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Aspectos positivos do relacionamento com equipe da ESF

4. INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.3 RELACIONAMENTO DAS USUÁRIAS COM A EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE

4.3.1 Aspectos positivos do relacionamento com equipe da ESF

No quadro 14 são apresentadas concepções positivas atribuídas ao relacionamento com a equipe de saúde, pelas usuárias do serviço.

(Continua)

Categoria Subcategoria Fala da entrevistada Oc.

Concepções positivas quanto ao relacionamento com a equipe Prestam bom atendimento

“Ah, eu.. como eu disse, eu conheço pouco deles ali então.. eu sei que eles atendem bem, o S5 é gente fina, ele me atende bem né [...]então, pra quem trabalha na frente, é como eu falei, ter bom relacionamento com as pessoas que ta ali atendendo. (Ágata)

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Equipe atenciosa

“E a equipe que entrou agora, que são tudo equipe nova né, são tudo também bem atenciosos” (Jade)

(Conclusão)

Mudança positiva após a chegada das ACS

“é através depois que começou as agentes das casa, da rua assim... que quando eles chegam pra conversar com a gente, hoje a gente se sente a vontade, então eles atende a gente bem. Mudou! Mudou, mudou... e antes não era assim, tu chegava lá, tu tinha que buscar ali pra não sei quanto tempo.. uma conversa só, uma pergunta, a gente chega lá “olha, tal dia eu queria uma consulta”uma coisa assim, não. Mas agora a partir delas, que elas fazem esse trabalho maravilhoso a gente se sente a vontade e eles atendem a gente bem melhor.” (Pérola)

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Envolvimento com as ACS

“e a gente já gosta dela... ela, esses tempo ela se machucou, quebrou o pedal da bicicleta dela e ela tava ali na rua, eu peguei ela, levei ela no posto tudo. Tava sangrando e ela ia a pé daqui lá, imagina, ela levou 10 pontos na perna, eu levei ela lá tudo.” (Jade)

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Equipe comprometida

“Então assim ó, dessa organização agora, eu acho que eu tenho liberdade, elas me explicam as coisas direitinho, elas tão mais organizadas, porque se tu pegar um papel e deixar lá, depois eu, já aconteceu isso, de eu ir lá e falar que tá demorando, elas pegar o papel me mostrar e dizer, “não é por causa disso, disso e aquilo” , explicar direitinho o que ta acontecendo. Então eu acho que agora elas tão bem organizadas. Um tempinho atrás eu acho que era meio desorganizado, entende?” (Safira)

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Quadro 14- Aspectos positivos do relacionamento com a equipe da ESF Fonte: Elaboração da autora, 2011.

É possível perceber, no quadro 14, que as usuárias consideram ter um “Envolvimento com as Agentes Comunitárias de Saúde” que lhes atendem, sendo mencionado por sete entrevistadas. Seoane e Fortes (2009) apontam que no exercício das suas funções, os ACS passam a desenvolver um relacionamento íntimo com as famílias atendidas. Durante a coleta de dados desta pesquisa, que aconteceu por meio do acompanhamento da pesquisadora com as ACS, este dado foi passível de ser observado.

A partir disto, pode-se concluir que as ACS se tornam profissionais de grande estima das usuárias pelo contato que é realizado rotineiramente, pois, além de representarem a equipe de saúde a partir dos procedimentos adotados, elas também têm contato direto com as pessoas e com as famílias, convivem diretamente com o cotidiano dos usuários. A relação entre as ACS e os usuários passa a ser desenvolvida nos aspectos do dia-a-dia e não somente, nas causas de necessidades em saúde. Percebeu-se, durante a coleta de dados, que ao receber uma ACS na própria casa, as usuárias não somente compartilham questões de saúde, mas também dividem suas histórias de vida. Seoane e Fortes (2009) apontam que é no espaço da

moradia dos usuários que se constrói uma relação de confiança, fundamental para a identificação de condições ou agravos à saúde. A partir dos dados, é possível identificar a construção de um relacionamento de confiança das entrevistadas com as ACS, conforme dizem os autores.

