• Nenhum resultado encontrado

As relações entre qualidade de processo e qualidade estrutural

CAPÍTULO II: Educação e cuidados de elevada qualidade para crianças com idade inferior a

2. Avaliação da qualidade dos contextos de educação e cuidados

2.2 Alguns resultados obtidos

2.2.2 As relações entre qualidade de processo e qualidade estrutural

Como foi referido anteriormente, diversos estudos têm considerado duas dimensões da qualidade: a qualidade de processo e a qualidade estrutural (e.g., Cost, Quality & Child Outcomes Study Team, 1995; ECCE Study Group, 1997; Vandell & Wolfe, 2000). Apesar de se considerar que os aspectos de estrutura das creches são importantes, nem sempre o seu cumprimento é garantia de qualidade de processo mais elevada (Cochran et al., 2000). A investigação tem tentado determinar a associação entre as características estruturais e as características de processo, procurando verificar igualmente em que medida as primeiras são preditoras dos resultados da avaliação da qualidade de processo.

As características estruturais da sala

Grande parte dos estudos desenvolvidos nesta área incluem o rácio adulto-criança (i.e., número de crianças por adulto), o tamanho do grupo (i.e., o número de crianças da sala) e o número de adultos da sala como principais variáveis de estrutura, que se podem relacionar com as medidas de qualidade de processo. Um menor número de estudos inclui ainda outras características da sala, como

Capítulo II

78

a sua dimensão ou a faixa etária das crianças que a frequentam.

Apesar de ser comum assumir-se que as três primeiras características podem predizer ou contribuir para a qualidade global da sala, os resultados dos estudos não são unânimes. Foram encontradas associações entre o rácio adulto-criança e a qualidade global das salas de creche e/ou jardim-de-infância em estudos como, por exemplo, o Cost, Quality and Child Outcomes in Child Care Centers (Cost, Quality & Child Outcomes Study Team, 1995), o estudo de Phillips, Mekos, Scarr, McCartney e Abbott-Shim (2000), o estudo de Scarr et al. (1994), desenvolvidos nos EUA, e o estudo ECCE/ICCE nos dados relativo a salas da Alemanha e dos EUA (Cryer, Tietze, Burchinal, Leal, & Palacios, 1999; ECCE Study Group, 1997). Foram encontradas também associações entre o tamanho do grupo de crianças e a qualidade média global das salas em estudos como o de Phillips et al. (2000) e o estudo ECCE nas salas da Alemanha (ECCE Study Group, 1997). Goelman et al. (2006), no Canadá, encontraram associações positivas entre o número de adultos da sala e a qualidade avaliada pela ITERS-R, tendo identificado através da path analyses que o número de adultos da sala era um dos preditores directos da qualidade das salas para bebés e para crianças de 1 e 2 anos de idade e que o rácio adulto-criança era um dos preditores indirectos da qualidade. Na Holanda, Deynoot-Schaub e Riksen-Walraven (2005) avaliaram salas de creche, utilizando a ITERS, com o objectivo de comparar esses resultados com os que tinham sido obtidos num estudo que tinha avaliado salas com a ITERS e a ECERS (van Ijzendoorn, Taveccio, Stams, Verhoeven, & Reiling, 1998). Em ambos os estudos se verificou que não havia relação entre o rácio adulto-criança e a qualidade média das salas, mas, contrariamente ao estudo de van Ijzendoorn e colaboradores, os resultados obtidos por Deynoot- Schaub e Riksen-Walraven revelaram uma associação estatisticamente significativa entre o tamanho do grupo de crianças e a qualidade média das salas.

Em Portugal, no âmbito do ECCE (ECCE Study Group, 1997) verificou-se, através dos resultados de uma regressão hierárquica, que o rácio adulto-criança não tinha influência na qualidade média das salas dos jardins-de-infância e Cryer et al. (1999) não encontraram uma correlação entre o rácio adulto-criança ou o tamanho do grupo de crianças da sala e a qualidade média global.4 No estudo mais recente, publicado por Abreu-Lima e Nunes (2006), relativo a salas de jardim-de-infância, verificou-se igualmente que não havia associações entre o rácio adulto-criança e o tamanho do grupo e os resultados médios da ECERS-R. Também no estudo publicado por Aguiar et al. (2002), respeitante a salas de creche, se verificou que não havia associações estatisticamente significativas entre os

4 No estudo de Cryer et al. (1999), verificou-se que em Portugal havia uma associação positiva entre o número total de crianças da instituição e a qualidade média das salas, avaliada pela ECERS.

