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O ciclo cafeeiro no Rio de Janeiro e São Paulo: breves considerações

Foi assim que os vales do Rio Paraíba fluminense e paulista, até 1870, tornaram-se as regiões que mais produziram café no Brasil. O pequeno Município de Vassouras e Resende, no Rio de Janeiro, por exemplo, viraram cidades cafeeiras, das mais expressivas, assim como, também, a cidade de Bananal no Estado de São Paulo, onde se verificou os primeiros registros de uma produção paulista nacional, por volta de 1854 (MARTINS, 1990).

A preferência que as plantações de café tinham por terras de matas, planícies de altitudes28, nesse caso, superiores ao nível do mar, variando entre 300 e 600 metros de elevação, veio com a experiência dos cafezais decadentes do Rio de Janeiro (FRAGA, 1963), plantados junto às encostas de topografias irregulares próximas ao mar na Serra da Tijuca (TAUNAY, 1945).

A Figura 2 oferece uma ideia dessa evolução da produção cafeeira, que se desenvolveu fortemente no Rio de Janeiro, de onde partiria para outras províncias, especialmente São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, regiões observadas no mapa, cujo ponto de partida teria

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Tratava-se de um periódico mensal, francês, criado em 1831, chamado no idioma francês de “Journal des Comaissances Usualles”, cujo nome completo, traduzindo para o português era: Revista de Conhecimento Útil. Disponível em: https://data.bnf.fr/fr/32799441/journal_des_connaissances_utiles__paris_/. Acesso em: 8 de set. 2019).

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A superfície terrestre é constituída por um relevo irregular. As planícies compõem um dos quatro tipos de aspectos verificados no relevo, podendo ser de altitude negativa, quando estão abaixo do nível do mar, ou positiva, quando estão acima do nível do mar. Fonte: http://www.alvarovelho.net/materiaishgp/PI- ambientenatural/story_content/external_files/Altitude.pdf.

sido o Vale do Paraíba Fluminense e Paulista (ponto 1 do mapa), até meados do século XIX (COELHO; TERRA, 2002).

Figura 2: Marcha do café no Brasil

Fonte: Rodriguês (1977, apud Pereira et al., 1977)

A supremacia paulista na produção cafeeira, ocorrida no final do século XIX, foi ocasionada principalmente pelas diferenças no clima em relação à produção fluminense, pelo bom relacionamento com os imigrantes, mas, também, pelo desenvolvimento das estradas de ferro, que acabaram por aumentar a capacidade de escoamento dos grãos de café, facilitando sua exportação pelo porto de Santos, animando os fazendeiros de São Paulo a aumentarem suas lavouras, bem como, desenvolverem novas plantações (FRAGA, 1963).

De acordo com Silva (1976, p. 56), a expansão do café no século XIX, no Brasil, passou também por outros elementos tão importantes quanto a mecanização do beneficiamento da produção cafeeira e a substituição do trabalho escravo pelo assalariado, que era uma mão de obra ainda muito específica, da qual dependiam muitas lavouras. O surgimento das estradas de ferro foi um exemplo desses outros promotores do desenvolvimento da produção agrícola cafeeira, destacando-se a Sociedade de Estradas de Ferro Pedro II, a primeira responsável por buscar o café em toda a região do Vale do Rio Paraíba do Sul, estendendo-se até o Norte de São Paulo e Sudeste de Minas Gerais (SILVA, 1976, p. 56).

No contexto do transporte por via férrea no Brasil, a primeira estrada de ferro que se viu construída, foi inaugurada em 1854, “o pequenino trecho de Mauá à Raiz da Serra da Estrela, fruto da iniciativa de Irineu de Souza, visconde de Mauá” (TAUNAY, 1945, p. 101). Além dessa linha, outras também foram organizadas naquele período de 1859 até 1867, como exemplo, a São Paulo Railway, a companhia Paulista, a Sorocabana e a Mogiana, acompanhando as demandas geradas a partir do ciclo econômico do café (SILVA, 1976, p. 57).

