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Da mesma forma que, enquanto indivíduos, temos uma trajetória que nos acompanha até chegarmos à maneira como as pessoas nos reconhecem hoje, trajetória sujeita a modismos

que alteram os nossos costumes e valores, assim as organizações e instituições passam por situações semelhantes.

Com um passado que definiu sua evolução, alternando fatos e mudanças ocorridos através do tempo, o HUPAA chega aos dias atuais com feições peculiares, sendo reconhecido por lei como pessoa jurídica, com necessidades e objetivos. Nesse sentido, considera-se que o conhecimento acerca dos fatos mais relevantes acontecidos nesses 33 anos de funcionamento do hospital é de grande valia para entender como o HUPAA chegou à sua atual configuração organizacional.

As primeiras discussões em torno da criação de um Hospital Universitário (HU) em Alagoas surgiram em 1950, quando entrou em funcionamento na capital do Estado a Faculdade de Medicina; naquela época, havia a necessidade de um campo de aplicações práticas para o ensino e a pesquisa na área médica.

Na década de 60, a Faculdade de Medicina, criada no dia 25 de janeiro de 1961, pela Lei nº 3.867, passou a ser uma das unidades integrantes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Esse fato incentivou a Academia a elaborar um projeto ousado, que consistiu na construção de uma Cidade Universitária que aglomerasse todas as unidades de ensino pertencentes a UFAL. O projeto começou a virar realidade em 1967, quando teve início a construção do Campus Aristóteles Calazans Simões (A.C. Simões), às margens da BR 101, na faixa limítrofe do município de Maceió.

A construção do prédio do Hospital Universitário foi simultânea às obras do Campus. Em março de 1968, foi concluída a primeira etapa do então chamado “Hospital das Clínicas”, e dois anos após, exatamente em março de 1970, a estrutura do HU já contava com três etapas prontas e uma quarta contratada e iniciada. Segundo registros documentais da UFAL, o hospital era obra prioritária, não só para a Cidade Universitária, mas para o Estado. A importância do hospital-escola para o ensino médico e a assistência às classes menos

favorecidas do Estado ficou evidenciada em todos os discursos proferidos pelo reitor da época, Aristóteles Calazans Simões, pelas autoridades do governo e por integrantes da Academia na época.

Precisamente em 13 de novembro de 1972, a UFAL assinou um convênio de extrema importância para a história do HU, firmado com o governo do Estado e o The People to People Health Fundations Inc. O convênio visava a dinamizar os cursos e serviços médico- odontológicos da Universidade, pelo Projeto HOPE, da Universidade de Harvard dos Estados Unidos; a vinda do Navio-Hospital HOPE para Maceió foi um marco para o ensino médico e assistencial no Estado.

Finalmente, em 1973 foram iniciadas as atividades docentes e assistenciais no Hospital Universitário, em sede própria, mas ainda com suas instalações em fase de construção, desenvolvendo atividades auxiliares no diagnóstico e tratamento ambulatorial, anatomia patológica e de citologia, radioisótopos, eletrocardiograma e eletroencefalograma, serviços clínicos em pediatria, cirurgia e medicina interna. Ele atuava com médicos plantonistas e anestesistas e com quatro docentes do Centro de Ciências da Saúde, aos quais cabia a chefia das clínicas. Em parceria com o HOPE, o Hospital Universitário desenvolveu, na área de ensino, cursos de especialização, aperfeiçoamento nas áreas de cirurgia geral e clínica médica.

Em 1974, começaram no HU as atividades de internamento, com 56 leitos instalados nos blocos destinados ao ambulatório, que sofreram adaptações para atender a essa finalidade. Em 1975, o Hospital Universitário integrou-se à política e às diretrizes nacionais estabelecidas para os hospitais de ensino, realizando serviços assistenciais na área de saúde, ao mesmo tempo em que servia de suporte básico para a formação de profissionais desse setor. Nesse ano, o HU contabilizou 404 internamentos, 508 cirurgias e 16.788 consultas em suas instalações, ainda em construção.

Somente em 1977 o prédio do HU passou por adaptações para que fosse inaugurada a unidade de clínica obstétrica, com 20 leitos. Também foram reajustadas as quantidades de leitos para a clínica médica e cirúrgica, expandindo de 56 para 100.

Finalmente, em 1978, foi concluída a construção de toda a parte térrea do Hospital Universitário. Nesse ano, o HU contava com pessoal de nível superior (docente), pessoal técnico e de apoio; apresentava uma proporção de 1,9 funcionários por leito, e 1.662 internamentos foram ofertados.

Um fato marcante na vida do HU foi a aprovação, em 1979, do quadro próprio de pessoal, possibilitando, a partir de 1980, manter profissionais paramédicos, técnicos e administrativos num patamar mínimo necessário para atender à demanda. Ainda nesse período, a Direção do Hospital Universitário apresentou ao MEC uma proposta de conclusão e implantação definitiva do HU, solicitando recursos para terminar as obras físicas e respectivas instalações, equipamentos e custeio. Essa proposta garantia o funcionamento de 150 leitos, a partir de agosto de 1979.

A década de 90 foi marcada por uma expansão do HU, com a inauguração da lâmina vertical e da área administrativa e com o desenvolvimento do gerenciamento decorrente do grau de complexidade administrativa alcançado. A Residência Médica foi implantada em 1990 e, a partir de 1991, com a assinatura do convênio com a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Pesquisa e Extensão (FUNDEPES), o HU passou a ter uma gestão financeira mais autônoma, assumindo, com recursos oriundos do convênio com o SUS, os gastos com custeio de materiais de consumo e uma parte das despesas de capital, como a aquisição de alguns equipamentos. As despesas com folha de pessoal, energia, vigilância e limpeza continuaram vinculadas ao orçamento da UFAL.

