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CAPITULO IV: Método

3. Procedimento

3.1 Treino e acordo interobservadores

Serão descritos nesta secção os procedimentos relativos ao treino para utilização dos instrumentos Escala de Avaliação do Ambiente de Creche e Registo do Envolvimento de Grupo, com a respectiva obtenção de acordo interobservadores.

3.1.1 Escala de Avaliação do Ambiente de Creche

No que se refere à ITERS-R, um dos observadores participou num curso intensivo, organizado pelos autores da escala, na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Posteriormente, outros dois observadores tiveram uma formação com o primeiro, na qual se utilizaram os materiais recomendados e elaborados pelos autores, nomeadamente o vídeo de treino (Harms & Cryer, 2003). Após este procedimento, foram realizadas cotações para treino em 16 salas de creche, que não participaram no estudo, com o objectivo de se obter pelo menos 85% de acordo interobservadores. No conjunto destas salas, foi obtida uma percentagem de acordo médio, com diferenças de um valor, de 88%.

3.1.2 Registo do Envolvimento de Grupo

Capítulo IV

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respectiva sala de creche. Após a instrução na utilização do instrumento, efectuada pelo observador que tinha já efectuado treino e recolha de dados no âmbito do projecto de investigação ”Qualidade das interacções da criança em contexto familiar e de creche e o seu impacto no seu desenvolvimento sócio- cognitivo”22, os outros dois observadores foram treinados na utilização do Registo do Envolvimento de Grupo (Check II) em salas de creche, até se obter uma percentagem de acordo superior a 90%. Foram efectuadas 16 sessões de treino, tendo sido obtido um acordo médio de 98%.

3.2 Recolha de dados

Todos os dados foram recolhidos entre Setembro de 2004 e Outubro de 2005, tendo sido este procedimento levado a cabo por três licenciados em Psicologia. De seguida, serão descritos os procedimentos de recolha de dados utilizando cada um dos instrumentos/grupo de instrumentos.

3.2.1 Escala de Avaliação do Ambiente de Creche

Tal como é sugerido pelos autores da escala, o observador responsável por recolher os dados em cada sala permaneceu com o grupo pelo menos 3 horas e meia, de forma a cotar todos os indicadores de cada item (Opção de cotação alternativa). Foram observadas as principais rotinas e actividades, desde a chegada até à hora da sesta (as crianças iam dormir depois do almoço em todas as creches). Todas as salas foram observadas durante a manhã, por ser, habitualmente, o período do dia de maior actividade nas creches. Geralmente, no fim do almoço as crianças dormem entre 2 a 3 horas e após o sono vão lanchar. Assim, no período da tarde são desenvolvidas poucas actividades e nem sempre na sala ou orientadas pela pessoa responsável pela sala. Após a observação de cada sala, foi efectuada uma entrevista ao educador, no sentido de se preencherem os indicadores de cada item da ITERS-R, de mais difícil observação, tendo em conta que o observador permanece na sala apenas algumas horas. Foram utilizadas, quando adequado, as questões sugeridas pela ITERS-R.

O acordo interobservadores foi verificado ao longo do processo de recolha de dados. Em 110 salas foram realizadas 30 observações para verificação do acordo (27.3% das salas). Para cada item da ITERS-R foram calculados (1) a percentagem de acordo exacto, (2) a percentagem de acordo com um valor de diferença, (3) o coeficiente kappa ponderado e (4) o coeficiente de correlação intraclasses

22 No âmbito do projecto “Qualidade das interacções da criança em contexto familiar e de creche e o seu impacto no seu desenvolvimento sócio-cognitivo” cada observador efectuou entre seis e oito sessões de treino em salas de creche previamente à recolha de dados; foram recolhidos dados em 30 salas de creche, com controlo de acordo interobservadores em 25% das sessões de observação (ver Mascarenhas, Pinto, & Bairrão, 2004).

Método

(ICC). Foi obtida uma percentagem média de acordo exacto de 78.77 (DP = 15.28), tendo variado entre 43.33 e 100; a percentagem média de acordo com um ponto de diferença foi de 96.40 (DP = 4.28), tendo variado entre 83.33 e 100; o coeficiente kappa ponderado foi em média de .72 (DP = .22), tendo variado entre 0 e 1.00; e o ICC médio foi de .79 (DP = .23), variando entre -.06 e .79.

Foram igualmente calculados os acordos incluindo apenas 34 itens desta escala (identificados anteriormente). Verificou-se uma percentagem média de acordo exacto de 78.55 (DP = 15.07), tendo variado entre 43.33 e 96.67; a percentagem média de acordo com um ponto de diferença foi de 95.98 (DP = 4.40), tendo variado entre 83.33 e 100; o coeficiente kappa ponderado obtido foi em média de .70 (DP = .23), tendo variado entre 0 e .98; e o ICC médio foi de .78 (DP = .24), variando entre -.06 e 1.00.23

3.2.2 Registo do Envolvimento de Grupo

O envolvimento de grupo, em cada sala, foi registado com base em duas sessões de observação, realizadas em duas manhãs diferentes, em situações de jogo livre. Cada sessão de observação teve a duração de 15 minutos. O número de crianças presentes na sala e o número de crianças não envolvidas foram registados pelo observador a cada 15 segundos, alertado por um sinal sonoro proveniente de um leitor de cassetes com auricular, totalizando 60 momentos de registo. Como foi referido, o número de sessões foi determinado com base num estudo prévio realizado por Barros et al., (2005) e a duração de cada sessão de observação foi determinada por um estudo realizado por McWilliam e Ware (1994).

O valor do coeficiente de correlação intraclasses, calculado para o presente estudo, revelou que a utilização de apenas uma sessão de observação permitia obter dados em que a proporção de variância associada a diferenças entre participantes era, em média, de .55, ou seja, 45% da variância seria devida a outros factores, que não às características das salas. A utilização da média das duas sessões de observação originava um aumento considerável da proporção de variância associada a diferenças entre as salas de creche (ICC = .71), isto é, 71% da variância seria explicada por diferenças entre as salas observadas. Este valor, apesar de poder ser considerado razoável, foi inferior ao obtido no estudo prévio que permitiu definir o número de sessões de observação, no qual o ICC para duas sessões foi de .83 (Barros et al., 2005).