A via férrea São Paulo Railway, construída por iniciativa do capital e empresariado inglês, destaca-se como a primeira inaugurada em solo paulista, com o objetivo de resolver os problemas econômicos enfrentados, reflexos dos caros fretes cobrados, do precário meio de transporte utilizado, da baixa densidade demográfica paulistana, da constante falta de alimentos, dentre outros fatores que contribuíram para o início desse ousado empreendimento (VEIGA, 1991).

A distância entre as zonas produtoras de café e o litoral foi diminuída a partir do funcionamento das estradas de ferro que estavam sendo desenvolvidas amplamente no Brasil, em meados do século XIX. Os antigos tropeiros e as suas tropas, até então, eram os únicos responsáveis pelo escoamento dos grãos de café, tendo em vista as dificuldades encontradas nas estradas de terra, que cortavam as serras litorâneas sul fluminenses e norte paulista, regiões extremamente acidentadas. Esse modelo de transporte, feito nos lombos das mulas, logo se tornaria insustentável tanto pela distância entre as fazendas do interior e as zonas portuárias, quanto pelas quantidades do produto que aumentavam a cada dia (TAUNAY, 1945).

Esse conjunto de fatores, observados acima, colaborou para o desenvolvimento de uma nova modalidade econômica, um tipo de capital cafeeiro com diferentes características, como, por exemplo, o agrário, o industrial, o bancário e o comercial, que fizeram do café o produto agrícola central do capitalismo brasileiro do século XIX (SILVA, 1976).

De acordo com Lamounieur (2007), a expansão das estradas de ferro afetou esse capital, bem como o ciclo do trabalho na indústria cafeeira, pois eliminou a necessidade dos trabalhadores do antigo sistema de transporte. Contudo, fomentou o aumento da mão de obra, tanto para a sua construção, quanto para a ampliação das lavouras com a abertura das novas fronteiras agrícolas.

Os novos trabalhadores responsáveis pela construção das ferrovias deveriam ser Engenheiros e técnicos, qualificados ou semiqualificados, em bom número, mas também se

exigia uma grande mão de obra não qualificada, que seria responsável pela execução das tarefas de muito esforço braçal (LAMOUNIEUR, 2007).

As cidades que receberam lavouras de café sofriam profundas transformações, surgiram novas formas de povoamento, de organização cultural, de práticas sociais e econômicas. Tudo isso passou a ser experimentado nessas regiões, culminando no aparecimento e na expansão de novas comunidades, a partir do funcionamento de ferrovias para o transporte de café (SILVA et al, 2010).

Mesmo não dispondo de conhecimentos ou mesmo não empregando os conhecimentos já produzidos sobre os cultivares agrícolas (DEAN, 1996), o auge da cultura cafeeira no Brasil se deu durante o período imperial, especialmente ao longo do segundo reinado (1840- 1889), sendo, na época, a monocultura de maior força econômica, capaz de dar sustentabilidade ao monarca D. Pedro II, além de servir como fundamento estratégico de integração entre o Brasil imperial e o comércio mundial (MARTINS, 1990; MELONI, 2004), uma vez que os portos brasileiros já haviam sido abertos para o estrangeiro, especialmente para o governo inglês, que exercia forte pressão sobre os produtos manufaturados, em função dos acordos de mercado, envolvendo Portugal (MOTOYAMA, 2001).

Os cafezais iam se estabelecendo no Brasil, inicialmente, com a contribuição do empirismo, que estabeleceu regras gerais para definir as melhores áreas de plantio, condições de altitude, de ventos e determinadas condições de solo, onde o café poderia se desenvolver melhor (FRAGA, 1963). Esse processo de consolidação das lavouras no Brasil imperial, inicialmente, revelou-se pela expansão das fronteiras agrícolas, pois, na falta do emprego de determinados conhecimentos técnicos e científicos no enfrentamento dos principais problemas como as pragas agrícolas e as questões relacionadas ao esgotamento do solo, as plantações avançavam pelas províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A partir de 1840, a agricultura brasileira avançou nos processos empregados no beneficiamento do café, mas as lavouras ainda eram organizadas de modo artesanal. Os produtores desconheciam partes das diferentes possibilidades de esgotamento dos nutrientes do solo destinados aos cafezais no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Quando um cafezal deixava de produzir grandes quantidades do fruto, ele era abandonado, até que uma nova extensão de mata fosse derrubada em outros lugares para a formação de uma nova lavoura de café. Esse período se caracterizou pela grande expansão das fronteiras agrícolas, já que o Brasil dispunha de pouca ou nenhuma ciência para praticar a agricultura cafeeira melhorada (TAUNAY, 1945; LIMA, 1976; MELONI, 2004).

