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4.2 Ciclo vital da família e a doença

Toda a família tem uma história natural de vida, desde a gestação e nascimento até ao declínio e morte, passando por diversas fases de crescimento. Em todo este percurso, a capacidade de adaptação às mudanças e de enfrentar e ultrapassar as crises é uma constante nas suas vivências.

Analisar a família ao longo do ciclo vital é estudar o seu desenvolvimento numa dimensão do eixo diacrónico, de modo a identificar características e potencialidades e analisar momentos de mudança em relação a tarefas, dificuldades e tensões.

Independentemente de algumas variações, a generalidade dos autores define em cinco ou seis as etapas do ciclo vital da família .

PEDRO GONÇALVES (1980) propõe as seguintes fases:

Figura 14 - Fases do ciclo vital da família

Ao analisar o desenvolvimento da família nesta perspectiva, emerge a ideia de que, provavelmente não é igual a vivência de internamento de um doente nos vários momentos do ciclo vital da sua família, na procura de explicações para a compreensão da família e do doente, torna-se imperiosos compreender as várias fases do ciclo vital. Com o desejo de construir uma família inicia-se a formação do casal e o nascimento da família nuclear, assim designada para se distinguir das famílias de origem dos cônjuges. Ao criar o sub-sistema conjugal, cada um dos novos cônjuges deve clarificar as regras da relação dual e do espaço individual, bem como deve delimitar claramente os laços que ligam o casal (e cada um dos seus elementos ) às famílias de origem. Desde o início, implícita ou explicitamente, os componentes do sub-sistema conjugal devem estabelecer algumas tarefas e aprender, em conjunto, a lidar com o conflito e mesmo a criar uma hierarquia. -'Dentro do holon conjugal, o casal deverá conciliar suas

expectativas e estilos diferentes e desenvolver seus próprios meios de processar informação, de se relacionar e de lidar com o afecto. Deve desenvolver regras sobre proximidade, hierarquia, sectores de especialização e perícia e padrões de

cooperação. Cada um deverá desenvolver a habilidade de sentir a vibração de outro, o que supõe associações comuns e valores compartilhados, ouvir o que é importante para o outro... " (MINUCHIN; FISHMAN, 1990:33)

Na construção deste subsistema familiar não podemos esquecer que partimos com duas partes distintas para o partilhar de objectivos comuns, tendo cada uma das partes os seus valores, usos e costumes diferentes, pelo que será necessário cedências mútuas e muita cooperação.

E natural que, na construção do subsistema conjugal, ocorram tensões dado tratar-se de duas pessoas diferentes, com necessidades individuais, que querem fazer parte de um todo e partilhar um espaço comum. "Os casamentos variam muito, não apenas no grau

de satisfação que os casais obtêm, mas também no tipo de satisfação que eles procuram. A estabilidade que eles podem alcançar em seu casamento depende paradoxalmente da flexibilidade com a qual cada um responde às suas mútuas e variadas necessidades" (PINCUS; DAVE, 1987:35).

A divergência e o conflito serão saudáveis na medida em que potenciam o crescimento individual e a maturidade do casal. Muitos dos conflitos gerados devem-se, contudo, a comportamentos individuais inconscientes ou a mecanismos projectivos que se podem tornar armadilhas para a edificação do casal e do modelo familiar a desenvolver.

Encontram-sé nestas condições os casos em que o companheiro é investido como uma extensão do self individual ou do self familiar. Mesmo nas situações mais funcionais, cada cônjuge tenderá, em parte, a viver, no seu casamento, a experiência que teve do casamento dos pais. É nesse sentido que a definição de limites claros com as famílias de origem se revela fundamental. Como indispensável é uma gestão clara das lealdades familiares e conjugais.

É, pois, com o casamento, enquanto edificação conjunta de objectivos e formas de estar na vida, que se inicia o primeiro momento do ciclo vital da família e que se começa a escrever o livro da concertação mútua. Por tudo isto, este período é marcado por um certo grau de fechamento ao exterior. Para além da regulação dos laços afectivos com as famílias de origem, o casal deve também reconstruir a sua rede de amigos.

