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Norteadores das publicações de ―O Auxiliador‖: os artigos sobre café

No próximo capítulo desta tese veremos, mais especificamente, as contribuições proporcionadas pela indústria brasileira do século XIX, especialmente a agrícola voltada para a produção cafeeira, considerando o elevado número de publicações dos mais variados aspectos da agricultura, química, ensino agrícola, dentre outros temas relevantes, veiculados em “O Auxiliador”, alguns até, em certa medida, já destacados nesta tese, e que podem ser todos consultados pelo Anexo A, reforçando o caráter formador que esse periódico exerceu.

O caráter formador de “O Auxiliador”, como observado por Filgueiras (2015), no seu livro “Origens da Química no Brasil”, não dependeu da condição, de ter sido a Sociedade Auxiliadora, uma Instituição não acadêmica que falava a todas as províncias do território brasileiro pelo seu periódico.

A valorização da ciência e da técnica, aplicada à indústria de todo tipo, como fator diretamente relacionado ao fomento do progresso no Brasil oitocentista foi, portanto, evidenciada no periódico “O Auxiliador”, Figura 8, que difundiu diversos conceitos baseados no iluminismo, durante todo o seu período de circulação (DIAS, 1968; DANTES, 1988; DOMINGUES, 2001; FILGUEIRAS, 2015).

Figura 8: Capa do 1º número de “O Auxiliador da Indústria Nacional”, em 15 de janeiro de 1833

Fonte: O Auxiliador (1833)

A Figura 8 mostra um recorte da capa do primeiro volume de “O Auxiliador da Indústria Nacional”. Esse primeiro número foi publicado, no dia 15 do mês de janeiro, seguindo até dezembro de 1833, com mais onze números, sendo um a cada mês. Fizeram parte desse primeiro número: uma introdução de nove páginas; o extrato da Ata da primeira seção celebrada pela Sociedade Auxiliadora; um discurso do seu presidente, o Sr. Francisco Cordeiro da Silva Torres; uma memória sobre a Cultura da cana e elaboração do açúcar, que foi oferecida pelo sócio e secretário da SAIN, o Sr. José Silvestre Rebelo; dois trabalhos extraídos das Memórias Econômicas da Academia Real das Ciências de Lisboa; além do extrato de uma quarta memória sobre a Cera Vegetal do Brasil; bem como, um artigo de

título, “Processo para se derreter o sebo e fabricarem-se velas de excelente qualidade”, por M. Lefevre, extraído dos Anais da Indústria (O AUXILIADOR, 1833).

No texto introdutório, do primeiro número, publicado em 15 de janeiro de 1833 (n. 1, p. 3-10), por exemplo, pode ser observada uma amostra daquilo que seria o periódico propagador das “luzes” no Brasil do século XIX:

As vantagens dos progressos das luzes são incontáveis: as ciências físicas não existem realmente, se não depois que seguem uma marcha certa e útil. A astronomia, a Geografia, a Navegação, a Química, e todas as artes que lhe são dependentes, têm sido como a Geologia, submetidas aos cálculos, depois que se fundaram na observação. A mineralogia, auxiliada pela geometria e pela análise, em vez de ser uma Ciência de pura curiosidade, tornou-se indispensável. Já a Botânica e a Zoologia se uniram para acelerarem os progressos da Agricultura. A luz das Ciências promete aumentar o acréscimo da nossa população aumentando a pública prosperidade (O AUXILIADOR, 1833, p. 9 - 10).

O emprego da tradução de artigos dos mais variados temas, publicados primeiramente em periódicos internacionais, mas que continham assuntos capazes de auxiliarem os produtores agrícolas brasileiros no melhoramento de suas lavouras foi usado como instrumento de “O Auxiliador da Indústria Nacional”, para difundir os conceitos e saberes científicos e tecnológicos, com o objetivo de alcançar essa finalidade (SILVA; PENTEADO, 2017).

