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A partir de 1972, com a extinção do internato e a flexibilização nas relações de gênero, o colégio passou a adotar alunos do sexo masculino nos Cursos Ginasial e Colegial Normal.

QUADRO IX - Matriz Curricular do Curso Ginasial (1948)

1° SÉRIE 2ª SÉRIE 3ª SÉRIE 4ª SÉRIE

Português Português Português Português Latim Latim Latim Latim Francês Francês Francês Francês Matemática Matemática Matemática Matemática História do Brasil História do Brasil História Geral História Geral

Ciências Naturais Geografia Ciências Naturais Ciências Naturais

Geografia Inglês Geografia Inglês

Trabalhos Manuais Trabalhos Manuais Inglês Geografia Ed. Moral e Cívica Ed. Moral e Cívica Ed. Moral e Cívica Ed. Moral e Cívica

Desenho Desenho Desenho Trabalhos Manuais

Canto Orfeônico Canto Orfeônico Canto Orfeônico Canto Orfeônico Educação Física Educação Física Educação Física Educação Física

Fonte: Relatório do Curso Ginasial – 1948. Arquivo do Colégio Santa Rita.

A importância atribuída à Educação Moral e Cívica, na Ditadura Vargas (Quadro IX) e infundida na Educação por seu Ministro Gustavo Capanema, impunha sua inclusão não só como disciplina do currículo, mas também sua imbricação na vida escolar que deveria ser atravessada em todos os seus fazeres, por elevada dignidade e fervor patriótico, como mostra o texto da lei:

Os estabelecimentos de ensino secundário tomarão cuidado especial e constante na Educação Moral e Cívica de seus alunos, buscando neles formar, como base do caráter, a compreensão do valor e do destino do homem e, como base do patriotismo, a compreensão da continuidade histórica do povo brasileiro, de seus problemas e desígnios e de sua missão em meio aos outros povos (Lei Orgânica do Ensino Secundário, abr. 1942, apud CUNHA, 1989, p. 129).

Reconhecido e fiscalizado pelo governo federal, o Curso Ginasial tinha seus registros estatísticos e relatórios apreciados e assinados pelo diretor/ diretora, pela secretária e pelo inspetor federal, como mostram os arquivos do Colégio Santa Rita. No cumprimento da lei, as irmãs contratavam um professor brasileiro para lecionar Moral e Cívica, e seguiam rigorosamente o calendário cívico incluindo, nas apresentações orfeônicas, os hinos e cânticos

que simbolizavam a nação e o folclore brasileiro e organizavam desfiles memoráveis nas comemorações da Independência, para os quais a irmã Maria Filomena Salgado dedicava meses de atenção mediando as relações entre as alunas e o instrutor da banda marcial e dos pelotões, Antonio Inácio Silva.

O Ensino Industrial Básico, equivalente ao Curso Ginasial foi criado durante o Estado Novo pelo Decreto-lei n° 4.073, de 30/01/1942, em quatro modalidades de curso no primeiro ciclo (industrial básico, ensino de mestria, ensino artesanal e aprendizagem) e duas no segundo ciclo (ensino técnico e ensino pedagógico). Seus objetivos contemplavam a dimensão individual referente à preparação do trabalhador, a dimensão empresarial pela provisão de mão-de-obra à crescente demanda do país e a dimensão nacional pelo engajamento do povo brasileiro como construtor da economia e da cultura do seu país. O espírito nacionalista-desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitscheck sob o lema “50 anos em 5” reeditou o Ensino Industrial pelo Decreto-Lei nº 46.715, de 25/08/1959.

Articulado ao Sistema de Ensino Nacional, o Colégio Santa Rita adotou o Ensino Industrial em 1956, como oferta compatível com o tecnicismo e a praticidade das alemãs, constatada na observação da Madre Carolina Schwars: “Nós já sempre desejávamos para as nossas vocações um curso ao lado do Ginásio que não tivesse línguas estrangeiras, mas que formasse mais a capacidade prática” (Crônica da Congregação das Irmãs Franciscanas de Dillingen, 1937-1964, Parte B, arquivo da Província Franciscana Maria Medianeira das Graças, Colégio Santa Rita, Areia, PB). No Colégio, a recomposição da grade curricular do Ginásio Industrial, se deu pela adoção da disciplina “Corte e Costura”, e pela ampliação da carga horária de “Trabalhos Manuais” e “Economia Doméstica” em substituição ao de Ensino da Língua Estrangeira, servindo inclusive à capacitação das próprias hostes franciscanas segundo as necessidades da comunidade como mostra o depoimento que se segue:

