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O Dr. José Américo de Almeida era conterrâneo, afilhado de D. Adauto, e ex-seminarista. No ano anterior ao episódio que acima registramos, D. Adauto celebrara, “com a máxima solenidade, seu matrimônio com Dona Alice de Azevedo Melo. José Américo era também redator-secretário e articulista de “a Imprensa” com a coluna “Vespertina” em que abordava questões de ordem social e moral do seu tempo (LIMA, 2007a, p. 335-336).

é impossível a vida eterna, pois “quem não crê, será condenado” (Mc. 16, 26), e convoca as forças católicas para o apostolado: “ide e ensinai a todos os povos” (Mt. 28,9), combatendo o ateísmo e o indiferentismo que promovem as paixões desordenadas, a desobediência, a rebelião contra as leis e as autoridades, o relaxamento dos vínculos domésticos, a discórdia na família, a desordem na sociedade e o desmantelamento do Estado pelos levantes à ordem pública. Para doutrinar os fiéis, a diocese valeu-se da família e da escola, onde a obediência aos pais e aos mestres eram os primeiros e decisivos passos para a submissão em níveis posteriores (HENRIQUES, bispo, 1930).

Na Paraíba, a Igreja não lamentou o final da Primeira República. A diocese apoiou a chapa liberal Getúlio Vargas - João Pessoa, rejubilou-se com a Revolução de 1930, e deu-lhe franco apoio na esperança de sepultar os quarenta anos de apostasia do Estado brasileiro. Sua luta não seria inglória. Vitoriosa a Revolução, D. Adauto deslocou-se ao Rio de Janeiro para pleitear o reconhecimento oficial dos direitos de Deus na República pela condução da sociedade através do ensino religioso nas escolas oficiais e oficializadas e pelo reconhecimento oficial do casamento religioso (LIMA, 2007b).

Na terceira Carta Pastoral que alude à educação, “Das vantagens do Ensino Religioso” (1932), D. Adauto convoca pais e mães a plantarem no coração dos filhos, com o auxílio do pároco e dos catequistas,

uma fé cujas luzes suplantem as trevas do passado e cuja docilidade submeta o orgulho do espírito humano; [...] uma pureza de costumes que escape ao contágio do mundo corrompido e corruptor e que subjugue a violência dos sentidos, formando desde a infância uma alma superior aos objetos sensíveis, um coração que domine as paixões, uma coragem que só tema o pecado e um espírito que estime a virtude (HENRIQUES, 1932, p. 7-8).

Para tanto, conclama os diretores e professores das escolas públicas que, sendo católicos, estão incluídos na grande obra salvadora da moral, alicerce de uma sociedade justa e fraterna.

Em seu apostolado de quarenta e dois anos à frente da diocese, D. Adauto, municiado da infalibilidade reportada ao papa, que favorecia aos bispos, como seus representantes imediatos, impôs sua autoridade de forma invejável. Particularmente por meio de suas cartas, estabeleceu uma base ideológica que, no imaginário dos católicos, era aceita como natural, afiançando-lhe a prerrogativa de orientar o seu rebanho no âmbito da religião, da moral e, inclusive, da política (DIAS, 2008).

Aos setenta e sete anos, D. Adauto solicitou da Santa Sé a nomeação de um arcebispo coadjutor. O escolhido foi o seminarista modelo, o padre edificante e o bispo apostólico a quem ele conferira desde a primeira tonsura até a sagração episcopal. Tratava-se do cajazeirense D. Moisés Sisenando Ferreira Coelho (Ilustração 06).

Sua posse como coadjutor ocorreu na Catedral de Nossa Senhora das Neves, em 29 de junho de 1932, bem ao estilo de D. Adauto, prestigiada por todas as autoridades locais, pelo chanceler da Igreja Romana Frei André Cardeal Fruhwrith, e por numerosa multidão (LIMA, 2007b).