Quando a doença surge neste momento do ciclo vital os adultos estão a construir a identidade da sua família e provavelmente face á situação de internamento vai ser afectado o fecho ao exterior, por vezes, até terá que ser reforçada a abertura face às necessidades de apoio, quer para o membro internado, quer para o que fica fora da assistência hospitalar. O crescimento da família vai ser afectada, se não for por mais, pelo facto de verem mudificadas as condições de partilha de afectos, de espaço e de tempo, quer em relação a si mesmos, quer em relação aos outros. A reforçar esta ideia, seria importante lembrar que, para o espaço de intemidade do casal vão ser intrusos, os olhares de estranhos dos outros doentes, que partilham a mesma unidade e, também, dos profissionais.

Depois do casamento surge o momento de criar espaço para um filho. É com o seu nascimento que se inicia o segundo momento do ciclo vital da família. O aparecimento deste terceiro elemento dentro da família é uma situação nova, geradora de mudanças ao nível individual e familiar. Se desde logo a família se enriquece, pelo aparecimento de dois novos sub-sistemas (o parental e o filial), a sua estrutura exige reorganização para a introdução dos novos papéis parentais. Com o aparecimento do filho os pais vão evocar experiências vividas na sua infância, podendo ocorrer problemas se esse passado estiver marcado por dificuldades relacionais importantes.

Se o nascimento do primeiro filho reabre a família nuclear ao exterior, nomeadamente às famílias de origem que se podem então oferecer como importante elemento de suporte, ele marca também uma reorganização da relação do casal que inicia, aí, um eclipse mais ou menos acentuado e duradouro. Para além desta situação, e durante os primeiros tempos, o pai pode vivenciar um sentimento de perda dada a importância da

relação fusionai da díade mãe-bebé. Se o espaço do casal for muito diminuto, se a relação fusionai for muito forte e se as vivências abandónicas forem intensas, a relação familiar pode ficar marcada por triangulações armadilhantes para todo o restante percurso. E o caso de coligações possíveis em que a mãe ou o pai se poderão unir à criança contra o cônjuge, levando-o a ficar numa situação periférica que não é facilitadora do crescimento da família. O equilíbrio da família passa pela participação de todos os seus elementos nos cuidados ao recém-nascido. A participação do pai nestas actividades leva a ultrapassar alguns conflitos e a uma distribuição mais racional das tarefas familiares.

Repensar este momento, é em primeiro lugar, questionar a forma como se faz a assistência na gravidez, no parto e no puerpério em meio hospitalar.Este momento de crescimento, desenvolvimento e transformação, uma crise natural, passa aos olhos de alguns profissionais, como crises acidentais, onde o poder instituído afasta os interessados, não permitindo a vivência por parte do pai do nascimento do seu filho. Pese embora a actual legeslação ainda é frequente a defesa da falta de condições para os pais assistirem ao nascimento dos seus filhos. Uma segunda forma de análise, passa por a agressiva realidade, de ter uma mãe que, durante os primeiros meses de vida do seu filho, pode ter uma doença que a obriguem a internamento ao ponto de se ter que afastar deste. Não são raras, as situações de apendicectomias, a mulheres em fase de amamentação.

A educação dos filhos e o desenvolvimento da socialização vêm-nos, então, através do subsistema parental. Através dele, a criança aprende o que se espera das pessoas com maiores recursos e força, assim como o sentido da autoridade. Neste contexto, a criança vai aprender a negociar dentro da família e vai sentir quais os comportamentos recompensados e os desencorajados. Se a tomada de decisão dos adultos deve ter em conta os seus direitos de decidir e de proteger a privacidade do subsistema conjugal, a verdade é que não deve deixar de respeitar o dos filhos, dando-lhes oportunidade de tomar algumas decisões e de ter algum autocontrolo.

