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Ao nível dos conhecimentos e da terminologia associada ao trabalho por pesquisa

Os conhecimentos em análise

3.5. Articulação do estudo empírico com a programação da disciplina

3.5.1. Ao nível dos conhecimentos e da terminologia associada ao trabalho por pesquisa

Tal como já foi referido neste trabalho, foi nossa intenção implementar a estratégia EPP, respeitando sempre a programação definida a nível ministerial e a nível de departamento curricular para a disciplina de biologia de 12.º ano.

Por forma a clarificar a articulação efetuada, estabelecemos uma relação entre os conhecimentos que constam do programa da disciplina e os conhecimentos por nós definidos, que constam nas tabelas que apresentámos na secção 3.3..

A nível conceptual,

as competências visam o conhecimento de factos, hipóteses, princípios, teorias, e terminologia ou convenções científicas; inclui, também, a compreensão de conceitos, na medida em que se relacionam entre si e permitem interpretar e explicar situações ou informação em formatos diversos. (ME, 2004, p.4)

Na tabela 19 apresentamos uma associação entre os conhecimentos conceptuais que os alunos devem desenvolver (por nós definidos) e os conhecimentos conceptuais que constam do programa de biologia de 12.º ano. No programa de biologia de 12.º ano, os conhecimentos conceptuais são apresentados como ideias ou expressões gerais; para além destes, o programa acrescenta um conjunto denominado de conceitos/palavras-chave, referindo que “para auxiliar a exploração dos conteúdos apresenta-se uma listagem de conceitos fundamentais e/ou um conjunto lexical (palavras/expressões-chave) considerado mínimo para a compreensão desses mesmos conceitos” (ME, 2004, p. 8).

77 Tabela 19. Associação entre os conhecimentos conceptuais “da nossa investigação” e os

conhecimentos conceptuais que constam do programa de biologia de 12.º ano Conhecimentos conceptuais

Da nossa investigação Do programa de biologia de 12.º ano B – Biotecnologia – fundamentos e técnicas gerais

1 – biotecnologia 2 - manipulação genética

3 - bioconversão/biotransformação 4 – biossegurança

5 - gene

6 - genoma / património ou material genético 7 - transgénico 8 - OGM 9 - clonagem 10 - eletroforese 11 - PCR 12 - rDNA 13 – enzima de restrição 14 – plasmídeo/vetor

F - Fundamentos de engenharia genética 1 – gene 2 - genoma 3 - enzima de restrição 4 -plasmídeo /vetor 5 - rDNA 6 - OGM

Et - Exploração das potencialidades da biosfera: cultivo de plantas e criação de animais 1 – transgénico Bs – Biotecnologia e saúde 1 – antigénio 2 - interferão 3 - anticorpos monoclonais 4 – oncogene

S - Sistema imunitário: desequilíbrios e doenças

1 – antigénio 2 - interferão

Bd – Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica de doenças

1 – anticorpo monoclonal 2 – bioconversão Ba - Biotecnologia e ambiente

1 - contaminação (do ar ou da água) 2 – toxicidade

3 - carência bioquímica de oxigénio (CBO) 4 - biorremediação/fitorremediação

P - Poluição e degradação de recursos: tratamento de resíduos

1 – contaminação / bioampliação / sinergismo 2 – carência bioquímica de oxigénio

3 – toxicidade 4 - biodegradável Baa – Biotecnologia, alimentação e agricultura

1 – biocatalizador / catalisador 2 - esterilização/estéril 3 – biocida

4 - fluxo de genes

M - Microrganismos e indústria alimentar 1 – catalisador / biocatalizador

Ep – Exploração das potencialidades da Biosfera:

controlo de pragas 1 – reprodução seletiva 2 – agente biocida 3 - esterilização

Por uma questão essencialmente prática, optámos por contabilizar os conhecimentos conceptuais de acordo com o número de palavras-chave em análise. Assim, foi considerado o conjunto de palavras-chave relativo a fundamentos gerais da biotecnologia e o conjunto relativo a palavras-chave específicas do domínio de abordagem ao problema, selecionado por cada grupo de trabalho.

