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3 PERFIS (OU QUASE RETRATOS) ARTÍSTICOS

3.1 OS PERFIS DA MÚSICA

O setor da música é uma dos mais amplos do campo das artes, sendo imensa sua segmentação em termos de estilos musicais e mercados, além de altamente desigual em termos de status e remuneração. Dentre os egressos do CEEP que permaneceram na área artística, há profissionais atuando em diferentes áreas como a regência, o ensino de música, a performance instrumental ou vocal e a produção cultural. Desse modo, os dois jovens aqui retratados representam uma pequena amostra dentre as possibilidades de constituir uma trajetória na música e buscam apresentar, também, formas muito distintas de socialização artística.

3.1.1 Ismael60

Eu cresci vendo músicos excelentes na minha igreja e tal. Então, assim, era um espelho pra gente, então eu falei: 'Quero ser igual a esses caras quando eu crescer!’

(ISMAEL, 30, MUS).

Ismael tem 30 anos de idade, negro, casado desde meados de 2014 e vive em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Sua companheira é estudante de Serviço Social e trabalha numa clínica, mas também é ligada à música e eventualmente atua como cantora, acompanhando-o em apresentações e eventos.

Nasceu em Nazaré, zona central de Salvador, mas morou em diferentes bairros da cidade e da região metropolitana, já que vivia de aluguel com a mãe e o irmão, especialmente depois da separação dos pais. Morou a maior parte da sua vida na Liberdade, local pelo qual tem forte apreço. “A gente tinha essa influência muito forte, dos grupos de lá. Tem grupo de

60 Todas as transcrições apresentadas em cada um dos perfis são de falas dos próprios jovens, portanto não serão seguidas das referências indicativas presentes nos demais trechos da tese.

samba e tem movimentos locais. Então, assim, era muito forte a vivência musical, não pra mim, não somente no meu contexto religioso, mas no geral. Então, me agregou muito, muito, muito mesmo”.

Sua mãe tem 64 anos, é funcionária pública federal aposentada e trabalhou muitos anos no antigo Hospital Naval, como auxiliar de cozinha. Recentemente formou-se em Serviço Social, área em que sempre realizou trabalho voluntário. Seu pai tem 67 anos, não concluiu o ensino fundamental e trabalhou como feirante até se aposentar. Tem um irmão mais velho formado em Produção Cultural, pela UFBA, que também é músico, mas não trabalha na área artística.

A presença da arte na sua família é recorrente em seus depoimentos. “Minha mãe era muito de cantar. Engraçado que a gente tinha música pra tudo em casa, né? Tinha uma música que minha mãe cantava pra gente acordar de manhã... Eu tenho uma tia que estudou piano, mas não foi nada muito profissional, entendeu?”.

Vivendo em bairros periféricos, Ismael atribui principalmente à mãe um papel fundamental para sua formação, possibilitando o acesso a um universo cultural ao qual muitos dos seus pares não tinham.

Porque apesar da gente viver num contexto adverso, eu falo no sentido de ser suburbano, periférico mesmo; a Liberdade é uma grande periferia. Então, assim, a gente não tinha muitas perspectivas, né? Olhando pras pessoas da nossa realidade, né? Tinham perspectivas profissionais, não desmerecendo, mas que não têm nenhuma ascensão financeira, nem na sociedade. E minha mãe trabalhou conosco na contracorrente da sociedade, entendeu? Então, ela sempre nos proporcionou

viagens, estar em lugares, conhecer pessoas, então, assim, ela... quando a gente era

adolescente a gente ia pra muitos shows, muitos shows, peças de teatro. Dificilmente a gente passava uma semana sem ir pra algum lugar, ir pra algum evento.

Ismael é de família religiosa, ligada à Igreja Evangélica Congregacional, uma instituição protestante histórica. Esse espaço também foi fundamental para sua aproximação da música, permanecendo como referência de formação, atuação profissional e de criação artística durante toda sua vida. Por volta dos seis anos de idade passou a integrar o coral da igreja.