De acordo com Silva e Penteado (2017, p. 140-141):

O periódico abrigou uma gama variada de artigos originais e traduções que versavam sobre técnicas agrícolas, instruções para construção de maquinários, criação de animais, notícias sobre a descoberta de novos avanços que fossem relevantes à indústria nacional e mesmo de receitas aplicáveis ao uso comum. Outras temáticas, muitas vezes traduzidos de periódicos estrangeiros, versavam sobre fertilizantes, o cultivo de café, algodão, tabaco, açúcar, mandioca; a fabricação de produtos de origem animal e vegetal, velas; a conservação de produtos agrícolas diversos e mesmo de utensílios domésticos. Além de promover a utilização de maquinismos e técnicas desenvolvidas à luz de métodos científicos para serem aplicadas nas atividades produtivas do Império.

Sodré (1966, apud Domingues, 2001, p. 96) destacou que as traduções publicadas em “O Auxiliador” eram de artigos de importantes periódicos, tais como: American Farmer, a Revista Britânica, o Jornal dos Conhecimentos Úteis, da França, ou o Seminário de Agricultura, da Inglaterra.

A Figura 9 mostra um recorte de uma das últimas páginas, sem numeração atribuída, de “O Auxiliador” de 1869, na qual são listadas algumas obras de referência, que poderiam ser utilizadas como fonte para a publicação dos artigos do periódico da Sociedade Auxiliadora.

Figura 9: Lista de obras ofertadas para a Sociedade Auxiliadora

Fonte: O Auxiliador (1869)

No Anexo A podem ser verificadas diversas outras traduções interessantes, que não foram associadas a um periódico internacional específico, publicadas em “O Auxiliador”, como, por exemplo: “Os extratos de elementos de química concernentes a agricultura de Humprey Davy” (1833, p. 22-34); os artigos indexados na categoria “Homens Úteis”, que trouxeram traduções sobre a biografia dos franceses Parmentier (1839, p. 423-432), Beauvisage (1839, n. 12, p. 443-449) e Jacquard (1840, p. 23-28); a obra oferecida à Sociedade Britânica, Promotora das Ciências, traduzida do alemão, por Lião Playfair, de título “A química considerada nas suas aplicações à agricultura e fisiologia”, por Justus von Liebig (1843, p. 110-119).

A importância dada pelos redatores e demais colaboradores de “O Auxiliador” ao conhecimento veiculado na Europa reforçado, também, pelas diversas publicações sobre as exposições universais, consideradas como espaços que faziam circular as novidades da técnica, de produtos tecnológicos, da experiência com o ensino de grandes populações, da criatividade humana, das reflexões sobre o trabalho dentre outros temas que tornaram o periódico um dos principais veículos responsáveis por divulgar assuntos sobre artes e ciências no Brasil (FERREIRA, 2011, p. 128). Dentre essas exposições podemos citar: a “Exposição Universal da Indústria em Londres” (LISBOA, 1851, n. 3, p. 89-98); “Exposição de Produtos da Indústria da França” (LISBOA, 1851, n. 6, 206-219); da “França e Bélgica” (LISBOA,

1851, n. 7, p. 260-272); dos “Estados Unidos da América do Norte” (LISBOA, 1852, n. 8, p. 288-296); todas oferecidas, respectivamente, por Lisboa; a “Exposição Universal de Dublin” (O AUXILIADOR, 1853, n. 2 e 3, p. 50-72 e 88-99); dentre outras36.

A “Exposição Universal da Indústria em Londres”, que teve o seu relato no número três de 1851 de “O Auxiliador”, escrito por Lisboa, a propósito, foi muito propagandeada já na introdução do primeiro número daquele mesmo ano do periódico. O texto introdutório foi, muito provavelmente, escrito pelo redator de “O Auxiliador” daquele ano, Miguel Joaquim Pereira de Sá, que era, como estampado na capa da revista, “Doutor em Matemática pela Escola Militar, Secretário Adjunto da Sociedade Auxiliadora, Sócio Efetivo da Sociedade contra o tráfico de africanos e, promotora da colonização e civilização dos índios”, afirmou que a exposição londrina havia sido um evento importante, de muita utilidade, que revelou os novos pensamentos da civilização Universal, sendo seu conteúdo relevante, para que os brasileiros, sócios da SAIN e os leitores do seu periódico, pudessem aperfeiçoar suas atividades industriais (O AUXILIADOR, 1851, n. 1, p. V).