O número de conhecimentos conceptuais da nossa investigação, tendo em conta os domínios de abordagem, foi de 18 para cada grupo. O número de conhecimentos conceptuais do programa de biologia de 12.º ano, tendo em conta os domínios de abordagem, foi de 11 para cada grupo.

Um outro aspeto que foi considerado na nossa análise refere-se ao nível de abordagem, no sentido da identificação de factos, conceitos ou princípios. Deste modo foi analisado se o grupo

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manifestava conhecimentos conceptuais num nível superior ao facto ou dado, estabelecendo relações e/ou criando “pontes” entre esses conhecimentos.

No nível procedimental,

as competências estão relacionadas com a própria natureza do trabalho científico. Assim, são exemplos a observação e descrição de fenómenos, a obtenção e interpretação de dados, o conhecimento de técnicas de trabalho, a manipulação de dispositivos, bem como as competências que permitem a planificação, execução e avaliação de desenhos investigativos. (ME, 2004, p. 5)

Nesta perspetiva, o desenvolvimento de competências procedimentais incluiu aspetos de natureza cognitiva e manipulativa (ME, 2004). Em relação aos conhecimentos procedimentais, apresentamos na tabela 20, uma associação entre os conhecimentos procedimentais da nossa investigação e os conhecimentos que constam do programa de biologia de 12.º ano.

Tabela 20. Associação entre os conhecimentos procedimentais por nós analisados e os conhecimentos que constam do programa de biologia de 12.º ano

Conhecimentos procedimentais

Da nossa investigação Do programa de biologia de 12.º ano 1 - Técnicos a – manuseamento de material de

laboratório

b - construção de maquetas / modelos / esquemas c - utilização de técnicas informáticas

2 - Básicos a – observação / descrição / medição / cálculo

b - categorização e/ou representação de dados

P

1 - Redação de memórias descritivas e interpretativas de trabalhos laboratoriais e/ou experimentais.

3 - De

investigação a1 – definição de meios de recolha de informação a2 – implementação de meios de recolha de informação b – análise e interpretação de dados/informações c – identificação do problema; clarificação do domínio de investigação seguido, identificação de dúvidas concretas sobre a linha de investigação seguida

d - emissão de hipóteses e realização de previsões e1 – planificação de trabalho de campo (visitas de estudo), trabalho laboratorial ou trabalho

experimental.

e2 – realização de trabalho de campo (visitas de estudo), trabalho laboratorial ou trabalho

experimental.

f – identificação e controlo de variáveis

g - estabelecimento de conclusões

2 - Recolha, organização e interpretação de informação relacionada com a utilização de procedimentos biotecnológicos na produção de substâncias com fins terapêuticos.

3 - Recolha e organização de dados sobre sistemas utilizados (para diminuir as emissões para a atmosfera e) tratamento de resíduos.

4 - Análise de procedimentos laboratoriais de manipulação de DNA, com vista à compreensão global de processos biotecnológicos envolvidos.

5 - Interpretação de procedimentos gerais envolvidos na produção de anticorpos monoclonais.

6 - Análise de exemplos que ilustrem as potencialidades da utilização dos anticorpos monoclonais no diagnóstico e terapêutica de doenças.

7 - Organização e interpretação de dados de natureza diversa (laboratoriais, bibliográficos, internet …) sobre a utilização de microrganismos na produção de alimentos (ex: iogurte, queijo, vinagre, picles, …)

8 - Interpretação de exemplos de aplicações biotecnológicas na indústria alimentar, nomeadamente, imobilização de enzimas, aditivos e novas fontes de nutrientes.

9 - Interpretação e discussão de dados, de natureza diversa, sobre a intervenção do homem nos ecossistemas para aumentar as reservas alimentares.

