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Enquadramento e objectivos do estudo

A revisão da literatura, apresentada nos capítulos anteriores, permitiu descrever o enquadramento que serve de base a este estudo. Apesar de, em Portugal, em pleno séc. XX, durante as décadas que corresponderam à ditadura salazarista, ter sido atribuída à mãe a responsabilidade de cuidar e educar os seus filhos, actualmente uma grande percentagem de mães está inserida no mundo do trabalho. Assim, a necessidade de haver instituições que colaborem com as famílias na educação e cuidados das crianças, antes do ingresso na escolaridade obrigatória, é incontestável.

Uma percentagem considerável, e com propensão a aumentar, de crianças passa grande parte dos seus dias em creches e jardins-de-infância (Instituto da Segurança Social, 2005a; Gabinete de Avaliação e Informação do Sistema Educativo, 2006), sendo de grande importância o papel destas instituições no seu desenvolvimento (e.g., Bryant et al., 1994; Burchinal, Ramey, Reid, & Jaccard, 1995; Vandell & Wolfe, 2000). Se as crianças são colocadas desde tenra idade em creches e os resultados da investigação mostram que a qualidade da creche está positivamente relacionada com o seu desenvolvimento a diversos níveis (e.g., Bryant et al., 2003; ECCE Study Group, 1997), torna-se, então, evidente a necessidade de se avaliar e promover a qualidade destes centros.

Nos últimos anos, tem sido dedicada, a nível internacional, uma atenção crescente ao estudo dos contextos para crianças em idade pré-escolar. Todavia, os estudos desenvolvidos em contexto de creche em Portugal são ainda escassos. Relativamente à qualidade destas instituições, resultados encontrados no estudo publicado em 2002, relativos a 30 salas, revelaram uma qualidade baixa em creches da área metropolitana do Porto (Aguiar et al., 2002). Este estudo constituiu um importante impulso para a presente investigação. Tendo em mente os factores expostos anteriormente, estes resultados ampliavam a necessidade de se avaliarem as creches em Portugal, alargando o número de salas participantes. O estudo referido utilizou a Escala de Avaliação do Ambiente de Creche, a tradução portuguesa da Infant/Toddler Environment Rating Scale (Harms et al., 1990). Com a publicação da edição revista desta escala, pelos mesmos autores (Harms et al., 2003), revelou-se oportuno utilizar essa edição, o que requereu o seu estudo e tradução no presente trabalho.

Os estudos que avaliam a qualidade das creches e jardins-de-infância em Portugal têm revelado a ausência de serviços de boa ou excelente qualidade (e.g., Aguiar et al., 2002; Abreu-Lima & Nunes, 2006). Contudo, em geral, os pais com crianças a frequentar creches e jardins-de-infância portugueses têm-se revelado satisfeitos com a qualidade dos serviços e poucos identificam problemas existentes nas instituições (e.g., Ojala & Opper, 1994; Folque, 1995). Resultados semelhantes foram

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encontrados em estudos realizados noutros países (e.g., Cryer & Burchinal, 1997). De facto, em diversos estudos se concluiu que os pais tendem a sobrevalorizar a qualidade das instituições, verificando-se algo semelhante quando são profissionais das instituições a efectuar o mesmo tipo de avaliação (e.g., Sheridan, 2000).

Tendo presente que os resultados da avaliação da qualidade das creches, em Portugal, apesar de escassos, têm revelado a existência de uma qualidade pobre, seria pertinente determinar que avaliação os pais fazem actualmente das creches que os filhos frequentam, mas também que avaliação fazem as educadoras de infância/auxiliares de educação. Seria igualmente importante determinar que critérios de qualidade são valorizados por pais e por educadores de infância/auxiliares, tentando perceber em que medida valorizam os critérios incluídos na ITERS-R, a escala frequentemente utilizada para avaliar a qualidade das creches e igualmente utilizada neste estudo, e analisar a relação entre a avaliação da qualidade da creche efectuada e a importância atribuída aos critérios de qualidade.

Uma vez que se pretendia utilizar a ITERS-R, uma escala desenvolvida nos EUA, efectuou-se um estudo prévio no sentido de se verificar se havia alguma correspondência entre os critérios de qualidade incluídos na escala e os critérios abrangidos pela legislação e outros documentos orientadores considerados mais importantes, vigentes à data (ano lectivo 2002-2003).

