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CAPÍTULO V – CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA

5.1.2 Atividades Experimentais Investigativas: Diagnóstico da Realidade e

Os dados diagnósticos contribuíram para justificar a relevância de se estudar as AEI no contexto de reflexões CTS, como tema a ser desenvolvido num programa de FC. A percepção inicial dos professores participantes teve como propósito realizar uma sondagem sobre suas concepções prévias em relação às AEIs e ao enfoque CTS, sinalizando suas principais dificuldades em realizarem experimentações, no ensino da química e se promovem discussões CTS em suas aulas.

Com base nos dados obtidos antes da FC, a maioria (60%) dos professores afirmou realizar experimentações, sendo que os outros (40%) relataram que não trabalham com essas atividades em suas aulas.

Aos professores (60%) que responderam que realizavam atividades experimentais em suas aulas foi solicitado que indicassem a frequência com que elas eram realizadas. Todavia, as respostas destes apresentaram frequências bem diversificadas como pode ser observado em suas falas: “Duas vezes no mês” (P1-Q1 e P8-Q8); “Poucas vezes, não consigo numerar, mas elas acontecem, porém, não estou satisfeito com a realidade do momento, gostaria de receber mais informações sobre essas aulas” (P2-Q2); “Em média duas vezes no bimestre” (P4-Q4); “Uma ou duas vezes ao ano” (P5-Q5); “A cada três aulas tem uma ou 2 aulas de laboratório, é de suma importância” (P6-Q6); “Uma ou duas vezes por trimestre” (P9-Q9); “Semestralmente” (P7-Q7); “Por falta de estrutura uma vez por bimestre” (P10-Q10); e P3 (Q3) aponta que “o número de aulas é insuficiente para o número de avaliações e o conteúdo programático”.

Todos esses apontamentos decorrentes da baixa frequência com que as atividades experimentais no ensino de química são realizadas, trazem muitas discussões e recebem atenção dos pesquisadores da área, como já apresentamos no referencial teórico desse estudo (SUART; MARCONDES, 2009; SUART, 2009; OLIVEIRA, 2010; ANDRADE, 2011; SILVA; MACHADO; TUNES, 2011; ZÔMPERO; LABURÚ, 2011; GOUW; FRANZOLIN; FEJES, 2013). Consideramos que este é um problema real nas escolas públicas do Paraná, em específico as que pertencem ao município de Rio Negro/PR.

O diagnóstico inicial serviu para confirmar nossas inquietações sobre a necessidade de uma FC pautada nos anseios dos professores de química, que atuam

no Ensino Médio da área Metropolitana Sul, da rede pública estadual do Paraná, contemplando as AEIs no ensino de química, no enfoque CTS, como forma de contribuir no processo educativo, possibilitando maiores subsídios aos docentes.

Conforme a estrutura da FC que desenvolvemos, no primeiro encontro foi realizada a explanação teórica sobre as AEIs no enfoque CTS, trazendo conceitos teóricos e estudos que contribuíssem para o entendimento sobre o tema. Dessa forma, a base teórica ofertada na FC teve o propósito de contribuir para que os docentes realizassem a planificação e execução das AEIs no enfoque CTS no contexto de suas salas de aula.

Sendo assim, de acordo com o conteúdo programático, foram abordados os seguintes temas:

- A experimentação no ensino de química:

 Atividades experimentais: o ensino de química e suas especificidades;  Concepções acerca das atividades experimentais;

 Atividades experimentais: desafios e limitações;

 Atividades experimentais: contextualização e interdisciplinaridade no ensino;  Atividades experimentais: construção de princípios éticos e ambientais;  Atividades experimentais: momento de diálogo e sistematização;

 Possibilidades atuais para as atividades experimentais. - Atividades experimentais investigativas no enfoque CTS:

 Demonstrações Investigativas;  Experiências Investigativas;

 Simuladores computacionais, vídeos e filmes;  Explorando os espaços sociais.

-Atividades experimentais: o erro como possibilidade de ensino e

aprendizagem.

Durante este encontro, os professores participantes puderam se familiarizar com o tema, ampliando suas concepções iniciais e trazendo suas vivencias para discussão. Outros materiais foram enviados aos professores por meio de endereço

eletrônico no intuito de fornecer maiores subsídios teóricos para o desenvolvimento das demais etapas da FC.

Os professores se mostraram muito receptivos e entusiasmados com o tema da FC, como exemplificam as descrições:

Este primeiro encontro foi esclarecedor em relação às possibilidades existentes nas atividades experimentais investigativas que não se restringem apenas em trabalhos realizados no laboratório. (P7-PT7)

Muito importante este início para conhecermos de forma clara o andamento do curso e sobre as atividades experimentais investigativas. Parece que teremos um curso muito produtivo e atende as minhas expectativas, pelo que foi exposto. (P4-PT4)

Este primeiro momento foi importante e convidativo a querer realizar a pesquisa, em participar junto ao trabalho que está sendo desenvolvido e conhecermos como podemos desenvolver as atividades experimentais investigativas em sala (P5-PT5).

Pelo exposto, os professores sinalizaram desconhecerem os conceitos sobre as AEI e sobre o enfoque CTS, posicionando-se receptivos ao assunto. Além disso, o entusiasmo inicial dos professores e sua disponibilidade para experimentarem o novo, contribuíram para o desenvolvimento das demais etapas da FC que foram destinadas às reflexões, organização dos trabalhos em grupo, apresentação e reestruturação dos planejamentos sobre as AEIs no enfoque CTS.

As reflexões iniciais sobre a experimentação no ensino de química foram importantes para que os docentes começassem a (re)pensar sua prática pedagógica, levando-os a escolherem a melhor forma de conduzir e implementar a AEI no enfoque CTS no seu contexto escolar, como sugere Oliveira (2010).

Nessa proposta, a orientação do trabalho docente no ensino de química no enfoque CTS, pode ser uma possibilidade de promover, em sala de aula a compreensão por parte dos alunos, sobre as interações entre a ciência e a tecnologia e suas implicações sociais, contribuindo para a sua alfabetização científica e tecnológica (SANTOS; SCHNETZLER, 2003; CHASSOT, 2010).

Dessa forma, consideramos fundamental subsidiar os docentes acerca do ensino de química, no enfoque CTS, por meio de programas de FC, para que conseguissem desenvolver as mudanças necessárias no currículo enunciado e de mentalidades (TENREIRO-VIEIRA; VIEIRA; 2005).

A seguir apresentamos as percepções iniciais dos participantes do estudo em relação ao enfoque CTS.