Vale aqui pontuar também, a experiência da pesquisadora em campo, durante a pesquisa, vivenciando situações onde as usuárias ofereciam às ACS produtos que tinham feito, como doces, por exemplo. Convidavam as ACS para visitá-las em outro momento, para tomarem chimarrão. Do mesmo modo, a pesquisadora também presenciou a visita das ACS a alguns usuários somente para verificarem como estavam, demonstrando preocupação, como é expresso na fala de Pérola: “As Agente sim, porque sempre elas tão na casa da gente,

passando na rua e sempre perguntam, bem legal.” (sic). A partir disto pode-se pensar que a

relação desenvolvida entre as usuárias e as ACS é diferenciada das que são estabelecidas com os demais membros da equipe. Isto talvez, se deva ao fato destes profissionais participarem ativamente do cotidiano dos usuários, estando em contato efetivo com as mais diversas vivências destas pessoas. Os demais profissionais ficam, muitas vezes, restritos ao ambiente da Unidade Saúda da Família, não participando diretamente das condições de vida dos usuários, o que implica num esforço maior para estabelecer vínculo com a comunidade. Pode- se dizer que o relacionamento que as usuárias admitem ter com as ACS está próximo da idéia de vínculo, uma vez que é percebida interação mútua, onde existe apoio, preocupação, amparo e cuidado.

Foi citado por cinco usuárias que os membros da equipe de saúde “Prestam bom atendimento”. Dimenstein e Santos (2005) afirmam que os usuários esperam não somente receber atendimento de um profissional tecnicamente capacitado, mas que este também proporcione aspectos de um atendimento humanizado. As usuárias entrevistadas parecem também entender o bom atendimento por parte da equipe como uma das formas de propiciar o desenvolvimento de uma relação aproximada, como demonstra a fala de Àgata: “Eles

atendem bem né, porque quem lida com o público é importante que tenha um bom relacionamento, senão vai trabalhar num depósito, não adianta” (sic). Ou seja, percebem o

bom atendimento como propulsor do vínculo e ainda, que é uma habilidade importante que deve ser desenvolvida pelos membros da equipe.

Foram pontuadas também, pelas usuárias, outras qualidades em relação aos profissionais de saúde que lhes atendem, tais como: “Equipe atenciosa” e “Equipe comprometida”. Estas categorias representam a forma como a equipe tem sido vista pelas

usuárias e qualidades como estas reforçam a possibilidade da construção de um bom relacionamento com a equipe.

Uma usuária considera que houve “Mudança positiva depois da chegada das ACS”, sendo que até o atendimento da unidade foi modificado. Pode-se pensar que esta melhora ocorreu porque os serviços estão mais bem distribuídos, uma vez que antes da entrada das ACS na equipe, tudo ficava concentrado na unidade. Agora, informações básicas, assim como verificação de casos simples, como requisição de exames, podem ser resolvidos através das Agentes Comunitárias de Saúde. De acordo com Seoane e Fortes (2009), é esperado dos ACS que construam vínculo com os usuários devido à proximidade que desenvolvem com as famílias, e que esta boa relação venha a estender-se para toda a equipe de saúde, transformando assim, a realidade da comunidade e o acesso aos serviços de saúde. Pode-se dizer que os ACS podem servir de estimuladores do vínculo entre comunidade e equipe de profissionais de saúde uma vez que estes estão inseridos nos dois grupos e podem atuar como mediadores. Uma vez que toda a equipe de saúde esteja bem articulada de modo a objetivar o bom relacionamento com os usuários, os ACS podem estimular as pessoas a também desenvolverem relacionamento aproximado com a equipe. O que parece faltar, na comunidade pesquisada, é a articulação de toda a equipe para que o vínculo aconteça, impedindo que o vínculo desenvolvido com as ACS se estenda também, para os demais funcionários da Unidade Saúde da Família.