Como foi referido, a legislação que em Portugal regulamenta especificamente as creches é muito limitada. Embora os Guiões Técnicos para a Creche, da Direcção Geral para a Acção Social (Rocha et al., 1996), constituam apenas “princípios orientadores”, eram, em 2002 (data de início deste estudo), o documento a que todos os tipos de creches poderiam recorrer de modo a conhecerem os padrões de qualidade requeridos pela Segurança Social. As creches de instituições com fins lucrativos são reguladas, desde 1989, por um despacho – Despacho Normativo n.º 99/89, de 27 de Outubro de 1989 – que define as Normas Reguladoras das Condições de Instalação e Funcionamento das Creches com Fins Lucrativos e que tem muitas semelhanças com os Guiões Técnicos. Estes eram os documentos mais importantes no que diz respeito ao funcionamento das creches, existindo vários decretos, despachos e portarias aplicáveis às creches, do mesmo modo que a outro tipo de instituições, como: (1) o Despacho Conjunto dos Ministérios do Plano e da Administração do Território, das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e do Trabalho e Segurança Social, de 30 de Junho de 1986, relativo às “recomendações técnicas para melhoria da acessibilidade dos deficientes aos estabelecimentos que recebam público”, e o Decreto-Lei n.º 123/97, de 22 de Maio de 1997, que define as normas técnicas para melhoria da acessibilidade dos cidadãos com mobilidade condicionada aos

Enquadramento e objectivos

edifícios, estabelecimentos que recebem público e via pública; (2) o Decreto-Lei n.º 133-A/97, de 30 de Maio de 1997, que regulamenta os estabelecimentos e serviços privados em que sejam exercidas actividades de apoio social do âmbito da Segurança Social; (3) a Portaria 149/88, de 9 de Março de 1988, que define regras de asseio e higiene a observar pelas pessoas que, na sua actividade profissional, entram em contacto directo com alimentos, e os Decretos-Lei n.º 67/98, de 19 de Março de 1998, e n.º 425/99, de 21 de Outubro de 1999, que definem normas gerais de higiene a que devem estar sujeitos os géneros alimentícios; e (4) o Decreto-Lei n.º 379/97, de 27 de Dezembro de 1997, que estabelece as condições de segurança a observar na localização, implantação, concepção e organização funcional dos espaços de jogo e recreio, respectivo equipamento e superfícies de impacto. No Quadro 2 pode ser verificada a correspondência encontrada entre os critérios de qualidade incluídos na ITERS-R e os critérios abrangidos por estes documentos. Para cada item da ITERS-R é assinalado o documento que foca aspectos semelhantes, ainda que haja uma correspondência apenas parcial. Por exemplo, o Decreto-Lei n.º 133-A/97, que regulamenta os estabelecimentos e serviços privados em que sejam exercidas actividades de apoio social do âmbito da Segurança Social, prevê que as instituições afixem em local bem visível diversos documentos, entre os quais o regulamento interno. O item Iniciativas para envolver os pais, da ITERS-R, requer, entre outros indicadores, que os pais tenham conhecimento da filosofia e abordagens praticadas na creche e haja partilha de informação entre o pessoal e os pais. Assim, foi assinalada a presença deste item no Decreto-Lei n.º 133-A/97, por se considerar que a afixação dos diversos documentos pode ser uma forma de comunicar com os pais, apesar de corresponder a apenas uma parte da descrição do item.

Os Guiões Técnicos para a Creche (Rocha et al., 1996) incluem orientações que, de algum modo, coincidem com aspectos focados igualmente em 17 dos 39 itens da ITERS-R, o que representa 43.6% dos itens da escala. O Despacho Normativo n.º 99/89 inclui aspectos relacionados com 15 dos 39 itens (38.5% dos itens). Estes dois documentos incluem orientações pormenorizadas acerca de aspectos também focados na ITERS-R, particularmente no que se refere aos itens Espaço interior, Mobiliário para cuidados de rotina e jogo, Refeições, Mudança de fraldas/idas à sanita, Práticas de saúde e Práticas de segurança.

Os aspectos que podem ser encontrados na ITERS-R e não são focados pelos Guiões Técnicos e pelo Despacho Normativo n.º 99/89 relacionam-se principalmente com a linguagem, as actividades e as interacções. Relativamente às actividades, os Guiões Técnicos, sem darem orientações específicas, referem que “as actividades prosseguidas (…) asseguram a satisfação das necessidades físicas, afectivas e cognitivas (…) de modo a que os cuidados prestados respondam não só à satisfação das suas necessidades e bem-estar, mas também favoreçam o seu desenvolvimento

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integrado” (Rocha et al., 1996, Norma IX). O Despacho Normativo n.º 99/89, Norma XII, refere que as “diferentes salas deverão estar equipadas, qualitativa e quantitativamente, com o material necessário à estimulação do desenvolvimento das crianças, de acordo com a sua fase evolutiva.”