Com a construção da lâmina vertical, os setores administrativos passaram a ter ala exclusiva; melhorou-se a estrutura para o desenvolvimento das atividades assistenciais e

acadêmicas, como salas de aula, sala para chefias médicas e enfermagem. Em 1994, destaca- se o lançamento da Revista Científica do HU, na qual estão registrados e avaliados os trabalhos de pesquisas e extensão, além de novas técnicas na área da medicina.

A partir de 1996, foram realizadas reformas nos serviços de apoio ao diagnóstico. O tratamento foi ampliado com a reestruturação do setor de ultra-sonografia e do banco de sangue, que passaram a contar com uma nova estrutura física. O laboratório de patologia clínica foi premiado com o certificado de qualidade. O HU passou a contar, também, com projetos como o de Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde (REFORSUS). Nesse período o Hospital Universitário exerceu uma grande influência no campo da saúde no município de Maceió, ofertando serviços de apoio ao diagnóstico, de internação e ambulatorial, contando com centro cirúrgico, centro obstétrico, UTI, Central de Quimioterapia, Central de Esterilização e um Hospital-Dia para doenças infecciosas. Havia também uma preocupação maior com a estrutura organizacional; vários setores foram informatizados nesse período.

No ano de 2000, em homenagem ao Professor Dr. Carlos Alberto Fernando Antunes, o hospital passou a se chamar Hospital Universitário Professor Alberto Antunes. Nesse mesmo ano, houve a ampliação do número de leitos da Clinica Obstétrica e da UTI Neonatal; e foi realizada a 1ª Jornada Multidisciplinar do HUPAA (evento científico).

Em 2001, alguns fatos foram marcantes: a incorporação de novas tecnologias (aparelhos de vídeo-laparoscopia, vídeo-endoscopia, vídeo-colonoscopia, tomografia, vídeoeletroencefalografia, ultrassonografia e aparelho para estudo urodinâmico); adaptação e inauguração de novas áreas (entre elas as do Banco de Sangue, Setor de Oncologia Clínica e Quimioterapia, Banco de Leite Humano); ampliação da assistência com a implantação da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal; a criação do ambulatório de avaliação pré- anestésica; habilitação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para

participar do projeto Hospital Sentinela. Ainda em 2001, outros eventos foram dignos de nota: o hospital sediou o I Fórum Norte-Nordeste de Hospital-Dia para AIDS; começou a participar do Programa de Educação Fiscal (promovido pelo Governo do Estado através da Campanha Cidadão Nota 10); o Jornal do HUPAA foi lançado.

Em janeiro de 2002, foi assinado um Termo de Compromisso pelo então Ministro da Saúde, José Serra, para implantação de Centro de Oncologia (CACON). Em agosto do mesmo ano, o Ministério da Educação e o da Saúde (MEC/MS) autorizaram concurso público para o HUPAA/UFAL. No mês de setembro/2002 foi realizada a primeira cirurgia bariátrica, tornando o HUPAA referência no tratamento da obesidade mórbida para o Estado. Nesse mesmo ano foi implantado o serviço de tomografia computadorizada.

Dados do Ministério da Educação revelaram que em 2003 o HUPAA foi, dentre os 45 hospitais de Ensino do Brasil, aquele que apresentou maior crescimento da sua matriz de avaliação de gestão. Em abril de 2003, o hospital recebeu do MEC um sistema de vídeoartroscópio, passando a ser o primeiro hospital público no Estado a disponibilizar a técnica cirúrgica (artroscópica) para pacientes do SUS.

Em julho de 2003, entrou em funcionamento no HUPAA o ambulatório exclusivo para os funcionários e seus dependentes. Também nesse mês, foi criada a Coordenação de Desenvolvimento Institucional. Em agosto, nesse mesmo ano em que completava 30 anos de funcionamento, o HUPAA realizou a primeira cirurgia de hiperidrose, ou simpatectomia torácica (para eliminar o excesso de suor), e foi inaugurado o Centro Integrado de Nefrologia do hospital. A sociedade alagoana recebeu o primeiro Banco de Olhos da rede pública de saúde em meados de setembro de 2003, e foram inauguradas, ainda no mesmo período, novas instalações ambulatoriais para os setores de endoscopia digestiva, otorrinolaringologia e oftalmologia, ampliando a rede de serviços prestados à comunidade alagoana.

O ano de 2004 também teve seus marcos: reeleição do médico João Macário para continuar à frente da direção do HUPAA; a aprovação pelo MS do projeto de instalação de tratamento cirúrgico da epilepsia; a implantação pelo Núcleo de Ensino Médico (NEMED), do Programa de Tutoria Acadêmica no curso de Medicina; a certificação do HUPAA (pelos Ministérios da Educação e Saúde) como hospital de ensino.

Em 2005, houve a inauguração do setor de Medicina Nuclear no HUPAA, sendo esse o primeiro serviço no Estado destinado exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde. Outro fato marcante desse ano foi a greve dos servidores técnico-administrativos e docentes da UFAL, que afetou decisivamente o desempenho do HUPAA. Ainda em 2005, o hospital passou a participar do Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino (MEC/MS), por meio da assinatura do convênio de contratualização com o Gestor municipal da Saúde, o que representou um marco balizador para a definição das ações a serem desenvolvidas pelo HUPAA nas áreas de ensino, pesquisa e assistência para os próximos anos.