Educação e cuidados de elevada qualidade

resultados médios da ITERS e o rácio adulto-criança, o tamanho do grupo e o número de adultos da sala.

A dimensão da sala tem-se revelado uma característica de estrutura associada à qualidade de processo avaliada pelas escalas ECERS e ITERS em Portugal: no âmbito do ECCE (ECCE Study Group, 1997) verificou-se, através dos resultados de uma regressão hierárquica, que as salas de jardins-de-infância de maior dimensão (mais espaço por criança) eram de qualidade mais elevada; Cryer et al. (1999) relataram uma associação positiva entre a dimensão da sala e a qualidade média, tendo os modelos de regressão testados identificado a dimensão da sala como a principal variável preditora da qualidade dos jardins-de-infância5; no estudo publicado por Pessanha et al. (2007), relativo a salas de creche do distrito do Porto, não foi encontrada uma associação estatisticamente significativa entre o espaço disponível por criança e a qualidade média avaliada pela ITERS, mas a análise de regressão hierárquica permitiu verificar que o espaço disponível por criança combinado com variáveis relacionadas com o educador (idade e salário mensal) revelava efeitos significativos na qualidade.

Relativamente à faixa etária das crianças à qual a sala se destina, no estudo ECCE (ECCE Study Group, 1997) verificou-se, através da regressão hierárquica, que a composição etária do grupo não tinha influência nos resultados médios da ECERS em Portugal, na Alemanha e em Espanha. No mesmo sentido, no estudo de Abreu-Lima e Nunes (2006), relativo à avaliação da qualidade de salas de jardim-de-infância, não se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre as salas para crianças de 4 anos, de 5 anos e mistas. No estudo relativo a salas de creche (Aguiar et al., 2002) foi encontrado um efeito moderado do grupo etário, apesar de não se terem encontrado diferenças estatisticamente significativas, o que se pode dever ao número reduzido de salas. As salas para crianças de 2 – 3 anos revelavam qualidade mais elevada do que as salas para crianças de 1 – 2 anos. A qualidade mais elevada em salas para crianças de 2 – 3 anos pode dever-se a diversos factores, dos quais se podem destacar o facto de ser menos provável encontrarem-se salas para crianças com 2 anos de idade sem educadores de infância (i.e., apenas com auxiliares) e o facto de a formação dos educadores de infância ser predominantemente orientada para o trabalho com crianças mais velhas (i.e., de jardim-de-infância). A ausência de diferenças entre as salas de jardim-de-infância destinadas a crianças de diferentes faixas etárias pode estar relacionada com uma maior homogeneidade nas características de funcionamento, como, por exemplo, o facto de todas as salas serem orientadas por educadores de infância (i.e., profissionais com formação na área da educação de infância).

5 Na Alemanha foi verificada também uma associação entre a dimensão da sala e a qualidade global, mas nos outros países não havia um efeito desta variável na qualidade.

Capítulo II

80

As características estruturais relacionadas com o educador

As características de estrutura relacionadas de algum modo com o educador/auxiliar de educação habitualmente incluídas nos estudos acerca da qualidade da creche ou do jardim-de-infância são a idade, o tempo de experiência profissional, a formação e o salário mensal auferido.

Relativamente à idade do educador, na Holanda, Deynoot-Schaub e Riksen-Walraven (2005) verificaram que não havia relação entre a qualidade média das salas de creche (ITERS) e a idade do prestador de cuidados, mas no estudo semelhante realizado por de van Ijzendoorn et al. (1998) em creches e jardins-de-infância tinha sido observada qualidade mais elevada nas salas com profissionais mais velhos.

