as mesmas concebem a si próprias como excluídas do processo participativo em relação à gestão das águas na localidade, assim como o representante da sociedade civil entrevistado.

Pode-se obter destas assertivas que as relações existentes no campo ambiental dentro do espaço geográfico da bacia litorânea, ao menos em relação aos recursos hídricos, em regra são impositivas (e não de coordenação), prevalecendo os interesses do poder econômico e político sobre aqueles prestigiados pela coletividade.

Prosseguindo, para verificar a geração de externalidades econômicas à sociedade decorrentes da operação das hidrelétricas, propôs-se verificar se as usinas retribuem ou não, mediante pagamento, o uso da água como insumo de sua atividade empresarial. Neste ponto, cabe ressaltar que as UHEs da bacia litorânea não pagam pelo uso da água da forma preconizada pela política hídrica, cabendo-lhes o uso deste insumo de forma gratuita.

Isto porque, não há Comitê de Bacia e sequer existe diagnóstico oficial da situação dos recursos hídricos da bacia litorânea, quanto mais plano de bacia, elementos indispensáveis à instituição da cobrança, de acordo com a legislação de regência (Decreto Estadual nº 5361/2002 e seu anexo). Mais ainda, a legislação estadual remete a questão da cobrança do uso da água pelas geradoras hidrelétricas à legislação federal (art. 20, § 5º, da Lei Estadual nº 12726/1999) e às normas regulamentares expedidas pela ANEEL e ANA, o que dificulta sobremaneira a instituição da contraprestação econômica pelo uso da água pelas geradoras.

Não se deve confundir neste ponto o pagamento de compensação financeira pelo uso de bem da União (potencial de energia hidráulica) – criada pelo art. 20, § 1º, da Constituição Federal e regulamentada pelo o art. 1º, da Lei 7990/1989 e pelo art. 17, da Lei nº 9648/1998, alterado pelo art. 28, da Lei nº 9984/2000 – com o pagamento pelo uso da água estabelecido pela Lei nº

9433/1997, pela Lei Estadual nº 12726/1999 e pelo Decreto Estadual nº 5361/2002. Tratam-se de institutos com natureza e finalidade diversos, conforme já explicitado no corpo do trabalho.

Como segundo indicador, sugeriu-se a apuração da diminuição da disponibilidade hídrica à montante e à jusante dos empreendimentos hidrelétricos. Neste espectro, cumpre enunciar dos dados analisados que a água dos reservatórios das UHEs investigadas possui qualidade inferior ao dos cursos hídricos nos quais foram formados. Desta sorte, pode-se afirmar com grau elevado de precisão que a operação das hidrelétricas em foco gera perda da disponibilidade qualitativa da água para os usos situados à jusante das centrais geradoras, até o ponto em que a qualidade da água venha eventualmente a ser recuperada.

Levando-se ainda em consideração a evaporação da água nos reservatórios das hidrelétricas (cujo volume não é objeto de dimensionamento neste trabalho), é autorizada conclusão no sentido de que, além de perdas qualitativas, há também perda de disponibilidade quantitativa de água à jusante dos empreendimentos hidrelétricos estudados, já que nem toda a água captada é devolvida ao curso d’água de origem.

Com relação aos usos à montante das geradoras, cumpre ressaltar que, em média, cada metro cúbico de água retirado dos rios ou reservatórios à montante do empreendimento acarreta numa perda de 2,5 MW/ano de energia gerada (GARRIDO & CARRERA-FERNANDEZ, 2003:245). Desta feita, haja vista a necessidade de compensação dessas perdas às centrais hidrelétricas, restam fortemente inibidos os usos da água à montante dos barramentos.

Com base nos resultados apresentados pela identificação das variáveis apontadas, se faz possível a constatação relativamente segura da existência de prejuízos a terceiros em face da reserva da disponibilidade hídrica para as geradoras hidrelétricas, o que é suficiente para comprovar a segunda parte da hipótese do presente trabalho, mas não chega a precisar o valor de eventuais sinistros de forma detalhada. Pode-se assim afirmar, no contexto e para os fins deste estudo, que as grandes geradoras hidrelétricas instaladas na região, de modo geral, exercem influência no sentido da não implementação da política hídrica na bacia litorânea, além de promover a geração de externalidades econômicas negativas à sociedade.

No que diz respeito à terceira parte em que a hipótese foi desdobrada, para verificar a ocorrência de impactos ambientais negativos decorrentes da operação das geradoras hidrelétricas instaladas na bacia litorânea do Paraná, buscou-se verificar se há ou não constatação de assoreamento ou erosão nos corpos hídricos ou micro-bacias onde estão implantadas as centrais.

Com relação a este ponto, foi constatado em artigos científicos e pela percepção das comunidades ribeirinhas e organização da sociedade civil consultada o agravamento do assoreamento do Rio Cachoeira em razão da vazão agregada ao corpo hídrico pelo canal de fuga da Usina Gov. Parigot de Souza, em que pese este efeito deletério seja negado pela COPEL em seu Relatório de Administração do ano de 2007.

