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CAPÍTULO 4 – INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EMBRAER

4.1 Cenário de inovação no Brasil

Antes de descrever e analisar os principais resultados obtidos junto à empresa com a qual trabalhamos, a Embraer, é necessário investigar o cenário em que ela atua, para melhor compreender a economia brasileira em relação a aspectos inovativos. Ainda que a empresa tenha operações em outros países, é no Brasil que a maior parte de suas inovações é desenvolvida. A identificação desse cenário é constituída primeiro com base em alguns dados sobre atividades inovativas no Brasil e depois com por meio de resultados de uma pesquisa de opinião intitulada “Pesquisa de Opinião com 100 líderes empresariais”, conduzida pela empresa FSB Pesquisa a pedido da Confederação Nacional da Indústria e realizada com 100 líderes de empresas inovativas brasileiras entre o período de 25 de novembro de 2014 a 10 de abril de 2015. Também são utilizados dados da última Pesquisa de Inovação (PINTEC), conduzida pelo IBGE, relativas ao período 2009 - 2011.

Contexto

Em um caderno especial de outubro de 2015, intitulado “Inovação – Ruptura Tecnológica: O Brasil precisa se preparar para o novo modelo”, o jornal Valor Econômico relatou dados fundamentais do cenário inovativo atual brasileiro. De acordo com Gerson Valença Pinto, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), e entrevistado para um texto do caderno (“Força para Competir”, de Ediane Santiago, p. 11-16), “{nos últimos anos} o Brasil avançou muito nos programas e instrumentos de estímulo à inovação, criando uma base importante de empresas inovadoras, embora ainda haja muito a ser feito” (p. 12). Ele cita como aspectos positivos a Lei da Inovação, a Lei do Bem, a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e os programas de fomento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Entre 2013 e 2014, por exemplo, o Inova Empresa, programa conduzido em conjunto pelo BNDES e pela Finep, entre outros órgãos públicos, injetou R$ 32,9 bilhões para estimular projetos de incremento técnico e de P&D. Também forneceram capital para pesquisa e inovação agências como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Em 2014, a Fapesp desembolsou R$ 1,15 bilhão para a apoio a projetos de pesquisa científica e tecnológica.

Ainda assim, o caderno especial do Valor Econômico relata que

“segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), entre recursos públicos e privados, foram investidos R$ 63,7 bilhões em atividades de P&D em 2013. O montante equivale a 1,24% do Produto interno Bruto. Pelo peso da economia brasileira, o índice teria de ser de, pelo menos, 2% para melhorar a eficiência da indústria, ampliar a participação do país na cadeia global de valor e tornar a economia mais competitiva”. (SANTIAGO, 2015, p. 12)

Desse modo, o montante investido em inovação no Brasil ainda é inferior ao que seria o ideal. Países com reputação de serem bastante inovadores, como a Coréia do Sul, gastam mais, em proporção ao respectivo Produto Interno Bruto, do que o despendido na economia brasileira.

Mesmo assim, esse valor tem crescido, em termos nominais e reais. O valor de R$ 63,7 bilhões investido em 2013 é bastante superior ao investimento de R$ 35,1 bilhões de 2008. O que se nota, como mostra o gráfico da figura 2, é que a participação do setor público subiu de 50,4% do gasto total para 57,7% entre 2008 e 2013, enquanto que o gasto do setor privado foi reduzido de forma relativa, chegando, nessa série de dados, ao mínimo de 42,3%.

Ainda assim, mesmo com mais investimento público, o Brasil perdeu entre 2006 e 2015 posições entre os países que mais inovam no mundo. De acordo com o mesmo texto,

“no ranking divulgado em setembro deste ano pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (Relatório Global de Competitividade), o Brasil caiu 18 posições em termos de competitividade quando comparados os fatores de avaliação em um grupo de 140 nações. O país cravou a 75a posição na série histórica – uma espécie de “fundo do poço”,

que forçará reação”. (SANTIAGO, 2015, p. 14)

Segundo esse relatório, citado pelo Valor, “o país sofre com a deterioração de fatores básicos para a competitividade, como confiança nas instituições e o balanço das contas públicas, e de fatores de sofisticação dos negócios (capacidade de inovar e a educação)”. (Santiago, p. 14)

Ao mesmo tempo, apesar dos problemas, ocorre no país uma aproximação entre grandes empresas de empresas iniciantes, que, por serem menores, são muitas vezes mais dinâmicas e flexíveis. Conforme cita a reportagem, “outro movimento que está fomentando a inovação no Brasil é a criação de ecossistemas, com a aproximação das grandes corporações das empresas iniciantes, ou startups” (Santiago, p. 16). Há uma troca cada vez maior de ideias, com as pequenas empresas como fornecedoras de soluções, e as grandes como

fornecedoras de estruturas para que as pequenas cresçam. Esse é um vetor importante, que, no entanto, precisa de um bom ambiente de negócios para funcionar adequadamente.