São também especificados nos Guiões Técnicos (Rocha et al., 1996) aspectos não focados ou pouco pormenorizados pela ITERS-R, como as condições gerais de implantação, localização e instalação, o que inclui especificidades relativas à zona onde se poderá abrir uma creche (e.g., zonas habitacionais afastadas de área poluídas e ruidosas). É especificado o número de crianças que deveria pertencer a cada grupo, havendo, porém, uma incongruência no documento, uma vez que a Norma IV propõe os limites máximos de oito crianças no berçário, 10 a 12 nas salas para crianças entre a aquisição da marcha e os 24 meses e entre 24 e 36 meses, e a Norma IX propõe os limites máximos de oito crianças no berçário, 10 crianças na sala para crianças entre a aquisição da marcha e os 24 meses e 15 crianças na sala para crianças entre os 24 e os 36 meses. São especificadas as dimensões mínimas das salas de actividades e da área de refeições, que dependem do número de crianças que a frequentam ou podem frequentar (mínimo de 2m2 por criança nas salas de actividades, sugerindo 2.5m2 para a sala dos 24 aos 36 meses e 0.70m2 por criança na área de refeições). Relativamente ao mobiliário e equipamento para os cuidados de rotina, é definido o número de lavatórios e de sanitas, de tamanho adequado às crianças (um lavatório para cada sete crianças e uma sanita para cada cinco crianças, a partir dos 2 anos de idade). São especificadas, ainda, as condições físicas da cozinha. Os Guiões Técnicos requerem a existência de uma área destinada às crianças em situação de doença súbita. Condições semelhantes são descritas no Despacho Normativo n.º 99/89. No que diz respeito à Chegada e partida das crianças, os Guiões Técnicos explicitam que “as crianças só poderão ser entregues aos pais ou a alguém devidamente credenciado e registado em ficha no acto da inscrição” (Norma IX). Descrevem a formação de base requerida para a direcção técnica e o número de profissionais, de acordo com a sua função (um educador de infância afecto a cada grupo de crianças, um ou dois elementos auxiliares do pessoal técnico para cada grupo de 10 crianças, um cozinheiro, empregadas auxiliares). Neste aspecto, a diferença encontrada no Despacho Normativo n.º 99/89, em relação aos Guiões Técnicos, relaciona-se com os educadores de infância, dado que só são exigidos nas salas para crianças a partir da aquisição da marcha. Os Guiões Técnicos focam ainda os critérios de prioridade na admissão de crianças, o processo de admissão e a documentação necessária, bem como outros requisitos de funcionamento, que vão para além dos objectivos da ITERS-R.

Enquadramento e objectivos

Quadro 2. Correspondência entre os conteúdos dos itens da ITERS-R e da legislação/outros documentos aplicáveis às creches

Guiões Técnicos13 DN 99/8914 DC 30-06-8615 DL 123/9716 DL 133-A/9717 Port. 149/8818 DL 67/9819 DL 425/9920 DL 379/9721 1. Espaço interior   

2. Mobiliário p/ cuidados de rotina e jogo  

3. Condições para relaxamento e conforto

4. Arranjo da sala   

5. Material exposto para as crianças

6. Chegada/partida 

7. Refeições/refeições ligeiras    

8. Sesta  

9. Mudança de fraldas/idas à sanita  

10. Práticas de saúde    

11. Práticas de segurança    

12. Ajudar as crianças a compreender a linguagem 13. Ajudar as crianças a usar a linguagem 14. Utilizar livros

15. Motricidade fina

16. Jogo físico activo   

17. Arte

18. Música e movimento 19. Blocos

20. Jogo dramático

21. Jogo de areia e água   

22. Natureza/ciência

23. Uso de TV, vídeo e/ou computador 24. Promover a aceitação da diversidade

25. Supervisão do jogo e da aprendizagem 

26. Interacção entre pares 27. Interacção adulto-criança 28. Disciplina

29. Horário  

30. Jogo livre

31. Actividades de grupo

32. Medidas p/ crianças c/ incapacidades   

33. Iniciativas para envolver os pais   

34. Condições p/ nec. pessoais do pessoal  

35. Condições p/ nec. prof. do pessoal  

36. Interacção e cooperação entre o pessoal 37. Continuidade do pessoal

38. Supervisão e avaliação do pessoal

39. Oportunidades p/ desenv. profissional  

13 Guiões Técnicos para a Creche (Rocha et al., 1996) 14 Despacho Normativo n.º 99/89, de 22 de Outubro de 1989 15 Despacho Conjunto de 30 de Junho de 1986

