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3 COMPONENTES DO ASPARTAME

No documento Odontologia: temas relevantes (páginas 192-196)

Aspartame: um adoçante sintético Caliandra Pinto Araújo

3 COMPONENTES DO ASPARTAME

3.1 ÁCIDO L-ASPÁRTICO

O ácido L-aspártico ou L-aspartato é um aminoácido natural clas- sificado como “não-essencial”, uma vez que os seres humanos estão habi-

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litados a sintetizá-lo. Encontra-se em diversos alimentos, dentre os quais se destacam: 72 mg em 355ml de bebida com aspartame; 2.578 mg 100 g de frango; 1.803 mg em 112 g carne; 948 mg em uma xícara de feijão cozido; 925 mg em 355 ml de leite desnatado e 134 mg numa unidade de banana.7 Em que pese o fato de esse aminoácido ser considerado não-

essencial, ele é indispensável ao processo de construção de outros aminoácidos e de manutenção do ciclo do ácido cítrico. Do ponto de vista bioquímico, são sintetizados a partir do ácido L-aspártico, a asparagina, a arginina, a lisina, a metionina, a treonina, a isoleucina, assim como diversos nucleotídeos.8

É também relevante a participação do ácido L-aspártico em outros processos metabólicos vitais, dentre os quais a síntese de DNA e uréia, além de ser importante neurotransmissor no cérebro, já que favorece a comunicação de informações entre os neurônios. Sua regulação metabó- lica decorre tanto da sua produção a partir da transaminação do oxalo- acetato obtido no ciclo de Krebs, quando sua concentração plasmática está baixa, quanto da sua conversão em fumarato no ciclo do L-ornitina. O fumarato obtido a partir desse aminoácido é incorporado ao ciclo de Krebs, produzindo energia. Este fenômeno é desencadeado em situações em que ocorre um excesso deste aminoácido no corpo humano.9

Os níveis adequados de ácido L-aspártico no organismo asseguram a manutenção de um importante processo biológico denominado transaminação. Este processo catalisado pela enzima aspartato amino- transferase (AST) ou transaminase glutâmico oxaloacético (TGO) carac-

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teriza-se pela transferência do grupamento amina do ácido L-aspártico para o á-cetoglutarato, originando os produtos oxaloacetato e ácido L- glutâmico num mecanismo bioquímico intermediado pela vitamina B6.8

AST

L-Aspartato + α-Cetoglutarato

→→→→→

Oxaloacetato + L-Glutamato

3.2 L-FENILALANINA

Classificado como “essencial”, o aminoácido L-fenilalanina é con- siderado obrigatório na dieta dos seres humanos. Em diferentes concen- trações, encontra-se presente em diversos alimentos, tais como: 90 mg em 355 ml de bebida com aspartame; 1.198 mg em 112 g peixe; 1.130 mg em 100 g de frango; 824 mg em 1 xícara de feijão cozido; 587 mg em 360 ml de leite desnatado e 260 mg em 1 xícara de arroz cozido.7 Este

aminoácido desempenha importantes funções, uma vez que se trata de um substrato essencial à síntese do aminoácido L-tirosina e de diversos outros neurotransmissores do cérebro.

Uma vez incorporado ao organismo humano, seja proveniente da digestão de proteínas seja do aspartame, o aminoácido L-fenilalanina se- gue os caminhos metabólicos a seguir estruturados (FIGURA 2).

Indivíduos que não possuem a enzima L-fenilalanina hidroxilase (PAH), catalisador biológico que converte o aminoácido L-fenilalanina em L-tirosina, não utilizam esta via metabólica considerada normal. Tal circunstância caracteriza a patologia denominada fenilcetonúria. Nesse caso, o aminoácido L-fenilalanina adicional é convertido nos corpos cetônicos fenilpiruvato, fenilactato e fenilacetato, que são excretados pela urina. Se não for detectada e tratada a tempo, esta deficiência enzimática pode con- duzir a diversos distúrbios, sendo o mais grave deles o retardo mental. Trata-se de uma doença genética em que o ensaio laboratorial rotineiro para detecção deste erro inato do metabolismo acha-se plenamente dispo- nível nos dias atuais, o que assegura o diagnóstico desta patologia através da realização do chamado “teste do pezinho”, logo após o nascimento da criança. Os indivíduos que apresentam este defeito genético devem ter monitorado seu consumo de L-fenilalanina. Graças à exigência de con- trole desta condição, os produtos que contêm o aspartame devem trazer

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uma etiqueta de informação para portadores de fenilcetonúria, face à con- tra-indicação deste produto químico para esses indivíduos.9,10

3.3 METANOL

O metanol encontrado freqüentemente na dieta pode estar presen- te em vários alimentos, entre os quais os sucos de frutas, em diferentes concentrações tais como: 50 mg/L de bebida com aspartame; 64 mg/L de suco de laranja; 83 mg/L de suco de maçã; 183 mg/L de suco de pomelo e 301 mg/L de suco de tomate.9,7

Figura 2 - Metabolismo do aminoácido L-fenilalanina.

Fonte: CHEMELLO, E. A fenilcetonúria e o “teste o pezinho”. 2005. Disponível em: <http:// www.ciadaescola.com.br/zoom/materia.asp?materia=249 >. Acesso em: jun. 2007.

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Entretanto, sabe-se que, em grandes quantidades, o metanol pode se tornar venenoso, sendo este subproduto do aspartame a principal pre- ocupação quando do uso deste edulcorante, uma vez que este álcool pode desencadear diversas patologias. Doses maiores de metanol podem resul- tar numa falência do fígado, uma vez que este álcool inviabiliza os proces- sos metabólicos próprios deste órgão, tornando-se, conse-qüentemente, um produto maléfico ao ser humano, face ao alto grau de toxicidade hepática.9

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),11 a quantidade de metanol liberada pelo aspartame é muito

pequena e, mesmo em doses elevadas, equivalentes à ingestão diária reco- mendada para este adoçante, resulta em uma ingestão 200 vezes inferior à dose tóxica. Ainda conforme a ANVISA, “a quantidade de metanol pro- veniente do aspartame contido em uma lata de refrigerante (350 ml) equi- vale à quantidade liberada pelo mesmo volume do suco de laranja e de maçã, sendo de 4 a 6 vezes inferior àquela proveniente do suco de tomate e de uva”.11

O fígado, ao processar o catabolismo de quantidades razoáveis de metanol, promove sua detoxicação, assegurando ao organismo humano a possibilidade de excretá-lo sem causar maiores conseqüências.

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