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AVANÇOS E DESAFIOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DOS NOVOS MODELOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

avanços e desafios do modelo de formação

AVANÇOS E DESAFIOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DOS NOVOS MODELOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ao longo dos cinco anos de consolidação da experiência do Pró-Saúde/PET- -Saúde, tem-se percebido os impactos na condução de novos modelos pedagó- gicos de educação. A inserção precoce do estudante de graduação em saúde nos cenários do SUS tem permitido um aprendizado construído em vivências reais – educação pelo trabalho – e produzido como resultado um profissional mais sensível às demandas da comunidade e mais preparado para enfrentar os desa- fios inerentes a consolidação do sistema de saúde brasileiro.

Os novos métodos de ensino-aprendizagem construídos pelas experiências dos grupos tutoriais estimularam a construção de novas práticas pedagógicas dentro das disciplinas curriculares dos cursos de graduação. No entanto, a ex- pansão desses caminhos alternativos de aprendizagem ainda se limita a discipli- nas ministradas por docentes vinculados ao Pró-Saúde/PET-Saúde. Portanto, faz-se necessário intensificar o processo de discussão do modelo de formação dentro dos processos de reformulas curriculares dos cursos de graduação.

É importante destacar que, apesar dos avanços, ainda é um desafio supe- rar o modelo de aprendizagem fragmentado, disciplinar fundamentado no pa- radigma flexneriano. Essa forma de construção do conhecimento tem provoca- do a valorização das superespecialidades e das tecnologias duras. Esse formato pedagógico de ensino se opõe as novas demandas dos serviços de saúde e, nesse contexto, emerge com urgência a necessidade de alinhar a prática de formação a proposta de valorização da promoção da saúde e da abordagem integral do pro- cesso saúde doença. (SILVA et al., 2012)

Uma alternativa para superar a fragmentação do ensino na área da saúde é a proposta da integração curricular. Os currículos integrados visam promo- ver a articulação entre teoria e prática, entre os conteúdos do ciclo básico e os profissionalizantes. Para tanto, nos processos de reformulação curriculares dos cursos do IMS/UFBA, estão propostos componentes curriculares integrado- res, com o objetivo de articular e integrar os diversos saberes das disciplinas de um mesmo período letivo.

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Outro avanço conquistado com a experiência do Pró-Saúde/PET-Saúde foi a aproximação entre a universidade e os serviços de saúde. O aprimoramento dessa interlocução contribuiu para fortalecer o equilíbrio do tripé ensino-pes- quisa-extensão, no qual se fundamenta a universidade. A consolidação das vi- vências nos cenários do SUS robustece e promove visibilidade das práticas de extensão universitária, muitas vezes desvalorizada em detrimento das práticas de pesquisas e de ensino.

Os resultados já alcançados com o Pró-Saúde/PET-Saúde também têm moti- vado e instigado os profissionais da rede SUS a aprimorarem suas práticas e se en- volverem em atividades de pesquisa e produção do conhecimento científico. To- davia, apresenta-se ainda como desafio a necessidade de estruturação e desenvol- vimento de uma política municipal de educação permanente em saúde, a fim de intensificar o aprendizado em serviço, não apenas com as experiências da precep- toria. O aprendizado a partir da prática pressupõe a utilização das vivências como ato educativo, contudo, isso deve ocorrer de maneira sistematizada e com suporte técnico pedagógico da secretária municipal de saúde e das instituições de ensino.

Diante das grandes conquistas promovidas pela experiência do Pró-Saúde/ PET-Saúde, é evidente a necessidade de manutenção e ampliação desse novo mo- delo de ensino-aprendizado. Todavia, existe uma inquietação em relação à susten- tabilidade dessa proposta, tendo em vista que sua execução até o momento envol- veu o financiamento de suas ações por intermédio de recursos do Ministério da Saúde destinados às universidades e aos serviços de saúde, assim como a dispo- nibilização de bolsas para docentes, discentes e profissionais da rede. Acredita-se que uma das alternativas para a sustentabilidade da integração ensino-serviço-co- munidade seja fortalecer os mecanismos de participação social como conselhos de saúde e a CGL e buscar a institucionalização da proposta através da inserção desta como política estrutural das universidades e secretarias de saúde.

REFERÊNCIAS

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NÍLIA MARIA DE BRITO LIMA PRADO, POLIANA CARDOSO MARTINS

REFLETINDO AS NECESSIDADES EM SAÚDE NA FORMAÇÃO