O tema Exposições, alguns anos depois, acabou se tornando uma categoria específica do periódico “O Auxiliador”, no qual foram indexados diversos relatos de muitas outras Exposições internacionais e também nacionais, discutindo-se sobre variados temas de relevância para a indústria mundial e também local, sendo o café, o artigo mais importante dentre eles (O AUXILIADOR, 1870; 1878; 1879; 1884; 1886)37.

Os assuntos relativos à agricultura, como ilustrado na capa de “O Auxiliador” de número um de 1851, Figura 10, mostram um lavrador arando a terra, com um arado simples, puxado por dois bois, dominaram praticamente todas as publicações do periódico ao longo de toda sua trajetória de circulação, mostrando a importância dada pela Sociedade Auxiliadora à indústria agrícola no Brasil.

Figura 10: Recorte da capa do n. 1, de 1851, de “O Auxiliador”, mostrando um lavrador arando a terra, pela tração animal

Fonte: O Auxiliador (1851) 36 Ver Tabela 10. 37 Idem.

O periódico, além de divulgar artigos que tinham o termo agricultura nos seus títulos, ainda traziam os assuntos agrícolas diluídos em muitos outros textos, que divulgavam conceitos sobre outros temas que também interessavam aos leitores do periódico e à indústria, como exemplo, a química, a mecanização, as culturas agrícolas de relevância para o período, dentre outros temas.

A importância dada à agricultura em “O Auxiliador” estava de acordo com os Estatutos da Sociedade Auxiliadora, que trouxe na sua primeira proposta, no artigo 10°, do capítulo 3, as comissões que marcariam o início do funcionamento da SAIN, Figura 11, dentre elas, a comissão de Agricultura; bem como as comissões de análise e processos químicos; Economia Rural e Doméstica; Artes, Fábricas e Comércio (ESTATUTOS, 1831).

Figura 11: Membros das comissões da SAIN publicada no “O Auxiliador”

Fonte: O Auxiliador (1833, p. 19)

A Figura 11, portanto, é um recorte da página 19, n. 8 de 1833, de “O Auxiliador da Indústria Nacional” e traz a primeira relação de nomes dos colaboradores do periódico, trata- se do conselho administrativo da SAIN.

De acordo com Domingues (2001), a SAIN apresentava uma organização interna dividida em comissões, como destacado no seu Estatuto, assim, os conceitos, o alinhamento entre teoria e prática, que seriam divulgados pelo periódico eram partes do todo que caracterizava cada uma das divisões da SAIN.

Celina (2006), quando destacou o papel de “O Auxiliador” na fundação de instituições de ensino no Brasil, na primeira metade do século XIX, também observou que o assunto de maior destaque dado no periódico foi a indústria agrícola.

As categorias em que os artigos eram indexados refletiam a valorização dos assuntos voltados para a agricultura em “O Auxiliador”, sendo vistas, por exemplo, as categorias “Agricultura, Economia Rural e Agrícola, Horticultura, Arboricultura” dentre outras, de acordo com o Anexo A, que remetiam sempre as mais variadas questões sobre a principal atividade industrial observada no Brasil no século XIX, a agricultura. Um exemplo dessa relação pode ser observado na categoria Agricultura, na qual foi indexado, por exemplo, o artigo “Bichos que destroem o café” (AGUIAR, 1834, n. 5, p. 144-145), ou também, nesse mesmo ano e número, na categoria Indústrias e Artes, quando foi indexado o artigo “Novo instrumento para escavar a terra” (O AUXILIADOR, 1834, n. 5, p. 157-158).

A SAIN, segundo Domingues (2001, p. 96), passou por alterações na sua estrutura, formulada inicialmente, “embora não perdesse a relação com a agricultura, as suas comissões foram se especializando. Algumas comissões se mantinham, mudando apenas a denominação, algumas desapareciam e outras eram criadas”.

A Tabela 1, por exemplo, mostra como essas comissões da SAIN flutuaram a partir da segunda metade do século XIX.

Tabela 1: Modificações nas comissões da SAIN de 1853 a 1885

Ano Comissões

1853-1856 Indústria agrícola e colonização; Comércio e navegação; Manufatureira e artística; Análise e ensaios químicos; Redação.

