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CAPÍTULO 4 – O PROGRAMA CAPES-COFECUB: DO ESTABELECIMENTO AOS

4.2 O Comité Français d’Evaluation de la Coopération Universitaire avec le Brésil

O Comité Français d’Evaluation de la Coopération Universitaire avec le Brésil – Cofecub – é escritório constituído para implementar o lado francês dessa cooperação interuniversitária estabelecida em 1978. O Cofecub é financiado em parte pelo Ministério das Relações Exteriores francês e em parte pelo Ministério da Educação Nacional, Ensino Superior e Pesquisa. No Ministério das Relações Exteriores, essa colaboração está sob a tutela da Direção de Cooperação Científica, Universitária e Técnica da Direção Geral da Cooperação Internacional e do Desenvolvimento. No Ministério da Educação Nacional, está sob a chancela do Departamento de África do Norte, Oriente Médio, América e países em crise da Delegação para as relações europeias e internacionais e para a cooperação da Secretaria Geral. O financiamento do programa é feito, majoritariamente, pelo Ministério das Relações Exteriores, que aporta entre 80% e 90% dos recursos investidos no programa. Os recursos oriundos do Ministério da Educação Nacional são prioritariamente destinados à gestão do escritório do Cofecub7 e dos salários do pessoal.

O Cofecub é dirigido por um presidente nomeado conjuntamente pelos dois ministérios por meio de uma carta de missão, por um período de três anos renovável. Nessa função, o dirigente preside um comitê decisório composto por representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Educação Nacional, de um presidente de universidade representando a CPU (Conférence des Présidents d’Universités – Conferência dos Presidentes de Universidades), de um membro da Cdefi (Conférence des directeurs d’écoles françaises d’ingénieurs – Conferência dos diretores de escolas francesas de engenharia) e de personalidades científicas incumbidas de coordenar os cientistas em cada

7 No período em que, a pesquisa e o ensino superior pertenceram a dois ministérios diferentes, o Cofecub esteve

uma das áreas do conhecimento,8 atualmente, seis:9 ciências da vida; medicina e ciências da saúde; engenharias, física e química; ciências da terra e do universo; ciências humanas e sociais; matemática e ciências e tecnologias da informação e comunicação10. (COFECUB, 2001, 2002; 2003, 2004; 2005; JAISSON, 2014a).

Na direção do Comitê, o presidente tem também como incumbências (FRANÇA, 1999a, 1999b):

lançar o edital do programa, em coordenação com a Capes, e divulgá-lo para as instituições de educação superior e organismos de pesquisa;

 assegurar a avaliação científica das propostas apresentadas submetidas ao programa;

 proceder à pré-seleção dos projetos pelo lado francês;

 selecionar, em parceria com a Capes, os projetos a serem financiados;  assegurar o acompanhamento e avaliação dos projetos selecionados;

 gerir os recursos financeiros atribuídos ao Comitê;

 organizar e presidir as reuniões do comitê, a serem realizadas ao menos duas vezes por ano;

 propor aos dois ministérios (MAE e Menesr), por meio de suas respectivas autoridades supervisoras, os coordenadores científicos para as diferentes áreas disciplinares envolvidas no programa;

fornecer às autoridades dos dois ministérios um relatório anual sobre as ações do Cofecub, uma declaração de justificativa das despesas e, de uma maneira geral, todas as informações suscetíveis de apreciação pelos departamentos que acompanham o programa;

 refletir, conjuntamente com as autoridades dos dois ministérios, acerca de perspectivas para aprimoramento e evolução do programa;

 garantir a fluidez de informações, tanto para as autoridades supervisoras do programa quanto para as embaixadas e os parceiros de cooperação; e

8 Os coordenadores de área são propostos pelo Cofecub e designados pelos dois ministérios, após a aprovação da

Direção de Pesquisa do Ministério da Educação Nacional. Os coordenadores científicos são nomeados para um mandato de quatro anos, ficando responsáveis pela coordenação das avaliações de projetos em suas áreas de competência e atuando também nas reuniões conjuntas entre a Capes e o Cofecub, no processo final de seleção.

9 O número de coordenadores científicos já variou entre quatro e sete. Na atualidade, esse comitê conta com seis

membros.