No que tange aos corpos hídricos onde se encontram instaladas as Usinas Chaminé e Guaricana, registra Todeschini (2004:38) que as atividades antrópicas na bacia do Rio Cubatão (formado pelos Rios Arraial – Hidrelétrica Guaricana – e São João – Hidrelétrica Cachoeira) geraram a necessidade de retirada de seixos do leito do rio, mediante dragagem em julho de 2002, a qual foi autorizada pelo IAP sem que se tenha informação da realização de estudos sobre o impacto ambiental decorrente desta intervenção. Quanto a este assunto, Silveira & Oka-Fiori (2007:71) destacam que o cultivo de banana em áreas de preservação permanente, em sua grande maioria implementado à jusante das centrais elétricas, é o principal agente causador da aceleração do processo de assoreamento na Baía de Guaratuba. Ainda segundo Todeschini (2004:38) a atividade de geração hidrelétrica na região tem potencial para mudar drasticamente o fluxo, o regime de temperatura e as características físico-químicas dos corpos hídricos, alterando o vínculo existente entre montante e jusante dos rios da sub-bacia do Rio Cubatão.

Especificamente com relação às consequências ambientais decorrentes da instalação e operação da Usina Chaminé, há relato no Plano de Manejo da APA de Guaratuba no sentido de que a presença do reservatório Vossoroca impacta negativamente os corredores ecológicos indicados para a unidade de conservação, além de dar vazão ao agravamento de processos erosivos, tratando-se de uma área crítica, de médio grau de instabilidade ambiental (IAP, 2006:85-133). Além disso, deve-se registrar que a área de entorno das represas Vossoroca e Guaricana contém resquícios históricos e culturais, colocados em risco

em face dos processos erosivos desencadeados pelo barramento, que acarretam a exposição do solo (IAP, 2006:139).

Como segundo desdobramento desta parte da hipótese, buscou-se investigar se há ações dos empreendedores para a manutenção ou melhoria da qualidade das águas dos reservatórios (mediante verificação da existência de condicionante neste sentido nas licenças ambientais das usinas e se há o seu cumprimento). Neste diapasão, constatou-se que há condicionante nas Licenças Ambientais de Operação das usinas hidrelétricas tratadas na pesquisa que determina o monitoramento das águas dos respectivos reservatórios (COPEL, 2008:23). E considerando que a companhia estadual de energia conseguiu a renovação das Licenças de Operação das UHE Chaminé e Guaricana entre os anos de 2006 e 2007 (COPEL, 2007:27) e da UHE Gov. Parigot de Souza no ano de 2008 (COPEL, 2008:32), pode-se concluir que o monitoramento tem sido realizado da forma determinada pelo órgão ambiental, pois, caso contrário, as licenças obrigatoriamente não seriam renovadas sem ao menos a implantação de um plano de correção.

Contudo, há de se destacar que o mero monitoramento da qualidade da água dos reservatórios não implica em realização de medidas concretas para a manutenção e melhoria da disponibilidade hídrica e das condições ambientais, podendo-se dizer, neste contexto, que as geradoras, de modo geral, não adotam medidas no sentido da manutenção ou melhoria da disponibilidade hídrica da bacia na qual estão inseridas.

Em vista dos elementos indicados, entende-se como confirmada também a terceira e última parte da hipótese de pesquisa, já que demonstrada a existência de impactos negativos ao meio ambiente decorrentes da implantação e operação das UHE sob foco.

Desta feita, para os fins deste trabalho, encontra-se confirmada a hipótese suscitada inicialmente, podendo-se afirmar com relativa segurança e objetividade – de acordo com os dados e marcos teóricos que dão suporte à pesquisa – que não se encontra implementada a gestão democrática e participativa dos recursos hídricos na bacia litorânea do Estado do Paraná, sendo que as grandes geradoras hidrelétricas instaladas na região, de modo geral, exercem influência neste sentido, além de promover a geração de externalidades econômicas negativas à sociedade e causar impactos degradantes ao meio ambiente.

Confirmada a hipótese, há de se partir para a resposta ao problema de pesquisa formulado inicialmente, qual seja: Diante da conjuntura apresentada no Brasil após a Constituição Federal de 1988 e a publicação da legislação federal de recursos hídricos (1997), qual tem sido a influência da atividade econômica de geração de energia hidrelétrica na relação entre os sujeitos que integram o sistema de gestão das águas dentro do espaço geográfico da bacia hidrográfica do litoral paranaense?