Algumas vezes, o sub-sistema parental é partilhado por pessoas da família que não somente os pais. Na verdade, pela sua característica de autoridade, encontramos por vezes este dever delegado noutros, tais como num avô ou tia, ou mesmo num filho mais velho que passa a ter a autoridade de disciplinar os mais novos. Em termos de análise da família, será importante identificar quem faz parte do subsistema parental, pois algumas

vezes a resolução dos problemas da família, durante o internamento de um dos pais passa por por outras pessoas, logo o problema pode ser considerado noutras vertentes. À medida que a criança vai crescendo, a família alargará os contactos com o exterior com vista à socialização da sua prole. Se os primeiros contactos de socialização surgem com a família alargada, mais tarde aparece a ligação à pré-escola e à escola, bem como a outros sistemas extra-familiares.

Com o surgir de novos filhos a família constrói novos interesses e novos espaços de intimidade. Num momento, que nunca é igual, revive experiências análogas às já descritas. Reorganiza padrões estabelecidos em torno do primeiro filho. Paralelamente aos sub-sistemas já existentes surge um novo - o fraternal - que se assume como cadinho de experiências de partilha e de rivalidade. Com efeito, neste subsistema a criança tem oportunidade de desenvolver padrões transaccionais para negociar, cooperar e competir. A criança aprende como fazer amigos e como lidar com inimigos, como aprender de outros e como obter reconhecimento.

Com estes subsistemas, a família vai ter o seu desenvolvimento ao longo do seu ciclo vital, onde ocorre um equilíbrio dinâmico de tendências e fluxos entre os subsistemas e destes para o todo, situações que sofrem algum desiquilíbrio quando um membro é forçado a estar afastado por uma situação de doença.

Criados os quatro subsistemas (conjugal, parental, filial e fraternal), outros problemas surgem porque as crianças vão crescendo e outros valores estão em jogo.

As primeiras mudanças fazem-se durante os primeiros cinco anos de vida. A criança sai da relação dual para aceitar a relação a três. Na vivência e na gestão dos primeiros movimentos de autonomização muito se joga no sentido de uma evolução maturativa ou limitativa de cada um dos elementos e da família na sua globalidade.

A escola e o grupo de pares, ao surgirem como espaços diferenciados e alternativos, podem revestir uma dimensão potenciadora do desenvolvimento, ou um valor conflitual. Se, para a criança, esta experiência pode ser problemática, para os pais também o pode ser. O poder sobre a criança vai ser exercido por outra entidade, e os pais terão que se organizar para ajudar nas tarefas escolares, nas horas de dormir e de lazer, e terão que partilhar com outros o amor dos filhos. A criança vai verificar que os amigos têm valores diferentes dos seus e dos seus pais e que as regras de relacionamento também são diferentes. É difícil aos pais equilibrarem os espaços dos seus desejos com a necessidade de liberdade dos filhos, agravando-se esta problemática com a

adolescência. Depois da entrada na escola e da crise de adaptação ao grupo, vem um tempo de acalmia.

Com o aparecimento rápido de mudanças biológicas, na idade da adolescência, a criança entra noutro conflito interno, a par da força cada vez mais significativa do grupo de amigos. A família está assim a competir com um sistema forte, onde o seu filho toma novas posições e questiona o que até aqui aceitava, levando muitas vezes a romper com padrões familiares estabelecidos.

Nesta nova etapa do ciclo vital, se não pode ser esquecido que os anos passaram para o filho, também não se pode ocultar que o mesmo ocorreu com os pais e que estes também mudaram. Esta fase é crítica tanto para pais como para filhos, sobretudo pela gestão da autoridade e do poder que solicita. As experiências e os desejos de separação são cada vez maiores, o que nem sempre é fácil para qualquer dos sub-sistemas em jogo: o sub-sistema filial debate-se, frequentemente, com a ambivalência entre o medo da perda da dependência e o desejo de autonomia; o sub-sistema parental fica, muitas vezes, confusos face à perda abrupta de funções e face à necessidade de re-emergência do sub-sistema conjugal. Serão os sentimentos de segurança, de confiança e de continuidade que permitirão reorganizar a trama relacional, retirando-lhe o conteúdo excessivamente conflitual, depressivo ou abandónico que, de outra forma, poderia surgir, situações que os nossos doentes vão exteriorizando a quando do seu internamento com uma ansiedade acrescida face à sua situação de saúde.