10 - Análise de métodos de clonagem aplicados à agricultura / criação de animais e debate sobre os aspetos relacionados com o seu impacte ecológico, económico e ético

11 - Conceção e execução de trabalhos experimentais sobre contaminação de recursos naturais.

79 h – análise do percurso

desenvolvido (atividades desenvolvidas, dificuldades enfrentadas, informação relevante encontrada).

i – previsão/atribuição de tarefas (nomeadamente aquelas que não impliquem saída da escola)

problemáticas com impacte social.

13 - Avaliação da importância biológica das endonucleases de restrição.

14 - Avaliação de argumentos sobre vantagens e preocupações relativas à utilização de OGM na produção de alimentos.

15 - Discussão sobre a problemática do uso de biocidas e métodos alternativos no controlo de pragas.

16 - Discussão de consequências relativas a contaminantes de ecossistemas (eutrofização, bioampliação, sinergismo, …)

4 - De

comunicação a – utilização de diferentes tipos de expressão b - identificação de ideias-chave c1 - definição de materiais informativos c2 – elaboração e/ou disponibilização de materiais informativos d - representação simbólica e - utilização de diversas fontes

A partir da análise da tabela é possível verificar que grande parte dos conhecimentos de natureza procedimental que constam do programa de biologia de 12.º ano assume características de investigação. Relativamente a este tipo de conhecimentos, é de salientar que os enunciados que os designam (no programa de biologia de 12.º ano), por vezes integram mais que um conhecimento. No entanto, considerámo-los tal qual se encontram definidos no programa e optámos pela inclusão no grupo que nos pareceu mais abrangente.

O número de conhecimentos procedimentais da nossa investigação, tendo em conta o domínio de abordagem ao problema foi de 22 para cada grupo. O número de conhecimentos procedimentais do programa de biologia de 12.º ano, tendo em conta o domínio de abordagem ao problema, foi de 8 para a saúde, 8 para a alimentação/agricultura e 9 para o ambiente.

Os conhecimentos P10 e P14 foram analisados no capitulo resultados, secção “Abordagem de situações polémicas”.

No nível atitudinal,

as competências visam que os alunos desenvolvam atitudes face aos conhecimentos e aos trabalhos científicos (rigor, curiosidade, objetividade, perseverança, …) e às implicações que daí decorrem para a forma como perspetivam a sua vida e a dos outros. (ME, 2004, p. 5)

Em causa estão a identificação e diferenciação de condutas e suas implicações, a capacidade de formular juízos de valor, ou mesmo a assunção de condutas guiadas por convicções fundamentadas (ME, 2004).Na tabela 21, apresentamos uma associação entre os conhecimentos atitudinais por nós analisados e os conhecimentos que constam do programa de biologia de 12.º ano.

Tabela 21. Associação entre os conhecimentos atitudinais por nós analisados e os conhecimentos que constam do programa de biologia de 12.º ano

Conhecimentos atitudinais

Da nossa investigação Do programa de biologia de 12.º ano 1 – Ciência

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decorrentes do uso de conhecimento científico.

b) reconhece diferentes pautas de conduta nos seres humanos.

no sentido de desenvolver uma atitude responsável face ao seu papel no melhoramento da qualidade de vida do indivíduo.

2 - Reflexão sobre implicações biológicas e sócio- éticas que decorrem da obtenção de organismos geneticamente modificados.

3 - Reconhecimento da importância das relações entre ciência e tecnologia e implicações de ambas para a sociedade.

4 - Desenvolvimento de capacidades de analisar criticamente dados relacionados com a utilização de diferentes biotecnologias na produção de alimentos e formulação de juízos fundamentados.

5 - Atitude responsável e crítica face aos argumentos que suportam os debates sobre a utilização dos processos de clonagem e engenharia genética aplicado aos seres humanos.

6 - Construção de opiniões informadas sobre a utilização de alimentos obtidos/modificados por processos biotecnológicos.

