• Nenhum resultado encontrado

visão holística e interdisciplinar na formação em Saúde

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização do “local da experiência” e “a experiência”

Os grupos aqui apresentados representam duas microáreas do bairro em que a USF em estudo está situada. Foram escolhidas duas microáreas (A e B) as quais apresentam muitas disparidades sociais, com o intuito de comparar regiões tão próximas, mas que apresentam condicionantes e determinantes de saúde distin- tos, os quais refletem diferentes resultados na saúde.

Em relação à caracterização das microáreas, pode-se afirmar que a micro- área A possui 97 hipertensos cadastrados e 20 diabéticos (adultos e idosos). Hipertensão e diabetes são, inclusive, os principais e mais predominantes pro- blemas de saúde, segundo a ACS da unidade de saúde. Em geral, a população é de renda média e são, em sua maioria, funcionários públicos e comerciários. O índice de analfabetismo é baixíssimo, sendo que a maioria dos moradores possui ensino fundamental completo. Uma pequena parcela da população pos- sui plano de saúde, outra parcela frequenta a USF, porém, de forma irregu- lar, por considerar que a mesma não é acessível, principalmente pela distância. Os moradores relatam, também, o número limitado de vagas para atendimen- to. A microárea A possui acesso fácil ao transporte público e ruas pavimenta- das e aparentemente limpas, sendo que a coleta de lixo é realizada através do caminhão da prefeitura em dias alternados. Além disso, apresenta estrutura de rede de esgoto, contudo, a maioria da população ainda não realizou a ins- talação. O abastecimento de água dos domicílios é feito através de encanação realizada pela empresa Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), e a boa parte dos moradores trata a água através da filtração. A microárea, em sua totalidade, possui rede elétrica. A maioria das residências é feita de tijo- los/blocos. Desse modo, a microárea A apresenta benefícios em relação às ou- tras microáreas do bairro em que a Unidade está alocada, o que sugere menor

90 edicristinamanfroi, arlindagomesalmeida, fernandavilasboasruasaraújo, islanesilvanascimento, ismargobira, marcosdourado

contaminação e infecção de doenças devido à presença de rede de esgoto e abastecimento de água.

Em contrapartida, a microárea B apresenta uma população predominan- temente adulta. A maioria das pessoas é analfabeta, e os que frequentaram escola apresentam um nível de escolaridade menor que quatro anos completo de estudo. Além disso, a área possui um elevado índice de tráfico de drogas e violência. Os principais problemas de saúde relatados pela ACS são hiperten- são, parasitoses e diabetes. Nessa microárea, encontram-se cadastrados 70 hipertensos e 17 diabéticos. Em geral, a população possui uma renda menor que um salário mínimo por família, renda essa que provém, basicamente, da coleta de lixo e reciclagem. Uma grande parcela da população de idosos e de mulheres utiliza os serviços oferecidos pela USF, a outra parcela da microá- rea não frequenta a unidade, usando como justificativa a falta de vagas, além da dificuldade de acesso, principalmente por causa da inclinação geográfica do bairro. A microárea possui coleta seletiva de lixo em carroças, entretanto, as ruas ficam com grande quantidade de lixo entulhado. A maioria das ruas não possui pavimentação, por esse motivo, é difícil a circulação do transporte coletivo. A maioria da população utiliza rede elétrica de energia. O abasteci- mento de água dos domicílios é feito através de encanação realizada pela em- presa Embasa, e grande parte dos moradores trata a água através da filtração. O tipo de casa existente no bairro é de tijolo/adobe, taipa revestida e material reaproveitado. A microárea apresenta estrutura de rede de esgoto, entretanto, a maioria da população ainda não realizou a instalação, fazendo uso de fos- sas e depósito em céu aberto para o destino de fezes e urina. A falta de rede de esgoto, tal como o destino inadequado dos lixos, gera grandes impactos na saúde da população, uma vez que acarreta inúmeras doenças. Observa-se uma necessidade de implantação de ações de educação em saúde nesse aspecto.

O desenvolvimento do grupo Hiperdia na microárea A foi realizado numa igreja local. No primeiro encontro, foi feita a triagem, com aferição de pressão arterial, medidas antropométricas, preenchimento de questionário e consulta com a nutricionista. No encontro seguinte, aconteceram atividades educati- vas, constituídas de apresentações sobre o que é hipertensão arterial, quais os sinais e sintomas e importância do tratamento. Já no terceiro encontro, hou- ve a participação do educador físico, que realizou alongamentos e atividades físicas com os hipertensos. Nesse mesmo dia, foi feita orientação com o far- macêutico e também a marcação de retorno para melhor acompanhamento

cuidadointegralemumgrupohiperdia 91

dos pacientes. Também foram realizadas, na microárea A, visitas domiciliares para os pacientes acamados.

Na microárea B, os encontros foram todos realizados na USF. No primeiro en- contro, foi realizada a triagem dos pacientes hipertensos, a troca de receitas, con- sulta com a nutricionista e preenchimento do questionário. O segundo encontro teve a participação dos pacientes os quais haviam agendado retorno e a triagem dos pacientes que não foram ao primeiro encontro. Nessa microárea, foram rea- lizados vários encontros do grupo para que abrangesse um maior número de hi- pertensos e diabéticos. Também foram feitas visitas domiciliares para acamados. Como atividade educativa, foi realizada uma palestra com a psicóloga do Nasf.

Como estratégia para atingir a população masculina, que por diferentes motivos não participou do grupo, foi realizada uma feira de saúde na USF. Nes- se dia, os hipertensos que pertenciam às microáreas A e B participaram da tria- gem e foram acompanhados posteriormente.