Em resposta ao problema, suscita-se que a influência da atividade econômica de geração hidrelétrica na relação entre os sujeitos que fazem parte da gestão hídrica na bacia litorânea do Paraná tem sido, de modo geral, no sentido de contribuir para a articulação da não-implementação da política hídrica na região estudada, mediante adoção de uma postura omissiva e voltada para o atendimento das exigências do Poder Público (levando-se em consideração que o acionista controlador da COPEL holding é o Estado do Paraná, submetido a uma política de governo). Neste tópico, não se pode deixar de consignar que nem só efeitos negativos são ocasionados pelas geradoras, as quais contribuem no incremento econômico e de infra-estrutura da região litorânea, mediante a geração de riquezas e desenvolvimento.

Pode-se compreender este movimento dentro de uma linha de valorização da vertente produtiva da COPEL, que a partir do novo marco regulatório do setor elétrico, passou cada vez mais a pautar-se como agente econômico, com menor preocupação para as questões de interesse coletivo.

Esta postura identificada ao longo do trabalho revela-se bastante coerente, haja vista que, na condição de um dos maiores e mais impactantes usuários da água na bacia litorânea, não é interessante à Companhia Paranaense de Energia (e nem ao Governo do Estado) fomentar a implantação de mecanismos de controle e de imposição de ônus financeiro decorrente do uso da água. Ora, tais instrumentos imporiam à própria COPEL ônus financeiros (pagamento pelo uso da água) e dificuldades operacionais (compartilhamento da gestão da água com todos os setores usuários).

Este ponto revela um grave contra-senso desta política pública setorial, já que sua regulamentação coloca nas mãos dos usuários-agentes econômicos (futuros pagadores) a decisão acerca da implementação da cobrança pelo uso da água.

Sob o ponto de vista econômico, a influência das UHEs na bacia litorânea pode ser enquadrada como causadora de externalidades negativas, pois as geradoras não pagam pelo uso da água da forma preconizada pela política hídrica, além de restringirem o uso da água à montante (indisponibilidade) e jusante (perda de qualidade e evaporação) dos respectivos reservatórios.

Seguindo adiante, denota-se que a influência da atividade econômica de geração de energia hidrelétrica na bacia litorânea vai além da relação entre os sujeitos que integram o sistema regional de gestão de recursos hídricos. Como se apontou acima, esta intervenção proporciona também efeitos nas relações entre os sujeitos e o meio ambiente, pois a implantação e operação das centrais hidrelétricas, ao longo do tempo, acarretaram modificações ambientais significativas, que perturbaram o modo de vida das populações locais e dos demais usuários dos recursos hídricos. A contribuição no assoreamento do Rio Cachoeira e das Baías de Antonina e Guaratuba traduz impacto ambiental bastante representativo desta situação, que exemplifica a necessidade de adaptação das comunidades ribeirinhas e dos demais usuários das águas da região às alterações ocorridas no meio.

Entendeu-se, mediante o encadeamento decorrente dos dados e elementos teóricos que deram suporte ao trabalho, que foi dada resposta satisfatória ao problema de pesquisa definido inicialmente, ressaltando-se que a investigação não se dirige ao esgotamento do assunto, mas somente à apresentação de uma contribuição para o aprofundamento de sua discussão na esfera acadêmica.

Conforme mapeado acima, onde foi realizada análise acerca da conformação ou rejeição da hipótese e oferecimento de resposta satisfatória ao problema de pesquisa, pode-se afirmar, de modo geral, que as usinas hidrelétricas instaladas na região litorânea do Paraná têm influência nos laços sociais da localidade, bem como nas relações dos sujeitos com o meio ambiente do qual fazem parte. De modo geral, constatou-se que tais influências não representam aspectos positivos.

No que pertine aos aspectos ambientais, mesmo constituindo-se a geração hidrelétrica numa importante e impactante atividade desenvolvida na região, pode-se colher que o principal problema ambiental da localidade está vinculado à supressão indiscriminada da mata ciliar dos corpos hídricos da bacia, o que ocorre inclusive no entorno dos reservatórios das centrais hidrelétricas, como se constatou anteriormente. Neste diapasão, relata Boldrini (2007:164) que

Quando se percorre os rios da região nota-se o considerável desrespeito às matas ciliares, talvez o principal problema diagnosticado. Na Figura 5 visualiza-se a margem do Rio Cachoeira recém desbarrancada em decorrência da inexistência de mata de proteção, assim como é notória a deposição de sedimentos no leito do rio.

No mesmo sentido, destaca Bandeira (2007:173) que

Outra constatação que fazemos ao observar as fotos aéreas do rio Cachoeira, é que se formou um banco de areia no local em que nas fotos anteriores estava vazio, próximo à ilha do Corisco. Isso indica ser possível que mais fatores contribuíram para as alterações morfológicas na foz do rio Cachoeira, além da usina GPS.

Como se vê, a rápida perda da disponibilidade hídrica na região estudada não decorre exclusivamente da atividade de geração de energia, existindo outros impactos mais significativos do ponto de vista sócio-ambiental, como