7 - Desenvolvimento de posturas interventivas e responsáveis, visando contribuir para a alfabetização científica dos membros da comunidade educativa sobre questões de impacte social para a comunidade local e/ou nacional.

2 - Atividade científica e aprendizagem de ciência

a) reconhece dificuldades associadas ao trabalho científico e/ou aprendizagem científica. b) demonstra cooperação e respeito durante o trabalho de grupo.

c) mostra preocupação pelo rigor, precisão e veracidade dos dados recolhidos.

8 - Consciencialização da importância dos contextos (sociais, tecnológicos, …) na construção de

conhecimento científico.

9 - Reconhecimento do caráter provisório do conhecimento científico.

10 - Desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente novas informações e ponderar argumentos contraditórios.

3 - Respeito

pelo ambiente a) reconhece implicações e/ou problemas ambientais decorrentes do uso de conhecimento científico.

b) demonstra uma postura crítica em relação a condutas que possam degradar/prejudicar o ambiente e/ou os seres vivos.

11 - Desenvolvimento de atitudes responsáveis face à intervenção do homem no ecossistema.

12 - Reflexão e desenvolvimento de atitudes críticas, conducentes a tomadas de decisões fundamentadas, sobre problemas ambientais causados pela atividade humana.

13 - Consciencialização das vantagens da

reciclagem e reutilização de materiais como modo de evitar a contaminação (ar, solo e água) e o

esgotamento dos recursos naturais.

14 - Valorização dos conhecimentos científicos no controlo de pragas sem prejuízo para o ambiente. 15 - Valorização dos avanços científico-tecnológicos na preservação do meio ambiente.

16 - Desenvolvimento de opiniões fundamentadas sobre as questões que envolvem a utilização de animais na experimentação biomédica.

4 - Hábitos

saudáveis a) assume uma postura crítica frente a condutas não saudáveis ou não consentâneas com uma cidadania responsável.

b) demonstra conhecer serviços da comunidade relacionados com a prática de hábitos saudáveis.

Na associação que estabelecemos, verificámos não existirem conhecimentos atitudinais relativos a hábitos saudáveis (tal como os definimos), no programa de biologia de 12.º ano.

81 O número de conhecimentos atitudinais da nossa investigação, tendo em conta o domínio de abordagem ao problema foi de 7 para cada grupo. O número de conhecimentos atitudinais do programa de biologia de 12.º ano, tendo em conta o domínio de abordagem ao problema foi de 7 para a saúde, 10 para a alimentação/agricultura e onze para o ambiente.

Os conhecimentos A2 e A5 foram analisados no capítulo dos resultados, secção “Abordagem se situações polémicas”.

Tal como fizemos em relação aos diferentes tipos de conhecimentos, procurámos estabelecer uma relação entre a terminologia por nós analisada e aquela que consta do programa de biologia de 12.º ano. Durante a nossa análise, apenas foram considerados os termos cujo significado foi considerado adequado ao significado atribuído pela comunidade científica geral. Na tabela 22 apresentamos a terminologia considerada na nossa investigação e também, aquela que integra o programa de biologia do 12.º ano.

Tabela 22. Terminologia associada ao TP em biologia, da nossa investigação e do programa de biologia de 12.º ano

Terminologia associado ao TP

Da nossa investigação Do programa de biologia de 12.º ano 1 – grupo controlo / grupo experimental

2 – réplica 3 – amostra

4 – cultura de tecidos (células) 5 – experiência / teste / ensaio 6 – variável

7 – espectro de ação 8 – dose letal

9 – nomenclatura binominal (utilização de) 10 – material

11 – método (in vitro, in vivo, in situ, …) 12 – resultados / dados

13 - patente

1 - cultura de tecidos 2 - espectro de ação 3 - dose letal

Da lista de vocabulário que elaborámos, apenas 3 termos constam do programa de biologia de 12.º ano.