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CAPÍTULO 4 – O PROGRAMA CAPES-COFECUB: DO ESTABELECIMENTO AOS

4.4 A década de 90

4.4.3 Novos avanços

Antes ainda desses dois importantes acontecimentos – assinatura do Ajuste Complementar e estabelecimento da Rede Santos Dumont –, a história do Capes-Cofecub foi marcada por um episódio que merece menção. Em 1992, foi estabelecido pela França e por países da América Latina o programa Ecos (Evaluation-orientation de la Coopération Scientifique), que foi inicialmente instituído com o Chile. Posteriormente, houve adesão do Uruguai (1993), México (1994), Argentina (1997), Colômbia (1998) e Venezuela (1999). Em 1997, o Comitê seria dividido em Ecos-Sud – parceria entre a França, o Chile, o Uruguai e a Argentina – e Ecos-Nord – tendo como parceiros da França o México, a Colômbia e a Venezuela. Nos moldes do Capes-Cofecub, os Ministérios das Relações Exteriores e da Educação Nacional e Pesquisa franceses apoiaram-se na experiência de cooperação científica

com o Brasil para o estabelecimento tanto do Ecos-Sud quanto do Ecos-Nord. Como na iniciativa brasileira, o Ecos fomenta a colaboração científica entre os países parceiros da América Latina e a França em todas as áreas do conhecimento, e os projetos são orientados para a pesquisa e a formação de recursos humanos, sendo financiadas missões de curta duração e estágios de aperfeiçoamento para doutorandos (FRANÇA, 2007).

Em 1993, também como decorrência dos resultados positivos do Capes-Cofecub, foi assinado, no Brasil, um acordo entre a USP e o Cofecub para a implementação de uma parceria específica. Pelo lado francês, o programa é gerido pelo mesmo escritório que rege o Capes-Cofecub. Na USP, está sob a responsabilidade das Pró-reitorias de Pesquisa e de Pós- graduação e da Agência USP de Cooperação Nacional e Internacional (Aucani).16

O USP-Cofecub segue, então, o mesmo princípio do Capes-Cofecub, pois é voltado para a pesquisa conjunta, o intercâmbio de pesquisadores e a troca de conhecimentos, dados e informações entre investigadores da USP e da França. Aberto a todas as áreas do conhecimento, tem duração de quatro anos, com uma avaliação intermediária para assegurar o financiamento por todo o período. Diferentemente do Capes-Cofecub, contudo, o programa tem foco na pesquisa e não dispõe de bolsas para mobilidade em missões de estudo. O primeiro edital do programa foi lançado em 1994 e o início do financiamento se deu em 1995, com a aprovação de 15 projetos. Em seus 20 anos, foram mais de 150 projetos contemplados17 (JAISSON, 2014a).

A grande demanda para a realização de cooperação internacional e os vínculos históricos entre a USP e a França foram elementos que contribuíram para o estabelecimento dessa parceria. Demais disso, segundo Jaisson, a abertura de um programa específico com a USP se justificava pelo “papel nacional proeminente que esta instituição sempre desempenhou para o desenvolvimento acadêmico de todo o Brasil, especialmente ao fornecer os quadros dirigentes de várias universidades ou organismos de pesquisa”. (JAISSON, 2014a, p.5).

Além desses importantes acontecimentos, a primeira metade da década de 90 seria ainda marcada por novos aprimoramentos e evoluções no programa, resultantes, de um lado, do avanço na pós-graduação brasileira e, de outro, do próprio aprofundamento da cooperação entre acadêmicos dos dois países.

16 Ver <http://www.prp.usp.br/internacional/cofecub>; <http://www.univ-paris13.fr/cofecub-ecos/cofecub>;

<http://www.campusfrance.org/fr/usp-cofecub>.