Eu tinha um convívio muito forte com a música na igreja. Então uma lembrança que eu tenho muito forte, que eu acho que aquela lembrança que desencadeou tudo que eu faço hoje. A gente tinha coral de Dia dos Pais, coral de Dia das Mães e tudo a gente tinha um coral das crianças e eu tava lá nesse dia e aí eu me lembrava, eu tava um pouco atrás, porque eu era mais alto. Mas só que aquilo me dava muito prazer de tá ali na frente das pessoas, cantando com outras pessoas. Aquilo me gerava muito prazer.

Essa relação com a música também envolvia o irmão e amigos e se estendeu durante os anos seguintes. Com doze anos, lembra que

[...] pedi pra minha mãe pra fazer aula de bateria e aí fiquei muito zeloso tocando bateria. Depois meu irmão começou a aprender violão na escola de música e ele levava o material pra casa e eu comecei a aprender violão junto com ele, e aí depois comecei a transpor os acordes do violão para o teclado, que meu sonho era tocar piano, meu sonho era cantar também, ao mesmo tempo. Então eu me tornei multinstrumentista assim, vivendo isso.

Durante a adolescência, além da formação na igreja e nas aulas particulares, teve uma vivência musical ampliada com amigos e o irmão.

A gente ouvia de tudo. Então cada semana a gente ouvia uma coisa diferente. Naquela época ainda alugava-se DVD na locadora, então em uma semana a gente ouvia Ed Motta, outra semana a gente ouvia Edson Gomes, outra semana a gente ouvia Roupa Nova, outra semana a gente ouvia Oficina G3, que é um expoente muito grande tanto da música gospel e fora da música gospel, já ganhou Grammy Latino. A gente ouvia Charlie Brown Jr. A gente ia e pegava sertanejo, a gente pegava tudo mesmo.

Nessas vivências, dois membros da igreja, mais velhos do que ele, tornaram-se referências fundamentais:

Um era Ezequias e o outro era Quesio. Um tocava contrabaixo, o outro tocava violão e cantava. A gente admirava muito eles pela questão musical, já tinham tocado com várias pessoas, né? Tanto na igreja como fora da igreja, né? E acho que era um sonho de consumo ser igual a eles, né? Tocar com artistas e tal, aquela coisa toda.

O ecletismo musical presente na sua formação permitiu que construísse um repertório de habilidades e referências plurais, que ultrapassaram o universo religioso.

Eu gosto de vários artistas, admiro vários, mas pra mim, um que é muito forte é Djavan. Eu acho que pela história dele, por ser negro, por vir de uma realidade mais difícil do que a minha, a gente acaba se afeiçoando, buscando referências de pessoas parecidas, né? Tanto no contexto étnico, de vivência, de tudo, né?

Sua experiência de escolarização até o final do ensino fundamental se deu na rede privada de educação, migrando para uma escola pública, no ensino médio. Apesar de não se considerar um dos melhores alunos, teve um percurso escolar sem grandes percalços. Na sua vida escolar não recebeu formação musical, mas recorda de uma experiência marcante promovida pelo colégio durante uma excursão ocorrida quando estava na 8ª série. Durante a peça pôde assistir a uma performance ao vivo:

Eu nem me recordo mais a banda, mas tinham falas, tinha canto, era uma coisa assim... Aquilo ali foi uma das coisas que marcaram muito a minha vida mesmo. Eu

percebi que na verdade, que meu coração era artista no sentido da palavra, da arte em geral, então eu gosto de uma boa peça, porque elas se interligam. Você vê um dançarino, um bailarino, ele tem uma relação íntima com a música, porque ele trabalha na pulsação do som, então é muito próximo, teatro, dança.

Ao final da educação básica, Ismael já tinha quase 15 anos de experiência e formação musical. Chegado o momento de escolha de que caminho acadêmico desejava seguir, teve uma conversa decisiva com a mãe.

