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3.6.1 De seleção das participantes

Devido às dificuldades encontradas em campo para obtenção de sujeitos para a pesquisa, foram utilizados como critério apenas o cadastro na Unidade de Saúde da Família da comunidade em questão, utilizando-se de no mínimo um serviço de saúde. O tempo de cadastro e a freqüência mínima na unidade não foram utilizados como critério. Como critério

de exclusão, foi utilizado somente o fato da idade, considerando que os sujeitos deveriam ter idade superior a 18 anos para participar da pesquisa. Percebe-se com um fator influenciador para a predominância de participantes do sexo feminino o horário das visitas. Estas ocorreram, sobretudo na parte da manhã, com apenas uma exceção, ocorrida no período vespertino. Pode-se pensar que estes períodos são os que os homens desenvolvem suas atividades externas, deste modo, encontrou-se mais facilmente, as mulheres nas residências.

3.6.1 De contato com as participantes

Foi estabelecido contato com a coordenação da Atenção Básica do município de Palhoça/ SC com a intenção de obter autorização para o exercício da presente pesquisa na rede de saúde do município. Depois de concedida autorização, foi feito um pedido de indicação à coordenadora de uma Unidade Saúde da Família do município que estivesse com equipe regular e com uma variedade de serviços e atividades prestados. A partir desta indicação, foi entrado em contato com o coordenador da Unidade Saúde da Família sugerida para averiguar a possibilidade de realizar o estudo no território referente. Diante da resposta positiva do mesmo, foi solicitado auxílio de quatro Agentes Comunitárias de Saúde para facilitar a localização dos participantes. As ACS, inicialmente, optaram por não se envolverem no recrutamento de sujeitos e sugeriram à pesquisadora a ida ao Grupo de Hipertensos para realizar um convite para participação na pesquisa. No grupo indicado, ninguém se prontificou. Optou-se, então, por ir até a Unidade Saúde da Família e abordar os usuários nos momentos de espera por consultas e/ou outros serviços e também na chegada ou saída dos usuários da unidade. Essa estratégia desenvolvida também não foi bem sucedida. Por fim, foi decidido entrar novamente em contato com as ACS com a proposta de acompanhá-las durante a jornada de trabalho em um período do dia, manhã ou tarde. Três Agentes Comunitárias de Saúde se mostraram disponíveis. A pesquisadora acompanhou duas ACS efetivamente, uma por quatro dias consecutivos e outra por um dia. Eram escolhidas as participantes que não se mostravam resistentes às visitas das Agentes Comunitárias de Saúde. Ao chegar às casas, as ACS apresentavam a pesquisadora, por vezes falando do motivo pelo qual estavam sendo acompanhadas ou então, permitindo que a pesquisadora falasse a intenção de estar também realizando as visitas. Depois de explicadas as intenções da pesquisa, bem

como os objetivos da mesma, era dada a possibilidade das usuárias escolherem participar ou não. Em todas as casas visitadas, as usuárias escolheram colaborar. Após resposta positiva das usuárias, as ACS continuavam a fazer suas visitas, enquanto a pesquisadora realizava a entrevista. Com exceção de uma entrevista, na qual uma das ACS ficou por alguns minutos presente durante a execução. Momentos antes de iniciar a entrevista, a pesquisadora estimulava conversas de assuntos aleatórios a fim de desenvolver uma vinculação com as usuárias. A entrevista era iniciada no momento em que a pesquisadora percebia menor inibição, por parte das usuárias, em estabelecer uma conversa fluente.

3.6.3 De coleta e registro dos dados

A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada. Para as participantes foram explicadas as intenções da pesquisa, o sigilo das informações fornecidas, o uso de gravador durante a entrevista e a liberdade de desistir da mesma no momento que desejassem. A partir das explicações, as usuárias poderiam escolher participar ou não da pesquisa. Depois da resposta positiva das mesmas, a entrevista era iniciada. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi apresentado somente após o término de cada entrevista. Optou-se por realizar este procedimento pela resistência demonstrada pelos usuários ao TCLE, percebida pela pesquisadora nas primeiras experiências, ainda na UBS, onde um número considerável de usuários recusava a participar da pesquisa ao ser apresentando o documento. Feito desta forma, nenhuma usuária apresentou receios quanto à assinatura do documento. Quanto à gravação da entrevista, apenas uma usuária não aceitou o uso de gravador. Deste modo, nove entrevistas foram registradas por meio do gravador e em uma o registro foi realizado manualmente.

Após a realização das entrevistas as gravações foram submetidas a uma transcrição literal. Os dados foram armazenados no computador da pesquisadora, ao qual somente a mesma tem acesso. Esta pesquisa antes de ser colocada em exercício, foi submetida e aprovada pelo CEP- UNISUL.

3.6.4 De organização, tratamento e análise dos dados

As entrevistas realizadas foram transcritas integralmente. Para melhor análise dos dados, foi escolhida a técnica de análise de conteúdo. Campos (2004) afirma que no âmbito das pesquisas qualitativas é importante escolher o uso de técnicas para a análise dos dados que possibilite um olhar multifacetado sobre os dados obtidos no processo de coleta. Minayo (1999 p. 203) explica que a análise de conteúdo inicia a partir de uma leitura superficial das informações coletadas até atingir um nível mais profundo, ultrapassando os “significados manifestos”. Segundo a autora, a análise de conteúdo examina as informações trazidas e relaciona-as com aspectos que podem determinar suas características, como o contexto cultural, as variáveis psicossociais e o processo de produção da mensagem. Após as transcrições das entrevistas, as informações foram organizadas por meio de agrupamento em categorias e subcategorias construídas a posteriori, a partir dos objetivos propostos na pesquisa. Para tal procedimento, as falas foram separadas conforme os objetivos, independente das perguntas as quais estavam atreladas. Foram identificadas diferentes categorias em resposta a uma mesma pergunta. Estas eram separadas conforme o objetivo que a correspondiam. As falas foram agrupadas em quadros de acordo com a categoria tratada. Deste modo surgiram diferentes categorias e subcategorias.Conforme o tratamento dos dados surgiram grupos de falas que não estavam diretamente ligados aos objetivos, mas que serviam para contextualizar de forma mais aprofundada os dados relativos a eles, refere-se às categorias acerca da “Influência da equipe da ESF no cuidado em saúde” e ainda, categorias relacionadas ao “Entendimento do SUS”. Criou-se, então, um capítulo de análise para estes dados.

Quanto ao objetivo de caracterizar o significado de vínculo para os usuários, foram criadas categorias acerca do “Conceito de vínculo” e “Função do vínculo” para as entrevistadas. Para caracterizar ações realizadas pela equipe ESF que possibilitam a criação do vínculo, foram criadas as categorias “Ações que contribuem para o vínculo” e “Acesso aos profissionais da equipe” e para a caracterização das concepções dos usuários referente aos relacionamento que desenvolvem com a equipe, foram desenvolvidas as categorias “concepções positivas do relacionamento com a equipe”, “Intimidade com os membros da equipe” e Confiança na equipe da ESF”.