Uma questão recorrente nas reuniões de coordenação e avaliação do programa, desde sua implementação, referia-se ao aporte institucional do financiamento. Apesar do amadurecimento do programa, os desdobramentos institucionais dos projetos financiados não eram considerados na seleção das propostas e tampouco apreciados nas avaliações. Muitos projetos eram voltados para o nível individual, não se atentando para a importância do fortalecimento institucional por meio dessas parcerias. Segundo Becker, isso era compreensível na fase inicial do processo (CAPES, 1984), contudo, era preciso maior engajamento da IES para que melhores resultados fossem aferidos. Decidiu-se, então, pela inclusão, no projeto, de compromisso e plano institucional. Nesse sentido, o coordenador deveria apresentar na proposta o enquadramento de sua pesquisa no âmbito institucional, destacando sua relevância para a área do conhecimento, para a região e para o país, bem como as perspectivas e condições para seu posterior aproveitamento e continuidade após o encerramento do financiamento. De 1993 em diante, as instruções acerca da postulação de projetos passaram a incluir a necessidade de chancela institucional para sua apresentação.18 Nas orientações de 1994 sobre o programa, ficou estabelecido que submissões deveriam ser apresentadas à CAPES pela instituição coordenadora brasileira, via Pró-reitoria de Pós- graduação ou órgão equivalente (CAPES, 1993a, 1993b, 1994).

A inclusão das pró-reitorias nas submissões visou principalmente ao desenvolvimento institucional, fundamental para as IES naquele momento. Essa aproximação da pró-reitoria com os projetos permitiu justamente o melhor aproveitamento da pesquisa em termos globais e maior capacidade para que as instituições estabelecessem ou fortalecessem sua pós- graduação, levando, portanto, a resultados mais eficazes na cooperação. Ao contrário do que imaginaram em um primeiro momento alguns coordenadores, que acreditavam que isso levaria ao aumento do seu trabalho, as pró-reitorias passaram a servir como estrutura de apoio aos responsáveis de projeto, proporcionando-lhes respaldo administrativo e logístico, o que resultou numa redução das atribuições burocráticas para o pesquisador. Finalmente, esse processo permitiu ainda a maior integração das equipes nas próprias instituições. Logo, essa alteração foi recebida como benéfica e positiva pelos coordenadores e dirigentes (CAPES, 1993a, 1993b, 1993c, 1993d, 1994; NICOLATO, 1999).

Outro aspecto também alterado a partir de 1994 foi o formato das missões dos pesquisadores. Decidiu-se, na reunião mista que as missões de identificação seriam extintas

18 Atualmente, a necessidade de chancela da Pró-reitoria de Pós-graduação e/ou Pesquisa, no caso de projeto de

pesquisa, ou da Pró-reitoria de Graduação, no caso de parceria universitária, está presente em todos os editais de cooperação internacional da agência.

para os grupos que já se conheciam, haja vista serem inócuas, transformando-se em missões de trabalho. Foi mantido, todavia, esse tipo de missão para novas equipes (COFECUB, 1993).

Acerca do tempo de duração dos projetos, também foi adotada nova orientação. Até o início da década de 90, o programa não estipulava um prazo para a vigência do financiamento. Alguns projetos se beneficiaram de um financiamento por mais de dez anos. Essa flexibilidade fez-se necessária no momento do estabelecimento do programa, haja vista que, na época, muitos grupos estavam em fase consolidação ou mesmo de formação. Ademais, todo o processo de cooperação e entrosamento com o parceiro demandava maior aproximação e maturidade, que só se estabeleciam ao longo dos anos.19 Após quase 15 anos desde o lançamento do programa, muitos grupos já tinham usufruído significativamente do financiamento e apresentado resultados positivos com uma pós-graduação mais fortalecida. Como ponderam Navaux (1989) e Queiróz (1989), muitos grupos já dispunham de uma colaboração mais simétrica em uma cooperação horizontal.

Assim, a discussão acerca da estipulação de prazos para a manutenção dos projetos aprovados ganhava força à medida que os grupos financiados iam se consolidando e novos grupos buscavam apoio. Até meados da década de 90, os projetos eram renovados após avalições periódicas. A flexibilidade do financiamento possibilitava a consolidação da cooperação para alguns grupos, haja vista que a avaliação realizava a verificação do alcance dos objetivos delineados, contudo, restringia a entrada de novas equipes. O financiamento de projetos por um período indeterminado resultava na menor aprovação de novos grupos, uma vez que existiam restrições orçamentárias tanto do lado brasileiro quanto do lado francês. Nesse sentido, foi estabelecido na reunião mista de 1993 que a duração do financiamento não ultrapassaria seis anos. Conforme disposto em ata, os projetos seriam financiados por dois anos, inicialmente, com avaliação posterior para renovação por igual período. Excepcionalmente, seria concedida uma segunda renovação por mais dois anos, podendo, portanto, o projeto vigorar por seis anos. Porém, a regra passou a ser o financiamento por quatro anos. Como resultado da fixação dos prazos para o desenvolvimento dos projetos, foi possível abrir o financiamento para novas parcerias, ao mesmo tempo em que se viabilizou a expansão do número de projetos vigentes, possibilitando maior democratização do acesso ao programa (CAPES, 1993; COFECUB, 1993; LOYOLA, 2006; NAVAUX, 1989; QUEIROZ, 1989).

