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CAPÍTULO V – CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA

5.3.4 Viabilidade das AEI em um Enfoque CTS: Possibilidades de Incorporação no

Nesse propósito, as AEIs no enfoque CTS, podem subsidiar os professores a realizarem formas alternativas de experimentação, auxiliando a superar o entendimento do laboratório enquanto único espaço para seu desenvolvimento. Na dinâmica das experimentações investigativas podemos ampliar esse conceito para todo contexto que possa ser investigado, como sugerem Silva, Machado e Tunes (2011), aumentando o leque de possibilidades para o ensino da química.

5.3.4 Viabilidade das AEI em um Enfoque CTS: Possibilidades de Incorporação no Planejamento

No aporte da FC proposta nesta pesquisa, que delimitou seu estudo para quatro Atividades Experimentais Investigativas (Demonstrações Investigativas; Experiências Investigativas; Simuladores computacionais, vídeos e filmes; e, Explorando os

espaços sociais), questionou-se aos docentes sobre qual consideram ser a opção mais viável, e a de maior dificuldade de ser incorporada em seu planejamento.

Entre as respostas destacamos as seguintes:

Vamos supor, as de maior dificuldade são aquelas com experimentos e de laboratório que você não tem nem material, por exemplo, aquele dia as meninas procurando iodeto de potássio e não tinha, não tem produtos químicos para trabalhar, o pior de tudo é laboratório por não ter nem material. E nós tínhamos que ter também uma pessoa lá para organizar. Não tem como lidar com vidraria com aula já na sequência. (P1-E1)

A demonstrativa é difícil porque depende da turma. No caso de escolas que não têm laboratório se torna uma boa opção. Mas para a aprendizagem a prática é mais interessante, eles gostam mais, se envolvem, querem ajudar. (P6-E6)

Dentre as AEIs trabalhadas na FC cada professor apontou a qual se torna difícil desenvolver considerando a sua realidade escolar, no que diz respeito às turmas que lecionam e os recursos disponíveis.

A falta de materiais, de espaço físico adequado, como laboratório, e de agentes de apoio são os aspectos que fazem com que P1, P3, P4 e P6 considerem as atividades de Experimentação Investigativa como sendo inviáveis para serem realizadas em seu contexto escolar, como se observa na fala de P3 (E3): “Pra nós o difícil é a atividade de experimentação investigativa, porque não temos laboratório lá”. Todavia, ele salienta que a troca de experiências proporcionada pela FC, lhe mostrou novas possibilidades para realização da AEI que ele colocará em prática como relata: “Agora, aquela que foi sobre energia que vimos aqui (na FC), eu já estou montando lá” (P3-E3), evidenciando a importância desse modelo de FC.

Para P6 (E3) as atividades de Demonstração Investigativa e Experiências Investigativas são consideradas como as de maior grau de viabilidade para serem realizadas, dependendo ainda, do comportamento da turma. Contudo, salienta que na sua percepção, podem trazer melhores resultados de aprendizagem pelo grau de interesse e envolvimento dos alunos.

Pontuação semelhante encontramos no relato de P2 (E2): “As visitas são mais complicadas porque dependem do dinheiro e da autorização. Porém é a que mais dá resultados e encanta os alunos e aproxima o professor do aluno também”. Apesar de aportar os fatores que limitam a realização da AEI de exploração dos Espaços Sociais, como os de ordem financeira e permissão dos responsáveis, o docente sinaliza que esta prática “encanta” os alunos, estabelecendo maior contato entre professor e aluno.

Nesse contexto, Gonçalves (2009) colabora confirmando que a vivência em uma realidade escolar carente de recursos materiais tem feito com que os docentes busquem alternativas mais acessíveis e, até mesmo, outras formas de auxílio financeiro para propor um ensino de química problematizador. Isso nos leva a refletir, que nem sempre a culpa pela ausência das experimentações nas aulas de química pode ser atribuída ao professor, sendo que seu trabalho pedagógico é suscetível a interferências externas.

Sobre as AEIs que consideram mais viáveis, os professores se posicionaram conforme a sua realidade escolar. Nesse caso, P6 (E6) comenta que: “Depende da turma e da escola. Por exemplo, em escolas sem laboratório os vídeos e simuladores são mais viáveis, porque se você coloca um vídeo é mais prático para o professor. Mas as práticas são melhores para os alunos”.

A diversidade das escolas deve ser considerada no planejamento do professor ao preparar sua atividade experimental. Assim considerando, esta FC trouxe diferentes formas de realização de experimentações investigativas que podem ser incorporadas na prática docente, mesmo com poucos recursos.

Para P3 (E3), a experimentação demonstrativa se torna mais fácil, sendo que P1 (E1) relata que as “mais fáceis são as que utilizam vídeos e visitas. No Parque da Ciência que fomos, foi bem tranquilo”.

A AEI de exploração dos Espaços Sociais, como visitas, viagens e passeios de estudo foi uma opção bastante apreciada pelos professores, por aproximar a realidade do aluno à aplicação e às interferências dos conhecimentos científicos e tecnológicos, potencializando a contextualização de conceitos químicos, de acordo com Silva, Machado e Tunes (2011).

