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Categoria A 2: Referenciais do projeto de candidatura

CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. A – Referências e princípios que orientam a atividade de um diretor

5.1.2. Categoria A 2: Referenciais do projeto de candidatura

O nosso estudo teve também a pretensão de descobrir quais os referenciais que foram privilegiados pelos nossos entrevistados, aquando a realização do seu projeto de candidatura.

Podemos, então inferir que os diretores entrevistados defendem quase por consenso comum, ou seja com uma exceção, a sua experiência profissional como um fator vital na elaboração do seu projeto de intervenção apresentado no processo concursal.

Verificamos ainda, que metade dos inquiridos valorizaram as referências teóricas como complemento necessário à sua experiência profissional.

Também foram adotados como referenciais ao projeto da sua candidatura, conceções de “continuidade à cultura da escola”; promoção do “sucesso educativo” e a valorização da “participação dos pais” (ver quadro 2).

Subcategorias N.º de Frequência

Experiência profissional 5

Referenciais teóricas 3

Dar continuidade à cultura da escola 2

Promover o sucesso educativo 2

Promover a participação dos pais 2

Outras 11

Quadro 2 – Referenciais do projeto de candidatura

“… a experiência é fundamental. As referências teóricas são o cimento, são os alicerces, mas depois para pormos no dia-a-dia o que é fundamental é de facto conhecermos a realidade,…” A1.

”… Acho que neste aspeto, o que conta, na minha opinião, é a experiência profissional, e experiência do meio, a ligação ao meio…” A3.

“Foi… a minha referência foi a experiência, o conhecimento que eu tenho desta escola porque já estou aqui há 20 e tal anos, não é”? A5.

“ Em primeiro lugar um conhecimento profundo da comunidade onde estou integrado. (…) fundamentado também (…) com experiências teóricas” A2.

“… já citei o relatório de Delors que é muito parecido com o do nosso Roberto Carneiro… É um documento extremamente interessante que define nomeadamente a questão do aprender a conhecer, aprender a viver juntos e a aprender a ser. (…) Depois há uma obra publicada pela Fundação Manuel Leão que é o João Carlos Tedesco que é o novo pacto educativo salvo o erro. Em termos de referências teóricas foram assim essas, que é um modelo que define a escola de hoje em dia, que não tem de preparar para o mercado de trabalho, tem de preparar cidadãos” A1.

“… bastante influenciado pelos teóricos (…) das Ciências da Educação (…) na Universidade do Minho (…), depois é um pouco seguida pela Universidade de Aveiro (…). Depois o Porto está lhes um pouco associado, depois temos também em Lisboa penso que há uma corrente ligeiramente diferente e que eu coloco lá o João Barroso, portanto liderado um pouco por ele. O António Nóvoa, tem uma linha ligeiramente diferente mas sem especificar … é evidente que aquilo que eu propus foi bastante influenciado por essas linhas dessas teorias”

A4.

“… não é transcendente a busca que se faz é uma busca prática com alguns referenciais que são teóricos, enfim (…) e também muito … muito conhecimento de experiência feita” A6.

“... dar continuidade à cultura da escola…” A4.

Esta escolha parece-nos congruente na medida em que as competências atuais de quem dirige uma escola são múltiplas, entendendo-se desta forma a experiência profissional como uma mais valia para o exercício deste cargo.

Efetivamente, o desempenho de um diretor é um processo que vai muito além dos conhecimentos ditos técnicos e específicos, pois, devido a hipercomplexidade das atuais organizações educativas, tem de ter em conta uma multidiversidade de saberes

Nesta conjuntura, a experiência profissional do diretor está relacionada com as suas experiências e como as organiza. Neste sentido, Sergiovanni (2004b) entende que essa experiência profissional é contextualizada na utilização de certas competências técnicas, assim como no desenvolvimento e aplicação de conhecimentos conceptuais, princípios gerais e teorias e ainda como a capacidade de deliberadamente fazer uso de determinadas medidas e estratégias.

Ainda na perspetiva de alguns diretores, estes devem possuir também uma boa base teórica que lhes permita construir as suas atuações, pois só refletindo sobre as suas ações assentes em conhecimentos teóricos é que poderão desenvolver com mais congruência o seu cargo.

Noutro plano, são também definidos pelos diretores inquiridos como referenciais da sua candidatura, dar continuidade à cultura da escola, a participação dos pais e o sucesso educativo dos seus alunos.

Neste sentido e tendo em conta a opinião dos inquiridos, “as escolas, não podem ser consideradas fora do contexto onde existem e onde confluem interesses diversos, designados por comunidade educativa, circunstância que concorre para que se possa afirmar que “a escola é um contexto” (Batanaz Palomares, 2003, citado em, Silva, 2010, p. 34).

As ideologias dos inquiridos vão de encontro ao defendido por Sergiovanni (2004a) ao valorizar a cultura como um fator importante no melhoramento das escolas, referindo-se à cultura escolar como “aquilo em que as pessoas acreditam, os pressupostos da base do funcionamento da escola e o que se considera ser verdadeiro e real” (p. 23).

Também Silva (2010, p. 34) é perentório ao afirmar que “cada escola desenvolve a sua própria cultura, resultado das complexas relações que se estabelecem por parte dos diferentes componentes pessoais, sociais e institucionais que intervêm no processo educativo”.

Relativamente à participação parental, alguns diretores admitem desenvolver processos de inovação e mudança motivando e mobilizando os pais para os projetos que pretendem desenvolver. Também Silva (2010) valoriza o papel da participação dos pais na vida da escola, o que se traduz na disponibilidade de colaborarem nas atividades da organização, mas também, na motivação dos seus educandos, dedicando-lhes o apoio necessário e reforçando a valorização da instituição escolar.

Naturalmente todos estes fatores preconizados nos referenciais de candidatura devem confluir para o resultado escolar dos alunos, porque “uma educação de qualidade requer planificação, consensualização e reconhecimento social e deve orientar-se por princípios conducentes à melhoria da qualidade de vida dos que a ela acedem” (Silva, 2010, p. 48).

Realçamos que apesar de se observarem várias visões sobre esta temática e consolidando com os autores citados, estamos conscientes que os entrevistados detêm conhecimentos específicos para enfrentarem os desafios da direção escolar, pois as subcategorias referidas vão de encontro a algumas particularidades das boas escolas.