Diversos estudos têm encontrado associações entre o tempo de experiência do educador na área da educação de infância e os resultados da avaliação da qualidade de processo. Por exemplo, no estudo de van IJzendoorn et al. (1998) foi observada qualidade mais elevada nas salas com profissionais com menos anos de experiência. Contudo, nos EUA, Phillipsen, Burchinal, Howes e Cryer (1997) verificaram que, quer em salas para crianças mais novas (bebés e crianças de 1 e de 2 anos de idade), quer em salas do pré-escolar, a qualidade de processo era mais elevada nas que tinham prestadores de cuidados com mais experiência e, no mesmo país, Bryant et al. (1994) não encontraram associações estatisticamente significativas entre a experiência do educador e a qualidade avaliada utilizando a ECERS num grupo de 32 salas de Head Start.

No que se refere à formação do pessoal, os resultados têm sido mais concordantes, sendo que a maioria dos estudos revela uma associação positiva entre a formação dos profissionais na área da educação de infância e a qualidade de processo. Por exemplo, nos EUA foram relatadas associações positivas entre a qualidade das salas de creche e/ou pré-escolar e a formação do pessoal por Scarr et al. (1994), pela Cost, Quality & Child Outcomes Study Team (1995), por Phillipsen et al. (1997), por Phillips et al. (2000), etc.. Contudo, Bryant et al. (1994) não encontraram associações estatisticamente significativas entre a qualidade e a formação do educador, apesar de se ter verificado que havia um efeito moderado desta variável. Goelman et al. (2006), no Canadá, encontraram associações positivas de pequena magnitude entre a formação do pessoal e a qualidade avaliada pela ITERS-R. A formação dos adultos da sala era um dos preditores directos da qualidade das salas para bebés e para crianças de 1 e 2 anos de idade. Pelo contrário, no estudo de van IJzendoorn et al. (1998), na Holanda, foi observada qualidade mais elevada nas salas com profissionais com menos formação, tendo os autores considerado este resultado se pode dever ao facto de os educadores com menos experiência e menos formação serem capazes de lidar melhor com as condições de trabalho desfavoráveis e com a baixa probabilidade de progressão na carreira, revelando um melhor desempenho. Cassidy, Buell, Pugh-

Educação e cuidados de elevada qualidade

Hoese e Russell (1995) realizaram um estudo no qual verificaram o efeito da frequência pelos profissionais de disciplinas sobre desenvolvimento e educação de crianças, durante o período em que trabalham em salas de creche e de pré-escolar, na qualidade das suas salas e nas suas crenças. Os resultados revelaram que entre os profissionais que participaram no curso de formação os ganhos nos valores médios da ITERS e da ECERS foram significativamente superiores aos do grupo de controlo. Verificaram ainda que, no grupo de controlo, havia situações de diminuição dos resultados médios da qualidade. Os profissionais que tiveram formação revelavam, depois da formação, crenças e práticas mais adequadas ao desenvolvimento das crianças do que os outros profissionais.

Finalmente, diversos estudos têm encontrado associações positivas, estatisticamente significativas, entre o salário auferido pelo educador e a qualidade global (de processo) das salas de creche e de jardim-de-infância, sendo a sua magnitude variável (e.g., Cost, Quality & Child Outcomes Study Team, 1995; Goelman et al., 2006; Phillipsen et al., 1997; Scarr et al., 1994). O estudo de Phillips et al. (2000) revelou que a contribuição do salário do educador para a qualidade era particularmente relevante.

Em Portugal, no que diz respeito à idade do educador, os resultados obtidos por Pessanha (2005), relativos à avaliação de salas de creche, permitiram verificar a existência de uma associação negativa moderada, estatisticamente significativa, entre a qualidade média das salas e a idade do responsável pela sala. Porém, no estudo de Abreu-Lima e Nunes (2006) verificou-se que não havia associações entre esta variável e os resultados médios da qualidade avaliada pela ECERS-R.