Quando o adolescente é capaz de ultrapassar as dificuldades que temos vindo a citar, então ele está apto a entrar na idade adulta. Nesta fase da sua procura experimenta outras forma de vida, tendo lugar outras atitudes, crenças religiosas, políticas, empregos e profissões, distracções e actividades, ou mesmo uma companheira.

Como já referimos, a forma como o adolescente entra nesta idade mais uma vez tem a influência dos pais. O sentimento optimista do jovem depende das atitudes dos pais na adolescência, da forma como eles exerceram a autoridade, e do modo franco como se relacionaram. Na verdade, o mundo que os rodeia, hoje, não é igual ao que rodeou os pais e, neste conflito de diferenças, os pais, por vezes, vêem-se com alguma dificuldade para equilibrar o seu ambiente familiar, perdendo, em certos casos, o sentido de autoridade ou caindo em exageros de permissividade.

A realidade do filho jovem adulto reporta-se a uma última etapa da família de que ele é dependente. Esta está prestes a voltar a ser uma família a dois. Voltar a ser dois, com toda esta experiência, exigirá um grande esforço de organização. Algumas das tarefas

deixam de • se fazer e outras passam a ter uma nova condição. ' Quase sem se aperceberem, os pais têm dificuldade em se ver sem os filhos que os levaram muitas vezes, enquanto casal, a ficarem em segundo plano. O exercício das actividades parentais ocupou-lhes tanto tempo que se esqueceram de alimentar o sistema conjugal. Agora, quase por ironia do destino, regressam ao princípio. Daí que alguns autores designem este momento do ciclo vital por "ninho vazio".

Mais uma vez a situação de doença e particularmente de internamento pode perturbar a reorganização deste sub-sistema.

A família volta, então, a viver nova crise. Para além da partida dos filhos, os pais estão mais velhos e, nos seus próprios empregos, também se aproximam mudanças. O tempo da reforma e sobretudo a idade avançada recriam uma situação de dependência e dão uma nova actualidade às lembranças recalcadas. Na opinião de CAMDESSUS et ai. (1989), a pessoa idosa, ao sentir-se de novo obrigada a submeter-se às decisões de outrem, revive todas as anteriores vivências de dependência-autonomia. A forma como estas foram vividas no passado colorirá, necessariamente, o medo como o idoso reorganiza os seus sentimentos e comportamentos face aos restantes familiares.

Neste período, a questão do sucesso profissional faz-se sentir, de forma particular pois, muitas vezes, os cônjuges estiveram tão ocupados com os seus empregos e com a sua carreira, que se esqueceram da família. Por outro lado, agora com mais idade, pode iniciar-se um declínio, que vivido em conjunto com a ameaça da presença de mais jovens no mundo do trabalho, traz, também para o emprego, um acréscimo de stress.

Com o avançar da idade outras situações ocorrem, tais como a vivência, por parte da mulher, do período da menopausa. Muitas vezes esta confronta o seu declínio com os momentos de fertilidade das filhas, o que a deixa triste e eventualmente confusa.

Associada à partida dos filhos está a vivência do casamento destes que será um momento importante e vivido por cada um dos cônjuges de forma pessoal. Em muitos casos precipita-se a crise da meia-idade. "A crise da meia-idade parece ser

particularmente uma época propícia para muitos casais encontrarem uma nova e satisfatória solução, já que a necessidade de consegui-la com sucesso é muito grande. A sexualidade e o casamento dos filhos, frequentemente coincidindo com a morte do pai ou da mãe, pode reactivar intensamente as ansiedades edípicas do casal de meia- idade" (PINCUS; DAVE, 1987:130)".