1859-1862

Agricultura; Indústria fabril; Máquinas e aparelhos; Artes liberais e mecânicas; Comércio e meio de transporte; Geologia aplicada a química industrial; Melhoramento das raças animais.

1870-1885

Agricultura; Indústria fabril; Máquinas e aparelhos; Artes liberais e mecânicas; Comércio e meio de transporte; Geologia aplicada a química industrial; Zoologia; Estatística industrial; Colonização e estatística; Finanças da sociedade.

De todos os assuntos que transitaram dentro das seções de agricultura e indústria agrícola, dentre outras, em “O Auxiliador”, bem como, de todos os contextos apontados por esse tema, o café foi, talvez, o mais importante deles, pois recebeu muita atenção dos autores, redatores, sócios da SAIN e demais colaboradores, ao longo de todos os anos em que o periódico circulou38.

Só para se ter uma ideia da relevância que teve o café no periódico, nos seus primeiros 20 anos de circulação, compreendidos entre 1833 e 1853, foram publicados 16 trabalhos que tratavam sobre o tema e os assuntos relacionados ao seu contexto, memórias, comércio, mecanização, pragas agrícolas, preparação, dentre outros aspectos, como pode ser observado na Tabela 2. Além disso, nos anos seguintes, de 1854 a 1896, foram mais de 80 artigos, sobre o café, que continuaram apontando para diversos assuntos correlatos, mostrando que esse tema jamais passaria despercebido entre os leitores de “O Auxiliador”, bem como, dos Sócios da SAIN.

Tabela 2: Artigos sobre café publicados nos primeiros 20 anos de circulação do periódico “O Auxiliador da Indústria Nacional”

Ano Páginas Autor(es) Seções Tema/Título do artigo 1833 5 1-19 J. S. Rebelo - Memória sobre a cultura do cafeeiro 1834 5 144-145 J. F. de Aguiar Agricultura Bichos que destroem o café 1834 11 321-339 J. de R. Costa Agricultura Comércio, propriedades, uso, cultura e

preparação do café 1835 3 72-77 J. C. Gomes Agricultura Memória sobre o produto de uma

plantação de café na ilha de Cuba

1845 5 140-145 - -

Notícia de uma nova estufa, fácil e econômica de secar café e outros gêneros

de nossa produção agrícola 1846 1 34-36 L. H. F. de

Aguiar

Ind.

Comercial O café do Brasil nos Estados Unidos 1848* 8

9

293-303, 333-344

-

Ind. agrícola Café

1849 3 89-91 - Ind. agrícola e

rural Cultura do cafezeiro em Java 1850 11 389-399 - Ind. agrícola e

rural A produção do café 1851* 1852 4 5 7 126-127, 153-162, 236-243 - Ind. agrícola e rural

Descoberta importante: novo chá preparado com folhas do café 1852 4 153-154 - Variedades Origem do café em França

38

Fato que pode ser constatado no Anexo A, bem como na discussão do próximo capítulo, que tratará da análise histórica dos artigos sobre café, publicados em “O Auxiliador da Indústria Nacional”, assim como os demais assuntos relacionados aos cafezais, que julgamos ter influenciado na agricultura cafeeira do Brasil, ao longo do século XIX.

1852 12 457-459 - Variedades Distribuição de sementes Café de Moka 1853 3 100-109 G. B. Weinschenck Ind. manufatureira e artística Preparação de café

*O artigo foi publicado em duas partes no ano de 1848, uma em cada número. O mesmo ocorre com o ano de 1851, números 4 e 5, e 1852, número 7.

Fonte: Autor (2020)

É fato que nos números publicados nos anos de 1836 até 1844, 1846, 1847, de acordo com a Tabela 2, e nos anos de 1856, 1857, 1859, 1863, 1864, 1866, 1868, 1871, 1872, 1890, de acordo com o Anexo A, ou seja, por 20 anos completos, não houve nenhum artigo, cuja palavra café, cafeeiro ou cafezais, tenha aparecido no título dos artigos. Contudo, esses assuntos apareciam diluídos em outros artigos, sobre os demais temas, já mencionados, que veremos no capítulo seguinte, no qual discutiremos o conteúdo das publicações sobre o café em “O Auxiliador”.