16 Decreto-Lei n.º 123/97, de 22 de Maio de 1997 17 Decreto-Lei n.º 133-A/97, de 30 de Maio de 1997 18 Portaria n.º 149/88, de 9 de Março de 1988 19 Decreto-Lei n.º 67/98, de 19 de Março de 1998 20 Decreto-Lei n.º 425/99 de 21 de Outubro de 1999

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Tendo em consideração os documentos consultados, verificou-se que são mencionados conteúdos de 17 itens da ITERS-R, o que corresponde a 43.6% dos itens. Os itens não incluídos são: Condições para relaxamento e conforto, Material exposto para as crianças, Ajudar a compreender a linguagem, Ajudar as crianças a usar a linguagem, Utilizar livros, Motricidade fina, Arte, Música e movimento, Blocos, Jogo dramático, Natureza/ciência, Uso de TV, vídeo e/ou computador, Promover a aceitação da diversidade, Interacção entre pares, Interacção adulto-criança, Disciplina, Jogo livre, Actividades de grupo, Interacção e cooperação entre o pessoal, Continuidade do pessoal e Supervisão e avaliação do pessoal.

Não foram considerados nesta análise os documentos que orientam o pré-escolar, que, em Portugal, abrange as crianças dos 3 anos até à idade de entrada na escolaridade obrigatória, como o Despacho conjunto n.º 268/97, do Ministério da Educação e do Ministério da Solidariedade e Segurança Social (actualmente Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social), a Lei-Quadro da Educação Pré-escolar (Lei n.º 5/97, de 10 de Fevereiro), as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (Ministério da Educação, 1997) e os Decretos-Lei n.º 240/2001 de 30 de Agosto (Perfis gerais de competência) e n.º 241/2001 de 30 de Agosto (Perfis gerais de competência dos educadores e professores do 1º ciclo). O Decreto-Lei n.º 241/2001 refere explicitamente que se dirige aos educadores de infância do pré-escolar, salvaguardando, contudo, que a formação em educação de infância habilita para o desempenho de funções em instituições que acolhem crianças até aos 3 anos de idade.

Os documentos destinados à educação pré-escolar abarcam áreas mais abrangentes e fornecem orientações mais específicas, do que os documentos destinados à creche. Os Perfis Gerais de Competência focam aspectos relacionados com 21 itens da ITERS-R, apesar de não fornecerem orientações pormenorizadas em cada um desses domínios, incluindo, ao contrário dos documentos para a creche, diversos aspectos relacionados com as actividades específicas a desenvolver, a linguagem, a interacção, a estrutura do programa e a importância do trabalho em equipa. De salientar que a diferença não se relaciona tanto com o número de itens abrangidos, como com o tipo de itens.

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (Ministério da Educação, 1997) abrangem conteúdos semelhantes a grande parte dos itens incluídos na ITERS-R. De facto, apenas não se encontram nas Orientações Curriculares conteúdos que correspondam ao conteúdo dos itens Condições para relaxamento e conforto, Sesta, Condições para satisfazer as necessidades pessoais do pessoal e Condições para satisfazer as necessidades profissionais do pessoal. Nas orientações Curriculares são dadas orientações relativas a aspectos focados também pelos itens Refeições, Fraldas/idas à sanita e Supervisão do jogo e da aprendizagem, mas com um objectivo algo diferente,

Enquadramento e objectivos

uma vez que não se trata de regulamentar as práticas desenvolvidas nestes domínios, mas de orientar os profissionais no sentido de promoverem a autonomia das crianças e a educação para a saúde e no sentido de observarem permanentemente as crianças de modo a poderem adequar mais eficazmente a sua prática.

A situação descrita não será independente da valorização do jardim-de-infância pela sua função educativa, dependente do Ministério da Educação, e da creche pela sua função de guarda, dependente do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, como já foi referido. É de salientar a importância atribuída, pelos documentos destinados à creche, a aspectos relacionados com o espaço e as rotinas e, nos documentos para o pré-escolar, às actividades, interacções e linguagem.

Os dados recolhidos nesta análise prévia sugerem a existência de uma correspondência parcial entre os conteúdos da ITERS-R e as regulamentações nacionais, fundamentando, numa primeira abordagem, a sua utilização no contexto deste estudo.