A tarefa do governo federal é exatamente criar esse cenário. Isso deve ser feito por meio de regras claras e previsíveis, além da derrubada de algumas barreiras. Entre essas barreiras estão, de acordo com Fernando Fernandes, vice-presidente da consultoria Strategy&, entrevistado na reportagem do Valor Econômico, “o excesso de burocracia, demora no registro de patentes e falta de mão de obra qualificada”. (Santiago, p. 16)

Outra questão que não pode ser deixada de lado é o incentivo às pesquisas inovativas nas universidades e institutos de pesquisa, que precisam de mais verbas para o funcionamento de laboratórios, bolsas, custeio e pesquisas em parceria com o setor privado.

De acordo com Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que também foi entrevistada para a reportagem do Valor, “reduzir os aportes em ciências é uma estratégia muito ruim para o país. São as universidades que atuam na produção de ciência básica (…) a academia em parceria com a iniciativa privada, completa a transferência tecnológica para o mercado e ainda forma recursos humanos”. (Santiago, p. 16)

Um problema adicional apontado por Nader é o pequeno “número de empresas dispostas a interagir, de forma vigorosa, com a academia”. Segundo a pesquisadora, não adianta formar doutores se as empresas não estiverem dispostas a ter pesquisadores em seus quadros. (Santiago, p. 16)

Pesquisa de Opinião da CNI

Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria permite tornar mais claro o cenário de inovação no Brasil. Ela foi feita junto a 100 líderes de empresas inovativas e mapeou “a percepção de executivos de empresas brasileiras e estrangeiras sobre o atual cenário de inovação dentro e fora das principais companhias em atividade no país”. Além disso, visou também “identificar vantagens e obstáculos e apontar as principais tendências da área”. (CNI, 2015, p. 3)17.

Figura 2: Evolução dos investimentos em inovação no Brasil 2008 - 2013

17 Disponível em

http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2015/05/12/537/Pesquisasobreinovaocom100ldere sempresariais.pdf , acesso em 17 de dezembro de 2015

Fonte: Valor Econômico, outubro de 2015

Traçar o cenário de inovação nacional por meio de uma pesquisa de opinião é de extrema relevância, uma vez que é possível mostrar como de fato os empresários veem a atividade de inovação no Brasil, suas sugestões e perspectivas. Essa percepção não apareceria caso se construísse o cenário por meio apenas de uma abordagem histórica ou legal, com bases nas leis relativas à inovação, como a Lei da Inovação (lei 10.973/2004) e a Lei do Bem (lei 11.196/05).

A pesquisa de opinião da CNI foi conduzida junto a 60 empresas pequenas e médias, escolhidas de uma lista de 250 empresas que mais cresceram nos últimos anos publicada pela revista Exame, em maio de 2014. Também foi realizada junto a 40 empresas de maior porte, escolhidas entre 120 empresas que participam da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Assim, o critério de seleção das empresas médias e pequenas foi diferente do das grandes empresas, o que é algo viável em uma pesquisa com essas características.

A MEI é um movimento, no âmbito da CNI, “que visa a estimular a estratégia inovadora das empresas brasileiras e ampliar a efetividade das políticas de apoio à inovação por meio da interlocução construtiva e duradoura entre a iniciativa privada e o setor público” (CNI, 2015).

Das empresas pesquisadas, praticamente um terço é da indústria de bens de capital (16%) e de bens de consumo (15%). Outros 40% são das indústrias dos ramos de Química e Petroquímica (14%), Construção (14%) e Farmacêutico (12%). Ainda foram pesquisadas indústrias dos setores automotivo, eletroeletrônico, têxtil, indústria digital, energia e siderurgia e metalurgia, mineração e papel e celulose. Todas as indústrias desses últimos setores somam 29%.