19 É importante observar que avaliações periódicas eram realizadas, sendo suspenso o financiamento daqueles

Outra questão que preocupava os dirigentes do Capes-Cofecub referia-se à distribuição regional do programa no Brasil. Inicialmente implementado com foco nas universidades nordestinas, após a abertura nacional do programa, passou-se a observar a concentração do financiamento na região sul/sudeste do país. Assim, buscou-se, a partir de 1994, o estabelecimento de uma linha de apoio a projetos regionais. Na reunião de coordenação do programa em dezembro de 1993, a Capes apresentou o programa regional Norte, voltado para o reforço das estruturas de formação e pesquisa da região. Os dirigentes do Cofecub, na ocasião, manifestaram o interesse do órgão em apoiar a iniciativa. Na reunião mista do programa em 1994, a então presidente da Capes, Andrea de Loyola, enfatizou o apoio recebido da França para esse projeto regional:

queremos oficialmente agradecer à França, por meio do Cofecub, o apoio que dará, a partir de 1995, ao nosso Plano de Pós-graduação da região Norte. Sem dúvida nenhuma, essa cooperação complementará o esforço da Capes na consolidação de grupos de pesquisa e ensino em áreas prioritárias para o desenvolvimento daquela região. (CAPES, 1994).

Essa linha especial de apoio ao Norte vigorou para os editais do período entre 1995 e 1998.

A distribuição regional do programa, com concentração na região sul/sudeste do país, estava também ligada ao estágio de consolidação dos diferentes grupos de pesquisa no Brasil. Muito embora, após 15 anos de estabelecimento do Capes-Cofecub, o programa estivesse em uma fase mais consolidada, essa realidade não era uniforme para todos as equipes. Em um estudo acerca do programa, Silva (1994) apresenta quatro tipos de grupos na parceria: grupo em formação, emergente, em fase de consolidação e consolidado. O autor assim os define:

grupo em formação: está em busca de capacitação, principalmente de mestres, para o estabelecimento de programas de pós-graduação; tem baixa experiência no meio científico, escassa publicação, não possui uma linha de pesquisa específica antes da parceria;

 grupo emergente: também em formação, diferencia-se do primeiro grupo por já apresentar alguma experiência de pesquisa e linhas científicas mais definidas, mas ainda possui pouca produção científica;

 grupo em fase de consolidação: composto por pesquisadores com perfil de doutores, com razoável produção científica e participação em congressos, contudo, ainda com baixo fator de impacto. Grupo com linha de pesquisa já definida e buscando parcerias e troca de informações, necessitando também de equipamentos para o avanço das investigações;

 grupo consolidado: formado por pesquisadores de alto nível com produção científica de impacto, publicação em revistas e congressos internacionais; seus componentes fazem parte de programas de pós-graduação sólidos e consolidados. Tendo em vista os vários estágios de desenvolvimento das equipes brasileiras, a inexistência de critérios de diferenciação na avaliação dos projetos submetidos e a falta de incentivo à demanda induzida resultaram na concentração regional dos projetos. A ênfase na seleção de projetos de grupos consolidados que apresentavam nível de desenvolvimento simétrico ao parceiro postulante alijou da competição quadros em formação, emergentes, e, em certa medida, os grupos em fase de consolidação.

A preocupação tanto do lado brasileiro quanto do lado francês em atender aos diferentes grupos fez-se constante a partir do momento da abertura do programa, tendo em mente sua abrangência nacional. Seriam necessários critérios diferenciados para o atendimento às particularidades dos grupos, em estágios distintos de desenvolvimento. Assim, estabeleceu-se, na reunião de coordenação de 1995, que o programa passaria a contemplar duas categorias de projetos, tipo I e tipo II (COFECUB, 1995):

 tipo I – projetos assimétricos, que visavam à consolidação dos programas de pós- graduação em universidades brasileiras emergentes;

 tipo II – parcerias voltadas para uma cooperação horizontal, com projetos simétricos, caracterizadas pela colaboração entre grupos de pesquisa brasileiros e franceses de alto nível.