No período de 1833 até 1844 só foram publicados quatro artigos com o tema café no título. Como pode ser visto na Tabela 2, os 12 artigos seguintes foram divulgados num período de apenas oito anos, indicando que o interesse da Sociedade Auxiliadora na divulgação sobre café, foi se justificando progressivamente, a partir do aumento da demanda gerada pelo cultivo, consumo e desenvolvimento, desse importante produto da indústria agrícola no século XIX, o que está de acordo com estudos históricos sobre a economia no Brasil oitocentista.

O tema café se destacou no contexto dos produtos agrícolas, na indústria, no desenvolvimento e na modernização do Brasil, tornando-se, como já mencionado aqui nesta tese, o principal produto de exportação, a partir de meados do século XIX, recebendo a atenção de autores de obras que tratavam sobre periódicos e sociedades científicas desse período histórico (BARRETO, 2009; CAPILÉ, 2010; ARAÚJO, 2010; BEDIAGA, 2011; FERREIRA, 2011; VANNUCCI, 2016).

Capilé (2010), por exemplo, ao relatar um breve panorama geral das lavouras brasileiras na segunda metade do século XIX, observou que o café, no Brasil, embora sendo muito importante para nossa indústria agrícola e fonte de pesquisa e interesse científico, especialmente da “Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura”, não deixou de ser afetado pelos problemas da agricultura na época, tais como, a falta de mão de obra (p. 6), o desgaste do solo (p. 13) e a ineficiência dos transportes (p .17).

Essa demanda por conhecimentos sobre o cultivo do cafeeiro no Brasil oitocentista, bem como o destaque que esse produto recebeu no periódico citado no parágrafo anterior,

também foi observado por Bediaga (2011, p. 171), na sua tese de doutorado, de título “Marcado pela própria natureza: o Imperial Instituto Fluminense de Agricultura e as ciências agrícolas – 1860 a 1891”.

De acordo com Araújo (2010), a expansão cafeeira e os ganhos financeiros que a produção e comercialização do café proporcionavam ao chamado Estado Monárquico, ditava o rumo da criação de Imperiais Institutos de Agricultura no século XIX, unindo os interesses agrários, mercantis e burocráticos da época, desenvolvendo melhoramentos para a indústria agrícola, tais como, a construção das primeiras ferrovias, das primeiras rotas marítimas regulares entre Brasil e Europa, para a expansão dos produtos, dentre outros ganhos para a população em geral, relativos à instalação de determinados serviços públicos, como exemplo, a iluminação a gás e uma rede de esgotos na corte.

Barreto (2009, p. 383) destaca que “O melhoramento dos processos industriais perpassava a perspectiva de adiantamento das tecnologias empregadas na produção de açúcar, café e demais produtos do campo”.

Segundo Ferreira (2011, p. 174), o café teria sido o protagonista, no processo de aquisição de materiais industriais, ele percebeu que:

As relações que se podem estabelecer entre o progresso material e a ciência e a tecnologia são importantes para mostrar também que naquele período não havia uma incompatibilidade intransponível entre a incipiente indústria nacional e o dinamismo da economia agrária. Foi inquestionável o papel desempenhado pela cafeicultura no nosso desenvolvimento industrial do século XIX.

Nessa mesma perspectiva de industrialização no século XIX, Vannucci (2016) concluiu pela sua leitura de “O Auxiliador”, no período de 1833 a 1862, que os recursos financeiros obtidos a partir da comercialização do café, financiaram a indústria no Brasil. Esse foi um fato destacado pelo autor em sua análise que, segundo ele, está caracterizada, por exemplo, no número de patentes, de máquinas para o beneficiamento do café e, principalmente, de privilégios concedidos pelo governo imperial, por intermédio da Sociedade Auxiliadora, que, em certa medida, incentivava a confecção de novos produtos mecânicos, capazes de modernizar nossa produção cafeeira, que tinha seus produtos tecnológicos propagandeados pelo periódico da SAIN.