Baixo grau de inovação

A maior parte das indústrias (54%) considera, de acordo com os empresários, que o grau de inovação na indústria brasileira atualmente é baixo. Apenas 3% considera esse grau alto, 0% considera muito alto e 8% considera muito baixo. Somadas as indústrias que consideram o grau de inovação baixo ou muito baixo, o número é de 62%, o que ratifica a ideia de que os incentivos e montante investido em inovação deveria ser maior para que o país inovasse mais e ampliasse, assim, a sua competitividade em relação a outros países. Outros 35% não consideram esse grau nem alto nem baixo.

Como a inovação é considerada um dos principais mecanismos para ampliar a produtividade da indústria, a percepção do baixo índice de inovação no país pelas principais lideranças é um indicador dos problemas enfrentados pelo setor, apesar dos esforços do governo federal nessa área. Desse modo, é necessário que a atividade inovativa seja ampliada para que a produtividade e competitividade melhorem. Não avançar na inovação indica uma probabilidade significativa da produtividade permanecer estagnada.

Quando questionados sobre os motivos pelo qual esse grau de inovação é baixo ou muito baixo, 41,9% responderam que o Brasil é atrasado em relação a outros países e importa

ou copia produtos e processos. Outros 29% afirmaram que o problema é que falta uma cultura de inovação nas empresas. Mais de um terço afirmou que faltam políticas de incentivos/efetivas (17,7%) ou que faltam financiamentos/investimentos (16,1%). O fator confiança na economia nacional também foi objeto da pesquisa. Entre os entrevistados, 14,5% disseram que falta confiança ou que enxergavam um cenário de crise à frente, número que pode ter aumentado, visto que, em 2015, o Brasil passa por uma recessão econômica. Além disso, 12,9% disseram que a inovação é feita com ênfase apenas por empresas/setores específicos.

Entre os fatores menos importantes citados para o grau de inovação ser baixo estiveram a falta de interface empresas-universidades (6,5%), o baixo nível de educação dos profissionais (6,5%), custos elevados (6,5%) falta de ousadia do empresariado (4,8%). Ainda foram citados o processo de desindustrialização (3,2%), demora no patenteamento (3,2%) e baixa inovação no desenvolvimento de produtos (3,2%).

Facilidades/Criatividade

A pesquisa perguntou ainda quais são osprincipais fatores que facilitam a inovação no Brasil, para o que 62% afirmaram, como ressalva, que viam muitos entraves à inovação.

Por outro lado, a pesquisa ressalta a criatividade dos brasileiros como aspecto positivo. Os três principais fatores citados como facilitadores da inovação no Brasil foram que o brasileiro é criativo (21%), que há um mercado interno grande e capaz de absorver inovações (15%) e a existência de linhas de financiamento (14%). Poucos respondentes disseram que a mão de obra de P&D é qualificada (apenas 2%) e que a Lei do Bem torna o processo mais fácil (também 2%). As parcerias empresa-universidade foram citadas somente por 6%, número que é baixo e que indica uma necessidade de integração maior entre esses atores.

Entraves/Dificuldades

A burocracia e a regulamentação excessiva aparecem como o principal fator que dificulta a inovação no Brasil, na percepção dos líderes empresariais. Quase um terço (30%) disse que esse fator é o principal problema enfrentado. Também foram citados como causas relevantes para o baixo grau de inovação a qualificação deficiente da mão de obra, a falta de uma cultura de inovação no Brasil e em empresas, a falta de incentivos e políticas de estímulos, o custo da inovação, a falta de financiamento e a falta de confiança ou o ambiente

não ser propício.

É importante constatar que, em relação ao financiamento, esse fator é visto como um facilitador da inovação para 14%, enquanto 22% enxergam o mesmo fator como uma dificuldade a mais para inovar. Essa dificuldade pode se dever ao fato de que algumas empresas estão conseguindo financiamento de modo mais fácil, enquanto outras ainda encontram bastante dificuldade para financiar suas atividades inovativas. É difícil, porém, saber se essa é realmente a realidade, dado que não foi disponibilizado quais empresas afirmaram que esse elemento é um facilitador e quais afirmaram que é uma dificuldade.

Importa ainda mencionar que fatores que costumam aparecer em discursos empresariais como alta carga tributária e protecionismo foram, de modo um pouco surpreendente, também citados na pesquisa, respectivamente, apenas por 11% e 2% ao explicar a dificuldade para inovar. Já a baixa integração entre empresa e universidade foi citada por 17%, o que corrobora a visão de que essa relação encontra dificuldades, no caso brasileiro.