Essa orientação, que vigorou até o ano 2000, tinha o claro intuito de atender os grupos de pesquisa em diferentes estágios de consolidação, desde aqueles que estavam sendo formados até aqueles na busca por excelência científica. Segundo Nicolato,

As orientações atuais do Capes-Cofecub expressam, no que tange aos interesses da parte brasileira, a disposição de ampliar a contribuição desse instrumento de cooperação com a França para a dinamização da pós-graduação nacional, ao mesmo tempo que, reconhecendo a diversidade desse nível de ensino no país, admitem que os projetos financiados possam se relacionar com programas de pós-graduação em diferentes estágios de consolidação ou até mesmo com o cumprimento de um plano de criação de novo programa. (1999, p. 17).

Decidiu-se, ainda em 1995, que os projetos teriam prazo máximo de financiamento de quatro anos, sem que houvesse a possibilidade de prorrogação excepcional por mais dois anos. Na reunião anual do programa, ficou estabelecido que os projetos tipo I poderiam ter uma duração de quatro anos, com avaliação intermediária após dois anos. Já os projetos tipo II teriam um financiamento de dois anos e eventual prorrogação por mais dois anos. No caso dos

projetos tipo II, a avaliação levaria em consideração o número de doutorandos em intercâmbio no projeto e também as publicações conjuntas em nível internacional (COFECUB, 1995).20

É importante ressaltar, contudo, que, embora tenham sido fomentadas as linhas de indução do programa até o final da década de 90, tanto no caso do fomento regional pelo Projeto Norte quanto no caso dos projetos tipo I, a procura por essas duas linhas era bem menor que aquela observada para as parcerias mais simétricas da linha tipo II (COFECUB, 1996, 1997, 1998). Se, por um lado, essa constatação demonstra a evolução da pós-graduação brasileira, bem como a do programa, por outro, expõe a dificuldade em induzir as demandas de grupos em formação, emergentes ou em fase de consolidação. Essa conclusão também foi confirmada por Loyola (1999) em estudo realizado para as comemorações dos 20 anos do programa, pois os grupos consolidados ultrapassavam 50% do financiamento; já os grupos em consolidação perfaziam 1/3 do total e os grupos emergentes e em formação não alcançam 6%.

Constatou-se, na década de 90, disposição por parte das agências no sentido de conceder maior autonomia aos coordenadores para a condução do projeto, resultando na simplificação dos procedimentos e desburocratização na implementação da colaboração. Vários procedimentos morosos e excessivamente detalhados foram extintos, dando lugar a atividades mais objetivas e pragmáticas. Decidiu-se pelo repasse aos coordenadores dos recursos anuais para custeio do projeto, o que ampliou a atuação destes na condução da pesquisa. Essa alteração na operacionalização do Capes-Cofecub ocorreu, em parte, pela maior maturidade das equipes e entrosamento entre os colaboradores e também pela melhor adaptação a esse formato de cooperação e mobilidade. É importante mencionar também que os aperfeiçoamentos decorreram também de reuniões e seminários realizados com coordenadores de projetos visando ao aperfeiçoamento do programa (SILVA, 1994; MARTINS, 1998; NEVES, 1999; LOYOLA, 1999).

Apesar da maior autonomia na condução dos projetos, problemas referentes aos bolsistas ainda permaneciam. Como já mencionado, até 1986, os bolsistas que participavam do intercâmbio deveriam, em regra, ter vínculo com a IES de origem. Isso fez sentido num primeiro momento, em que era necessário formar os quadros que já estavam no ensino e pesquisa. A urgência em também formar quadros para as próprias renovações nas IES e a expansão do ensino universitário no país levaram, paulatinamente, à flexibilização dessa regra. Demais disso, os bolsistas, mesmo sem vínculo, contribuíam para o fortalecimento dos

20 Nessa mesma reunião foi acordado que os temas para os projetos tipo II seriam definidos a cada ano, bem

como a lista de instituições aptas a submeterem candidaturas nessa linha. Não há, contudo, indicações em ata e demais documentos do programa de que tais exigências tenham sido seguidas.

cursos, trazendo novos aprendizados e técnicas que eram compartilhados com seus orientadores e nos laboratórios. Flexibilizada a questão do perfil do bolsista, três pontos de dificuldade ainda permaneciam: a questão do DEA, o pagamento das bolsas e a seleção dos estudantes pela Capes.