10 As funções desempenhadas na direção do programa não são remuneradas, são financiadas apenas viagens e

diárias quando necessário. Apenas a secretária lotada no escritório do Cofecub exerce função remunerada. Nos anos em que o programa esteve sediado na Université Paris 12, houve períodos em que o escritório contava com o apoio de duas secretárias.

 impulsionar, além dos projetos de cooperação, o estabelecimento de redes de

pesquisa.

Em seus 37 anos, o Cofecub contou com nove dirigentes, todos oriundos do meio acadêmico, a saber (FRANÇA, 1998; CAPES, 1999; NICOLATO, 1999):

 Michel Guillou – de 1979 a 1982;  Monique Augé-Lafon – 1983;  Claude Jeantet – de 1983 a 1985;  Michel Royer – de 1985 a 1990;  Gérard Rey – de 1991 a 1995;  Jean-Claude Martin – 1996 a 1999;  Daniel Nahon – 2000 a 2005;  Pierre Jaisson – 2006 a 2014; 11  Bertrand Monthubert – 2015;  Bernard Dreyfus – atual.

Quando do seu estabelecimento, o Cofecub foi vinculado à CPU (Conferência dos Presidentes das Universidades Francesas) O escritório do programa foi, inicialmente, gerido por um presidente designado pelos ministérios. Em 1984, o Cofecub ganha mais robustez, passando a contar com o apoio de um administrador também nomeado pelos dois ministérios e a ser constituído por um presidente, um administrador e uma secretária. Hoje, o escritório conta apenas com um presidente e uma assistente de relações internacionais.12 A partir de 1985, o Comitê, inicialmente ligado à CPU, passa a ser diretamente vinculado ao MAE e ao MESR.

Decidiu-se, no momento do estabelecimento do escritório do Cofecub, que sua gestão seria atribuída a uma universidade.13 Essa decisão, além de reforçar o caráter científico do programa e seu distanciamento de influências políticas, facilita sua administração, uma vez que o escritório se enquadraria nas regras da contabilidade pública que se aplicam às universidades. A sede do Cofecub foi, inicialmente, instalada na Université Paris 12 (Val de Marne), instituição cujo reitor à época foi o primeiro presidente do Comitê, tendo

11 O professor Pierre Jaisson foi, excepcionalmente, reconduzido para um terceiro mandato na presidência do

órgão.

12 Essa mudança ocorreu com a transferência do escritório do Cofecub para a Universidade Paris 13. No final da

gestão do programa pelo presidente Daniel Nahon, contudo, já vinham-se observando dificuldades em conseguir um administrador, haja vista a inexistência de remuneração nessa função.

13 A universidade que acolhe a sede do Cofecub faz a gestão administrativa do programa. Os órgãos gestores

desempenhado importante papel nas negociações que estabeleceram o programa. No ano de 2000, o escritório do programa foi transferido para a Université Aix-Marseille. Finalmente, em 2006, quando o professor Pierre Jaisson assumiu a presidência do Cofecub, ele foi transferido para a Université Paris 13, sua atual sede. A gestão administrativa do programa é feita pelo escritório do Cofecub; já a gestão financeira da mobilidade dos participantes dos projetos é realizada pelo Egide14/Campus France15. Os recursos para o financiamento das atividades dos projetos são provenientes da dotação da cooperação cultural, científica e técnica da Embaixada da França no Brasil.

Assim como no Brasil, na França, quaisquer instituições de ensino e pesquisa podem se candidatar a um financiamento, independentemente se forem públicas, privadas ou filantrópicas. Não há, tampouco, discriminação quanto à área do conhecimento ou região do país da instituição. Segundo Jaisson, a condição sine qua non para que o projeto seja selecionado é que ele esteja vinculado a um programa de pós-graduação que envolva doutorado e que a estrutura de pesquisa francesa seja avaliada em nível nacional. Ademais, o coordenador francês responsável pela parceria deve ser titular de uma HDR (Habilitation à Diriger des Recherches – Habilitação para dirigir pesquisas) haja vista que a capacitação de recursos humanos é objetivo central do programa. Apesar da abrangência e abertura, Jaisson ressalta que os projetos financiados são, em sua maioria, provenientes das universidades, das Escolas Normais, Escolas Superiores de engenharia, Grandes Escolas e das instituições públicas ou privadas que tenham uma missão de pesquisa e formação de doutores, análise que será apresentada e detalhada no próximo capítulo (JAISSON, 2014a).