No estudo ECCE (ECCE Study Group, 1997) a regressão hierárquica permitiu verificar que a qualidade média das salas dos jardins-de-infância portugueses era mais elevada quando os educadores tinham mais experiência, ao contrário dos jardins-de-infância alemães que revelavam qualidade mais elevada nas salas com educadores com menos tempo de experiência. Porém, no estudo recente de Abreu-Lima e Nunes (2006) verificou-se que não havia associações entre a experiência dos educadores e os resultados médios da qualidade avaliada pela ECERS-R. Nas salas de creche, Pessanha (2005) e Pinto (2006) também não encontraram uma associação estatisticamente significativa entre a qualidade média e o tempo de experiência do educador, apesar de haver de um efeito pequeno (negativo) que, numa amostra pequena (N = 30), pode indicar uma tendência para ser nas salas com educadores com menos experiência que se verifica qualidade mais elevada. Note-se que nesse estudo (Pessanha, 2005) a associação entre a idade dos educadores, que revelava associação negativa com a qualidade, e a sua experiência era forte (r = .84). Pinto (2006) verificou também que havia uma relação negativa moderada, estatisticamente significativa, entre a experiência

Capítulo II

82

dos educadores especificamente em creche e a qualidade global das salas. Deste modo, parece haver uma tendência para se observar qualidade mais elevada em salas de creche com educadores mais novos e com menos anos de experiência profissional em geral e em contexto de creche, mas os resultados relativos a jardim-de-infância são menos claros.

No que diz respeito à formação dos responsáveis pelas salas de creche portuguesas, foi encontrado um efeito importante da formação do adulto responsável pela sala (educador de infância vs auxiliar de educação), sendo a qualidade superior nas salas com educador de infância, apesar de estas diferenças não serem estatisticamente significativas (Aguiar et al., 2002). Porém, no ECCE, a educação geral dos educadores portugueses, ao contrário do que acontecia na Alemanha e na Espanha, não era um preditor da qualidade de processo (ECCE Study Group, 1997). Note-se que nos jardins-de-infância portugueses todas as salas são orientadas por um educador de infância com formação, o que pode conduzir a uma maior homogeneidade. O mesmo não acontece nas creches, nas quais se continuam a encontrar salas orientadas apenas por pessoal auxiliar.

Em Portugal, Pessanha et al. (2007) e Pinto (2006) relataram uma associação positiva moderada, estatisticamente significativa, entre o salário do responsável pela sala de creche e a qualidade média. Contudo, no estudo ICCE (Cryer et al., 1999) a associação, de pequena magnitude, entre o salário do educador e a qualidade das salas de jardim-de-infância portuguesas não era estatisticamente significativa, ao contrário do que se verificava em Espanha e nos EUA. A relação positiva estatisticamente significativa encontrada nas creches pode estar a ser determinada pela formação dos educadores dado que, habitualmente, são os educadores de infância (com formação) que têm salários mais elevados. Como foi referido, a formação dos profissionais tem um efeito positivo na qualidade.

Outras características estruturais

Além das características mais directamente relacionadas com as salas de creche e de jardim- de-infância e relacionadas com o educador, a investigação tem verificado o efeito de outros factores na qualidade de processo, nomeadamente relacionados com o tipo de instituição, com aspectos financeiros e com características do director.

Aguiar et al. (2002) e Pessanha (2005) verificaram que havia um efeito do tipo de instituição, IPSS ou instituição com fins lucrativos, na qualidade média das salas, apesar de, mais uma vez, não se terem encontrado diferenças estatisticamente significativas. A qualidade era mais elevada nas salas de IPSS. Na Holanda, Deynoot-Schaub e Riksen-Walraven (2005) compararam a qualidade média das instituições que eram subsidiadas e das que não eram subsidiadas, tendo verificado que havia

Educação e cuidados de elevada qualidade

diferenças estatisticamente significativas: as salas de creches subsidiadas tinham qualidade mais elevada do que as de creches não subsidiadas (a diferença era de 1 ponto na escala de likert de 7 pontos). No estudo Cost, Quality and Child Outcomes in Child Care Centers verificou-se que a qualidade média das salas era mais elevada nos estados com maiores exigências, em termos das regulamentações para obter licença de funcionamento e que essa elevada exigência atenuava as diferenças entre serviços de diferentes sectores (instituições com e sem fins lucrativos). Contudo, um nível de exigência mais elevado equivalia também a menor oferta de serviços e a custos mais elevados. Verificou-se que havia alguns centros com acesso a recursos suplementares, o que contribuía para a qualidade mais elevada, comparativamente aos outros (Cost, Quality & Child Outcomes Study Team, 1995).