Então eu cheguei pra minha mãe na época da faculdade, foi um impulso que me deu. Na verdade eu sonhava em ser músico e falava que ia ser músico, apesar de gostar de muitas outras coisas, como gosto até hoje. De esportes, enfim, de coisas em geral. Mas era aquilo que me tocava mais forte e aí eu fui na faculdade onde eu fiz a graduação e aí pesquisei, procurei saber como era a prova prática de música, se dava pra eu fazer, o valor da mensalidade. Na época eu cheguei pra minha mãe com tudo pronto. Falei: ‘Ó, o valor é x, as horas são... faz isso, isso e isso’. Minha mãe, no primeiro momento, ficou um pouco assustada ou surpresa. Aí ela falou: ‘É isso mesmo que você quer?’ Eu falei: ‘É.’ e ela disse: ‘Então, vamos’. Então foi, me patrocinou financeiramente com tudo, me apoiou desde o primeiro dia.

A opção pela graduação em música implicou a necessidade também de justificar para si mesmo e para os outros a sua escolha. Essa aposta era vista com desconfiança por algumas pessoas e parecia implicar um desafio para Ismael:

Algumas pessoas falavam mesmo, literalmente: ‘Não vai dar em nada.’, sabe? Aquela coisa toda, por puro preconceito de não saber o que é um músico, o que é um estudante de música, mas dentro de casa, especificamente, foi um sentimento de muita admiração, de tá lá e tal e isso me fazia bem. Eu me sentia o desbravador da minha geração, entendeu? Isso é gratificante pra mim.

Ismael iniciou o curso de Licenciatura em Música na Faculdade Evangélica de Salvador (FACESA), antes mesmo de conhecer o CEEP. Na Faculdade, tinha maior expectativa em relação ao aperfeiçoamento musical em instrumento e voz, mas deparou-se com uma proposta curricular que privilegiava os conteúdos pedagógicos: “Eu ainda acho muito pobre a formação da licenciatura para a performance. Acho que deveria ter mais performance, mas é um curso estável no sentido de que a gente consegue mais emprego do que numa área de bacharel, de execução, né?”.

No quarto semestre de graduação e já trabalhando como docente, soube da existência do curso técnico em Regência ofertado pelo CEEP. Submeteu-se ao processo seletivo e, apesar de não ter sido selecionado na primeira lista de aprovados, acabou sendo chamado posteriormente e ingressou na escola com o objetivo de ampliar sua visão de conjunto nos processos musicais.

Ismael conjugou as experiências de trabalho e de formação nas duas instituições paralelamente, concluindo as duas qualificações quase ao mesmo tempo, além de atuar como docente.

Sua experiência profissional teve início antes mesmo de ingressar nas instituições formais de educação musical, experimentando atuar de forma remunerada no setor de eventos.

Eu comecei a tocar em casamentos, que era, é um segmento hoje também muito forte, né? Hoje é um grande mercado, né? Eu tinha 17. Cantei o casamento todo. Foi a primeira vez que eu me senti profissional assim. Não tinha ninguém comigo cantando. Era eu sozinho e o violino e um pianista, só, né? Aí eu falei: ‘Poxa, eu sou um profissional!

O setor de eventos, ainda hoje, é uma fonte de renda para Ismael. Ele trabalha de forma intermitente como cantor, instrumentista e eventualmente na parte técnica, em casamentos e formaturas para empresas de assessoria da área.

Eles têm contato com alguns músicos e um deles sou eu… Por eu tocar vários instrumentos, eu toco violão, eu toco piano, eu toco bateria, eu canto, então, assim, no ramo do casamento isso é bom, porque você sozinho faz um evento. Você leva um piano, um teclado, um violão, você canta, você faz um evento inteiro.

Ao mesmo tempo em que se inseriu nesse ramo, foi também aperfeiçoando e profissionalizando sua atuação com música religiosa. Apesar disso, o trabalho realizado nesse segmento nem sempre é remunerado.

Dentro da música cristã, eu também faço várias coisas. Por exemplo, eu toco na minha igreja. Hoje não tanto, por questão de distância, mas eu toco na minha igreja. Então, assim, no caso do grupo da igreja específico, dificilmente existe remuneração. Por que? Não sei se o termo é bem esse, mas vamos colocar como um sacerdócio. Então, assim, se a gente vai tocar em um culto, não existe fins lucrativos naquilo. Os fins são os fins evangelísticos... A gente sempre fala, vai ter o transporte pra levar o equipamento e eles providenciam lá. Dão toda estrutura, porém não pagam diretamente.