Um exemplo de expansão das fronteiras agrícolas ocorreu com a produção cafeeira no estado de São Paulo, onde cafezais com poucos anos de cultivo já se mostravam envelhecidos e os solos empobrecidos, levando a produção para outras partes do interior do estado, onde as terras, recém-desbravadas, eram “virgens” e, portanto, ricas em matéria orgânica, essencial para o saudável desenvolvimento dos cafezais. Todo esse movimento foi acompanhado por plantadores de algodão e cana-de-açúcar (KIEHL, 1985).

Para o produtor agrícola, nesse período de pouca instrução na agricultura, ficava mais barato se deslocar pela terra, buscando solos férteis para a plantação, quando os cafezais mostravam algum sinal de esgotamento, em detrimento ao estudo e à aplicação dos conhecimentos científicos e das técnicas de restituição dos nutrientes necessários à manutenção do solo (MELONI, 2004).

No livro Pequena História do café no Brasil, Taunay (1945) aponta a questão da primitiva mecanização da nossa produção cafeeira. O fruto recém-colhido, por exemplo, era descascado, muitas vezes, ainda pelo casco dos pés dos bois, um fator que influenciava diretamente no sabor que a bebida do café teria depois. Além disso, a comercialização desse produto que passou por esse tipo de beneficiamento, também seria muito afetada no exterior.

Cada uma das etapas envolvidas no processo de beneficiamento dos grãos de café, como exemplo, a capina, a adubação, a poda, a seleção dos frutos, realizada manualmente, a secagem e o descascamento, que era feito no pilão29 (Figura 3), além da torra e a moagem do grão torrado, deveriam passar por melhoramento, que dependeria, essencialmente, da mecanização e do conhecimento voltado para a agricultura.

Figura 3: Conjunto pilão e a chamada mão de pilão

Fonte: Leme (1953, p. 31)

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O pilão era constituído por um simples toco de madeira, grosso, verticalmente disposto, tendo na parte superior uma cavidade ou bojo de fundo concavado, de secção circular, com diâmetro de 40 a 50 cm e de 60 a 80 cm de profundidade. (LEME, 1953, p. 5).

O conjunto pilão e mão de pilão, mostrados na Figura 3 compõem um importante fato na história do café, pois eram os objetos mais utilizados no beneficiamento do grão nos anos finais do século XVIII e início do XIX, sendo legítimos representantes do avanço da técnica e da tecnologia, na melhoria da produção agrícola. Antes disso, depois de seco, o café era descascado de forma manual, amassado entre as mãos dos escravos, além do que, após todo o trabalho executado, apenas uma pequena quantidade de grãos, já pronto para ser torrado e moído, era aproveitada nesse processo (LEME, 1953).

As dificuldades no preparo e beneficiamento do café surgiram logo no início do seu cultivo pelos grandes agricultores brasileiros que também lançaram mão no uso do pilão e da mão de pilão, uma vez que não tinham recursos para substituírem esse método braçal por máquinas (TAUNAY, 1945, p. 416). Além disso, a separação entre o café pilado e a sua casca, nesse período, era feito na peneira. O manuseio de tais instrumentos era muito árduo e só interessava quando a produção era pequena ou quando as fazendas tinham muita mão de obra para fazer o revezamento (LEME, 1953).