Phillips et al. (2000), nas salas de creche, verificaram a existência de correlações estatisticamente significativas (de magnitude pequena ou moderada) entre a mensalidade paga pelos pais (r = .44) e a qualidade de processo. Confirmando esta associação, em salas de creche no Canadá, Goelman et al. (2006) encontraram associações positivas moderadas entre a qualidade média avaliada pela ITERS-R e a mensalidade e o apoio recebido pela instituição para pagar as instalações. A qualidade média era mais elevada em creches que eram local de estágio para estudantes e que não tinham fins lucrativos. A mensalidade paga pelos pais e a utilização do centro como local de estágio eram, entre outros, preditores indirectos da qualidade.

Vários autores alertam para a inconsistência dos resultados ao nível da associação entre as variáveis de estrutura e as variáveis de processo dos serviços de educação e cuidados para crianças com idade inferior a 6 anos. Por exemplo, Scarr et al. (1994) encontraram relações moderadas entre a qualidade global e algumas características de estrutura, considerando que com a excepção do salário do educador, que revelava uma associação forte, as outras variáveis de estrutura (que são regulamentadas) podem não captar suficientemente a qualidade de processo e, portanto, não podem ser considerados indicadores substitutos das medidas da qualidade. Pode considerar-se que estas variáveis são uma base para a existência de educação e cuidados de boa qualidade, mas não são garantia de que tal aconteça.

Os resultados expostos nesta secção, de facto, não permitem identificar com clareza quais as características de estrutura que mais se relacionam com a qualidade de processo. Os diversos estudos parecem indicar uma tendência para se encontrarem associações entre a qualidade de processo e características de estrutura (como o rácio adulto-criança, o número de adultos da sala, o número de crianças da sala, a formação dos profissionais, o salário dos profissionais, a mensalidade paga pelos

Capítulo II

84

pais) não sendo os resultados, todavia, unânimes. Será de salientar que, nos estudos portugueses referidos, nem sempre se encontram associações entre as diversas variáveis semelhantes às que têm sido encontradas em outros países, o que provavelmente se deve a factores específicos de cada país.

Relativamente às características dos educadores, em Portugal, em contexto de creche, parece haver uma tendência para se observar qualidade mais elevada em salas com educadores mais jovens e com menos anos de experiência profissional. Em jardim-de-infância ou não se encontram associações entre estas variáveis ou se encontra uma associação positiva, isto é, observa-se melhor qualidade nas salas do pré-escolar com educadoras com mais experiência profissional. A formação dos responsáveis pelas salas de creche parece ter um efeito positivo na qualidade de processo das suas salas, principalmente quando se comparam salas de creche orientadas por educadores de infância com salas de creche orientadas por auxiliares de educação. Nos jardins-de-infância, em Portugal, há maior uniformidade na formação dos responsáveis das salas de creche (todos são, de facto, educadores de infância, isto é, todos têm formação nesta área), o que torna mais difícil captar correlações. Nos outros países, onde não se verifica essa exigência, têm sido encontradas associações positivas entre a formação dos profissionais e a qualidade de processo das salas.

No que se refere a outras características, os resultados dos estudos efectuados em vários países indicam que é promovida uma qualidade de processo mais elevada nas instituições sem fins lucrativos, que recebem mais apoios a nível financeiro e de outros recursos ou onde os pais pagam mensalidades mais elevadas. Contudo, é interessante verificar que nos estados dos EUA com regulamentações mais exigentes as diferenças entre instituições de diferentes sectores não são observadas, o que pode contribuir para demonstrar o papel da legislação (e da exigência no seu cumprimento).

3. Efeitos da qualidade dos contextos de educação e cuidados no