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CAPÍTULO III – NOVOS CAMINHOS DA LIDERANÇA

3. Liderança

3.2. Teorias de Liderança

3.2.5. Teoria Transformacional

O aperfeiçoamento constante sobre os estudos da liderança, permitiram demonstrar, diversos estilos de liderança, ou seja de que forma atuam os líderes, tentando clarificarem as suas funções bem como melhorar as suas expetativas.

Nesta linha evolutiva dos estudos realizados, surge-nos a liderança transformacional, em que o líder estimula o grupo a transcender os seus interesses pessoais em função de uma visão do futuro.

“A liderança transformacional ou de transformação é a que possui como pedra basilar da sua dinâmica a motivação dos seus seguidores, por forma a que cada um deles seja, por si, um verdadeiro líder” (Revez, 2004, p. 136).

Esta teoria tal como o nome indica visa a transformação do grupo liderado como um todo. “Ela refere-se ao processo através do qual os líderes fomentam o empenhamento dos seguidores e os induzem a ultrapassar os seus auto-interesses (designadamente os materiais) em prol dos objectivos da organização” (Cunha, Rego, Cunha & Cardoso, 2007, p. 371).

Parafraseando de novo os autores citados, caraterizam os líderes transformacionais como: aqueles que adotam comportamentos que ativam fortes sensações nos seguidores, provocando a confiança e identificação destes com ele.

Atuam como modelos de comportamentos, transmitindo uma visão apelativa e otimista.

Estimulam os seguidores na tomada de consciência dos seus problemas, pensamentos e imaginação. Fomentam-lhes o pensamento criativo e inovador, incentivando-os a questionarem as suas promoções. Ajudando-os ainda, a reconhecerem os seus valores e crenças.

O líder fornece ainda, feedback aos seus seguidores e delega-lhes cargos, encorajando-os e apoiando-os com o intuito de desenvolverem o seu potencial (Cunha, Rego, Cunha & Cardoso, 2007).

Na perspetiva de Locke (1994, citado em Revez, 2004, pp. 140-141) “o líder transformacional utiliza eficazmente um poder com motivos socializados, na medida em que o percebe como algo que pode ser criado e distribuído aos seguidores, sem que tal atitude signifique o prejuízo da autoridade do próprio líder”.

3.2.6. Liderança Distribuída

A perspetiva de liderança distribuída, referida por Bolívar (2012), estabelece que a liderança pode estar distribuída por todos os membros da escola, aludindo que a capacidade de mudança de uma escola dependerá não de um topo, mas de uma liderança partilhada.

Bolívar (2012) refere que a liderança distribuída é uma aposta do terceiro milénio. De um certo modo, apresenta-se como a resposta pragmática da impossibilidade de uma liderança pessoal. Ostentando-se ainda, “como verificação de que as escolas não podem criar capacidades e sustentabilidade ou planificar a continuação dos cargos, se não forem capazes de detetar oportunidades que se

apresentam para a liderança e que se encontram dispersas na comunidade escolar” (McBeath, 2011, citado em Bolívar, 2012, p. 74).

A liderança partilhada subentende motivação, partilha de ideias e de conhecimentos, tendo como finalidade atingir o objetivo comum.

Nesta linha de pensamento, Lambert (2003, citado em Bolívar, 2012, p. 75) compreende a liderança

como um grupo de pessoas que aprende e trabalha junto da comunidade com um sentido de propósito partilhado. A liderança chega a identificar-se como uma forma de aprendizagem recíproca, no seio de uma comunidade e com o propósito de mantê-la, para o aperfeiçoamento de uma missão comum.

O autor citado não menospreza a liderança efetiva de alguma pessoa, na liderança distribuída, recorrendo às ideologias de Richard Elmore (2000, citado em Bolívar, 2012, p. 76), de forma a clarificar que há responsáveis pelo desempenho global da organização. Neste caso, alude-nos como papel principal dos diretores fomentar o

desenvolvimento das competências e conhecimentos das pessoas na organização, criando uma cultura comum de expectativas em torno da aplicação dessas competências e conhecimentos, gerando uma relação produtiva entre as diferentes partes da organização e responsabilizando as pessoas pelas suas contribuições para o resultado coletivo (citado em Bolívar, 2012, p. 76).

Depois de refletirmos sobre as várias teorias expostas, poderemos referir que exercer liderança numa organização educativa não é tarefa fácil, no entanto ela apresenta-se como chave primordial para desenvolver a mudança e ainda como um motor de arranque para estabelecer rumos e direções, formulando visões do futuro de forma ativa, cooperativa, empreendedora e inovadora.

É preciso, pois, que as escolas façam projetos de liderança à sua medida e que transformem os seus processos de direção, num momento significativo de valorização pessoal e profissional de todos os membros da organização escolar.

Sendo assim, o estilo do líder é fulcral para o estudo desta temática, e no sentido de criar alguma sistematização, vamos apresentar alguns estilos de conduta de líderes.

3.3. Estilos de Liderança

Visando a revisão da literatura, selecionamos três estilos de liderança, decorrentes das investigações realizadas por Kurt Levin, Ronald Lippitt e Ralph White,

entre 1930 e 1940 (Revez, 2004), que nos parecem pertinentes para a contextualização do nosso estudo.

3.3.1. Estilo Autoritário

Neste estilo é o líder que determina toda a política da escola, ou seja todas as estratégias gerais, dispensando mecanismos e processos de participação dos docentes.

Neste caso é o líder que fixa os objetivos e decide os recursos a utilizar, cria as normas, exercendo de forma pessoal uma verificação sobre a execução das atividades. Toda a dinâmica do grupo é organizada a partir da sua ação (Revez, 2004).

Os professores serão, assim, executores das tarefas, obedecendo, sem contradizer, as ordens do líder.

3.3.2. Estilo “laisser-faire”

Neste estilo o líder é conotado por alguns autores como “boa pessoa” amável ou condescendente. Verificando-se um enfraquecimento do poder e da sua ação. Os membros da organização dispõem de liberdade para atuarem (Revez, 2004).

Normalmente o diretor renuncia ao exercício de autoridade, sendo tal atitude percecionada pelos vários membros da organização, gerando assim, insegurança e desânimo geral.

Este estilo de liderança na organização contribui para uma redução da qualidade educativa (Revez, 2004).

3.3.3. Estilo democrático

Este estilo é caraterizado pelo incentivo à participação na formulação de políticas e estratégias e nas tomadas de decisões havendo espaço de autonomia e liberdade para os membros da organização.

O diretor pretende que as decisões sejam obtidas através da discussão e participação ativa de todos os membros.

Neste estilo de liderança, verifica-se capacidade de estimular um ambiente baseado na confiança mútua e possibilidade de fomentar estruturas que vão facilitar a

interação e cooperação entre todos os membros organizacionais de forma democrática. (Revez, 2004).

Estes três estilos de liderança são utilizados em qualquer organização educativa de acordo com as pessoas, tarefas, níveis de conhecimento e exigências. No entanto o mesmo líder pode adotar diferentes estilos de liderança conforme as necessidades, motivações e contextos educativos.