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CAPITULO IV: Método

1. Participantes

Participaram neste estudo 160 creches, 110 pais e 110 responsáveis por salas de creche. Em cada creche foi observada apenas uma sala. As salas de creche observadas abrangiam, no total, 2070 crianças e 323 adultos.

1.1 Caracterização das instituições e das salas

A partir da listagem de creches do distrito do Porto, disponibilizada pela Direcção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, foram seleccionadas aleatoriamente 160 creches. Foi utilizado o método de amostragem estratificada, de forma a serem seleccionadas 80 creches de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e 80 creches de instituições com fins lucrativos. Após a selecção, foram enviadas cartas aos directores das instituições, explicando os objectivos do estudo e solicitando a sua colaboração. Seguidamente os directores foram contactados por telefone, de forma a obter informação acerca da disponibilidade e interesse em participar no estudo.

No sentido de se obter a participação de 80 creches de IPSS foram contactadas 83, sendo, portanto, a taxa de participação de 96.38%. As três creches que recusaram participar apontaram como principal motivo o facto de terem outros pedidos de colaboração. Para obter a colaboração de 80 creches com fins lucrativos foram contactadas 116, sendo a taxa de participação de 68.97%. As razões apresentadas para não participar no estudo foram várias, entre as quais o facto de terem outros estudos ou estágios a decorrer na instituição. Várias creches informaram apenas que não estavam interessadas e houve uma que apresentou como justificação a recusa por parte dos pais de terem alguém externo à instituição na sala dos filhos. O facto de ter havido recusas, principalmente no que se refere às creches com fins lucrativos, pode ter causado algum efeito de auto-selecção. Relativamente às creches que recusaram participar, a única informação recolhida foi o motivo para não participarem.

Tal como se referiu, em cada creche foi observada apenas uma sala, num total de 65 salas para crianças com idades compreendidas entre 1 e 2 anos, 80 salas para crianças com idades compreendidas entre 2 e 3 anos e 15 salas para crianças com idades compreendidas entre 1 e 3 anos. Como pode ser verificado no Quadro 3, o número de crianças em cada sala variou entre 4 e 30 e o número de adultos variou entre 1 e 5. O rácio adulto:criança variou entre 1:2 e 1:17.

Os directores das instituições participantes tinham diferentes níveis de formação. Cinquenta e nove directores (36.88%) tinham licenciatura em Educação de Infância, 67 (41.88%) tinham licenciatura

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noutra área, 11 (6.88%) tinham concluído o ensino secundário e 21 (13.13%) tinham menos do que o ensino secundário. Não foi possível obter esta informação acerca de dois directores. A idade dos directores variava entre 24 e 83 anos (M = 45.97, DP = 11.97) e a experiência como director variava entre 1 mês e 40 anos (M = 10.69, DP = 8.19).

A pessoa responsável pela sala (que designaremos por educador e que é assumida neste estudo como o adulto que assegura todo ou a maior parte do trabalho directo realizado na sala, mesmo que oficialmente o responsável seja outra pessoa) era educador de infância em 132 destas salas e auxiliar de educação em 28. Os responsáveis pelas salas tinham entre 5 e 18 anos de educação formal (M = 14.88, DP = 2.41). Os auxiliares de educação frequentaram em média 10.33 anos de escolaridade (DP = 2.81) e os educadores de infância tinham bacharelato (n = 32), licenciatura (n = 97) ou pós- graduação (n = 3). A idade dos profissionais variou entre 21 e 52 anos (M = 32.27, DP = 6.93) e a experiência no trabalho com crianças variou entre 2 meses e 32 anos (M = 8.09, DP = 6.66). No conjunto das 160 salas havia apenas uma com educador de infância do género masculino.

Quadro 3. Características estruturais das salas

n M DP Min. - Máx. Tamanho do grupo N = 160 12.94 4.62 4-30 N = 110 12.48 4.06 4-24 N.º de adultos N = 160 2.02 0.76 1 - 5 N = 110 2.06 0.75 1 - 5

N.º de crianças por adulto

N = 160 6.97 2.82 2-17

N = 110 6.61 2.63 2-15

N.º de salas por faixa etária N = 160 1 – 2 anos 65 2 – 3 anos 80 1 – 3 anos 15 N = 110 1 – 2 anos 56 2 – 3 anos 54 1 – 3 anos 0

As 160 salas descritas foram observadas com o objectivo de se estudarem as características métricas dos dados obtidos com a Escala de Avaliação do Ambiente de Creche (ITERS-R). As análises principais do estudo foram efectuadas com os dados obtidos em 110 salas, sendo 55 de instituições com fins lucrativos e 55 de IPSS. Estas creches correspondem às primeiras 110 que foram seleccionadas, seguindo o procedimento já relatado.