Além disso, muitos empresários enxergam pontos negativos na legislação referente a atividades inovativas. Mais de três quartos, 76%, dizem que existem entraves legais para inovar, número que é bastante expressivo. Por outro lado, 22% dizem não ver problemas na legislação. Quando se tem em conta que apenas 2% consideram que a Lei do Bem é um facilitador para a atividade inovativa, observa-se, ainda, um quadro bastante complicado em relação ao aspecto legal.

Desses 76% que responderam que há entraves legais, 48,7% apontam que há burocracia excessiva e 26,3% que falta um marco legal claro e promotor da inovação. 22,4% apontam que há problemas com falta de proteção às patentes e 11,8% que a legislação trabalhista dificulta a atividade inovativa. São ainda citados como aspectos legais impeditivos da inovação (todos os itens com menos de 10%) a carga tributária alta, a falta de incentivos fiscais, o despreparo de órgãos, falhas na Lei do Bem, dificuldade na obtenção de financiamento, dificuldade de importar tecnologia, editais excessivamente complexos, níveis baixos de educação, falta de centros de pesquisa voltados para a indústria, falta de disseminação de informação e entraves nas relações entre empresas e universidades.

Sugestões

Entre as medidas sugeridas para melhorar o quadro regulatório estão a desoneração de investimentos, desburocratizar processos, um novo marco legal maisclaro, a simplificação de

financiamentos e acelerar o reconhecimento de patentes. Ainda é pedida a redução de custos trabalhistas e assegurar a integração entre empresas e universidades. Sugere-se também reformular a Lei do Bem, tornar órgãos e agências mais ágeis e incentivos à qualificação de mão de obra especializada, entre outras demandas.

Em relação ao papel do governo, 25 dos líderes das 100 empresas pesquisadas afirmam que o Poder Executivo deveria simplificar tributos ou proceder a desonerações e 23 que poderia ampliar e baratear investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Entre outras medidas sugeridas estão promover integração entre empresas e universidades (18%), investir em educação superior (17%), informar e financiar pequenas e médias empresas (14%). Com menos de 10% aparecem itens como desburocratizar processos, criar um Marco Legal mais claro e melhorar o ambiente econômico/gerar confiança.

Quanto à atuação das próprias empresas, 21% dos líderes empresariais sugerem que elas estimulem mais a cultura inovativa e o surgimento de profissionais inovadores, enquanto 20% falam que elas deveriam ter uma visão mais estratégica/ser mais ousadas. Também 19% afirmam que as empresas poderiam investir mais em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e 15% pedem que elas estreitem o vínculo com universidades e centros de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

A perspectiva para os próximos anos não é alvissareira. Apenas 14% das empresas pesquisadas afirmam que nos próximos cinco anos o grau de inovação do setor industrial será alto. Ao mesmo tempo, 34% falam que esse grau será baixo e outros 5% acreditam que será muito baixo. Assim, quase 40% dizem que o grau será baixo ou muito baixo, enquanto 47% afirmam que não será nem alto, nem baixo.

Esses números contrastam com respostas dadas quando os líderes empresariais são perguntados sobre suas próprias empresas. Nesse caso, 57% dos entrevistados dizem que o grau de inovação de sua própria empresa é alto e 8% afirmam que é muito alto. É válido lembrar que essas empresas foram escolhidas entre as mais inovadoras, o que pode ter contribuído para esses percentuais. Apenas 7% das empresas (entre as grandes, esse número é de 2,5%) afirmam que o grau inovativo da própria empresa é baixo. Esses números podem ser, em verdade, menores porque os entrevistados têm uma propensão a responder de modo positivo sobre a própria empresa, às vezes até de modo inconsciente, ou porque enxergam de modo diferente a atuação da empresa em que trabalha das demais. Seria interessante que a pesquisa abrangesse, também, empresas medianamente inovativas ou pouco inovativas, para efeito de comparação sobre estratégias adotadas.

utilizam recursos próprios e 55% contam que usam uma combinação de fontes. Há menos empresas de maior porte que utilizam apenas recursos próprios que pequenas e médias. Entre as que responderam que usam uma combinação de fontes, 85,5% afirmam que captam recursos junto a instituições públicos e 20% junto a instituições privadas. Cerca de 9% utilizam recursos oriundos do exterior.