Quando entrei no Santa Rita, Madre Trautlinde percebeu as minhas habilidades manuais e solicitou da Madre Siegfrieda o adiamento do meu noviciado que exigia a reclusão, para que eu pudesse ajudá-la na condução do Curso Industrial. Eu não aceitei o adiamento, mas assumi o compromisso de trabalhar no industrial ao término do meu noviciado. O Industrial foi proveitoso para mim, que aperfeiçoei os saberes aprendidos em casa, ampliei minhas habilidades e adquiri base para o curso superior de Economia Doméstica que fiz no Rio de Janeiro. Ao voltar, apliquei meu aprendizado nas aulas de Educação para o Lar: pintura, primeiros socorros, higiene alimentar, aproveitamento dos alimentos e gerenciamento doméstico, sem abandonar os trabalhos de agulha. Dos vinte e oito anos que passei em Areia, vinte e um foram

dedicados à contabilidade e ao gerenciamento dos funcionários leigos. Transferida para o João XXIII em João Pessoa, continuei lidando com os funcionários e assumi depois a função de Superiora da Fraternidade. Hoje, tudo é industrializado e prático, mas não agrega a riqueza da personificação. O valor do nosso trabalho estava no gosto e escolha pessoal, que falavam do nosso “eu”, no aconchego das vivências na sala do Industrial, nas palavras da Madre, na solidariedade das alunas ensinando e aprendendo entre si, na reza coletiva, na preparação das exposições, nas novidades que a Madre trazia das viagens à Alemanha, na nossa satisfação a cada trabalho concluído, que era também uma realização para a nossa mestra (Depoimento Da Irmã Anunciada, 09.04.2010 – Parlatório do Colégio João XXIII – João Pessoa/PB).

O funcionamento do Curso Colegial Normal no Colégio Santa Rita (Quadro X), teve início em 1951. Sua oficialização se deu pelo Decreto 522 de 21/11/1952, na presidência de Getúlio Vargas. Com duração de três anos, correspondendo ao ensino médio e destinado à formação de professores para o ensino primário, elevou o então Colégio Santa Rita a “Escola Normal e Ginásio Santa Rita”.

QUADRO X - Matrícula do Curso Colegial Normal (1951-1970)

ANO SÉRIES TOTAL 1951 15 - - 15 1952 10 13 - 23 1953 15 08 12 35 1954 08 15 08 31 1955 09 08 14 31 1956 10 11 08 29 1957 12 11 08 31 1958 12 11 13 36 1959 20 10 09 39 1960 12 14 10 36 1961 12 11 19 42 1962 17 12 10 39 1963 21 14 13 48 1964 23 15 12 50 1965 29 20 13 62 1966 32 22 18 72 1967 26 16 18 60 1968 29 23 19 71 1969 17 23 22 62 1970 25 13 16 54

Fonte: Livro de Matrículas do Curso Normal – 1937 - 1965 (inclusive), p. 28 a 49. Livro de Matrícula do Curso Colegial Normal – 1966-1980 (inclusive), p. 02 a 36. Arquivo do Colégio Santa Rita.

Satisfazendo ao disposto na Lei Orgânica do Ensino Normal assinada em janeiro de 1946, o Colégio apresentava instalações físicas e didáticas adequadas aos propósitos do Curso, corpo docente tecnicamente e moralmente idôneo, manutenção de um professor fiscal,

escola primária em suas dependências para demonstração e prática das professorandas, e brasileiras natas para o ensino de Geografia e História do Brasil. Sua matriz curricular apresenta sub-divisões conforme a natureza das disciplinas, como veremos a seguir.

QUADRO XI - Matriz Curricular do Curso Colegial Normal (1969)

Fonte: Pasta do Curso Colegial Normal 1969. Arquivo do Colégio Santa Rita.

A matriz curricular do Curso Colegial Normal (Quadro XI) agregava um tríplice caráter: o primeiro, propedêutico, contemplado no núcleo de cultura geral e em seus desdobramentos (notas 108 e 109), graças ao qual as egressas do colégio majoritariamente ascendiam à universidade, propiciando ao feminino a obtenção de reconhecimento intelectual,