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Segundo Vieira e Zouain (2004), as definições constitutivas e operacionais de termos ou variáveis são elementos importantes para a avaliação do rigor da pesquisa qualitativa. As primeiras comportam um certo grau de abstração, generalização e aproximação; as segundas foram aquelas construídas com finalidade operacional, visando o trabalho de campo.

Com base no problema estabelecido para esta pesquisa, qual seja averiguar quais

aspectos da configuração organizacional-administrativa do HUPAA podem ser ressaltados a partir do modelo multidimensional-reflexivo de Alves (2003), as categorias

de análise adotadas estão previstas no próprio modelo. Das quatro dimensões previstas pelo OMR para fins de análise organizacional, serão privilegiadas aqui as seguintes:

1. características estruturais e dispositivos de coordenação; 2. características do agente e relacionamentos internos; 3. ambiente externo e relacionamentos interorganizacionais.

A escolha das duas primeiras procurou enfatizar o relacionamento agente-estrutura, tentando afastar-se da tendência a se tratar os hospitais como sistemas e/ou estruturas, minimizando o papel dos atores nessas organizações,conforme comentado na Introdução desta dissertação.

A terceira dimensão escolhida corrobora Alves (2003): “a delimitação da organização contemporânea pode transcender as fronteiras convencionais, quando, em sua contínua transação com o ambiente, participa de redes interorganizacionais” (p.74). Assim, considerando que o HUPAA articula-se com diferentes sistemas de ação (poder legislativo,

executivo e judiciário, proteção social, educação, ciência e tecnologia, associações profissionais, indústria farmacêutica), em suma, com o sistema societal mais vasto de que faz parte (Estado e sociedade civil), não seria pertinente deixar de analisar o ambiente técnico- institucional em que essa organização encontra-se inserida.

Embora o Modelo tenha sido concebido com quatro indicadores para fins analíticos, nada se opõe à seleção daquelas dimensões mais adequadas para a análise. De acordo com Alves (2003), “o pesquisador arbitra critérios de análise orientados por interesses específicos e com o propósito de enfatizar determinados aspectos que julga mais relevantes, conforme o interesse do estudo” (p. 92).

Nesta pesquisa, optou-se por não adotar o indicador sistema operacional para análise do HUPAA. De fato, esta dimensão refere-se especificamente ao modus operandi da organização e sua utilização muito provavelmente implicaria em avançar no sentido de analisar e avaliar os padrões de eficiência, eficácia e desempenho do HUPAA.

Para tal, seria necessário comparar esse Hospital em relação a outras organizações, o que extrapolaria o objetivo definido para este trabalho. Ademais, dada a complexidade dos hospitais universitários, não seria possível a conclusão desta pesquisa dentro do prazo determinado.

Posto isso, seguem as categorias de análise e suas respectivas definições constitutivas e operacionais adotadas nesta pesquisa:

 Características estruturais e dispositivos de coordenação

DC: refere-se ao arranjo estrutural que decorre da combinação dos seguintes aspectos:

natureza e tamanho da organização, mecanismos integradores, processos organizacionais e articulação intersetorial (ALVES, 2003).

DO: esta categoria partirá da caracterização da estrutura, baseando-se em alguns

• Complexidade: seus elementos constitutivos são a diferenciação horizontal e a diferenciação vertical. Hall (2004) também considera a dispersão geográfica como elemento da complexidade, mas para fins desta pesquisa não será necessário adotá-lo.

• Centralização: refere-se ao nível e à variedade de participação em decisões estratégicas pelos grupos, relativamente ao número de grupos da organização (HALL, 2004).

• Formalização: compreende os mecanismos integradores — regras, instrumentos, metas organizacionais, regimento interno, rotinas e normas, missão, treinamento, enfim, procedimentos criados para o controle e a integração dos indivíduos à organização (HALL, 2004; ALVES 2003).

• Processos organizacionais: compreendendo comunicação (hierarquização, fluidez, difusão de estilo gerencial), mudança (HALL, 2004) e articulação intersetorial (ALVES, 2003).

 Características do agente e dos relacionamentos internos

DC: refere-se à combinação de elementos caracterizadores do AMR: caráter do

agente, abordagem do tempo, atuação dos agentes, sucessão dos dirigentes, disponibilidade para mudanças, relações internas, quadro de pessoal (ALVES, 2003).

DO: esta categoria será operacionalizada a partir dos seguintes indicadores:

caracterização a orientação que determina ações do agente (relacionada a fins, tradição ou sentimentos afetivos), dimensão do tempo que se destaca nas ações do agente, representação do agente conforme posição na estrutura da organização, forma de condução do processo sucessório do dirigente da organização, quadro de pessoal (qualificação requerida, recrutamento, regime de trabalho, treinamento, avaliação de

desempenho, política de recompensas e remuneração), relacionamento no local de trabalho.

 Ambiente externo

DC: refere-se às condições externas nas quais a organização está inserida, bem como à

capacidade de tal organização para promover associações duradouras com outras organizações.

DO: esta categoria será operacionalizada com a caracterização do ambiente externo ao

HUPAA a partir de dimensões definidas por Hall (2004): condições legais, condições demográficas. Serão também identificadas algumas das organizações e instituições com as quais o hospital mantém relacionamento.

A seguir ilustra-se o diálogo proposto entre as categorias de análise e as respectivas definições constitutivas e operacionais:

CATEGORIA DE

ANÁLISE DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA DEFINIÇÃO OPERACIONAL

Características estruturais e dispositivos

de coordenação

Combinação dos seguintes aspectos: natureza e tamanho da organização, mecanismos integradores, processos

organizacionais e articulação

intersetorial (ALVES, 2003).

Caracterização da estrutura

segundo os seguintes aspectos:

formalização, complexidade, centralização, processos organizacionais (HALL, 2004; ALVES, 2003). Características do agente e relacionamentos internos

Caráter do agente, abordagem do

tempo, atuação dos agentes,

sucessão dos dirigentes,

disponibilidade para mudanças,

relações internas, quadro de pessoal (ALVES, 2003).

Identificar a orientação que

determina ações do agente,

identificar a dimensão do tempo que se destaca nas ações do

agente, representar o agente

conforme posição na estrutura da organização, descrever a forma de condução do processo sucessório

do dirigente da organização,

caracterizar o quadro de pessoal,

descrever como se dá o

relacionamento no local de

CATEGORIA DE

ANÁLISE DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA DEFINIÇÃO OPERACIONAL

Ambiente externo e relacionamento interorganizacional

Condições externas nas quais a organização está inserida, bem como a capacidade de tal organização para promover associações duradouras com outras organizações (ALVES, 2003).

Caracterização das condições

legais, condições demográficas que interferem na dinâmica da

organização; identificação de

algumas das organizações e

instituições com as quais o HUPPA mantém relacionamento (HALL, 2004).

Quadro 8(3): Variáveis de análise, definições constitutivas e operacionais adotadas na pesquisa

(Fonte: elaborado pela autora).