No decorrer do tempo, com o crescimento das produções, esse tipo de tratamento dado após a colheita se tornou inviável e o simples pilão de onde se podia retirar o grão depois de descascado, tornou-se um instrumento imprescindível, bem como os demais instrumentos e máquinas adotadas nas lavouras, que participaram dos processos de mecanização da produção cafeeira, a maioria ainda muito artesanal quando comparados aos adotados pelas lavouras atuais (LEME, 1953).

Segundo Leme (1953, p. 8)

Urgia sair-se do empirismo em que se encontrava o preparo do nosso principal produto. Foi então que começou a tomar vulto o interesse pela manipulação mecânica. Esse surto progressista inaugurava um novo período na história do Beneficiamento do café. Os cafeicultores brasileiros começaram a construir e empregar as primeiras máquinas, imitando as já existentes noutros países, quando não, inventando-as. Apareceram então dois grandes grupos: o das Máquinas movidas a força hidráulica e o das Máquinas de tração animal. A primeira máquina, representante do grupo das movidas pela força hidráulica, que teve, aliás, grande aplicação no Brasil, foi o Monjolo.

De fato, o monjolo (Figuras 7 e 8), um equipamento de origem asiática, foi muito importante para o avanço da agricultura brasileira, principalmente para o pequeno produtor rural, que se beneficiou diretamente das várias possibilidades de uso que essa técnica proporcionava, seja no manejo do arroz, fato que é considerado como o principal motivo da sua chegada até o Brasil, como também no manejo do café. Mas, sem dúvida, foi o beneficiamento do milho que permitiu a grande disseminação do uso dessa máquina entre os

produtores agrícolas do século XIX, como relatam muitos historiadores e viajantes daquela época (ANDRADE, 2011).

As Figuras 4 e 5 mostram dois modelos de monjolos, um asiático e um brasileiro, respectivamente, de acordo com Andrade (2011), na sua dissertação de mestrado, cujo título foi: “A memória das máquinas: um estudo de história da técnica em São Paulo”.

Figura 4: Monjolo de pé, modelo japonês, do século XIX

Fonte: Hokuzai, (1958) apud Andrade (2011)

Figura 5: Monjolo de pé, modelo brasileiro, também do século XIX

Fonte: Florenzano (1994) apud Andrade (2011)

Os dois equipamentos mostrados têm o mesmo mecanismo de funcionamento, que é acionado sempre pelo uso da força das mãos, com o auxílio e o controle dos pés. A mão do monjolo asiático parece estar amarrada por cordas à haste, mas, pela imagem, parece ser mais

confortável o modelo brasileiro, estando adequado ao tamanho do trabalhador rural (ANDRADE, 2011, p. 236). Contudo, se o monjolo for comparado, como o mostrado acima, com o conjunto pilão e mão de pilão, usado para pilar o café, mostrados na Figura 3, se verificará que há muito mais semelhanças do que diferenças, pois os dois sistemas mecânicos ainda necessitam de muito esforço humano para a manutenção do seu funcionamento.

De acordo com Martins (1990, p. 49), o investimento realizado pelos fazendeiros no sistema escravista brasileiro reduzia a possibilidade de aquisição de máquinas modernas para o beneficiamento do cafeeiro e do café, o que também colaborou para o atraso do emprego da técnica no melhoramento da produção cafeeira, uma vez que o conhecimento dos escravos, sobre todas as atividades desempenhadas na lavoura, levava à manutenção dos métodos tradicionais empregados na preparação do produto. Além disso, como bem observado por Silva (1976, p. 55), para compensar o gasto com a compra de equipamentos de grande valor, a fazenda deveria apresentar grandes plantações de café.

Assim, com o passar dos anos, a partir de 1850, aos poucos, e de forma inevitável, o cenário foi se transformando e a mecanização foi introduzida nos cafezais, contribuindo para a modernização das lavouras, para a redução da mão de obra de trabalhadores, prevendo o surgimento das grandes fazendas cafeeiras no século XIX (SILVA, 1976; MARTINS, 1990).

