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QUARTA SESSÃO: BENEFÍCIOS OBTIDOS APÓS PARAR DE FUMAR

relato de experiência de um grupo tutorial interdisciplinar do Programa PET-Saúde em Vitória da Conquista – BA

QUARTA SESSÃO: BENEFÍCIOS OBTIDOS APÓS PARAR DE FUMAR

Nessa última sessão, os participantes foram estimulados a compartilhar suas ex- periências mais recentes. Além disso, foram apresentados os benefícios indire- tos da cessação do tabagismo e orientações referentes à prevenção de recaídas. Posteriormente, foram agendadas as novas datas para os participantes re- ceberem os adesivos de nicotina e receberem novas orientações sobre o uso dessa terapêutica.

Os acompanhamentos posteriores foram realizados em caráter individual ou em grupos, com o intuito de dispensar os adesivos nicotínicos e aconselhar os participantes.

Ao final do acompanhamento, entre 30 e 40% dos tabagistas deixaram de fumar, sendo este um percentual semelhante ao relatado pelo “Programa Dei- xando de Fumar sem Mistério”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abordagem ao tabagista em um grupo terapêutico no âmbito da APS é impres- cindível, uma vez que propicia o entendimento de cada participante sobre as cau- sas de sua dependência, ao tempo que estimula a interação entre os participantes e a percepção que seus problemas são comuns, aumentando a possibilidade de motivação para a cessação ao sentirem que não estão sozinhos nessa jornada.

As abordagens lúdicas, associadas à terapia, permitem a instrumentaliza- ção sobre o “brincar”, sendo pertinentes para um engajamento profissional em ambientes onde se propõe um trabalho em equipe multiprofissional, o qual visa à humanização das instituições de saúde. Esse tipo de abordagem está sendo bastante discutida em todos os espaços em que a Política Nacional de Humani- zação (BRASIL, 2004) vem sendo efetivada e a multidisciplinaridade aparece como a primeira e, talvez, a única forma de organizar e planejar as instituições de saúde dentro dessa perspectiva.

O indivíduo, seja o usuário ou o profissional de saúde (graduado ou gradu- ando), após a participação em um grupo de educação em saúde, percebe que a palavra autonomia, em seu sentido etimológico, impera, pois o objetivo desses encontros é pensar os indivíduos como sujeitos autônomos, como protagonis- tas nos coletivos de que participam, protagonistas e corresponsáveis pelo pro- cesso de produção de saúde.

O trabalho com a unidade dialética da subjetividade e objetividade gera re- flexão problematizadora e ação sobre uma dada realidade, visando transformá- -la. Essa pedagogia permite, portanto, a reflexão crítica sobre as situações con- cretas de vida, levando o sujeito ao engajamento na luta por sua libertação, luta que é forjada com ele, e não para ele. (FREIRE, 2009)

Essa reflexão nos faz debater acerca do cuidado em saúde, o qual tem sido institucionalizado nos serviços de saúde, de forma tradicional, verticalizada, sem perceber as necessidades do indivíduo ou “usuário”, as condições e as ra- zões as quais os levam a adotar comportamentos ou atitudes imbuídas no vício ou dependência química, permanecendo à margem das preocupações da maio- ria dos profissionais dos serviços e dos técnicos com responsabilidade gerencial. Mais do que isso, nos faz entender que essas ações não devem ser perpetuadas. Vale ressaltar, ainda, a participação dos discentes do PET-Saúde e a transfor- mação da formação em saúde, propiciada com a participação ativa dos alunos du- rante todo o processo, desde o planejamento das atividades, sistematização, até a

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operacionalização das ações propostas, de forma criativa e dinâmica. Ou seja, a

inserção dos discentes no cotidiano dos serviços permitiu a formação de sujeitos capazes de ver e entender o mundo de forma holística, em sua rede infinita de re- lações, em sua complexidade.

O processo de aprendizagem nos serviços apresenta aspectos diferenciados da educação verticalizada, como o aperfeiçoamento da capacidade dos estudan- tes de se comunicarem com os usuários e uma maior compreensão do complexo processo de trabalho multiprofissional, gerando atitudes baseadas em autono- mia diante de situações de resolução complexa, além da qualificação permanen- te dos profissionais dos serviços e o estímulo à capacitação dos educadores das Instituições de Ensino Superior (IES) na área de saúde, com ênfase no SUS.

Por fim, é possível perceber que esse processo de educação terapêutica, o qual busca aliar conhecimento cientifico e ludicidade no âmbito dos serviços e do sistema de saúde, orientados de modo a garantir ações de saúde integral, resulta, de fato, em melhores formas de encaminhar, minimizar ou resolver os problemas de saúde, garantindo qualidade de vida à população e contribuindo para a integralidade das ações, um dos objetivos dos sistemas universais de saú- de, inclusive o brasileiro.

REFERÊNCIAS

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ALEXSANDRA SOUZA, CAMILA DOS SANTOS CHAVES, DANIELLE SOUTO DE MEDEIROS, REBECA SILVA DOS SANTOS

INTRODUÇÃO

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma fase do de- senvolvimento situada entre 10 a 19 anos, a adolescência é caracterizada como uma etapa em que acontecem importantes transformações biológicas, físicas, emocionais, cognitivas e sociais. (VIEIRA et al., 2008) Esse período de duração variável, localizado entre a infância e a fase adulta, tem seu início fortemente in- fluenciado pelas manifestações da puberdade. Conforme Ceitlin e colaborado- res (2001), as transformações físicas passam a estimular mudanças psicológicas e sociais, sendo motivadas pelo contexto social, cultural, histórico e familiar em que o adolescente está inserido.

Essas diversas transformações ocorridas na adolescência, associadas à de- terminantes sociais, políticos e econômicos, repercutem direta ou indiretamen- te no processo saúde-doença dos adolescentes. No Brasil, apenas no ano de 1996, surgiram os primeiros rascunhos de uma política de atenção à saúde do adolescente através do Programa de Saúde do Adolescente (Prosad). Porém, sua ênfase na atenção às questões relacionadas ao crescimento e desenvolvimento, sexualidade, saúde bucal, mental e reprodutiva ainda apresentava-se de manei- ra fragmentada e desarticulada, não atendendo as especificidades desse grupo populacional. (MELO; COELHO, 2011)

A EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE/PRADOSO