O trabalho com AEI utilizando os Simuladores computacionais, vídeos e filmes, apesar de dependerem dos recursos tecnológicos, que nem sempre são de boa qualidade nas escolas, demonstrou ser, na visão dos professores, o mais fácil de obter, na preparação da atividade. Como se verifica na fala de P7:

Depende do que você está abordando do conteúdo e dos recursos disponíveis. Por exemplo, a experimental depende do laboratório e dos recursos disponíveis na escola. Normalmente para passeios de estudo, os alunos pagam uma taxinha de transporte para poderem se deslocar, para ratear o ônibus. Os vídeos, em algumas escolas as televisões funcionam bem, já em outras não tem como usar. Mas hoje temos o recurso do whatsapp. Você manda o vídeo para a turma e depois discute com eles em

sala. Tem turmas que se organizam em relação a isso né, daí dá pra mandar vídeos curtos. Mas assim, todas são viáveis. (P7-G4)

A alternativa proposta por P7 para viabilizar a socialização dos vídeos via

whatssap, mostrou-se bastante criativa e pertinente, já que nos dias atuais a maioria

dos alunos utiliza essa rede social, estando em consonância com o trabalho científico contemporâneo (GONÇALVES, 2009).

Nesse sentido, a AEI extrapola as diversas possibilidades de estudo dos fenômenos químicos, como forma de demonstrar a aplicação do conhecimento científico e tecnológico na vida cotidiana.

Sendo assim, a FC contribuiu para esse entendimento por parte dos professores, como podemos verificar nos dados do portfólio do P1: “As atividades experimentais investigativas abrangem um leque de possibilidades, transpondo o senso comum”.

No entendimento de poder utilizar diversificadas formas para realizar um experimento investigativo, os professores se mostraram surpresos e motivados para incorporar as AEI em suas aulas, ampliando o ensino por experimentação, como apresenta P6 (PT6): “Percebi que as atividades experimentais investigativas podem ser realizadas em várias partes e locais, como visitas de estudo, vídeos, simuladores e também experimentos laboratoriais”.

Esse entendimento desmistifica a visão positivista sobre o conhecimento químico, como sendo de bancada, restrito aos cientistas e distante da realidade das pessoas, como descrevem Gonçalves e Marques (2006).

Sobre isso, P2 relata:

Depois que você disse que um experimento pode ser um vídeo, uma visita, então não é tão difícil fazer a atividade experimental. A gente ficava com a ideia de só o experimento em si. Pelo que foi visto no curso ele é um pouco mais fácil, temos outras formas. (P2-G3)

Todos os professores consideraram ser possível e, após essa FC, ficou mais fácil de incorporar as AEIs no enfoque CTS, em seus planos de trabalho docente. No entanto, salientam que é necessário que haja um planejamento prévio, no início do ano, principalmente, na atividade de Espaços Sociais que demanda a organização das visitas, viagens e aulas de campo, destacados na fala de P1 (E1): “Sim, é possível. E já fazer um planejamento anterior, no início do ano, já com previsões de aulas de

campo, de visitas, assim como de laboratório. Podemos até levar os alunos no outro colégio, mas precisa ver se vão usar, tem que ter um planejamento”.

Sobre o enfoque CTS, os professores relataram que irão incluir em seus planejamentos as reflexões sociais sobre os impactos da ciência e da tecnologia, como representam os comentários de P7 e P8: “eu incorporei nesse ano já, e as relações CTS, aparecem no meu planejamento também” (P7-E7); “o enfoque CTS já faz parte do nosso planejamento anual, só vamos agregando” (P8-E8).

O posicionamento dos professores sobre a necessidade de se planejar previamente, uma AEI no enfoque CTS, confirma os estudos dos diversos autores apresentados e discutidos no referencial teórico (ACEVEDO-DÍAZ, 2001; MARCONDES et al., 2009; SUART, 2009; SILVA; MACHADO; TUNES, 2011; FIRME; GALIAZZI, 2014). Como demonstra a fala de P4 (G3): “Com certeza, essas discussões CTS são importantes estar no planejamento para tornar a química mais compreensível pelos alunos”.

Os autores supracitados apontam como fundamental, além do tempo para preparar e planejar a AEI, a organização do material utilizado, o teste prévio da experiência, com ênfase na importância de parcerias para sua realização no contexto escolar.

No relato de P3, a possibilidade de parceria com P8 no contexto escolar, traz contribuições para o desenvolvimento de atividades diferenciadas: “Como trabalhamos sempre juntos, temos o apoio um do outro, então é mais fácil desenvolver atividades diferentes” (P3-E3).

Pelo exposto, entendemos que os professores consideram viável incluir em seus planejamentos as AEIs no enfoque CTS, como forma de tornar o ensino de química, mais próximo da realidade dos alunos, trazendo significado para as transformações do mundo.

5.4 4ª ETAPA: AVALIAÇÃO

Para avaliar a FC foram realizadas entrevistas com os professores participantes do estudo, em que se procurou obter as percepções deles sobre a FC desenvolvida, e também foi utilizado dados de portfólios. Da análise dos dados emergiu a categoria seguinte.