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1.2 DEFINIÇÕES METODOLÓGICAS

1.2.4 Características gerais da amostra

O perfil geral da amostra (Tabela 3), obtido por meio do survey online, aponta que as idades dos participantes variam entre 18 e 31 anos, com média etária de 24,7 anos, com grande concentração nas faixas de 20 a 24 anos (44,8%) e 25 a 29 anos (40,0%).

Tabela 3 – Distribuição de frequência e percentuais de faixas etárias dos egressos (n = 203) Faixas de idade N % 18 a 19 anos 10 4,9 20 a 24 anos 91 44,8 25 a 29 anos 81 40,0 30 a 31 anos 21 10,3 Total 203 100,0

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

No entanto, quando comparadas por cada curso, nota-se a presença de dois grupos de perfis etários bem definidos, com os cursos de música e dança, com médias superiores, de 26,9 e 26,5 anos, respectivamente, enquanto fotografia e vídeo têm médias etárias também muito semelhantes, em torno dos 22 anos de idade. O próprio perfil de entrada determinado pela Kabum ajuda a explicar tal diferença, já que define um teto de 20 anos como limite para o ingresso na escola.

Tabela 4 – Distribuição de médias de idade e desvios-padrões por área de formação (n = 203)

Cursos Média

Música Dança Fotografia Vídeo Total

Idade (em anos) 26,9 26,5 22,1 22,3 24,7

Desvio-padrão 3,47 2,97 2,03 2,44 3,57

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

O primeiro grupo também apresenta composição etária mais heterogênea, sendo comum o ingresso de pessoas com mais experiência profissional na escola, incluindo alunos graduados ou cursando nível superior.

Na distribuição dos egressos dos quatro cursos por sexo, percebe-se a grande desigualdade em todos eles. Na amostra geral, 81 (39,3%) são do sexo masculino, enquanto 125 (60,7%) do feminino, sendo que os homens são maioria apenas entre os egressos de música, correspondendo a 81,4% do total.20 Já os cursos de fotografia e dança possuem os maiores percentuais de egressos do sexo feminino, com 79,1% e 72,2%, respectivamente.21

20Analisando dados do IBGE/PNAD de 2003 a 2011, Segnini (2014b) identifica que, no período, o percentual de profissionais da música do sexo masculino permaneceu quase inalterado, com redução de 87% para 85%. 21 A fraca presença de homens no curso de dança tem mudado gradativamente. No processo seletivo para a

formação profissional da Funceb, em 2015, foram selecionados 58,3% de sujeitos do sexo masculino e, em 2016, 40%.

Tabela 5 – Distribuição de frequência e percentuais de sexo dos egressos (n = 206)

Cursos

Música Dança Fotografia Vídeo Total

Sexo N % N % N % N % N %

Masculino 35 81,4% 20 27,8% 9 20,9% 17 35,4% 81 39,3% Feminino 8 18,6% 52 72,2% 34 79,1% 31 64,6% 125 60,7%

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

A composição racial dos egressos aproxima-se do perfil racial da cidade de Salvador, que é composta por 27,40% de pretos e 51,83% de pardos, totalizando 79,23% de negros (IBGE, 2011a), como mostra a Tabela 6.

Tabela 6 – Distribuição de médias e frequências da composição racial dos egressos (n = 206)

Cor N (%) Preta 106 52,2% Parda 76 37,4% Branca 18 8,9% Outra 3 1,5% Total 203 100%

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

Tais dados apontam para o perfil inclusivo das instituições,22 que têm como público 89,6% de negros, algo que ainda não se repete com a mesma intensidade no ensino superior em cursos correlatos a tais áreas na Universidade Federal da Bahia, por exemplo, mesmo após quase uma década de adoção de políticas de ações afirmativas. Em 2010, aproximadamente 74,8% dos estudantes ingressantes na UFBA eram de não brancos, embora com maior concentração em cursos de menor prestígio social e concorrência mais baixa (SANTOS; MASCARENHAS, 2013).

Com relação ao estado civil e aos arranjos domiciliares dos participantes da pesquisa, nota-se que o número de jovens solteiros ultrapassa os ¾ do total, com 75,5%, e um significativo percentual de jovens vivendo com pais e parentes (63,8%).