Tendo em conta os factores enunciados, o grande objectivo desta investigação é contribuir para o estudo da qualidade das creches em Portugal, abrangendo os seguintes objectivos específicos:

1) estudar as características métricas dos dados recolhidos através da ITERS-R e descrever a qualidade das creches do distrito do Porto;

2) identificar as características da creche valorizadas por pais e por educadores de infância/auxiliares de educação;

3) determinar em que medida os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação valorizam os critérios de qualidade incluídos na ITERS-R;

4) determinar que avaliação os pais fazem da creche que os filhos frequentam;

5) determinar que avaliação os educadores de infância/auxiliares de educação fazem da creche onde trabalham;

6) investigar a associação entre as ideias dos pais e dos educadores de infância/auxiliares de educação acerca da creche e características sociodemográficas;

7) investigar a associação entre os critérios valorizados pelos pais e pelos educadores de infância/auxiliares de educação e a avaliação que efectuam da creche;

8) comparar a avaliação efectuada por pais, educadores de infância/auxiliares de educação e observadores externos.

Para nortear o estudo empírico, no sentido de se alcançarem os objectivos definidos, foram definidas questões de investigação, que se apresentam seguidamente:

Capítulo III

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1. Os dados obtidos com o instrumento ITERS-R revelam fidelidade, validade e sensibilidade? 2. Qual a qualidade das salas de creche em Portugal (distrito do Porto)?

3. Como é que os pais avaliam a qualidade da creche dos seus filhos?

3.1 Que critérios de qualidade são valorizados pelos pais de crianças em idade de creche? 3.2 Que importância atribuem aos critérios incluídos na ITERS-R?

3.3 Como avaliam a creche que os filhos frequentam, ao nível dos critérios incluídos na ITERS-R? 3.4 Que variáveis estão associadas à importância atribuída aos critérios e à avaliação que fazem

da creche?

3.5 Há alguma relação entre a importância que atribuem aos critérios e a avaliação que fazem da qualidade da creche?

4. Como é que os educadores de infância/auxiliares de educação avaliam a qualidade da creche onde trabalham?

4.1 Que critérios de qualidade são valorizados pelos educadores de infância/auxiliares de educação da creche?

4.2 Que importância atribuem aos critérios incluídos na ITERS-R?

4.3 Como avaliam a creche onde trabalham, ao nível dos critérios incluídos na ITERS-R?

4.4 Que variáveis estão associadas à importância atribuída aos critérios e à avaliação que fazem da creche?

4.5 Há alguma relação entre a importância que atribuem aos critérios e a avaliação que fazem da qualidade da creche?

5. Os pais e os educadores valorizam os mesmos critérios de qualidade?

5.1 Pais e educadores de infância/auxiliares de educação valorizam os mesmos critérios de qualidade e utilizam os mesmos critérios para descrever uma creche de boa/má qualidade? 5.2 Há diferenças na importância atribuída pelos pais e pelos educadores de infância/auxiliares de

educação aos critérios incluídos na ITERS-R ?

6. Em que medida os observadores externos, os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação avaliam ou não de forma diferente as mesmas creches?

6.1 Há diferenças na avaliação efectuada por observadores e por pais? 6.2 Há diferenças na avaliação efectuada por observadores e por educadores?

6.3 Há diferenças na avaliação efectuada por pais e por educadores de infância/auxiliares de educação?

6.4 Há alguma associação entre a avaliação efectuada por observadores, pais e educadores de infância/auxiliares de educação?

Enquadramento e objectivos

Tendo como base os objectivos e questões de investigação definidos, bem como os resultados da pesquisa bibliográfica efectuada, foram formuladas algumas hipóteses de investigação:

1. as salas para crianças entre 1 - 2 anos revelam qualidade inferior às salas para crianças entre 2 - 3 anos;

2. as salas com menos crianças por adulto revelam qualidade mais elevada;

3. as salas orientadas por profissionais com formação em Educação de Infância revelam qualidade superior às salas orientadas por auxiliares de educação;

4. os critérios de qualidade que os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação mais valorizam são os que se relacionam com aspectos de saúde, incluindo higiene e alimentação, e de interacção;

5. os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação avaliam de forma positiva a qualidade das creches;

6. os pais de nível educativo mais baixo avaliam a creche de forma mais positiva, não havendo associação entre a avaliação da creche efectuada pelos pais e o rendimento do agregado familiar;

7. os educadores de infância/auxiliares de educação com menos formação avaliam mais positivamente a creche onde trabalham;

8. os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação efectuam avaliações mais elevadas nos itens que mais valorizam;

9. os pais e os educadores de infância/auxiliares de educação efectuam avaliações da qualidade