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Categoria E 2: Maiores desafios com que se confrontam os

CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.5. E – Contributo do diretor

5.5.2. Categoria E 2: Maiores desafios com que se confrontam os

Neste quadro ganha expressão acrescida o “saber lidar com todos os problemas que o país apresenta”. Efetivamente, na opinião de quatro diretores, é esta a preocupação que gera o maior desafio com que os agrupamentos se deparam.

É seguida pela falta de alunos, na opinião de dois inquiridos, talvez consequência da desertificação cada vez mais acentuada no interior do país e pelo fenómeno da emigração.

Subsequentemente, surgem, menos valorizados, outros desafios (ver quadro 19).

Subcategorias N.º de Frequência

Saber lidar com todos os problemas que o país apresenta 4

Falta de alunos 2

Lidar com as novas agregações de escolas e de

agrupamentos 1

Fazer com que a liderança e as relações humanas não

sejam prejudicadas pela pressão administrativa 1

Conseguir continuar a convencer a comunidade educativa

que vale a pena apostar nos estudos e na aprendizagem 1

Esforçar-se no sentido de serem reconhecidos como uma

entidade credível para o ato de educação 1

Quadro 19 – Maiores desafios com que se confrontam os agrupamentos

Apresenta-se de imediato algumas falas que retratam esses desafios:

“… tem a ver, com a dificuldade que cada vez é maior, em que as escolas tenham um líder e o ministério quer um gestor (…) com prejuízo da área (…) da liderança, nomeadamente, a pedagógica (…) esse é um grande desafio, é tentar que esse vetor importante do nosso trabalho, que é de liderança, a relação com as pessoas, com a comunidade, não seja prejudicado, pela constante pressão na área administrativa” A2.

“… um grande desafio é que apesar de todas as mudanças, conseguirmos manter um ambiente no agrupamento mais ou menos estável e equilibrado” A5.

“… destruir, digamos assim, abandonar a dinâmica antiga da escola, em que alguém mandava…” A3.

“… os desafios dos agrupamentos de escolas, a grande dificuldade vai ser lidar com todos estes problemas que o país tem (…) enfim, toda uma série de assuntos (…) que vêm parar da sociedade à escola e (…) pois se estamos em crise estamos com problemas graves em

“Acho que o primeiro é a falta de alunos” A4.

“… defronta-se com uma desertificação constante (...) fazer ofertas que às vezes não são assim tão compatíveis com o número reduzido de alunos e de atividades que também necessita de um número de alunos maior…” A6.

“… o maior desafio tem a ver com as agregações de escolas e de agrupamentos. (…) Porque gerir uma escola, ou gerir várias escolas, ou gerir alguns milhares de alunos (…) não é a mesma coisa que gerir uma escola, uma organização mais pequena…” A2.

“O meu maior desafio é conseguir continuar a convencer toda a comunidade educativa no sentido de pais, encarregados de educação e alunos de que vale a pena apostar nos estudos e na aprendizagem” A4.

“… nós o que queremos é ser reconhecidos como uma entidade credível para educar, para o ato de educar…” A6.

Relativamente a esta temática deparamo-nos com respostas que nos levam a entender que o maior desafio sentido pelos inquiridos é saber lidar com todos os problemas que o país apresenta. São estes tempos de crise, de modificações constantes e contradições, que prescrevem uma mudança de paradigmas educacionais.

Evidentemente que toda esta mudança gere uma certa incerteza e subjetividade perante os reptos que nos vão sendo apresentados.

Destacamos a preocupação sentida por A5: “um grande desafio é que apesar de

todas as mudanças, conseguirmos manter um ambiente no agrupamento mais ou menos estável e equilibrado”. É visível a inquietação do inquirido no sentido de conseguir

ultrapassar os obstáculos provocados pela mudança de forma a assegurar a estabilidade na sua escola, demonstrando-nos assim, uma atitude proactiva perante esta situação.

Neste âmbito, a ambiguidade encontra-se espelhada na maioria das ideologias expostas, deparamo-nos com o proferido por A1, “… os desafios dos Agrupamentos de

Escolas, a grande dificuldade vai ser lidar com todos estes problemas que o país tem (…) enfim, toda uma série de assuntos (…) que vêm parar da sociedade à escola e (…) pois se estamos em crise estamos com problemas graves em termos sociais e isso reflete-se diretamente na escola de uma forma terrível”. Os problemas evidenciados

por A1 são fruto das mudanças atuais, que afetam o setor económico, político e social e, como refere o entrevistado, dizem respeito à natureza da sua relação com a escola.

Também Grilo (2002) refere que o papel da escola vai no sentido de melhorar e ultrapassar muitos constrangimentos e dificuldades sentidas em situações de risco e de famílias mais desfavorecidas, apresentando-nos assim a escola como o único local de

acolhimento e de afeto para muitas crianças provenientes destes meios, é ainda capaz de funcionar como fator de coesão social, visando colmatar muitas das lacunas apresentadas.

Perante o exposto, poderemos referir que presentemente a escola não se apresenta como um local só de aprendizagem, mas também como uma forma de solucionar os problemas da comunidade envolvente, emergindo assim, como

uma estrutura base das sociedades modernas, cuja importância se torna mais evidente quando está inserida e serve comunidades que enfrentam problemas sociais delicados, como os que derivam do desemprego de longa duração, do abuso das drogas, de baixos níveis de rendimento ou de desagregação familiar e social (Grilo, 2002, p. 51).

Ainda neste âmbito deparamo-nos com uma certa incerteza perante os problemas mencionados. Canário (2005) esclarece-nos esta situação, uma vez que a incerteza é o mais difícil de todos os estados psicológicos, correspondendo ao momento em que não é possível fazer planos para o futuro e em que é necessário atuar com base numa confiança cega na sorte ou na entrega ao curso dos acontecimentos.

Em suma, verificamos que os diretores desta investigação, não ignoraram estas realidades concretas, esforçando-se no sentido de se adaptarem e desbaratarem as exigências complexas da sociedade atual. Tendo consciência plena de que “a escola se tornou numa instituição mais necessária que nunca e num instrumento com respostas sobretudo dadas às necessidades sociais de natureza económica e profissional” (Machado, 1995, p. 32).