D. Moisés ordenara-se padre a 01 de novembro de 1901. Como seu mestre, tornou-se educador, ensinando latinidade, liturgia, teologia pastoral e direito canônico e foi diretor espiritual no Seminário Diocesano onde estudara. Ocupou o segundo lugar entre os dez padres que compunham o cabido Diocesano, colegiado de conselheiros do bispo, implantado em 1905. Em 1907, assumiu a direção do Colégio Diocesano Pio X. Em 1908, regeu a paróquia de Cajazeiras. Em 1909, retornou às funções no seminário de onde só sairia para o episcopado em sua terra natal designado pela Bula Papal “Magis Catholicae Religiones Incrementun”, de 16 de novembro de 1914. Constituído coadjutor de D. Adauto com direito a sucessão, pelo

Ilustração 06 - D. Moisés Sisenando Ferreira Coelho Segundo Arcebispo da Paraíba (1935-1959) Fonte: Tavares, 1997

Breve do papa Pio XI, datado de 22 de fevereiro de 1932, dedicou especial atenção à educação, tornando-se, em 1934, Presidente do Conselho Regional de Educação Católica. (LIMA, 2007b).

Com a morte de D. Adauto, em 15 de agosto de 1935, D. Moisés tornou-se o segundo arcebispo da Paraíba, até a sua morte, em 18 de abril de 1959, aos oitenta e dois anos de idade. Elegendo como prioridade a juventude, dinamizou as instituições educacionais já existentes e articulou a vinda de novas congregações para atuarem nas obras erigidas por seu antecessor ou em empreendimentos por ele fundados. Sob seus auspícios a população paraibana teve a seu serviço as instituições educacionais elencadas no Quadro II, que apresentamos a seguir:

Quadro II – Educandários erigidos/reabilitados no episcopado de D. Moisés Sisenando Ferreira Coelho.

Educandário Localização Ano Congregação Procedência Destinação

01 Colégio Padre Rolim35 Cajazeiras 1927 Padre Secular Paraíba Educação masculina 02 Escola Normal Nossa Sra.

de Lourdes

Cajazeiras/PB 1928 Irmãs de Sta. Dorothéa Gênova/Itália Educação feminina 03 Colégio Nossa Sra. da Luz Guarabira/PB 1936 Irmãs dos Pobres de Sta. Catarina Sena/Itália Educação feminina 04 Colégio Santa Rita Areia/PB 1937 Irmãs Franciscanas de Dillingen Alemanha Educação feminina 05 Colégio Francisca Mendes Catolé do Rocha/PB 1939 Irmãs Franciscanas de Dillingen Alemanha Educação feminina 06 Colégio Nossa Sra. de

Lourdes

João Pessoa/PB 1940 Irmãs Lourdinas França Educação feminina

07 Ginásio N. Sra. de Lourdes Monteiro/PB 1944 Irmãs Lourdinas França Educação feminina 08 Escola Superior de Serviço

Social

João Pessoa/PB 1952 Irmãs de Jesus Crucificado Campinas/SP Educação feminina

09 Colégio Pio X João Pessoa/PB 1953 Irmãos Maristas França Educação masculina

10 Curso São José João Pessoa/PB 1953 Padres Seculares Diocese/PB Educação masculina 11 Colégio N. Sra. da

Conceição

Itabaiana/PB 1953 Irmãs Pobres de Sta. Catarina Sena/Itália Educação feminina 12 Escola Doméstica João Pessoa/PB 1954 Irmãs de Jesus Crucificado Campinas/SP Educação feminina 13 Escola de Formação

Familiar Casa do Calvário

João Pessoa/PB 1954 Irmãs de Jesus Crucificado Campinas/SP Educação feminina 14 Faculdade de Filosofia

Ciências e Letras

João Pessoa/PB 1954 Irmãs Lourdinas França Educação feminina

15 Casa da Imaculada Conceição (domésticas)

João Pessoa/PB 1954 Irmãs de Jesus Crucificado Campinas/PB Profissionalização feminina

16 Colégio Arquidiocesano Pio XII

João Pessoa/PB 1959 Padres Seculares Diocese/PB Educação masculina

Fontes: Anuario dos Religiosos do Brasil (1958); TAVARES, (1997)