Como já mencionado, o estabelecimento da Rede Santos Dumont veio para reconhecer a qualidade do mestrado no Brasil e liberar os estudantes brasileiros com essa formação da realização do DEA na França, dentro do grupo de instituições da rede. Esse processo, contudo, não foi imediato à assinatura do acordo e algumas universidades francesas ainda resistiam à aceitação dos estudantes no doutorado direto (CAPES, 1999; COFECUB, 1997; MARTINS, 1998).

Outro problema no que concerne aos bolsistas referia-se aos constantes atrasos no pagamento dos estudantes, além dos atrasos também na liberação das passagens aéreas. Essa situação causava estresse, prejudicando a pesquisa e dificultando a vida no exterior, que por si só é um desafio. Segundo coordenadores, havia excessos burocráticos para a concessão dos benefícios (CAPES, 1998; MARTINS, 1999).

A questão de maior incômodo para os coordenadores brasileiros no que se refere aos bolsistas dizia respeito à seleção. Muito embora os responsáveis por projeto indicassem os bolsistas quando da apresentação da proposta, estes ainda passavam pela seleção da Capes. Para os coordenadores, a participação no sistema tradicional da agência, ou seja, pelo balcão,21 acabava prejudicando o desenvolvimento do projeto. Além do mérito, era preciso considerar os objetivos da pesquisa científica envolvida na parceria. As coordenações dos projetos arrazoavam ainda que os bolsistas já haviam sido aprovados por ocasião do julgamento dos projetos. Argumentava-se que as particularidades e especificidades dos projetos não eram consideradas na seleção tradicional, quando das análises das solicitações de bolsas de estudantes dentro dos projetos (MARTINS, 1998; LOYOLA, 1999).

Outra dificuldade sempre apontada pelos participantes referia-se à falta de sincronia entre os calendários da Capes e do Cofecub. Os diferentes momentos para apresentação de projeto, planos de trabalho e relatórios gerava, muitas vezes, retrabalhos por parte dos coordenadores de ambos os lados. Do lado brasileiro, havia ainda solicitações dos coordenadores por melhores instruções acerca da prestação de contas, além de queixas acerca

21 A seleção de bolsistas pelo sistema de balcão refere-se a candidaturas individuais em um processo seletivo

para o recebimento de financiamento de pós-graduação. Nesse caso, o candidato faz a postulação da bolsa diretamente à Capes, que realiza as etapas de sua seleção a partir da análise do mérito acadêmico e científico do estudante.

de prazos e períodos das missões. Os coordenadores apresentavam, ainda, reclamações sobre os valores de passagens e diárias e demandavam revisões periódicas do apoio financeiro concedido pelo programa (LOYOLA, 1999).

Assim, na reunião anual do programa em 1996, o lado francês propôs que fosse organizado um seminário para avaliação dos 20 anos da cooperação, proposta bem recebida pelo lado brasileiro. Na reunião mista de 1997, os dirigentes dos dois lados se comprometeram a realizar conjuntamente uma avaliação dos 20 anos do acordo e um seminário sobre a cooperação universitária franco-brasileira. Logo, sob a coordenação geral do professor Carlos Benedito Martins,22 foram realizados, em novembro de 1998, quatro seminários regionais temáticos com os coordenadores de projetos, com o objetivo de discutir o programa do ponto de vista de seus beneficiários. As conclusões dos eventos, com críticas e sugestões dos participantes, serviriam de referencial para uma melhor análise do programa, no âmbito das comemorações de seus 20 anos. Os seminários regionais foram assim realizados no ano de 1998 (CAPES, 1996; COFECUB, 1998; MARTINS, 1998):

 engenharias, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre os dias 12 e 13 de novembro;

ciências exatas e da terra e agrárias, Universidade de São Paulo (USP), entre 12 e 13 de novembro;

 ciências biológicas e da saúde, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no dia13 de novembro;

 ciências humanas, sociais, aplicadas, linguística, letras e artes; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 13 de novembro.

Nos seminários, pontos positivos e negativos do programa foram apontados e sugestões e reformulações, apresentadas. Questões referentes à administração do programa, recursos financeiros investidos, prazos, flexibilidade, seleção, diretrizes, simetria, reciprocidade e grupos contemplados faziam parte do espectro de discussão. Com a