Durante todo este período podem ocorrer momentos depressivos que são agravados pelo medo da morte, potencializado com as situações de doença. Mas nem tudo, nesta idade,

é escuro ou negativo. A presença de netos pode amenizar estas vivências. "Este

período, muitas vezes descrito como um período de perda, pode ser um período de grande desenvolvimento, se os cônjuges, como indivíduos e como casal, aproveitarem as suas experiências acumuladas, sonhos e expectativas, para realizar possibilidades que eram inatingíveis, enquanto era necessária a criação dos filhos" (MINUCHIN;

FISHMAN, 1990:33).

Por outro lado, este momento do ciclo vital pode ser um tempo de grande maturidade entre os cônjuges, desde que tenha sido preparado e aceite com base na satisfação mútua, no enriquecimento e na renovação do próprio casal, mas também há uma diminuição de recursos dentro da família. O voltar a estar apenas os dois cônjuges é, para muitos, o momento de dirigir as suas energias de um para o outro e para o desenvolvimento de interesses conjuntos ou individuais que até aí não foi possível concretizar, devido ao excesso de tarefas parentais. As vivências dos períodos anteriores terão grande significado neste momento. "Certos casamentos que foram bem

sucedidos durante décadas - em que os casais aceitaram os desafios e ultrapassaram os obstáculos em que fizeram prova de flexibilidade e imaginação - podem cair na tormenta do envelhecimento. O que dava sentido à vida e às relações pode transformar- se em azedume e amargura nos últimos anos. " (CAMDESSUS et ai., 1989:128).

Não será igual a atitude do casal que viveu unido por causa dos filhos à daquele que cresceu em todos os momentos do ciclo vital. Também não será indiferente serem casais com filhos ou sem filhos. Este momento terá características especiais para os segundos, já que não terão presente o sentido da continuidade. Por isso, poderão surgir medos associados ao facto de se verem envelhecer sem o apoio de filhos ou netos.

A situação dos casais sem filhos, ao viverem o momento da meia idade, pode ser compensada com outras actividades, tais como mudar de casa, de emprego, dedicar-se a novos passatempos ou actividades de lazer, isto numa tentativa de ultrapassarem esta crise e assim prepararem as inevitáveis mudanças no futuro. Muitas vezes, os problemas dos casais não são apenas do presente, mas também do passado, devido a situações não resolvidas ou sistematicamente adiadas e que agora estão apenas agravadas .

Não será fácil viver a meia idade. Na verdade, a esperança dos primeiros anos da família eram a vida não só no sentido de novas vidas (filhos), mas também a vida de cada cônjuge. Com o passar dos anos, aproxima-se o envelhecimento, a diminuição das capacidades, a concentração das atenções relacionais nos mais novos, a morte dos amigos e dos familiares, a reorganização das dependências. Por muito acompanhado

que se esteja, o sentimento dè solidão é frequentemente grande, sobretudo quando o idoso, individualmente ou em casal, não tem um projecto para esse tempo que não deixa de ser de espera.

Com a morte de um dos cônjuges uma nova etapa surge. Este é um momento de perda e de uma perda cujo valor maturativo é mais difícil de encontrar.

Se a relação do casal era marcada por uma forte complementaridade ou por uma elevada dependência e se o elemento sobrevivente lida mal com as vivências depressivas, o trabalho de luto é difícil. Pode patologizar-se, abrindo as portas para uma situação de perturbação ou mesmo de doença orgânica ou psiquiátrica. Se a relação de casal tinha um colorido conflitual, a vivência da culpabilidade pode gerar um processo igualmente destrutivo. Sendo sempre difícil, a reorganização da vida do cônjuge sobrevivente depende largamente da sua capacidade de elaborar o luto, da força da sua pulsão de vida e, consequentemente, da sua disponibilidade para reinvestir as relações