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Como amostra desta contribuição destacamos: Severina Sousa, diplomada no Colégio das Neves em João Pessoa; Dr. Diniz, professor da Escola de Agronomia; o padre Ruy Barreira Vieira, vigário de Areia, Américo Perazzo comerciante e professor; Amauri Almeida, promotor de justiça; Silvia Gouveia, ex-aluna do colégio.

No primário, trabalhei com o primeiro Ano B, na mecanização da escrita vertical em caderno de pauta caligráfica, na fluência da leitura e na interpretação de pequenos textos. Ensinei também aritmética e noções de conhecimentos gerais. Para ensinar matemática e história no ginásio, fiz o curso de suficiência. No colegial normal fui fiel aos ensinamentos da minha antecessora e mestra madre Iluminaris que anualmente se atualizava no sudeste/sul do país. Os livros que comprei nada tinham de mais atual do que os seus ensinamentos. Mas adotei inovações como a realização do estágio supervisionado pelas alunas que não eram de Areia em seus municípios de origem, pois tínhamos alunas de Remígio, Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Arara, Pilões e Alagoa Grande (Depoimento da professora Maria de Lourdes Duarte Galzerano em 09/07/2010 em sua residência – Areia/PB).

Se nos anos 1930 as alemãs multiplicaram suas potencialidades para abarcar a tarefa educativa quando a demanda de alunas era modesta, nos anos 1940 abriram a candidatura para ampliar a congregação em face de uma demanda crescente, contando sempre com o auxílio da paróquia. Sobre o Padre Francisco Lima, professor e diretor do Colégio Santa Rita enquanto exercia a vigararia em Areia, madre Carolina disse:

Não se tem palavras para dizer da sua dedicação de pai para conosco e o seu zelo pelo colégio. Foi um orientador, um sacerdote muito humilde. Não fazia exigência de nada. Uma grandeza sem ostentação. Onde dele se precisava, ali ele estava. Em todas as ocasiões, ele estava aconselhando sobre tudo como um pai (PORTO, 2000, p. 14).

Em dois momentos, especificamente, a contribuição de professores e professoras leigas foi destacada: o primeiro de 1957 a 1970, quando as matrículas atingiram entre quatrocentos e quinhentos e vinte alunas/alunos, durante a gestão alemã. O segundo, na gestão das irmãs brasileiras de 1978 a 1990, com a proletarização do magistério, quando o colégio e especialmente o curso colegial normal deixaram de ser redutos das moças de elite. Mesmo com o internato extinto, a matrícula geral subiu à casa dos seiscentos/setecentos alunos/alunas, incremento puxado pela decadência do ensino nas escolas públicas, por uma maior conscientização dos pais sobre a importância da educação e também a adoção da co- educação em todos os cursos oferecidos pelo colégio.

À medida que foram surgindo vocações brasileiras, as candidatas à vida religiosa passaram a receber a formação em casa, ingressando nos cursos oferecidos pelo colégio, como mostra o quadro III.

QUADRO III – Candidatas e irmãs diplomadas nos cursos seriados oferecidos pelo Colégio Santa Rita no interregno 1955-1972

NOME CURSO PERÍODO OBS

01 Ir. Maria Jacinta Colegial Normal 1955-57 Cumpriu o curso integralmente 02 Ir. Maria Gertrudis Colegial Normal 1956-57 Cumprira anteriormente o 1º ano 03 Ir. Maria Veneranda Sagstetter Colegial Normal 1956-57 Cumprira anteriormente o 1º ano 04 Ir. Maria Dolores Colegial Normal 1956-58 Cumpriu o curso integralmente 05 Ir. Maria Francisca Colegial Normal 1956-58 Cumpriu o curso integralmente

06 Ir. Maria Bernadete Colegial Normal 1956-59 Interrompeu o curso em 1959 para o noviciado 07 Ir. Maria Filomena Colegial Normal 1958 Cumprira anteriormente o 1º e 2º anos

08 Ir. Maria Inês Colegial Normal 1956-58 Cumprira como interna leiga os anos anteriores 09 Ir. Maria Francisca Colegial Normal 1956-58 Cumpriu o curso integralmente

10 Ir. Maria Marta Colegial Normal 1960 Cumprira anteriormente o 1º e 2º anos

11 Ir. Maria Rita Ginasial Industrial 1960 Cumprira anteriormente o 1º, 2º e 3º anos ginasial 12 Ir. Maria Benigna Colegial Normal 1961-63 Cumpriu o curso integralmente

13 Ir. Maria Celeste Colegial Normal 1962 Cumprira anteriormente o 1º e 2º anos 14 Ir. Maria Cecília Colegial Normal 1963-65 Cumpriu o curso integralmente 15 Ir. Maria Judite Colegial Normal 1963-65 Cumpriu o curso integralmente 16 Ir. Maria Anunciada Colegial Normal 1970-72 Cumpriu o curso integralmente

17 Ir. Maria Cristiane Colegial Normal 1969-72 Interrompeu o curso em 1970 para o noviciado

Para lecionar no Curso Ginasial, as irmãs ingressaram nas capacitações oferecidas pelo governo brasileiro, a exemplo dos cursos intensivos promovidos pela Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES) através da Diretoria de Ensino Secundário da Secretaria da Educação do Estado, ministrados nas férias de fim de ano por professores do Sul e do Sudeste brasileiro juntamente com a equipe da Paraíba102

Para lecionar no Curso Colegial Normal, a falta de formação universitária foi compensada pelos cursos intensivos do Programa de Assistência Brasileira – Americana ao Ensino Elementar (PABAEE) sediados em Belo Horizonte, com duração de seis meses, mediante convênio celebrado entre o governo brasileiro e o governo dos Estados Unidos com a participação do governo do Estado de Minas Gerais.

Em reforço às capacitações, as irmãs que abraçavam a atividade docente cumpriam, na ordem do dia da instituição, rigorosa rotina, dedicando não menos de quatro horas ao estudo das matérias que lecionavam à correção das tarefas das alunas e à preparação das aulas, sendo três horas à tarde e uma hora à noite para as que lecionavam pela manhã. Inversamente, preparavam-se durante a manhã e à noite aquelas que entravam em sala de aula no turno da tarde. As irmãs que ensinavam nos dois turnos contavam com professora auxiliar para a correção conjunta das tarefas e preparação das aulas no final da tarde e à noite, sendo dispensadas de tarefas na casa. Deviam ainda manter o espírito atento para cumprir sua função disciplinar no esquema institucional e, simultaneamente, grangear a estima e o respeito das aprendizes através de uma firmeza solene que caracterizava o ensino confessional feminino em Areia.

A dedicação com que exerciam o magistério era também exigida das alunas tanto nas atividades realizadas em classe quanto nas tarefas de casa, na chamada oral como na lição escrita, na leitura e no ditado, na caligrafia e na letra gótica, assim como nas prendas domésticas, perseguindo sempre a perfeição à qual toda mestra fiel aos preceitos franciscanos deveria conduzir suas alunas, com um olho na conquista do saber e na formação do caráter e o outro, na salvação da alma. A estratégia acionada nesta perfectibilidade era o exercício,

[...] que dirigido para um estado terminal, permite uma perpétua caracterização do indivíduo seja em relação a esse termo, seja em relação aos outros indivíduos, seja em relação a um tipo de percurso. Assim, realiza, na forma da continuidade e da coerção, um crescimento, e uma qualificação (FOUCAULT, 2008, p. 136).