Das empresas, 28% apontam ainda que utilizam mais do que 5% do orçamento da

própria empresa para atividades de inovação e 57% acreditam que nos próximos 5 anos o percentual do orçamento destinado à inovação irá aumentar (43%) ou aumentar muito (14%). Desses 57%, 32% argumentam que haverá esse aumento porque será necessário lidar com novos desafios e 26% porque será necessário se diferenciar/buscar vantagem competitiva. Entre as que afirmaram que esse percentual não irá mudar, que somam 39%, 64,1% dizem que os percentuais já atendem às metas e 17,9% falam que não irão aumentar em razão das incertezas da economia.

Das empresas pesquisadas, 64,6% afirmam que usam indicadores de inovação, número que aumenta para 92,5% entre as grandes. Entre os principais motivos para inovar, estão criar vantagens competitivas (38%), crescer e conquistar mercados (23%), sobreviver no longo prazo (17%), melhorar a identidade (11%), aumentar a produtividade (8%) e satisfazer o cliente (7%). Percebe-se que os líderes empresariais pensam a inovação como uma atividade fundamental para a empresa, mas falta mais atenção ao consumidor – a inovação é vista mais como um processo de sobrevivência no longo prazo do que propriamente de bem estar dos consumidores.

Em termos de referências globais, os países citados como modelos de inovação produtiva são, em primeiro lugar, os Estados Unidos, seguidos de Alemanha, Coreia do Sul, Japão, China e Suécia. Com menos de 10% de citações aparecem Israel, Reino Unido, Dinamarca, Finlândia, Canadá e Noruega, entre outros.

Quando perguntados o que ocorre nesses países para eles serem modelos, 40% falam que o governo investe mais em educação básica e superior, e, de modo importante para esse trabalho, 26% dizem que o governo faz da área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação uma área estratégica e que por isso, gera confiança nos empresários. Ainda são citados como principais fatores de êxito acesso ao crédito, políticas de incentivos/isenções, sistema tributário simplificado e regulação clara e simples.

Também de modo relevante para o presente trabalho, em relação ao sistema produtivo desses países, 58% das empresas falam que há um ambiente confiável e favorável à inovação. Aponta-se ainda que a inovação é entendida como estratégica, há ousadia e espírito inovador,

investem e tem à disposição tecnologia barata e sofisticada e, não menos importante, concorrem globalmente.

Das empresas pesquisadas, 58% têm atuação de produção ou comercial no exterior, número que é de 95% no caso das grandes empresas e de 33,3% no caso das pequenas e médias. 51% das empresas contam com alguma parceria internacional (85% no caso das grandes empresas e 28,3% no caso das pequenas e médias). As parcerias que mais aparecem são as feitas com universidades, seguidas por outras empresas, centros de pesquisa, aquisição de produtos/máquinas, desenvolvimento de produtos e com governos, nessa ordem.

Do total de 100 empresas, 53, pouco mais da metade, já tem centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Mesmo que esse número seja maior no caso das grandes empresas (de 87,5), ainda é um número baixo se for pensado na economia brasileira como um todo. Como apenas 30% das pequenas e médias contam com esses centros, e dado que a maioria das empresas no Brasil é pequena ou média, é possível inferir que uma minoria das firmas no Brasil possui esses centros, que são relevantes para a atividade inovativa. Apesar disso, 77% dizem que tem uma área da empresa responsável por gerenciar a inovação, número que é de 61,7% no caso das pequenas e médias e de 100% no caso das grandes.

Além disso, 73% afirmam praticar a inovação aberta e entre os principais parceiros das empresas nesse tipo de inovação estão as universidades (50,7% das 73), fornecedores (73%), centros e órgãos de pesquisas (24,7%), clientes (21,9%), outras empresas (16,4%) e consultorias (12,3%).

Em termos de recursos humanos, 59% das empresas falam que buscam profissionais específicos para fomentar a inovação. Entre as habilidades mais demandadas estão proatividade, criatividade e comunicação (25,4%), área de engenharia (25,4%) e perfil inovador (13,6%). Com 10,2% aparecem pesquisadores e doutores.

Isso mostra que o empresariado enxerga a comunicação como um pilar importante para a inovatividade. Nos últimos anos, a habilidade de se comunicar bem tem sido cada vez mais reconhecida como um fator de êxito de profissionais e de empresas.

Esses números estão de acordo com tendências do mercado dos últimos anos, no qual