O seu trabalho autoral como compositor, cantor e instrumentista também se desenvolve no universo do gospel, só que de forma um pouco mais profissionalizada. Fez parte de uma banda de rock, a Mutage.

Aí eu cantava também lá, tocando guitarra, e quando vai precisar gravar, eu gravo teclado, violão, outras coisas assim. E a gente tem esse trabalho. Nesse trabalho já é um trabalho que não é um trabalho, como posso dizer, comunitário, sacerdotal. Por sermos cristãos, nossa letra reflete isso, mas se a gente for tocar num lugar, a gente negocia a remuneração.

Eu já trabalhei em uma igreja, a Igreja Batista da Família. Eu fui contratado pra trabalhar com o ministério de música da igreja. Então eu fazia direção musical, dava aula de teclado e aula de bateria. Eles me remuneravam mensalmente e tal. Ali

já era um profissional mesmo, eu trabalhava com o ministério de música da igreja.

Além das suas atuações como músico gospel e de eventos, a docência foi convertendo- se na ocupação mais regular e “segura”, mesmo não sendo sua atividade preferida. Ismael começou trabalhando em uma escola particular de música, onde, até hoje, leciona as disciplinas de canto, instrumentos e teoria musical.

A área da educação foi a única em que teve vínculos formais de emprego, já tendo trabalhado em cerca de 20 escolas particulares e públicas e em projetos de contraturno escolar.

Não que isso me dê prazer, mas eu achei um certo prazer por questão de sobrevivência, e assim eu percebi que era um mercado possível, né, de você ganhar uma grana legal, de ter uma carteira assinada, décimo terceiro e tal. E aí eu me enfiei nisso aí, mesmo, de cabeça, me joguei de cabeça e fui. Depois que saí da primeira escola, colocava currículo para outras escolas. Participei de Escola Aberta, escola pública... Participei de Mais Educação e aí foi indo. Trabalhei da Educação Infantil ao Ensino Médio. Passei por fundamental I, fundamental II e curso livre, que eu ensino ainda, que é uma escola de música mesmo.

Mesmo com a relativa estabilidade proporcionada pelos rendimentos regulares obtidos com o trabalho docente, a sobrecarga de trabalho e a baixa remuneração têm feito Ismael repensar sua vida profissional.

Eu quero ser músico de performance, mas eu quero ter um aluno ou outro. Eu gosto muito de passar esse conhecimento, até pra alguns que querem enveredar pela carreira profissional. E, hoje, não tenho muito interesse pra alguns leigos, assim, que eu falo no sentido... Os alunos são do zero, mas são profissionais que já têm uma carreira... Que eu posso... Eu acho que eu quero agregar mais nesse momento pra profissionais nesse sentido, de forma mais direta, não de uma forma de educação de base.

Em 2016, Ismael conseguiu deixar as atividades na educação básica para trabalhar com oficinas, cursos livres e aulas particulares. Foi selecionado para lecionar no Conservatório de Música de Sergipe, que fica em Aracaju, distante cerca de 320 quilômetros de Salvador. Viaja semanalmente, dando aula durante três dias. No restante da semana atua em escolas especializadas em música, na cidade onde vive. Ainda que goste do trabalho com música religiosa, tem tido pouco tempo para dedicar-se. Há algum tempo vinha alimentando o desejo de ir estudar e trabalhar nos Estados Unidos, por considerar o país o berço da música gospel.

O que eu gosto de fazer é esse tipo de música negra. Tenho muita influência da música baiana, que pra mim me formou também, e acho também uma das melhores

músicas do mundo... a questão da percussão. Então, acho que vai ser uma mistura bem legal pra mim, bem legal pra mim. Esse é o meu projeto.

O plano de sair do Brasil permanece vivo, porém tem ponderado que o Canadá talvez seja uma melhor opção. Começou um planejamento para viajar em 2018, inicialmente para estudar o idioma, mas com o objetivo de tentar se estabelecer no país.