Além da mecanização das lavouras, era necessário também que os fazendeiros pudessem resolver outros problemas que surgiriam à medida que as lavouras de café fossem avançando. Um exemplo disso, na situação apontada por Taunay (1945), é que se observou, por volta de 1850, quando as lavouras cafeeiras passaram a ser atacadas por uma praga, a primeira vista nesse tipo de cultivo agrícola. A chamada borboletinha do café (Elachista coffeela) foi a responsável por devastar os cafezais, fazendo com que muitos lavradores se voltassem para outras culturas que consideravam mais seguras e compensadoras, como a do algodão, por exemplo, dado o risco eminente de novos ataques ao café.

No trabalho de Mello (2008), que possui o título “A zona cafeeira: uma expansão pioneira”, as pragas nas lavouras, entre elas a erva-de-passarinho, a formiga saúva e, mais uma vez, a borboletinha do café, também foram apontadas como grandes inimigos da expansão cafeeira até meados do século XIX, fazendo com que muitos cafezais fossem completamente exterminados.

As pragas nos cafezais eram problemas que não demandaram maior atenção dos fazendeiros naquele primeiro momento, pois eles estavam animados com a rápida adaptação do café no solo brasileiro e com o bom valor pago pelo grão no mercado externo (MELO, 2008). Contudo, essa seria uma situação de extrema importância para o desenvolvimento e a

expansão dos cafezais no Brasil, que demandariam aplicação de conhecimentos específicos na resolução desses problemas nas lavouras, como bem foi observado e será também discutido no terceiro capítulo, nas análises dos artigos sobre as pragas nas lavouras, publicados em “O Auxiliador da Indústria Nacional”.

Os problemas que afetavam todas as lavouras brasileiras, em geral no século XIX, também foram destacados no trabalho de Capilé (2010), cujo título, “A Mais Santa das Causas: A Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1869-1891)”, tratava do programa de revitalização agrícola, pela criação do Ministério da Agricultura, do Comércio e Obras Públicas e do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, que tinham como um dos seus objetivos a resolução dos problemas que se apresentavam na agricultura, entre eles a falta de mão de obra, de crédito agrícola, de instrução, o desgaste do solo e a ineficiência dos transportes.

Faltava a aprendizagem agrícola para os fazendeiros no Brasil, bem como, a concorrência para o aperfeiçoamento dos produtos e a melhoria dos cafezais brasileiros, visto que no final da primeira metade do século XIX, mesmo com toda a importância adquirida pelo produto do cafezal, no Brasil, faltava-lhe ainda o reconhecimento internacional, uma vez que o café brasileiro era pouco valorizado nos mercados mundiais.

Tais características da cafeicultura nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo foram amplamente verificadas, discutidas, estimuladas e, em grande parte, resolvidas, com o surgimento da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e do seu principal empreendimento de divulgação, “O Auxiliador da Indústria Nacional”, que trataremos de discutir nos capítulos seguintes.

Diante disto, como as propostas para a agricultura cafeeira e o seu melhoramento, dentre outras questões verificadas no século XIX, tais como, a química aplicada ao desenvolvimento da qualidade da lavoura e a recuperação dos terrenos improdutivos, o estudo dos tipos de solo próprios para os cafezais, os melhores estrumes para se adubar os terreiros de café, o ensino agrícola, as pragas nas lavouras, a mecanização do cultivo do café e a difusão dessas ideias, se relacionam especificamente com os conhecimentos veiculados em “O Auxiliador da Indústria Nacional”?

O que se buscou, portanto, nos capítulos seguintes desta tese foi mostrar a importância do periódico “O Auxiliador da Indústria Nacional” como órgão de divulgação de assuntos “úteis” que, se adotados pelos produtores de café em suas lavouras, colaborariam para o seu desenvolvimento, qualidade e manutenção, podendo também favorecer a produção cafeeira do Brasil no século XIX, em resposta às dificuldades e às situações experimentadas no dia a dia

da produção de café, que foram demandadas e mencionadas nos próprios artigos sobre esse tema e demais textos neles apontados, publicados durante todo o período de circulação do periódico.

2 OS PERIÓDICOS BRASILEIROS EM MEADOS DO SÉCULO XIX