Método

Relativamente aos directores destas 110 creches, 42 (38.2%) eram educadores de infância, 45 (40.9%) tinham licenciatura noutra área, 7 (6.4%) tinham completado o ensino secundário e 16 (14.5%) tinham menos do que o ensino secundário completo. A sua idade variava entre 27 e 75 anos (M = 45.55, DP = 11.88) e a experiência como director variava entre meio ano e 40 anos (M = 10.45, DP = 7.94). Em cada tipo de instituição (IPSS ou instituição lucrativa) foram observadas 28 salas de 1 – 2 anos e 27 salas 2 – 3 anos. Assim, na primeira IPSS que concedeu autorização foi observada a sala 1 – 2 anos, na segunda creche a sala 2 – 3 anos, na terceira a sala 1 – 2 anos e assim sucessivamente. O mesmo aconteceu relativamente às creches com fins lucrativos. Como pode ser verificado no Quadro 3, o número de crianças em cada sala variou entre 4 e 24 e o número de adultos variou entre 1 e 5. O rácio adulto:criança variou entre 1:2 e 1:15. As 110 salas englobavam na sua totalidade 1373 crianças e 227 adultos. Os responsáveis pelas salas observadas nestas creches participaram de forma mais activa neste estudo e serão descritos de seguida.

1.2 Caracterização dos educadores

Participaram neste estudo 110 responsáveis pelas salas observadas. Em 89 salas os responsáveis eram educadores de infância com bacharelato (n = 24), licenciatura (n = 63) ou pós- graduações (n = 2) e em 21 salas eram auxiliares de educação, cuja educação formal variava entre 5 e 13 anos (M = 9.57, DP = 2.44). Das auxiliares de educação apenas uma tinha realizado um curso profissional para auxiliares de educação. Entre os educadores de infância havia apenas um do sexo masculino e todos os auxiliares eram do sexo feminino. As informações relativas aos 110 educadores constam do Quadro 4.

Quadro 4. Variáveis sociodemográficas dos educadores

M DP Min. - Máx.

Anos de educação formal 14.61 2.73 5 – 18

Anos de experiência 7.42 5.77 0.16 – 23.00

Idade 31.49 6.44 21 – 48

Salário líquido mensal (euros) 716.88 227.96 300.00 – 1300.00

Apenas os educadores das primeiras 10 salas de IPSS e 10 salas de instituições com fins lucrativos participaram na parte mais qualitativa deste estudo. Eram todos do sexo feminino. Destas educadoras, 15 eram educadoras de infância e 5 auxiliares de educação. As educadoras de infância

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tinham bacharelato (n = 1), licenciatura (n = 12) ou pós-graduações (n = 2). As auxiliares de educação tinham em média 10 anos de escolaridade (DP = 2.12), variando entre 7 e 12 anos. A idade das educadoras variava entre 23 e 48 anos (M = 32.20 anos, DP = 7.52) e a sua experiência na área da educação de crianças em creche ou jardim-de-infância variava entre 1 e 23 anos (M = 7.01, DP = 6.25). O salário mensal médio era de 667.20 euros (DP = 202.97), variando entre 400 e 1025 euros.

1.3 Caracterização dos pais

Participaram neste estudo 110 pais, um de cada sala de creche. De modo a seleccionar os pais participantes, foram utilizadas listas de números aleatórios para ordenar as crianças de cada sala. Os pais da primeira criança seleccionada em cada sala foram contactados pelo educador no sentido de se obter a sua colaboração. Foi-lhes dada a possibilidade de decidirem se seria a mãe ou o pai a participar no estudo. Nos casos em que os pais da primeira criança seleccionada recusaram participar, foram contactados os da segunda criança e assim sucessivamente. Devido às recusas de alguns pais, de modo a obter a participação de 110 pais foram contactados 171, o que representa uma taxa de participação de 64%.

Quadro 5. Características dos pais participantes

M DP Min. - Máx.

Idade 32.31 5.04 18 - 43

Rendimento mensal do agregado (euros) 1803.01 1048.45 0 – 7000

Educação formal (anos) 12.78 4.41 4 - 22

Dos 110 participantes, 98 (89.1%) eram mães e 12 eram pais. A idade média dos pais variava entre 18 e 43 anos (M = 32.31, DP = 5.04). Os pais participantes tinham entre 4 e 22 anos de educação formal (M = 12.78, DP = 4.41), sendo que 47.3% tinham o Ensino Superior ou efectuaram estudos pós- graduados, 40% tinham entre o 7.º e o 12.º ano de escolaridade e 12.7% tinham menos do que o 7.º ano de escolaridade. Os rendimentos mensais líquidos auferidos pelo agregado familiar variavam entre zero e 7000 euros (M = 1803.01, DP = 1048.45). Cento e dois pais estavam casados ou em união de facto (92.7%), 5 pais eram solteiros (4.50%) e 3 pais eram divorciados (1.9%) (ver Quadro 5).

Método

Participaram no estudo qualitativo 20 pais, também das primeiras 10 IPSS e 10 instituições com fins lucrativos seleccionadas para o estudo mais abrangente e que aceitaram participar.

Dezassete participantes eram mães e 3 eram pais. Todos eram casados ou viviam em união de facto. Estes pais tinham em média 12.05 anos de escolaridade (DP = 4.51), variando entre 6 e 19 anos. A idade dos pais variava entre 25 e 40 anos (M = 33.40 anos, DP = 4.11). Os rendimentos mensais do agregado familiar variavam entre 600 e 3750 euros mensais (M = 1743.00, DP = 770.02).