22 Segundo o Censo de 2010 (IBGE, 2011a), 50,7% da população brasileira declararam-se preta ou parda, naquele momento. Os mesmos dados analisados por Segnini (2014b) e relacionados ao setor de trabalho artístico apontam uma percentual de 50,8% de pretos e pardos entre profissionais da música no Brasil. Já em Salvador, aproximadamente 84,8% da população se declaram não branca.

Tabela 7 – Distribuição de médias e frequências de estado civil dos egressos (n = 200) Estado civil N (%) Solteiro(a) 151 75,5% Casado(a) 39 19,5% Outros 10 5,0% Total 200 100%

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

Tais dados acompanham uma tendência indicada pela Síntese de Indicadores Sociais, baseado na PNAD e elaborada pelo IBGE (2015a), que aponta um crescimento das taxas de jovens que viviam na casa dos pais, mesmo nos anos finais da juventude. Em 2014, 24,3% das pessoas com idade entre 25 a 34 anos estavam nessa condição, com predomínio de jovens do sexo masculino e com maiores níveis de escolaridade. Algumas hipóteses explicativas para tal condição não podem ser confirmadas pelo tipo de informação produzida pela PNAD, mas apontam para fatores como a necessidade dos jovens prolongarem seus estudos, a dificuldade em conquistar autonomia financeira, mas também a praticidade e o alento que encontram na casa dos genitores (COBO; SABÓIA, 2010; GALLAGHER, 2013). Já os egressos dos cursos investigados situam-se em um intervalo etário mais jovem e amplo (18 a 31 anos) e apresentam taxas bastante elevadas de coabitação com os pais, aproximando-se dos 60%.

Tabela 8 – Distribuição de médias e frequências dos arranjos domiciliares dos egressos (n =141)

Com quem mora N (%)

Com companheiro/a 31 22,0% Com os pais 84 59,6% Com parentes 6 4,3% Sozinho 10 7,1% Outros 10 7,1% Total 141 100%

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

Por fim, com relação ao local de moradia dos egressos, 118 (72,3%) vivem em bairros da capital considerados “periféricos”, com destaque para o Subúrbio Ferroviário, onde vivem 29 jovens da capital (20,6%), e para a região do Nordeste de Amaralina e da Santa Cruz, com 18 (12,8%). A elevada presença de moradores dessas regiões deve-se, sobretudo, à Kabum recrutar a maioria do seu público nesses bairros e ter originalmente funcionado no Nordeste de Amaralina.

Tabela 9 – Distribuição de médias e frequências dos participantes, por local de moradia (n = 141) Onde mora N (%) Exterior 6 4,3% Outros estados 5 3,5% Outras cidades 3 2,1%

Cidades da região metropolitana 7 5,0%

Salvador (bairros periféricos) 102 72,3%

Salvador (bairros centrais e/ou regiões mais “nobres”) 18 12,8%

Total 141 100%

Fonte: Elaborada pelo autor deste trabalho com base nos dados fornecidos nos questionários online.

Sete jovens vivem em cidades da Região Metropolitana de Salvador: três em Camaçari, três em Lauro de Freitas e um em Mata de São João. Destes, apenas um está totalmente fora do campo artístico, enquanto outros desenvolvem trabalhos no ensino de artes e/ou ligados a grupos artísticos locais.

Em outras cidades do estado da Bahia vivem apenas três jovens: dois em Porto Seguro, que não trabalham na área artística, e um em Feira de Santana, onde desenvolve trabalho de dança e canto em escolas e projetos sociais.

Dos seis que vivem no exterior, quatro são egressos do curso de dança, sendo que duas vivem na Turquia e trabalham num clube/resort como dançarinas e recreadoras, um vive na China, atuando numa Companhia de Dança Folclórica, e uma vive na França, está casada e trabalha como professora de dança. Os outros dois são egressos da Kabum: um jovem que vive no País Basco e trabalha numa TV local; e uma jovem que vive na Noruega, está casada e estuda engenharia de petróleo e gás.

Vivendo em outro estado, temos duas jovens dançarinas, que atuam em espetáculos de grande porte, como no musical “O Rei Leão” (São Paulo) e “Chacrinha, o musical” (Rio de Janeiro); um músico, que vive na capital paulista e estuda canto numa escola especializada; e dois egressos do curso de vídeo, sendo que uma vive e estuda artes plásticas na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e o outro vive no interior do Rio Grande do Sul, trabalhando como padeiro.