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Neste trabalho de síntese, procuramos relacionar o conceito de valor com a materialidade do conceito, contrastando-os com três formas de soberania, no intuito de encontrar uma descrição precisa para a sua condição de circulação. Procuramos evidenciar essa condição a seu campo, ou seja, a dispositivos de segurança que homogeneízam as predicações dos objetos, criando sistemas de integração e circulação em um território, produzindo, de três diferentes formas, as condições do possível, enquanto um aparelho de enunciação, ou, um constrangimento de composição das formas compatível com a soberania sobre um território.

Destacamos três tipos de soberania: a monarquia, a aristocracia e a democracia, problematizadas como a sociedade de soberania, disciplinar e de controle, que, em um continuum de abstração e impessoalidade – característicos estilo do mundo ocidental – trocaria as forças da presença viva, para uma escritura impessoal, até sua forma contemporânea, com a máquina de Turing, na qual todos os entes seriam resumidos a um único alfabeto, o código binário, em dispositivos que trocariam o modelo predicativo – característico das categorias baseadas na diferença de gênero e espécie – para um modelo algorítmico, em que as diferenças seriam, antes, apenas de grau, um isomorfismo, característico da teoria geral dos sistemas.

Essa diferença de dispositivos condiciona, não apenas as formas de constrangimento dos possíveis, mas as próprias formulações sobre a mesmidade das identidades. Isso implica uma possível incompatibilidade ao se questionar sobre a identidade a partir de dispositivos de soberania de uma outra ordem, em que as respostas dadas por um mecanismo podem ser estranhas ao seu emissor. Ao se questionar sobre a identidade em uma sociedade disciplinar, por exemplo, deve-se ter em mente a que dispositivo se direciona a pergunta, ao risco de ela não produzir sentido, se for endereçada a um dispositivo de controle, num campo algorítmico, fora dos mecanismos de predicação. A compatibilização entre os dispositivos de enunciação, desta forma, é condição fundamental para a produção de sentido e o estabelecimento de identidades e, consequentemente, para a criação do valor.

A condição contemporânea de se “minerar” grandes quantidades de dados em busca de valor pode ser abordada, em futuras pesquisas, a partir das conclusões deste trabalho, no qual o conceito de valor pode ser problematizado, se contrastado com a relação entre materialidade do conceito, dispositivos e soberania. A associação do valor à inovação, promovendo ecologias criativas de produção (HOWKINS, 2010), será, particularmente analisada, procurando-se entender a criação e circulação de novos conceitos, como elemento fundamental para o estabelecimento da soberania, em sua aparição contemporânea.

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