3.1.2 Diego

Quando eu comecei a tocar eu não sabia que precisava estudar, eu ia tocando... Aí a gente se juntou para fazer esse som e aí começou a compartilhar aquele objetivo em comum, com aquela questão da juventude, que tem muita vontade de fazer tudo... Eu não construí ídolos. Sempre fui aberto a ouvir de tudo e não me prendi especificamente a nada! (DIEGO, 29, MUS).

Diego tem 29 anos, pardo, solteiro, nascido e criado no bairro da Caixa D´Água, na região da Liberdade, onde mora com os pais até hoje. Tem duas irmãs; a mais nova é recém- formada em fonoaudiologia e a mais velha é graduada em administração, mas trabalha na área de contabilidade. Seu pai tem 67 anos, católico, concluiu o ensino médio e trabalhou durante muitos anos como bancário, mas há algum tempo atua como corretor de imóveis. Sua mãe tem 64 anos, possui o mesmo nível de escolaridade do pai, sempre foi dona de casa e recentemente começou a frequentar igrejas evangélicas.

Ele consegue recuperar algumas recordações sobre a presença da arte na sua família. Seu pai e um dos seus avôs tocavam um pouco de violão, mas em raras ocasiões. Mesmo assim, Diego não teve a oportunidade de aprender instrumentos com eles.

Considera que a atmosfera cultural do seu entorno, especialmente do bairro da Liberdade, também pode ter influenciado sua aproximação com as artes, mesmo não participando diretamente das manifestações ali presentes. Os grupos culturais, os blocos carnavalescos e até os grupos escolares produziriam um clima muito rico. “Eu não vivenciei muito, mas acho que isso é importante. Eu vejo alguns colegas que tiveram oportunidade de vivenciar essa questão cultural e de bairro, e como isso faz parte da formação deles. E se reflete bem claro hoje”.

E parece que foi justamente dessa relação mais espontânea com colegas de bairro e com a música popular que emergiu sua iniciação musical.

Um dos motivos por que eu passei a tocar foi justamente pela influência externa de amigos que tocavam. Eu tive sempre interesse, mas não tive um estímulo, um apoio direto. Não tinha um contato, assim, de brincar, da forma lúdica, com o instrumento. Foi justamente o momento que eu comecei a desenvolver.

Até os 14 anos de idade, nunca havia tocado um instrumento e naquele momento emergia nacional e localmente uma cena musical ligada ao forró, em especial a um subgênero denominado “forró universitário”, que era dominado por músicos e públicos jovens. “A gente começou tocando forró Pé-de-Serra. Foi uma época que tava emergente, assim, esse ritmo começou a aparecer, surgiram algumas bandas – Estaka Zero, Tio Barnabé, Fala Mansa – que contribuíram bastante para abrir portas, enfim”.

Na convivência com amigos do bairro ligados à música, os desejos de tocar e de montar um grupo de forró surgiram praticamente no mesmo momento:

Teve a influência também de uma banda que tocava bastante na época, Flor de Milho, e um dos integrantes trabalhava lá na rua, numa locadora em que a gente ia jogar videogame. E aí começou esse contato. Aí ele chamava para ir assistir a banda, acho que era no Estação da Cerveja. Aí a gente ia lá.

Lembra que ele e os colegas começaram as experimentações com instrumentos e, de forma espontânea, foram definindo os papéis que ocupariam numa futura banda, cabendo-lhe a função de baixista.

Um vai tocar o violão, outro a bateria, outro vai cantar e o baixo ficou para eu tocar. Sobrou para mim. Mas para tirar uma onda eu digo que ele que me escolheu. Eu não tinha nem uma visão, uma atenção nessa época, até na questão de apreciar a música. A partir daí, do contato, de tocar em grupo, que foi aflorando esse lado de perceber mais os instrumentos, ir se musicalizando ali.

Mesmo com pouca experiência, o contexto e a convivência com a cena do forró motivaram Diego e os amigos a investirem na formação de uma banda, o Forró Moleke, e a projetar uma carreira.

Acho que foi justamente a oportunidade de tocar em grupo. De ter montado uma